Direção: Ib
Melchior
Roteiro: Ib
Melchior, Sidney W. Pink
Produção: Norman
Maurer, Sindey W. Pink, Lou Perlof (Produtor Associado)
Elenco: Gerald Mohr, Nora Hayden, Les Tremayne,
Jack Kruschen
O planeta proibido de Viagem ao
Planeta Proibido não é o mesmo planeta proibido de O Planeta Proibido. Aqui em questão, em mais esse clássico do sci-fi,
é o planeta Marte. E se o cinema nos ensinou algo, é que nunca devemos mexer
com Marte! Pois olhe bem, já fomos invadidos diversas vezes pelos habitantes do
planeta vermelho. A Guerra dos Mundos e Invasores de Marte são dois exemplos apenas. Quando os
terráqueos resolveram visitar o planeta inóspito, como em O Terror Que Vem do Espaço ou mesmo aqui em Viagem
ao Planeta Proibido, a coisa nunca saiu muito bem. Até em Marte Ataca! fica
complicado para nosso lado. Então, não é uma boa ideia lidar com aquele planeta
ou seus habitantes. Mas Viagem ao Planeta Proibido é uma verdadeira
gema do gênero. Sci-fi B do mais “alto” nível, produzido pela
American International Pictures e que contou com um estardalhaço na campanha de
marketing por conta de um inédito efeito de imagens chamado CineMagic. Esse
efeito nada mais foi um filtro vermelho que causa uma imagem extremamente
saturada, com o vermelho vivo carregado estourando na tela em várias junções
óticas de cenas filmadas com atores em cenários e óbvias ilustrações, criando
uma concepção de imagem que representa o planeta Marte. Toda vez que os
astronautas saem do seu foguete para explorar o planeta, esse efeito visual
explode em nossos olhos. É de uma lisergia absurda, fruto da alucinógena
parceria do diretor dinamarquês Ib Melchior e do roteirista tresloucado Sidney
“Sid” Pink. Também olhem esses nomes… É uma viagem tremenda. Eu sou um caretão,
não uso nada, mas para quem gosta de assistir filme chapado, Viagem ao
Planeta Proibido é altamente recomendável. E os cenários? Marte cheio de
vegetação esquisita, desfiladeiros e lagos. E os monstros então? Terríveis
criaturas alienígenas gigantes, tanto animais quanto vegetais. O lance é o
seguinte: a primeira nave tripulada vai à Marte em uma missão de exploração e
coleta de informações, e obviamente, descobrir se há vida no local. Mal eles
sabem que há, e até inteligente. A nave porém fica 61 dias sem dar nenhum sinal
de vida, e a Nasa, através de um avançado sistema de controle remoto, consegue
trazê-la de volta à Terra (prestem MUITA atenção na nave descendo de marcha ré
para a Terra), para encontrar dois tripulantes mortos, um com o pé na cova com
um horrível e gosmento ferimento verde no braço e uma sobrevivente com amnésia
devido ao terrível choque. A equipe era composta por: Cel. Tom O’Bannion (o
moribundo com a infecção), líder da missão, um sujeito que parece um caipira
conquistador barato, que vive sorrindo com seus dentes de cavalo e camisa
aberta no peito com os pelos salientes, estilo aqueles tiozinhos que ficam no
balcão da padoca bebendo pinga Cavalinho o dia inteiro; a bióloga ruiva Dr.
Iris Ryan, chamada por O’Bannion de Irish em uma brincadeirinha extremamente
sem graça, que é a única garota assustada do time, e voltou sem memória; o Prof.
Theodore Gettel, uma versão mais velha e de barbicha do Simon Pegg, o Shaun deTodo
Mundo Quase Morto, que vive fumando seu cachimbo dentro da nave para posar de
intelectual; e por último Sam “Sammy” Jacobs, especialista em eletrônica e
radares, que é um clone do Batoré (ah, para, ó!), e o piadista sem graça da
equipe. Todos péssimos atores e com atuações forçadíssimas. Ao chegarem em
Marte, eles logo desconfiam que o planeta esconde alguma coisa terrível. Quando
saem para explorar as redondezas, confirmam essa hipótese. Primeiro se
defrontam com uma planta carnívora gigante, que quase faz da Dr. Ryan seu
almoço. Depois, a mais emblemática das criaturas do filme, o temível
Rato-Morcego-Aranha. O nome fala por si só. E se você curte rock já deve ter
visto o monstrengo na capa do álbum Walk Among Us do Misfits ou no
videoclipe de The Number of the Beast do Iron Maiden. Quanto tentam
atravessar o lago rumo a uma cidade futurista, é a vez de sofrerem nas mãos de
uma ameba gigantesca com um olho que fica rodopiando, que os persegue até o
foguete, digerindo Sammy e sendo a responsável pelo cancro gosmento no braço de
O’Bannion. Isso sem contar um alienígena feio todo esquisito que fica
observando-os e depois manda uma importante mensagem com destino à Terra:
basicamente enxotando os humanos de lá e deixando muito claro para eles não voltarem
à Marte sem serem convidados, pois senão eles destruirão nosso lindo planeta
azul. Na volta, após se libertarem de um poderoso campo de força marciano
fazendo uma gambiarra com um monte de fios, o Prof. Gettel tem um derrame e
também bate as botas. O’Bannion está quase comendo capim pela raíz e Iris,
bloqueia toda e qualquer lembrança traumática sobre aquele furioso planeta
vermelho, tendo sua memória resgatada através do uso de poderosos fármacos,
pelos médicos, militares e cientistas que participaram do processo de trazer a
nave de volta e buscam respostas para o que aconteceu por lá. Ainda dá tempo
para um finalzinho dos mais safados, ao melhor estilo “felizes para sempre”
entre o comandante e a bióloga, antes de ouvirmos na gravação o esporro que os
marcianos deram em nós. Psicodelia, bizarrice, alienígenas esquisitíssimos, trash
sci-fi gabaritado. Para juntar os amigos e assistir em uma sessão pipoca.
Tudo isso está no pacote de Viagem ao Planeta Proibido, o filme que
encerra de uma vez por todas o ciclo sci-fi cinquentão do blog. Claro
que uma coisa ou outra vai respingar nos anos 60, mas daqui para frente o foco
vai mudar completamente, exagerando no estilo gótico e barroco do cinema de
horror e principalmente quando ainda no primeiro ano da década, um tal de
Alfred Hitchcock vai nos mostrar que o terror, ao invés de alienígena, pode ser
bem humano e morar no motel ao lado.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/02/125-viagem-ao-planeta-proibido-1959/
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