Direção:
James Whale
Produção:
Carl Laemmle Jr., James Whale
Roteiro: William Hurlbut, John L Balderston
Fotografia:
John J. Mescall
Música:
Franz Waxman
Elenco:
Elsa Lanchester ……..Mary Wollstonecraft Shelley / A
Noiva
Colin Clive ……………Henry Frankenstein
Boris Karloff ………….O Monstro
Valerie
Hobson ………Elizabeth
Ernest
Thesiger ……..Doutor Pretorius
Una O’Connor ………..Minnie
Indicação
ao Oscar: Gilbert Kurlani (som)
Os
estúdios da Universal tiveram de esperar quase quatro anos até James Whale finalmente
aceitar a oferta de dirigir a sequência de Frankenstein, seu sucesso de bilheteria
de 1931. No entanto, a espera valeu muito a pena: sob o controle quase irrestrito
do diretor (o produtor, Carl Laemmle Jr., estava de férias na Europa durante a
maior parte da produção), A noiva de Frankenstein é uma surpreendente mistura
de terror e comédia que acabou sendo, em muitos aspectos, superior ao original.
Apesar da relutância de Boris Karloff, foi decidido que o Monstro deveria ser
capaz de pronunciar algumas poucas palavras. Sua humanização aqui o deixa mais
completo e fiel ao romance de Mary Shelley, e dificilmente sua busca
desesperada por uma companheira poderia ser mais tocante. De um modo geral,
embora Isso tenha sido minimizado a pedido dos censores, A noiva de
Frankenstein representa o Monstro como uma figura aos moldes de Cristo, levada
a matar pelas circunstâncias e pelo medo que inspira na sociedade. Mesmo a
monstruosa companheira feita especialmente para ele, à primeira vista, repulsa
pela sua aparência física. Sem dúvida, a noiva interpretada por Elsa Lanchester
continua sendo até hoje uma das mais impressionantes figuras já vistas nas
telas: sua aparição - numa espécie de versão grotesca de uma cerimônia de
casamento - é ainda um dos pontos altos do gênero terror, com o corpo mumificado;
a voz sibilante, como um canto de cisne; e o estranho penteado egípcio preto
com mechas brancas. A trama de A noiva de Frankenstein se sustenta em
contrastes que fazem o espectador passar do terror para o pathos ou a comédia. O senso de humor peculiar de Whale, que foi
multas vezes definido como burlesco, é veiculado principalmente por Minnie (una
O'Connor), a empregada doméstica, e também pela atuação descaradamente afeminada
de Ernest Thesiger, que interpreta a figura demoníaca do Dr. Pretorius. O
imenso interesse despertado por A noiva de Frankenstein deriva também da sua
representação das relações sexuais, considerada por muitos, no mínimo,
potencialmente transgressora. A introdução de um segundo cientista louco
(Pretorius), que força o Henry Frankenstein de Colin Clive a gerar vida
novamente, enfatiza uma das implicações fundamentais e perturbadoras do mito de
Shelley: a (pro)criação é algo alcançado apenas pelo homem. Quatro anos depois,
a própria obra-prima de Whale deu à luz um "filho"; no entanto, o pai
da noiva não teve nada a ver com isso. FL
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 092)
#038 1935 A NOIVA DE FRANKENSTEIN (The Bride of Frankenstein, EUA)
Direção: James Whale
Roteiro: William Hurlbult, John Baldeston (baseado nos personagens de Mary Shelley)
Produção: Carl Laemmle Jr.
Elenco: Boris Karloff, Colin Clive, Valerie Hobson, Ernest Thesiger, Elsa Lanchester
Levou quatro anos para que a Universal conseguisse convencer o diretor James Whale a dirigir a continuação de sua obra prima, Frankenstein. Relutante, ele só topou embarcar em A Noiva de Frankenstein se tivesse controle irrestrito sobre o projeto, algo que só foi possível graças as férias do produtor Carl Laemme Jr. na Europa durante as filmagens do longa. Por muitos, A Noiva de Frankenstein é superior ao original, muito devido ao toque de Whale e a já afinidade de Karloff com o personagem, que volta mais uma vez como a criatura incompreendida, em busca de uma parceira para por fim a sua miserável solidão. O resultado é uma mistura de horror com comédia e a criação de uma nova criatura visualmente tão impactante quanto o monstro original, dando origem a uma personagem feminina icônica para o cinema de horror, mesmo com sua breve aparição na tela. Quase uma tragédia grega, o pathos do monstro de Frankenstein nos é contado pela própria criadora do personagem, Mary Shelley (interpretada por Elsa Lanchester, que também faz o papel da noiva), que logo no começo da fita, em uma noite de tempestade, reunida com Lorde Byron e seu marido Percey Bysshe Shelley, narra a história de como a criatura sobreviveu logo após ter sido caçada e encurralada no moinho incendiado imediatamente ao final do primeiro filme. Henry Frankenstein sobrevive e pretende deixar toda sua insanidade de lado e viver uma vida pacífica com sua assustada esposa Elizabeth, quando entra em cena um afetado Dr. Pretorius, que está bitolado com a ideia de continuar a criar vida e precisa da ajuda do Dr. Frankenstein para gerar uma mulher para o monstro, e assim, abominando todas as leis de Deus, fazer com que o casal procrie e dê à luz a uma nova raça, firmando assim o domínio do homem sobre a vida. Nesse ínterim, o monstro continua vagando pelos bosques, perseguido como um animal e praticando assassinato apenas como forma de sobreviver dos terríveis maus tratos e da repressão causada pelos outros humanos. É um anti-herói, produto do meio hostil que vive, angustiado e perturbado que acaba por conhecer a amizade e o conforto na figura de um solitário aldeão cego, que abriga a criatura, cuidando de seus ferimentos, ensinando-lhe a beber vinho, fumar cigarro, apreciar música, falar e claro, alguns bons e velhos valores cristãos. Mas isso de nada vale quando ele volta a ser caçado ao ser encontrado pelos homens do vilarejo, trazendo de volta seus instintos violentos e tornando-se uma marionete nas mãos de Pretorius, obrigando seu criador a ajudar o cartunesco vilão a criar a sua esposa. A cena em que os “noivos” se encontram é das mais comoventes, já que ela o rejeita à primeira vista, devido a sua grotesca aparência. A ideia do monstro articular palavras traz A Noiva de Frankenstein mais próximo do conto original de Mary Shelley. Mas mesmo assim, Karloff foi um opositor ferrenho da ideia de humanizar a criatura e que ela pudesse falar. E as falas do monstro no final das contas acabaram sendo um dos pontos que puxa para o lado burlesco e teatral da direção de Whale e a mistura de tons que ele imprime na produção. Prova disse são os diálogos debiloides da Karloff com o aldeão cego: “Amigo, bom. Sozinho, ruim”, e por aí vai. Não obstante, Whale descarrega mais do ar cômico na personagem Minnie, interpretada por Una O’Connor (como já havia explorado anteriormente em O Homem Invisível), a exagerada e desmiolada empregada dos Frankensteins, e no próprio Dr. Pretorius, com sua estapafúrdia coleção de seres humanos em miniatura que vivem dentro de jarros. Em contrapartida, os momentos de horror são acentuados pelas mortes causadas pelo monstro em maior profusão que o primeiro filme (mesmo com 15 minutos de cenas agressivas protagonizadas por Karloff cortados por Whale, para manter a mensagem do cristão sofredor). Junta-se tudo isso a maquiagem de Jack Pierce melhor do que nunca e a mais uma vez a brilhante atuação de Karloff do maltrapilho e cabeçudo monstro, e temos um clássico eterno!
FONTE: http://101horrormovies.com/
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