sábado, 4 de abril de 2015

#116 1959 A CASA DOS MAUS ESPÍRITOS (House on Haunted Hill, EUA)


Direção: William Castle
Roteiro: Robb White
Produção: William Castle, Robb White (Produtor Associado)
Elenco: Vincent Price, Carol Ohmart, Richard Long, Alan Marshal, Carolyn Craig, Elisha Cook

A Casa dos Maus Espíritos é um dos clássicos filmes do gênero casa mal assombrada. Dirigido e produzido pelo genial e criativo William Castle, muito antes do viral e do marketing de guerrilha existir, este filme de baixo orçamento e baixa metragem, cheio de clichês e efeitos especiais, hã, pitorescos, ainda tem a moral de trazer o incomparável Vincent Price no elenco. Talvez você conheça mais o remake do filme, chamado A Casa da Colina, lançado no final dos anos 90, produzido por Joel Silver e Robert Zemeckis, com sua produtora Dark Castle (nome inspirado em William Castle), tendo Geoffrey Rush e Famke Janssen no elenco. Vale salientar que o parco original do ano de 1959, é infinitamente superior à refilmagem, como de costume. Price deliciosamente interpreta Frederick Loren, um excêntrico milionário, cujas três primeiras mulheres morreram de forma suspeita (ataque cardíaco, segundo os médicos), que em nome da atual esposa, Annabelle (Carol Ohmart), resolve dar uma festa, convidando cinco pessoas díspares, mas escolhidas criteriosamente, para passar uma noite inteira na casa mal assombrada, valendo um prêmio de 10 mil dólares (que era muito dinheiro na época. É só ver que na refilmagem, o prêmio é de um milhão). E o relacionamento entre os Loren é o pior possível. Crises conjugais, trocas de insultos, ciúmes doentio, tentativas de assassinato. Problemas da vida à dois, sabe? Problemas estes muito bem interpretados, com toda elegância e acidez pelo casal de protagonistas. Os convidados são: Watson Pritchard (Elisha Cook Jr.), herdeiro da mansão mal assombrada, homem bêbado e atormentado por todas as mortes que ocorreram no local e pelos fantasmas que ali habitam; Lance Schroeder (Richard Long), galã e ganancioso piloto de testes de aviões; Dr. David Trent (Alan Marshal), psiquiatra interessado em estudar os efeitos da casa mal assombrada no grupo; Ruth Bridges (Julie Mitchum – irmã de Robert Mitchum), jornalista, colunista social que além do dinheiro quer escrever um artigo sobre fantasmas; e Nora Manning (Carolyn Craig), uma das funcionárias das empresas de Loren, escolhida por precisar muito do dinheiro, já que tem de sustentar sozinha a sua família, que sofreu um acidente de carro. Isso sem contar ainda Annabelle e dois sinistros velhos empregados da casa, Jonas Slydes e a sua pavorosa esposa cega, que rende duas cenas realmente assustadoras no filme. Bom, aquele dentro do seleto grupo que sobreviver à noite na mansão, enclausurados a partir da meia-noite, por não poderem mais sair do local trancado, leva a bolada. Se alguém por ventura morrer durante o processo, o dinheiro será dividido entre os sobreviventes. Claro que uma série de acontecimentos bizarros ocorrerá durante a estada dos convidados na casa. Coloque nessa conta candelabros que despencam, poças de sangue no teto, enforcamento, cabeças decepadas, um fosso de ácido no porão, bater de portas e janelas, um órgão que toca sozinho, uivos do vento e trovoadas, e mãos peludas com garras que saem pelas frestas, ao melhor estilo clichês de casas fantasmas criados a partir de O Gato e o Canário. Na verdade, a trama de A Casa dos Maus Espíritos remete bastante ao roteiro do filme mudo de Paul Leni, lançado em 1927: a herança, substituída aqui por um prêmio, para quem passar a noite na casa supostamente mal assombrada; um complô (que aqui é revelado no final da fita); os mesmos tipos de artimanhas utilizadas para assustar os ali presentes e levar uma personagem em específico a acreditar piamente em fantasmas, e consequentemente, à loucura (que nesse caso, é a pobre datilógrafa Nora Manning). Em defesa do longa, ele também parece ter influenciado muito da estética de algumas produções vindouras, como por exemplo, Desafio do Além, de Robert Wise, que também tem pessoas confinadas em uma casa convidadas por alguém, e um psiquiatra entre eles que quer estudar os efeitos do medo, ou mesmo A Casa da Noite Eterna. Mas entre todos os gimmicks usados para assustar os convidados em A Casa dos Maus Espíritos, claro que o principal deles é o esqueleto, usado na sequência para apavorar a pobre Annabelle Loren. Tá vai, é ridícula esta história de esqueletos ambulantes assustarem alguém. Mas vamos sempre lembrar que a plateia era ingênua e altamente impressionável na década de 50. E fora isso, o esqueleto foi o principal objeto da criativa campanha de marketing de William Castle, para levar as pessoas ao cinema e oferecerem um experiência única. Através do sistema batizado por ele de Emergo, o diretor utilizou um dispositivo especial que amarrava um esqueleto em cabos e roldanas, que saltava na frente do cinema exatamente na mesma hora que ele aparece em cena, para assustar os pobres espectadores. Em outros filmes, Castle também usaria traquitanas deste tipo, como oferecer apólices de seguro, cadeiras que tremiam e óculos 3D para ver fantasmas. Claro, assistir A Casa dos Maus Espíritos não vai meter o mínimo medo (exceto nas aparições da velha cega empregada da casa, que ô mulherzinha decrépita), e ele é bem repetitivo e enfadonho, mas é uma daqueles incontáveis clássicos de uma era perdida do cinema de terror, obrigatório para qualquer fã do gênero que se preze. E há sempre o prazer de ver a atuação deste gênio chamado Vincent Price.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/21/116-a-casa-dos-maus-espiritos-1959/

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