sexta-feira, 17 de abril de 2015

#125 1959 VIAGEM AO PLANETA PROIBIDO (The Angry Red Planet, EUA)


Direção: Ib Melchior
Roteiro: Ib Melchior, Sidney W. Pink
Produção: Norman Maurer, Sindey W. Pink, Lou Perlof (Produtor Associado)
Elenco: Gerald Mohr, Nora Hayden, Les Tremayne, Jack Kruschen

O planeta proibido de Viagem ao Planeta Proibido não é o mesmo planeta proibido de O Planeta Proibido. Aqui em questão, em mais esse clássico do sci-fi, é o planeta Marte. E se o cinema nos ensinou algo, é que nunca devemos mexer com Marte! Pois olhe bem, já fomos invadidos diversas vezes pelos habitantes do planeta vermelho. A Guerra dos Mundos e Invasores de Marte são dois exemplos apenas. Quando os terráqueos resolveram visitar o planeta inóspito, como em O Terror Que Vem do Espaço ou mesmo aqui em Viagem ao Planeta Proibido, a coisa nunca saiu muito bem. Até em Marte Ataca! fica complicado para nosso lado. Então, não é uma boa ideia lidar com aquele planeta ou seus habitantes. Mas Viagem ao Planeta Proibido é uma verdadeira gema do gênero. Sci-fi B do mais “alto” nível, produzido pela American International Pictures e que contou com um estardalhaço na campanha de marketing por conta de um inédito efeito de imagens chamado CineMagic. Esse efeito nada mais foi um filtro vermelho que causa uma imagem extremamente saturada, com o vermelho vivo carregado estourando na tela em várias junções óticas de cenas filmadas com atores em cenários e óbvias ilustrações, criando uma concepção de imagem que representa o planeta Marte. Toda vez que os astronautas saem do seu foguete para explorar o planeta, esse efeito visual explode em nossos olhos. É de uma lisergia absurda, fruto da alucinógena parceria do diretor dinamarquês Ib Melchior e do roteirista tresloucado Sidney “Sid” Pink. Também olhem esses nomes… É uma viagem tremenda. Eu sou um caretão, não uso nada, mas para quem gosta de assistir filme chapado, Viagem ao Planeta Proibido é altamente recomendável. E os cenários? Marte cheio de vegetação esquisita, desfiladeiros e lagos. E os monstros então? Terríveis criaturas alienígenas gigantes, tanto animais quanto vegetais. O lance é o seguinte: a primeira nave tripulada vai à Marte em uma missão de exploração e coleta de informações, e obviamente, descobrir se há vida no local. Mal eles sabem que há, e até inteligente. A nave porém fica 61 dias sem dar nenhum sinal de vida, e a Nasa, através de um avançado sistema de controle remoto, consegue trazê-la de volta à Terra (prestem MUITA atenção na nave descendo de marcha ré para a Terra), para encontrar dois tripulantes mortos, um com o pé na cova com um horrível e gosmento ferimento verde no braço e uma sobrevivente com amnésia devido ao terrível choque. A equipe era composta por: Cel. Tom O’Bannion (o moribundo com a infecção), líder da missão, um sujeito que parece um caipira conquistador barato, que vive sorrindo com seus dentes de cavalo e camisa aberta no peito com os pelos salientes, estilo aqueles tiozinhos que ficam no balcão da padoca bebendo pinga Cavalinho o dia inteiro; a bióloga ruiva Dr. Iris Ryan, chamada por O’Bannion de Irish em uma brincadeirinha extremamente sem graça, que é a única garota assustada do time, e voltou sem memória; o Prof. Theodore Gettel, uma versão mais velha e de barbicha do Simon Pegg, o Shaun deTodo Mundo Quase Morto, que vive fumando seu cachimbo dentro da nave para posar de intelectual; e por último Sam “Sammy” Jacobs, especialista em eletrônica e radares, que é um clone do Batoré (ah, para, ó!), e o piadista sem graça da equipe. Todos péssimos atores e com atuações forçadíssimas. Ao chegarem em Marte, eles logo desconfiam que o planeta esconde alguma coisa terrível. Quando saem para explorar as redondezas, confirmam essa hipótese. Primeiro se defrontam com uma planta carnívora gigante, que quase faz da Dr. Ryan seu almoço. Depois, a mais emblemática das criaturas do filme, o temível Rato-Morcego-Aranha. O nome fala por si só. E se você curte rock já deve ter visto o monstrengo na capa do álbum Walk Among Us do Misfits ou no videoclipe de The Number of the Beast do Iron Maiden. Quanto tentam atravessar o lago rumo a uma cidade futurista, é a vez de sofrerem nas mãos de uma ameba gigantesca com um olho que fica rodopiando, que os persegue até o foguete, digerindo Sammy e sendo a responsável pelo cancro gosmento no braço de O’Bannion. Isso sem contar um alienígena feio todo esquisito que fica observando-os e depois manda uma importante mensagem com destino à Terra: basicamente enxotando os humanos de lá e deixando muito claro para eles não voltarem à Marte sem serem convidados, pois senão eles destruirão nosso lindo planeta azul. Na volta, após se libertarem de um poderoso campo de força marciano fazendo uma gambiarra com um monte de fios, o Prof. Gettel tem um derrame e também bate as botas. O’Bannion está quase comendo capim pela raíz e Iris, bloqueia toda e qualquer lembrança traumática sobre aquele furioso planeta vermelho, tendo sua memória resgatada através do uso de poderosos fármacos, pelos médicos, militares e cientistas que participaram do processo de trazer a nave de volta e buscam respostas para o que aconteceu por lá. Ainda dá tempo para um finalzinho dos mais safados, ao melhor estilo “felizes para sempre” entre o comandante e a bióloga, antes de ouvirmos na gravação o esporro que os marcianos deram em nós. Psicodelia, bizarrice, alienígenas esquisitíssimos, trash sci-fi gabaritado. Para juntar os amigos e assistir em uma sessão pipoca. Tudo isso está no pacote de Viagem ao Planeta Proibido, o filme que encerra de uma vez por todas o ciclo sci-fi cinquentão do blog. Claro que uma coisa ou outra vai respingar nos anos 60, mas daqui para frente o foco vai mudar completamente, exagerando no estilo gótico e barroco do cinema de horror e principalmente quando ainda no primeiro ano da década, um tal de Alfred Hitchcock vai nos mostrar que o terror, ao invés de alienígena, pode ser bem humano e morar no motel ao lado.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/02/125-viagem-ao-planeta-proibido-1959/

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