Direção: Lambert
Hill
Roteiro: Garrett
Fort
Produção: E.M.
Asher
Elenco:Otto
Kruger, Gloria Holden, Marguerite Churchill, Edward Van Sloan, Irving Pichel
Diferente de A Noiva de Frankenstein, a ideia de uma continuação para o
sucesso de Drácula não deu tão certo, resultando em um baita de um
filme meia-boca. Estou falando de A Filha de
Drácula, que junto com o filme de James Whale lançado um ano antes,
acaba por inaugurar uma tendência da Universal de investir em sequências
intermináveis de seus monstros, atirando para todos os lados e todos os graus
de parentesco possíveis. A grande diferença de A Filha de Drácula para A
Noiva de Frankenstein, é que o segundo trouxe o diretor do original de volta,
dando-lhe total controle criativo sobre a obra, trazendo novamente Boris
Karloff no papel do monstro (ainda melhorado) e resultando em um filme, em
muitos aspectos, superior ao antecessor. Já nessa fita, nem Tod Browning
retorna à direção e nem Bela Lugosi volta a vestir a capa e as presas. Na
verdade o Conde aparece de relance apenas no começo da história, que se inicia
exatamente onde o filme de 1931 terminou. Van Helsing (papel reeditado por
Edward Van Sloan) enfiou uma estaca no coração do Conde e do maluco Reinfield,
e é apanhado pela polícia e obrigado a prestar contas dos assassinatos que cometera,
afinal, ninguém vai cair na história dos vampiros que ele conta. E esse é um
aspecto bastante positivo do filme, trazer o fantástico para um campo mais
plausível, onde o intrépido professor tem de explicar porque tirou a vida de
duas pessoas aparentemente normais (mais ou menos como veremos anos mais tarde
em Nosferatu – O Vampiro da Noite de Werner Herzog, onde Van Helsing
acaba sendo preso também no final do filme, após matar o vampiro-mor). Só que o
corpo de Drácula é roubado do necrotério por sua filha, a Condessa Marya
Zeleska, interpretada pela bela e enigmática Gloria Holden, para prover um
enterro digno ao pai, finalmente libertando sua amaldiçoada alma. E liberdade é
algo pelo qual a vampira anseia também, querendo renegar o sangue, os instintos
e os poderes de sua família, porém, sem muito sucesso. Para isso, ela pede
ajuda do Dr. Jeffrey Garth (Otto Kruger), um pupilo de Van Helsing, que estuda
o campo da hipnose e da autossugestão para curar fobias. Hipnose a qual a
Condessa é craque, pois usa um enorme anel no dedo para poder controlar
mentalmente suas vítimas (obviamente, sem o mesmo charme do olhar arregalado e
exagerado de Lugosi como Drácula). Só que a carne é fraca, e a Condessa faz
mais uma vítima, uma pobre coitada que foi contratada pelo seu braço direito /
mordomo / capanga, Sandor, para servir de modelo viva para um quadro. Aí
entramos em outro aspecto que torna o filme um pouco mais interessante, que é o
desejo lésbico da vampira. Ela fica toda animadinha quando a garota futura vítima
começa a se despir para a pintura. Bom, na verdade podemos julgar que Zeleska é
bissexual no entanto, já que ela também demonstra uma certa queda pelo Dr.
Garth. E claro que se falando de um filme da década de 30, qualquer sugestão
que fuja um pouco mais dos padrões moralistas da época, é bem vinda, mesmo que
completamente implícita e recalcada. História vai, história vem, Zeleska rapta
a assistente e paixonite de Garth, Janet, e a leva para o castelo da família na
Transilvânia, onde é perseguida por Garth, Van Helsing e a polícia, sendo morta
no final das contas por um flechada que atravessa seu coração, disparada pelo
mordomo Sandor. Uma puta de um final preguiçoso. A Filha de Drácula é uma
sequência desnecessária, mas que tem alguns pontos positivos, como
apuração técnica maior e abuso de cenários, se comparados ao primeiro filme
lançado apenas cinco anos antes, mostrando o quão rapidamente evoluía a
indústria cinematográfica. Além daquele famoso requinte gótico e climão
característicos dos filmes de vampiro da Universal, fotografia enxuta e
atuações sóbrias (tirando aqueles personagens cômicos ao melhor estilo
pastelão, geralmente policiais, que a Universal adorava colocar em seus
filmes). É tudo muito bem executado, só que acaba não se sustentando no
resultado final. Uma pena.
FONTE:
http://101horrormovies.com/
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