quinta-feira, 30 de abril de 2015

#133 1960 A MÁSCARA DE SATÃ (La Maschera del Demonio / Black Sunday / The Mask of Sata, Itália)


Direção: Mario Bava
Roteiro: Ennio De Concini, Mario Serandrei (baseado na obra de Nikolai Gogol)
Produção: Massimo De Rita
Elenco: Barbara Steele, John Richardson, Andrea Checchi, Ivo Garrani, Arturo Dominici
 A Máscara de Satã é o primeiro filme dirigido pelo mestre Mario Bava (antes já havia completado Os Vampiros, para Ricardo Freda em 1956, que abandonou as filmagens por problemas com o estúdio), e isso quando ele já tinha 46 anos de idade. Bava anteriormente havia trabalhado como Diretor de Fotografia de diversas produções italianas. Mas foi seu debute na direção que colocou seu nome definitivamente no hall da fama do horror e inspiraria uma safra talentosíssima de diretores italianos que viriam a aparecer, como Dario Argento e Lucio Fulci. Claramente influenciado pelos filmes da Universal do começo da década de 30 e pelo expressionismo alemão, assistir A Máscara de Satã novamente enquanto revia todos os filmes da minha lista nessa mesma ordem cronológica, é como se fosse a volta da volta no tempo, pois apesar da produção ser de 1960, é come se tivesse mais uma vez voltado a assistir a um filme dos primórdios do gênero, só que com duas diferenças brutais: a primeira é a imensa qualidade técnica de filmagem, fruto da vasta experiência de Bava como cinematógrafo, abusando do jogo de luz e sombra, enquadramentos, zooms e travelings, algo que carregaria por toda sua brilhantes filmografia. Já a segunda é a inclusão de elementos herdados da Hammer, como a ambientação gótica, os efeitos de maquiagem e a sensualidade feminina. A história de bruxaria, possessão e satanismo é magistralmente conduzida por Bava, com todo seu cuidado nas nuâncias da fotografia preta e branca (parceria de Bava com Ubaldo Terzano). Um perfeito e magistral conto de horror sobrenatural, A Máscara de Satã é o primeiro grande filme de terror do cinema italiano, e só isso já seria o suficiente, dado sua importância histórica, se Bava não se tornasse, começando por este mesmo filme, o maior diretor italiano do gênero de todos os tempos. A sequência de abertura é uma das melhores da história do cinema de horror até hoje. Sem delongas, o filme já começa com a bruxa/vampira Asa Vadja (vivida pela futura Scream Queen, Barbara Steele) condenada à morte na antiga Moldávia por praticar satanismo. Seu castigo é ter uma tenebrosa máscara de ferro repleta de espinhos pregada em seu rosto enquanto é queimada viva. Mas evocando as forças do capeta, uma tempestade atinge o local e o fogo se apaga, não destruindo sua alma por completo. Asa e seu amado e comparsa Javutich (Arturo Dominici) então são apenas enterrados, para que dois séculos depois, uma dupla de médicos, Dr. Andre (John Richardson) e o Dr. Kruvajan (Andre Checchi), libertem acidentalmente a maligna criatura de seu sono eterno (em uma sequência digna de Os Trapalhões) sedenta de sangue, para arquitetar sua vingança sobre toda a família Vadja, incluindo a princesa Katia, descendente direta e idêntica à bruxa, numa óbvia manifestação de maniqueísmo. O enredo é uma livre interpretação do conto russo de terror escrito por Nicolaj Gogol, que mais tarde também seria adaptado aos cinemas no clássico soviético Viy – O Espírito do Mal. A bruxa Asa e a princesa Katia, ambas interpretadas por Steele, tornaram-se incônicas no cinema de terror, assim como a própria atriz inglesa, dona de uma beleza excêntrica, que trabalharia com Fellini em 8 1/2, com Roger Corman em A Mansão do Terror, com Joe Dante em Piranha e com David Cronenberg em Calafrios. Além disso, A Máscara do Demônio, proibido na Inglaterra por 10 anos (!) foi o pontapé inicial para a guinada do cinema italiano de terror, que durante a década de 60, muito por culpa de Bava, foi alçado a condição de sofisticação visual, atmosfera gótica e barroca, uso expressivo da trilha sonora e histórias recheadas de tramas fantasmagóricas e/ou sobrenaturais. Apesar dos filmes nunca terem feito sucesso imediato em sua terra natal, tornaram-se um atrativo produto para exportação, conquistando público e respeito em países como Estados Unidos e França. Bava evoluiria ainda mais em sua carreira como diretor, entregando sete filmes nos próximos cinco anos, que iriam pavimentá-lo como o maestro do macabro, passeando por outros filmes góticos com atmosfera sobrenatural com o aterrorizante Mata, Bebê, Mata!, ficção científica com O Planeta dos Vampiros e a gênese do giallo com Seis Mulheres para o Assassino. É justo dizer que A Máscara de Satã é um filme essencial para se entender o cinema de terror moderno como um todo. Mesmo que datado e toda calcado no horror sobrenatural atmosférico, que hoje encontra pouco espaço principalmente para aquela juventude viciada em torture porn, found footages, derramamentos de litros de sangue e edições de videoclipe, mas que foi responsável por ditar todo um gênero e influenciar cineastas que até hoje se inspiram no trabalho de Bava e na sua forma de conduzir de forma perfeita um longa 
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/11/133-a-mascara-de-sata-1960/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER, 
364 1960 A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO (La Maschera Del Demonio, Itália)

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