#033 1934 O GATO PRETO (The Black Cat, EUA)
Direção: Edgar G. Ulmer
Roteiro: Peter Ruric (inspirado pela obra de Edgar Allan Poe)
Produção: Carl Laemmle Jr., E.M. Asher (não creditados)
Elenco: Boris Karloff, Bela Lugosi, David Manners, Julie Bishop
Carl Lammle e a Universal proporcionam em O Gato Preto, um deleite para os fãs dos filmes de terror: a junção entre Bela Lugosi, Boris Karloff e Edgar Allan Poe. Esse é o primeiro e mais célebre filme em que os dois maiores astros do cinema de horror daqueles tempos contracenam juntos (ainda repetiriam a dose em O Corvo, O Raio Invisível e O Filho de Frankenstein). Também o que apresenta uma das tramas mais sinistras em seus temas e implicações. Se bem que a história não tem absolutamente nada a ver com o conto de Poe, apenas em seu conceito, e mais tarde foi admitido pelo próprio diretor, Edgar G. Ulmer, que isso foi uma ideia do estúdio apenas para efeitos comerciais. Mas o enredo traz uma trama interessantíssima que envolve satanismo, vingança, necrofilia e traição, tudo isso regado com a atuação impecável da dupla, no filme mais esquisito e perverso da Universal. O inocente casal, bem típico dos filmes de terror, Peter e Joan Allison (respectivamente interpretados por David Manners e Julie Bishop), que inspiraram o casal do filme The Rocky Horror Picture Show, encontram com o enigmático e sofrido Dr. Vitus Werdegast (Lugosi) no trem durante sua viagem de lua de mel pela Hungria. Como acabam dividindo a cabine com Werdegast, eles descobrem que o doutor na verdade está voltando para a cidade que defendeu durante a guerra, após longos 15 anos como prisioneiro, e assim poder visitar um antigo amigo, o arquiteto Hjalmar Poelzig (Karloff). Ao descerem do trem, pegam um ônibus em meio a uma tremenda tempestade e sofrem um acidente, que resulta na morte do motorista, ao perder o controle do veículo na estrada enlameada. A situação acaba transformando o casal, junto de Werdegast, em hóspedes forçados no excêntrico castelo modernista de Poelzig, construído sobre a cova coletiva dos soldados que ele mesmo traiu durante a Primeira Guerra. Aos poucos, entende-se que Werdegast está lá na verdade em busca de vingança, que vem sendo elaborada desde que foi preso, deixando mulher e filha nas mãos do rival. No desenrolar da história, Werdegast descobre que Poelzig tem um inusitado hobby: colecionar mulheres mortas mumificadas em redomas de vidro (incluindo sua falecida esposa) e que o personagem de Karloff é sacerdote de um bizarro culto satânico, sendo que seu livro de cabeceira é “Os Rituais de Lúcifer”. A morte é o fio condutor da fita e tudo gira em torno dela. É a obsessão insana de um homem em tentar preservar a vida, custe o que custar, mesmo que isso envolva sacrifícios e satanismo. E a obsessão de outro homem, vítima de traição, onde tudo que lhe é mais querido foi tirado, vivendo apenas um função do acerto de contas, ou seja, em busca de mais morte. E é engraçado você ver o embate e os diálogos afiados entre Lugosi e Karloff e você parece que sente a eletricidade entre os dois, como se pudéssemos cortar o ar com uma navalha de tamanha tensão, já que no fundo sabemos que havia sim uma richa entre os dois atores. O Gato Preto não é um filme fácil de assistir, isso eu tenho que admitir, e passa um pouco do ponto no quesito estranho, sem se entender as verdadeiras intenções dos personagens até o terceiro ato. Isso sem contar a fobia esdrúxula de Werdegast por gatos, sem a menor explicação. Na verdade a presença do tal gato preto do título do filme é praticamente alegórica e sem necessidade (talvez a única forma encontrada de utilizar o bichano e explorar o efeito mercadológico de levar algo com o nome de Poe para o cinema). Mas apesar dos pesares, o duelo entre o calculista Lugosi e o cínico Karloff é simplesmente fantástico. O que já vale o filme e seu lugar na lista.
FONTE: http://101horrormovies.com/
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