terça-feira, 7 de abril de 2015

#118 1959 O HOMEM CROCODILO (The Alligator People, EUA)


Direção: Roy Del Ruth
Roteiro: Orville H. Hampton, Charles O’Neal, Robert M. Fresco (não creditado)
Produção: Jack Leewood
Elenco: Beverly Garland, Bruce Bennett, Lon Chaney Jr., George Macready, Frieda Inescort, Richard Crane

As mutações provocadas por cientistas durante os filmes de terror dos anos 50 parecem não ter fim. Mesmo que os motivos possam ser nobres, como a cura de doenças e simular a capacidade regenerativa dos répteis nos seres humanos, sempre alguma coisa vai dar errado, e origem a um monstro digno dos filmes B. O Homem Crocodilo não foge a essa regra. Produzido pela 20th Century Fox, e filmado em Cinemascope, O Homem Crocodilo poderia ser um filme impressionante, principalmente no quesito maquiagem, criada pela dupla Ben Nye e Dick Smith. Os dois têm em seu currículo grandes trabalhos em filmes e séries de TV. Nye, por exemplo, foi responsável pela supervisão de maquiagem de famosas séries de TV como o seriado camp do Batman nos anos 60, O Besouro Verde, Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço, além do consagradíssimo O Planeta dos Macacos original. Já Dick Smith, tem na bagagem, a maquiagem de filmes clássicos do horror como Sombras da Noite (o original, não a babaquice de Tim Burton), A Sentinela dos Malditos, Fome de Viver, Scanners – Sua Mente Pode Destruir, Viagens Alucinantes, e nada mais nada menos que O Exorcista, tendo ainda ganhado o Oscar por Amadeus, em 1985. Mas como eu disse lá em cima, poderia, no futuro do pretérito. A maquiagem do personagem Paul Webster (Richard Crane), mutante meio homem, meio crocodilo é simplesmente incrível. Sua pele escamosa, realmente está assustadora. Paul parece ser o avô de O Homem Cobra. Mas se ficasse só nisso, seria lindo. O duro é na sequência final do filme, quando ao invés de apenas a mutação de pele, o rapaz ganha uma cabeça inteira de crocodilo. Paul Webster acabou de se casar com a enfermeira Joyce (Beverly Garland), após os dois terem baixa da guerra e Paul se recuperar sem nenhuma cicatriz sequer de um acidente feio de avião, que era para ter lhe custado à vida, ou no mínimo, o deixado completamente desfigurado. Em uma viagem de trem de lua de mel, Paul recebe um misterioso telegrama e deixa o trem para fazer uma ligação urgente, e a partir daí ele desaparece, deixando sua esposa completamente desesperada, tentando durante muito tempo caçar pistas sobre o paradeiro e motivações do marido. Ao checar os registros da fraternidade da universidade onde ele estudou, Joyce acaba encontrando um endereço de uma mansão em Bayou Landing, Louisiana, e resolve tentar investigar o local como sua última cartada. Ao chegar na cidade que é praticamente deserta, é recepcionada pelo matuto Manon, interpretado por Lon Chaney Jr. Nossa, faz tempo que não via o Lon Chaney em um filme, acho que desde o final da Era de Ouro dos monstros da Universal. Enfim, Manon vive uma espécie de síndrome do Capitão Gancho, pois ele usa realmente um gancho no lugar de uma das mãos, que foi devorada por um crocodilo dos pântanos, e meio lelé da cabeça, diz que matará todos os répteis possíveis até o final de sua vida, pelo tremendo ódio que sente do animal. Pois bem, ao chegar até a mansão, conhecida como Os Ciprestes, nenhuma notícia de Paul, mas a enfermeira saca que há alguma coisa de errada por ali, principalmente por conta do comportamento estranho da proprietária do local, a Sra. Lavinia Hawthorne. Lá pelas tantas, Joyce descobre que Paul realmente está ali escondido e Lavinia é sua mãe. Também entra na jogada o brilhante cientista Dr. Mark Sinclair. Sinclair, financiado por Lavinia, desenvolvia uma pesquisa que tinha o intuito de aplicar o gene regenerativo dos répteis em seres humanos para que possa reparar membros perdidos ou acidentes de guerra. Algo muito parecido com as experiências de Curt Connors, o Lagarto, inimigo do Homem-Aranha nos quadrinhos e no seu último filme. A experiência é um sucesso, e foi exatamente usada em Paul para salvá-lo da morte após o acidente. Mas com o passar do tempo, surge um efeito colateral imprevisto, pois as células répteis começam a se tornar dominantes e a pessoa vai aos poucos se transformando em uma criatura híbrida humana com crocodilo, adquirindo uma bizarra pele escamosa. Esse foi o motivo do chá de sumiço de Paul. Na tentativa de voltar a sua forma humana, Paul respondia muito bem a um tratamento com raio X, o que faz com que o Dr. Sinclair resolva incrementar os testes utilizando cobalto 60, só que é pressionado por Paul para que os testes sejam feitos nele o mais rápido possível, sem saber os reais efeitos que podem acarretar. Manon, que anteriormente tinha levado uma surra de Paul quando tentou violentar Joyce, quando a mesma perseguia o marido pelos pântanos, bêbado e louco de raiva, invade a casa, querendo matá-lo, e ferra com a experiência, transformando o pobre diabo em um crocodilo humano. Aí o filme tem a capacidade de estragar com tudo. Enquanto ele tinha um argumento até que sério, uma fantástica história sobre experiências genética e um assustador e realista visual da criatura mutante, estava tudo muito promissor. Aí quando Paul vira um crocodilo bípede, com uma máscara ridícula de borracha cobrindo seu rosto, cai de uma forma tão grande no ridículo, que das duas uma: ou você adora a tranqueira, ou você fica extremamente decepcionado. Mas para ficar realmente decepcionado com O Homem Crocodilo, para começo de conversa, de alguma forma  deve se tentar se levar a produção muito a sério, ainda mas se tratando claramente de um filme B de monstro dos anos 50, e nunca sequer ter visto uma foto do personagem, com Paul parecendo o Zé Jacaré, inimigo do Pica Pau. Só faltava mesmo o “vodu é para jacú”. E outra, com um título desses, tanto em português quanto em inglês, você sabe que mais cedo ou mais tarde, a coisa vai escambar e partir para o escracho. Não que haja problema nisso.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/23/118-o-homem-crocodilo-1959/

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