terça-feira, 5 de julho de 2016

#640 1993 TOMMYKNOCKERS TRANQUEM SUAS PORTAS (The Tommyknockers, EUA)


Direção: John Power
Roteiro: Stephen King, Lawrence D. Cohen (baseado no livro de Stephen King)
Produção: Jayne Bieber, Jane Scott; Lawrence D. Cohen (Coprodutor); Frank Konigsberg, Larry Sanitsky (Produtores Executivos)
Elenco:Jimmy Smits, Marg Helgenberger, John Ashton, Allyce Beasley, Robert Carradine, Joanna Cassidy, Traci Lords

Tommyknockers – Tranquem Suas Portas (título que recebeu ao ser lançado no Brasil pela Warner Home Vídeo, em um dos casos mais imbecis de spoiler em uma capa de VHS da história – mais tarde ao ser exibido na TV ganhou o nome alternativo de Os Estranhos). Olhe, essa porcaria dessa minissérie é tão RUIM, mas tão RUIM, que eu lembrei porque nunca mais tive a pachorra de vê-la novamente. E eu posso estar sendo miseravelmente traído pela minha memória falha, mas tenho quase certeza que a versão lançada em VHS por aqui era severamente editada e não a minissérie completa exibida no canal americano ABC. Bom, isso deveria ser motivo de sorte maior que assistir às três horas de Tommynockers, que chega a ser quase tão sacal quanto as seis horas de A Dança da Morte (que ainda chegarei lá). Olha, o próprio King disse em uma entrevista futura à Rolling Stone que o livro o qual a minissérie é baseado, é “horrível”. Então acho impossível alguém discordar do próprio pai da criança. Se o livro é uma bomba (eu particularmente nunca li), imagine uma produção pobre feita para a TV (em épocas que as séries da HBO e do Netflix da vida nem pensavam em existira da forma como são feitas hoje), com atores do pior quilate, uma direção modorrenta, efeitos especiais toscos e uma metragem interminável? Fato é que Stephen King passou por um momento barra-pesada em sua vida e o sujeito era completamente alcoólatra e viciado. Se desse até detergente pro cara ele deveria mandar ver. Saíram várias bobagens escritas durante esse período e em muitas delas vimos o escritor do Maine dando um jeito de enfiar personagens baseados em suas experiências e lutas pessoais. Isso chega a dar no saco, porque todo pinguço que vimos em suas adaptações, como aqui o personagem Jim Gardner (interpretado pelo tosquíssimo Jimmy Smits), ou até mesmo o Jack Torrance de O Iluminado ou o Thad Beaumont de A Metade Negra, você pega, olha e fala: ah tá, mas uma vez o cara tá se retratando na tela/ páginas. E mais que isso, Tommyknockers é uma espécie de metáfora sobre seus próprios vícios e sua luta contra o abuso de drogas. Além do protagonista alcóolatra, toda uma cidadezinha do Maine, chamada Haven, se vê dominada por uma estranha força da cor verde, vinda de um objeto misterioso enterrado em uma floresta, que os faz ter atitudes violentas e fugir da razão. Tá, se você já viu a tal capa do VHS (ou a fotinho aí embaixo) nem é nenhum spoilerdizer que na verdade o objeto é uma nave alienígena com ETs malévolos que querem se alimentar da mente dos incautos moradores, escravizando-os, para recarregar as baterias da sua espaçonave e voltar para o infinito e além. King mesmo em sua autobiografia diz que se inspirou no famoso conto “A Cor que Caiu do Céu” de H.P. Lovecraft. Nossa, mas nem aqui e nem na China se compara. Além disso, o escritor e crítico Kim Newman ousa dizer que ele praticamente tentou “reescrever” a famosa série de sci-fi inglesa da BBC dos anos 50, “Quatermass and the Pit”, depois refilmado pela Hammer na década de 70 como Sepultura para a Eternidade. Fato é que apesar do viés de terror, Tommyknockers é mais uma daquelas amálgamas do gênero com a ficção científica. Mas firulas à parte, como é RUIM essa minissérie. Eu já falei isso? É uma sequência de vergonha alheia fílmica uma atrás da outra. Mas claro, que o auge é o BATOM COM RAIO VERDE DESINTEGRADOR usado pela personagem da outrora estrela pornô dos anos 80, Traci Lords. Mas vou até citar duas coisas que se destacam, tal qual uma flor que nasce em uma lata de lixo: as atuações de Marg Helgenberger como Bobbi Anderson, o par amoroso de Gardner, que é quem descobre a nave alienígena em seu quintal, e de Allyce Beasley como a policial Becka Paulson, depois que fica louca e mata seu marido infiel (que dava uns pegas TODA SANTA HORA com a Traci Lords) influenciada por um programa de televisão (que por sinal, foi inspirado em um conto anterior escrito pro King, “The Revelations of Becca Paulson”) e vai para o pinel cantando enfiada em uma camisa de força: “Late last night and the night before, Tommyknockers, Tommyknockers, knocking at the door”, um poema da infância de King. Aliás, a palavra “tommyknocker” se refere a uma história folclórica de criaturas que viviam embaixo da terra e aterrorizavam os mineiros (aqueles que trabalhavam em minas, não os nascidos em Minas Gerais). Mesmo que você tenha TODO o tempo disponível no mundo, não o jogue no lixo assistindoTommyknockers – Tranquem as Suas Portas. Nem se passar naquelas reprises no SyFy Channel. Não vai acrescentar absolutamente nada na sua vida e também não ficará nenhuma lacuna cinematográfica insubstituível por não vê-lo. Agora se você já assistiu, como eu, uma ou até mais vezes na sua vida, olha, meus parabéns.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/09/640-tommyknockers-tranquem-suas-portas-1993/

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