quinta-feira, 9 de abril de 2015

#119 1959 O HOMEM QUE ENGANOU A MORTE (The Man Who Could Cheat Death, Reino Unido)


Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster (baseado na peça de Barré Lyndon)
Produção: Michael Carreras, Anthony Nelson-Keys (Produtor Associado)
Elenco: Anton Diffring, Hazel Court, Cristopher Lee, Arnold Marlé, Delphi Lawrence

Mais uma excelente produção da Hammer, estúdio que com toda certeza, veio para elevar, e mantar alto, o nível dos filmes de terror. O Homem que Enganou a Morte é um clássico muito bem construído, com um ótimo roteiro, brilhantes atuações de Anton Diffring e Christopher Lee e incrível trabalho de maquiagem. E todos os elementos típicos de um filme da Hammer estão lá. A ambientação no século XIX, o figurino (assinado por Molly Arbuthnot, responsável por todo o guarda roupa do estúdio), os cenários repletos de neblina, jogo de luzes, cores estonteantes e o maniqueísmo, imposto em todos os filmes dirigidos por Terence Fisher, do mocinho e do bandido, sendo que o bandido sempre seria derrotado no final. O roteiro mais uma vez foi elaborado pelo escritor usual do estúdio, Jimmy Sangester, baseado na peça The Man in Half Moon Street de Barré Lyndon (roteirista de Ódio que Mata e A Guerra dos Mundos original, entre outros). Fisher e Sangster foram a dupla responsável por A Maldição de Frankenstein e O Vampiro da Noite, as duas fitas seminais da Hammer que definiriam toda a estética não só do estúdio britânico como do cinema de terror até final dos anos 60. Além da dobradinha, o rosto tarimbado de Cristopher Lee, que aqui pela primeira vez não utiliza nenhum tipo de maquiagem ou presa, atuando de “cara limpa” e os insinuantes decotes de Hazel Court também estão lá para criar todo esse volume criativo de O Homem que Enganou a Morte. A maquiagem, assim como também nos outros filmes da Hammer, ficou por conta de Roy Ashton, que mais uma vez fez um ótimo trabalho. O papel principal inicialmente foi oferecido a Peter Cushing, que recusou apenas poucos dias antes das filmagens começarem. A história, que mistura elementos de O Médico e o Monstro e O Retrato de Dorian Gray é centrada no Dr. Georges Bonner (Diffring), médico, escultor e o tal homem que enganou a morte, que junto com o Prof. Ludwig Weiss (soberba atuação de Arnold Marié), descobriu o segredo da imortalidade e da saúde eterna através de um transplante da glândula paratireoide, que deve ser realizada a cada dez anos. Apesar da aparência de jovem, Bonner tem 104 anos, e precisa imediatamente de uma nova operação. Enquanto ela não é realizada, Bonner é obrigado a tomar uma poção fumegante durantes os últimos dias antes da troca glandular, que irá retardar o processo degenerativo de envelhecimento instantâneo. O único apto para fazer a operação é o Prof Weiss, que agora tem 89 anos e sofreu um derrame que inutilizou sua mão direita, o que o torna incapacitado para a cirurgia. É aí que o personagem de Christopher Lee, o também cirurgião Dr. Pierre Gerrard, entra na história. Gerrard é apaixonado por Janine Du Bois (Hazel Court), que outrora foi a amada de Bonner e sua musa inspiradora para esculpir suas estátuas, abandonada quando o médico teve de sumir por conta de sua condição. Janine reaparece em sua vida durante uma vernissage de uma nova escultura de Bonner, junto com Gerrard. Mais tarde, Bonner apresenta o Prof. Weiss para Gerrard, que o convence a fazer a operação para salvar a vida do colega de profissão. Mas as coisas começam a se complicar quando Bonner mente na frente de todos para o Inspetor Legris, da Suréte francesa, que investiga o sumiço da garota que fora modelo do escultor e vista pela última vez na exposição na noite passada (que nessa altura do campeonato, já sabemos que foi morta – ou não – por Bonner em um demente acesso de fúria, ao perder o controle por não ter tomado a fórmula a tempo). Gerrard recusa-se a operar Bonner após descobrir que o Prof. Weiss, que estaria presente durante a cirurgia, havia partido imediatamente na noite anterior. Na verdade mais uma mentira, já que ele também foi assassinado após descobrir que a glândula que estava à espera para ser transplantada foi retirada de uma pessoa viva, assim como ele vinha fazendo durante todo esse tempo, sempre assassinando as garotas que esculpia. Não compactuando com Bonner e tentando impedi-lo de tomar a poção para que a natureza cumpra seu curso natural, incita a ira do ex-amigo que acaba matando-o estrangulado. A única saída então para que Gerrard o opere, é contar o verdadeiro motivo da urgente necessidade do transplante, abrindo o jogo sobre sua descoberta científica, nunca antes publicada ou revelada por conta de questões morais, pois se descoberta e utilizada, iria desequilibrar todo o processo natural da morte, torando a Terra superpovoada e sem recursos naturais suficientes para garantir o sustento de tantas gerações sem morrer. E além desta causa, há um pequeno detalhe, pois se ninguém morresse, não haveria mais glândulas para serem retiradas para garantir a eternidade. Ainda assim Gerrard não aceita, só cedendo a pressão quando é chantageado a fazê-lo, após descobrir que Janine foi sequestrada e é mantida cativa pela insano Bonner. A intrincada teia de acontecimentos do roteiro e os diálogos é o que mantem alto o resultado de O Homem que Enganou a Morte. É um filme de muito diálogo e pouca ação, então pode acabar desapontando alguns. No livro The Hammer Story: The Authorised History of Hammer Films a produção é considerada uma estranha miscelânea de filme de cientista louco com ficção científica e uma camada gótica. Para mim, é mais um exemplo de que um ótimo texto e excelente dinâmica de atores pode resultar num bom filme mesmo com um orçamento apertado, tendo gastos apenas 84 mil libras.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/25/119-o-homem-que-enganou-a-morte-1959/

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