Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster
(baseado na peça de Barré Lyndon)
Produção: Michael Carreras,
Anthony Nelson-Keys (Produtor Associado)
Elenco: Anton
Diffring, Hazel Court, Cristopher Lee, Arnold Marlé, Delphi Lawrence
Mais uma excelente produção da
Hammer, estúdio que com toda certeza, veio para elevar, e mantar alto, o nível
dos filmes de terror. O Homem que Enganou a Morte é um clássico muito bem
construído, com um ótimo roteiro, brilhantes atuações de Anton Diffring e
Christopher Lee e incrível trabalho de maquiagem. E todos os elementos típicos
de um filme da Hammer estão lá. A ambientação no século XIX, o figurino (assinado
por Molly Arbuthnot, responsável por todo o guarda roupa do estúdio), os
cenários repletos de neblina, jogo de luzes, cores estonteantes e o
maniqueísmo, imposto em todos os filmes dirigidos por Terence Fisher, do
mocinho e do bandido, sendo que o bandido sempre seria derrotado no final. O
roteiro mais uma vez foi elaborado pelo escritor usual do estúdio, Jimmy
Sangester, baseado na peça The Man in Half Moon Street de Barré Lyndon
(roteirista de Ódio que Mata e A Guerra dos Mundos original, entre outros). Fisher e Sangster
foram a dupla responsável por A Maldição de Frankenstein e O Vampiro da Noite, as duas fitas seminais da Hammer que
definiriam toda a estética não só do estúdio britânico como do cinema de terror
até final dos anos 60. Além da dobradinha, o rosto tarimbado de Cristopher Lee,
que aqui pela primeira vez não utiliza nenhum tipo de maquiagem ou presa,
atuando de “cara limpa” e os insinuantes decotes de Hazel Court também estão lá
para criar todo esse volume criativo de O Homem que Enganou a Morte. A
maquiagem, assim como também nos outros filmes da Hammer, ficou por conta de
Roy Ashton, que mais uma vez fez um ótimo trabalho. O papel principal
inicialmente foi oferecido a Peter Cushing, que recusou apenas poucos dias
antes das filmagens começarem. A história, que mistura elementos de O
Médico e o Monstro e O Retrato de Dorian Gray é centrada no Dr.
Georges Bonner (Diffring), médico, escultor e o tal homem que enganou a morte,
que junto com o Prof. Ludwig Weiss (soberba atuação de Arnold Marié), descobriu
o segredo da imortalidade e da saúde eterna através de um transplante da glândula
paratireoide, que deve ser realizada a cada dez anos. Apesar da aparência de
jovem, Bonner tem 104 anos, e precisa imediatamente de uma nova operação. Enquanto
ela não é realizada, Bonner é obrigado a tomar uma poção fumegante durantes os
últimos dias antes da troca glandular, que irá retardar o processo degenerativo
de envelhecimento instantâneo. O único apto para fazer a operação é o Prof
Weiss, que agora tem 89 anos e sofreu um derrame que inutilizou sua mão
direita, o que o torna incapacitado para a cirurgia. É aí que o personagem de
Christopher Lee, o também cirurgião Dr. Pierre Gerrard, entra na história. Gerrard
é apaixonado por Janine Du Bois (Hazel Court), que outrora foi a amada de
Bonner e sua musa inspiradora para esculpir suas estátuas, abandonada quando o
médico teve de sumir por conta de sua condição. Janine reaparece em sua vida
durante uma vernissage de uma nova escultura de Bonner, junto com Gerrard. Mais
tarde, Bonner apresenta o Prof. Weiss para Gerrard, que o convence a fazer a
operação para salvar a vida do colega de profissão. Mas as coisas começam a se
complicar quando Bonner mente na frente de todos para o Inspetor Legris, da
Suréte francesa, que investiga o sumiço da garota que fora modelo do escultor e
vista pela última vez na exposição na noite passada (que nessa altura do
campeonato, já sabemos que foi morta – ou não – por Bonner em um demente acesso
de fúria, ao perder o controle por não ter tomado a fórmula a tempo). Gerrard
recusa-se a operar Bonner após descobrir que o Prof. Weiss, que estaria
presente durante a cirurgia, havia partido imediatamente na noite anterior. Na
verdade mais uma mentira, já que ele também foi assassinado após descobrir que
a glândula que estava à espera para ser transplantada foi retirada de uma pessoa
viva, assim como ele vinha fazendo durante todo esse tempo, sempre assassinando
as garotas que esculpia. Não compactuando com Bonner e tentando impedi-lo de
tomar a poção para que a natureza cumpra seu curso natural, incita a ira do
ex-amigo que acaba matando-o estrangulado. A única saída então para que Gerrard
o opere, é contar o verdadeiro motivo da urgente necessidade do transplante,
abrindo o jogo sobre sua descoberta científica, nunca antes publicada ou
revelada por conta de questões morais, pois se descoberta e utilizada, iria
desequilibrar todo o processo natural da morte, torando a Terra superpovoada e
sem recursos naturais suficientes para garantir o sustento de tantas gerações
sem morrer. E além desta causa, há um pequeno detalhe, pois se ninguém
morresse, não haveria mais glândulas para serem retiradas para garantir a
eternidade. Ainda assim Gerrard não aceita, só cedendo a pressão quando é
chantageado a fazê-lo, após descobrir que Janine foi sequestrada e é mantida
cativa pela insano Bonner. A intrincada teia de acontecimentos do roteiro e os
diálogos é o que mantem alto o resultado de O Homem que Enganou a Morte. É
um filme de muito diálogo e pouca ação, então pode acabar desapontando alguns.
No livro The Hammer Story: The Authorised History of Hammer Films a
produção é considerada uma estranha miscelânea de filme de cientista louco com
ficção científica e uma camada gótica. Para mim, é mais um exemplo de que um
ótimo texto e excelente dinâmica de atores pode resultar num bom filme mesmo com
um orçamento apertado, tendo gastos apenas 84 mil libras.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/25/119-o-homem-que-enganou-a-morte-1959/
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