Direção: William Castle
Roteiro: Robb White
Produção: William Castle,
Robb White (Produtor Associado)
Elenco: Vincent
Price, Carol Ohmart, Richard Long, Alan Marshal, Carolyn Craig, Elisha Cook
A Casa dos
Maus Espíritos é um dos clássicos filmes do gênero casa mal
assombrada. Dirigido e produzido pelo genial e criativo William Castle, muito
antes do viral e do marketing de guerrilha existir, este filme de baixo
orçamento e baixa metragem, cheio de clichês e efeitos especiais, hã,
pitorescos, ainda tem a moral de trazer o incomparável Vincent Price no elenco.
Talvez você conheça mais o remake do filme, chamado A Casa da
Colina, lançado no final dos anos 90, produzido por Joel Silver e Robert
Zemeckis, com sua produtora Dark Castle (nome inspirado em William Castle),
tendo Geoffrey Rush e Famke Janssen no elenco. Vale salientar que o parco
original do ano de 1959, é infinitamente superior à refilmagem, como de
costume. Price deliciosamente interpreta Frederick Loren, um excêntrico
milionário, cujas três primeiras mulheres morreram de forma suspeita (ataque
cardíaco, segundo os médicos), que em nome da atual esposa, Annabelle (Carol
Ohmart), resolve dar uma festa, convidando cinco pessoas díspares, mas
escolhidas criteriosamente, para passar uma noite inteira na casa mal
assombrada, valendo um prêmio de 10 mil dólares (que era muito dinheiro na
época. É só ver que na refilmagem, o prêmio é de um milhão). E o relacionamento
entre os Loren é o pior possível. Crises conjugais, trocas de insultos, ciúmes
doentio, tentativas de assassinato. Problemas da vida à dois, sabe? Problemas
estes muito bem interpretados, com toda elegância e acidez pelo casal de
protagonistas. Os convidados são: Watson Pritchard (Elisha Cook Jr.), herdeiro
da mansão mal assombrada, homem bêbado e atormentado por todas as mortes que
ocorreram no local e pelos fantasmas que ali habitam; Lance Schroeder (Richard
Long), galã e ganancioso piloto de testes de aviões; Dr. David Trent (Alan
Marshal), psiquiatra interessado em estudar os efeitos da casa mal assombrada
no grupo; Ruth Bridges (Julie Mitchum – irmã de Robert Mitchum), jornalista,
colunista social que além do dinheiro quer escrever um artigo sobre fantasmas;
e Nora Manning (Carolyn Craig), uma das funcionárias das empresas de Loren,
escolhida por precisar muito do dinheiro, já que tem de sustentar sozinha a sua
família, que sofreu um acidente de carro. Isso sem contar ainda Annabelle e
dois sinistros velhos empregados da casa, Jonas Slydes e a sua pavorosa esposa
cega, que rende duas cenas realmente assustadoras no filme. Bom, aquele dentro
do seleto grupo que sobreviver à noite na mansão, enclausurados a partir da
meia-noite, por não poderem mais sair do local trancado, leva a bolada. Se
alguém por ventura morrer durante o processo, o dinheiro será dividido entre os
sobreviventes. Claro que uma série de acontecimentos bizarros ocorrerá durante
a estada dos convidados na casa. Coloque nessa conta candelabros que despencam,
poças de sangue no teto, enforcamento, cabeças decepadas, um fosso de ácido no
porão, bater de portas e janelas, um órgão que toca sozinho, uivos do vento e
trovoadas, e mãos peludas com garras que saem pelas frestas, ao melhor estilo
clichês de casas fantasmas criados a partir de O Gato e o Canário. Na verdade, a trama de A Casa dos
Maus Espíritos remete bastante ao roteiro do filme mudo de Paul Leni,
lançado em 1927: a herança, substituída aqui por um prêmio, para quem passar a
noite na casa supostamente mal assombrada; um complô (que aqui é revelado no
final da fita); os mesmos tipos de artimanhas utilizadas para assustar os ali
presentes e levar uma personagem em específico a acreditar piamente em
fantasmas, e consequentemente, à loucura (que nesse caso, é a pobre datilógrafa
Nora Manning). Em defesa do longa, ele também parece ter influenciado muito da
estética de algumas produções vindouras, como por exemplo, Desafio do
Além, de Robert Wise, que também tem pessoas confinadas em uma casa
convidadas por alguém, e um psiquiatra entre eles que quer estudar os efeitos
do medo, ou mesmo A Casa da
Noite Eterna. Mas entre todos os gimmicks usados para
assustar os convidados em A Casa dos Maus Espíritos, claro que o principal
deles é o esqueleto, usado na sequência para apavorar a pobre Annabelle Loren.
Tá vai, é ridícula esta história de esqueletos ambulantes assustarem alguém.
Mas vamos sempre lembrar que a plateia era ingênua e altamente impressionável
na década de 50. E fora isso, o esqueleto foi o principal objeto da criativa
campanha de marketing de William Castle, para levar as pessoas ao cinema e
oferecerem um experiência única. Através do sistema batizado por ele de Emergo,
o diretor utilizou um dispositivo especial que amarrava um esqueleto em cabos e
roldanas, que saltava na frente do cinema exatamente na mesma hora que ele
aparece em cena, para assustar os pobres espectadores. Em outros filmes, Castle
também usaria traquitanas deste tipo, como oferecer apólices de seguro,
cadeiras que tremiam e óculos 3D para ver fantasmas. Claro, assistir A
Casa dos Maus Espíritos não vai meter o mínimo medo (exceto nas aparições
da velha cega empregada da casa, que ô mulherzinha decrépita), e ele é bem
repetitivo e enfadonho, mas é uma daqueles incontáveis clássicos de uma era
perdida do cinema de terror, obrigatório para qualquer fã do gênero que se
preze. E há sempre o prazer de ver a atuação deste gênio chamado Vincent Price.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/21/116-a-casa-dos-maus-espiritos-1959/
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