Direção: Roy
Del Ruth
Roteiro: Orville
H. Hampton, Charles O’Neal, Robert M. Fresco (não creditado)
Produção: Jack
Leewood
Elenco: Beverly
Garland, Bruce Bennett, Lon Chaney Jr., George Macready, Frieda Inescort,
Richard Crane
As mutações provocadas por
cientistas durante os filmes de terror dos anos 50 parecem não ter fim. Mesmo
que os motivos possam ser nobres, como a cura de doenças e simular a capacidade
regenerativa dos répteis nos seres humanos, sempre alguma coisa vai dar errado,
e origem a um monstro digno dos filmes B. O Homem
Crocodilo não foge a essa regra. Produzido pela 20th Century
Fox, e filmado em Cinemascope, O Homem Crocodilo poderia ser um filme
impressionante, principalmente no quesito maquiagem, criada pela dupla Ben Nye
e Dick Smith. Os dois têm em seu currículo grandes trabalhos em filmes e séries
de TV. Nye, por exemplo, foi responsável pela supervisão de maquiagem de
famosas séries de TV como o seriado camp do Batman nos anos 60, O Besouro
Verde, Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço, além do consagradíssimo O
Planeta dos Macacos original. Já Dick Smith, tem na bagagem, a maquiagem
de filmes clássicos do horror como Sombras da Noite (o original, não
a babaquice de Tim Burton), A Sentinela
dos Malditos, Fome de Viver, Scanners – Sua Mente Pode
Destruir, Viagens Alucinantes, e nada mais nada menos que O Exorcista, tendo ainda
ganhado o Oscar por Amadeus, em 1985. Mas como eu disse lá em
cima, poderia, no futuro do pretérito. A maquiagem do personagem Paul Webster
(Richard Crane), mutante meio homem, meio crocodilo é simplesmente incrível.
Sua pele escamosa, realmente está assustadora. Paul parece ser o avô de O Homem Cobra. Mas
se ficasse só nisso, seria lindo. O duro é na sequência final do filme, quando
ao invés de apenas a mutação de pele, o rapaz ganha uma cabeça inteira de
crocodilo. Paul Webster acabou de se casar com a enfermeira Joyce (Beverly
Garland), após os dois terem baixa da guerra e Paul se recuperar sem nenhuma
cicatriz sequer de um acidente feio de avião, que era para ter lhe custado à
vida, ou no mínimo, o deixado completamente desfigurado. Em uma viagem de trem
de lua de mel, Paul recebe um misterioso telegrama e deixa o trem para fazer
uma ligação urgente, e a partir daí ele desaparece, deixando sua esposa
completamente desesperada, tentando durante muito tempo caçar pistas sobre o
paradeiro e motivações do marido. Ao checar os registros da fraternidade da
universidade onde ele estudou, Joyce acaba encontrando um endereço de uma
mansão em Bayou Landing, Louisiana, e resolve tentar investigar o local como
sua última cartada. Ao chegar na cidade que é praticamente deserta, é
recepcionada pelo matuto Manon, interpretado por Lon Chaney Jr. Nossa, faz
tempo que não via o Lon Chaney em um filme, acho que desde o final da Era de
Ouro dos monstros da Universal. Enfim, Manon vive uma espécie de síndrome do
Capitão Gancho, pois ele usa realmente um gancho no lugar de uma das mãos, que
foi devorada por um crocodilo dos pântanos, e meio lelé da cabeça, diz que
matará todos os répteis possíveis até o final de sua vida, pelo tremendo ódio
que sente do animal. Pois bem, ao chegar até a mansão, conhecida como Os
Ciprestes, nenhuma notícia de Paul, mas a enfermeira saca que há alguma coisa
de errada por ali, principalmente por conta do comportamento estranho da
proprietária do local, a Sra. Lavinia Hawthorne. Lá pelas tantas, Joyce
descobre que Paul realmente está ali escondido e Lavinia é sua mãe. Também
entra na jogada o brilhante cientista Dr. Mark Sinclair. Sinclair, financiado
por Lavinia, desenvolvia uma pesquisa que tinha o intuito de aplicar o gene
regenerativo dos répteis em seres humanos para que possa reparar membros
perdidos ou acidentes de guerra. Algo muito parecido com as experiências de
Curt Connors, o Lagarto, inimigo do Homem-Aranha nos quadrinhos e no seu último
filme. A experiência é um sucesso, e foi exatamente usada em Paul para salvá-lo
da morte após o acidente. Mas com o passar do tempo, surge um efeito colateral
imprevisto, pois as células répteis começam a se tornar dominantes e a pessoa
vai aos poucos se transformando em uma criatura híbrida humana com crocodilo,
adquirindo uma bizarra pele escamosa. Esse foi o motivo do chá de sumiço de
Paul. Na tentativa de voltar a sua forma humana, Paul respondia muito bem a um
tratamento com raio X, o que faz com que o Dr. Sinclair resolva incrementar os
testes utilizando cobalto 60, só que é pressionado por Paul para que os testes
sejam feitos nele o mais rápido possível, sem saber os reais efeitos que podem
acarretar. Manon, que anteriormente tinha levado uma surra de Paul quando
tentou violentar Joyce, quando a mesma perseguia o marido pelos pântanos,
bêbado e louco de raiva, invade a casa, querendo matá-lo, e ferra com a
experiência, transformando o pobre diabo em um crocodilo humano. Aí o filme tem
a capacidade de estragar com tudo. Enquanto ele tinha um argumento até que
sério, uma fantástica história sobre experiências genética e um assustador e
realista visual da criatura mutante, estava tudo muito promissor. Aí quando
Paul vira um crocodilo bípede, com uma máscara ridícula de borracha cobrindo
seu rosto, cai de uma forma tão grande no ridículo, que das duas uma: ou você
adora a tranqueira, ou você fica extremamente decepcionado. Mas para ficar
realmente decepcionado com O Homem Crocodilo, para começo de conversa, de
alguma forma deve se tentar se levar a produção muito a sério, ainda mas
se tratando claramente de um filme B de monstro dos anos 50, e nunca sequer ter
visto uma foto do personagem, com Paul parecendo o Zé Jacaré, inimigo do Pica
Pau. Só faltava mesmo o “vodu é para jacú”. E outra, com um título desses,
tanto em português quanto em inglês, você sabe que mais cedo ou mais tarde, a
coisa vai escambar e partir para o escracho. Não que haja problema nisso.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/23/118-o-homem-crocodilo-1959/
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