Direção: Roger
Corman
Roteiro: Charles
B. Griffith
Produção: Roger
Corman
Elenco: Jonathan
Haze, Jackie Joseph, Mel Welles, Dick Miller, Myrtle Vail, Jack Nicholson
A Pequena Loja dos Horrores é um clássico do humor
negro, mórbido, escrachado, trash até dizer chega, mas brilhantemente
dirigido por Roger Corman, que apesar da pecha de Rei dos Filmes B, tem uma
direção digníssima, que em certos momentos me lembrou até o expressionismo
alemão, por conta da bela fotografia preta e branca e certas composições de
cena. A fita foi feita em tempo recorde, filmada em apenas DOIS dias, por
Corman para a American International Pictures. Apesar da precariedade dos
efeitos especiais, principalmente da planta carnívora, a economia em cenários,
as situações inverossímeis e as atuações propositadamente exageradas, o roteiro
escrito pelo comparsa de Corman em diversas produções, Charles B. Griffith, é
afiado, repleto de sacadas inteligentes e humor mordaz, além da direção de
atores feita pelo carismático diretor estar no ponto certo. Tirando o trio
principal, o loser floricultor aspirante a botânico com uma mãe
alcoólatra, Seymour Krelboin (Jonathan Haze), o dono da floricultura, Gravis
Mushnik (Mel Welles) e sua jovem filha e paixonite de Seymour, Audrey Fulquard
(Jackie Joseph), há participações especiais realmente impagáveis em A Loja
dos Horrores. Entre elas Dick Miller, que fez vários filmes de Corman e do seu
discípulo, Joe Dante, entre eles Gremlins e Piranha,
que vive Burson Funch, um comedor compulsivo de flores e Jack Nicholson, em um dos seus primeiros papeis da carreira, como
um masoquista paciente de um dentista sádico, que acaba sendo “tratado” por
Seymour e tem quase todos seus dentes arrancados. Hilário. A floricultura Mushnik
fica no bairro pobre de Skid Row, e sempre há uma clientela maluca frequentando
o local, como uma velha viciada em funerais, cujos parentes morrem todos os
dias praticamente e duas garotas adolescentes com vozes irritantes que sempre
querem flores para os eventos escolares. A loja
não faz lá muito sucesso e dinheiro, muito por conta das trapalhadas de Seymour,
que preste a perder o emprego, cria uma planta esquisitíssima, através do
cruzamento de outras duas, batizada de Audrey Junior, em homenagem à filha do
dono da floricultura pelo qual é apaixonado, que é uma espécie de planta
carnívora mutante.
Todas as
tentativas de manter a plantinha saudável são mal sucedidas, quando
acidentalmente Seymour descobre que a planta se alimenta de sangue, e só assim
ela consegue se desenvolver, crescer e ficar saudável. Além disso, pasmem, a
planta fala!!! Todo
momento ela fica pedindo mais comida (Feed me! Feed me! – impagável) e
quando Seymour perde muito sangue e não consegue mais alimentar o vegetal
carnívoro, ele involuntariamente provoca a morte de um bêbado e dá de comer
para a planta, que vai cada vez ficando maior, e com o seu apetite insaciável
proporcional ao seu tamanho. Enquanto isso a planta se tornou o maior sucesso
da floricultura, atraindo diversos clientes por sua aparência exótica e os
negócios começam a ir muito bem para Mushnik, aumentando a autoconfiança de
Seymour e fazendo surgir o fogo da paixão (bonito isso, não é?) entre ele e
Audrey, além de outras periguetes de época começarem a dar em cima do
desajeitado. Audrey Junior chega até a chamar a atenção da Sociedade dos
Observadores Silenciosos de Flores, que envia uma representante da Califórnia
com o intuito de premiar o criador da planta com um troféu.Só que obviamente as
coisas vão sair do controle, e mais gente vai morrendo no decorrer da história,
entre eles uma bela prostituta e o tal dentista sádico, somente para o
desafortunado Seymour alimentar sua planta, entrando cada vez mais num beco sem
saída e virando um escravo de Audrey Junior, que implora cada vez mais por
comida. Estes misteriosos desaparecimentos passam a chamar a atenção de dois
detetives da polícia, o Sargento Joe Fink (também narrador do filme) e o
detetive Frank Stoolie, que começam a investigar as mortes. Até que em seu
clímax:
ALERTA DE SPOILER:
Seymour esperando colher os
louros da vitória no dia da premiação, é descoberto exatamente quando a planta
desabrocha várias flores, e nelas ridiculamente estão os rostos de todos os
desparecidos até então que serviram de adubo pra Audrey Junior. Depois de uma
patética perseguição policial, ao melhor estilo Os Trapalhões, o derradeiro
desfecho.
Seymour, cansado de fugir e do
controle da planta, tenta destruí-la, mas em vão, pois ele acaba se tornando
sua nova vítima, devorado e transformado também em uma flor como os outros. Eu
conheci primeiramente o malfadado remake de 1986, A Pequena Loja dos
Horrores, ao assistir quando criança em VHS. Musical
(que achei chatíssimo na época e nunca o revi até hoje), dirigido por Frank Oz
e com Rick Moranis no papel principal. E é engraçado atestar a estranha
qualidade de um filme que não foi feito para ter qualidade nenhuma, assim como
a maioria das produções de Corman. E A Loja dos Horrores é um grande exemplo que
o diretor não se resume a um descobridor de talentos e fazedor de filmes com
dinheiro de pinga e tempo recorde. É um verdadeiro (e
injustiçado) gênio da sétima arte.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/10/132-a-loja-dos-horrores-1960/
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