terça-feira, 12 de julho de 2016

#651 1994 O NOVO PESADELO DE FREDDY KRUEGER (Wes Craven’s New Nightmare, EUA)


Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Produção: Marianne Maddalena; Jay Roewe (Coprodução); Jeffrey Fenner (Produtor Associado); Sara Risher (Coprodução Executiva); Wes Craven, Robert Shaye (Produtores Executivos)
Elenco: Robert Englund, Heather Langenkamp, Miko Hughes, David Newsom, John Saxon

Freddy Krueger já tinha virado motivo de xacota e descrédito depois de uma porrada de sequências ruins que resultaram em queda de bilheteria com relação aos seus tempos áureos nos anos 80, virando um vilão caricato e forçado. Wes Craven, outrora promissor diretor que havia entregado obras viscerais estava enfrentando já seu período de decadência, dirigindo alguns filmes sem qualquer nota. A junção dos dois, criador e criatura novamente, era o caminho natural. O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger traz a volta de Craven na direção e roteiro do último filme da franquia que ele ajudara a criar em A Hora do Pesadelo, há exatos dez anos, e principalmente, traz o vilão com suas garras, eternizado por Robert Englund, à sua natureza sádica e perversa, ameaçador, sem piadinhas de duplo sentido, sem humor negro infame, sem sua “didimocozação” como os próprios fãs do horror já comentaram aqui. Depois do original, O Novo Pesadelo é considerado por muitos o melhor filme da cinesérie. Eu concordo, mas com boas ressalvas, muito mais em sua execução final do que em sua trama metalinguística completamente inovadora e original. Craven aqui brinca de forma salutar com o universo do cinema dentro do cinema (talvez tenha sido até um ensaio para o que faria em Pânico dois anos mais tarde, e suas sequências) e essa foi a grande sacada, simplesmente ao invés de ignorar as outras cinco partes lançadas depois de seu original, ou limitar-se apenas a mais uma sequência. Freddy está morto nos cinemas e aqui acompanhamos a vida real dos atores, diretor e produtores envolvidos no sucesso da franquia no decorrer dos anos. Heather Langenkamp, a intérprete de Nancy Thompson aqui vive… Heather Langenkamp, atriz, mãe, casada com um profissional dos efeitos especiais, que vive agora trabalhando na TV e deixou o cinema de terror de lado, principalmente para que não se tornasse uma péssima influência para seu filho pequeno, Dylan (Miko Hughes). Ela é constantemente assediada por algum stalker que fica ligando para sua residência e imitando Freddy Krueger (e isso aconteceu na vida real também!) Porém Wes Craven está escrevendo um novo roteiro para a volta de Krueger, e Robert Shaye, produtor executivo e mandachuva da New Line Cinema, quer Heather de volta nessa sequência. É simplesmente fantástico! Só que no meio há uma explicação mística e sobrenatural não muito satisfatória: Freddy é uma entidade que vive ao redor dos tempos alimentando-se dos pesadelos, e ganhou vida nessa forma pela manifestação artística do diretor. Após ter sido morto pelo estúdio, ele precisa retornar a esse plano físico, e usará Dylan como esse portal de entrada, através de seus sonhos. Como Heather deu origem a Nancy e foi a primeira que o derrotou e o humilhou, ela é a única que poderá impedir que essa terrível criação metafísica se materialize. Pois é, uma confusão dos diabos e se você parar para analisar friamente, é uma forçada de barra absurda, e o filme tem lá seus elementos bem toscos, como os ataques epiléticos do garoto e a questão dos terremotos. Mas e daí? O que importa é vermos Freddy em sua velha forma, como Craven havia imaginado no começo de tudo, sem nenhum pingo de alívio cômico, com Englund aqui fazendo um dos seus melhores papeis como a criatura queimada com seu pulôver vermelho e verde (mas com um visual completamente repaginado, incluindo suas garras biomêcanicas – que se você reparar, fora inspirada naquela do pôster original de A Hora do Pesadelo). Só que além de se deliciar com um Freddy Krueger autêntico novamente, as participações especiais e as brincadeiras metalinguísticas dão um tom absurdamente positivo para os fãs da franquia. Além de Heather Langenkamp, Craven, Bob Shaye, Englund, Robert Saxon (que interpreta o pai de Nancy no primeiro e terceiro) e a produtora Marianne Maddalena estarem no longa como eles mesmo, a cena do funeral do marido de Heather, Chase Porter (David Newsom) conta com uma porrada de participações especiais de atores que estiveram nos longas, como Amanda Wyss, que viveu Tina e Jsu Garcia, que interpretou Rod, ambos no original e Tuesday Knight, que fez o papel de Kristen em A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos. Só faltou o Johnny Depp! Ou mesmo reedições de cenas como Heather falando um “dane-se seu passe” para uma enfermeira (em alusão a cena do corredor da escola) e a morte da babá Julie (Tracy Middendorf), que reedita o assassinato da primeira vítima de Krueger. Originalmente, a ideia de Freddy tentar invadir o plano real e ameaçar os atores era a ideia de Craven lá atrás, na terceira parte, que acabou sendo rejeitada pela New Line e dando origem ao A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos, seu último envolvimento na cinesérie até então. E que justamente foi o primeiro a trazer a tona a nova personalidade de Krueger com suas mortes mirabolantes cheias de peripécias de humor. Apesar de alguns desses elementos oníricos exagerados ainda serem encontrados em O Novo Pesadelo, como a desnecessária sequência final da língua, durante a batalha no forno entre Dylan, Heather e Freddy, em uma alusão alegórica a João e Maria. Não podemos chamar O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger de uma sequência, mas sim de uma criação autoral completamente independente das demais, inovadora na forma de se fazer cinema de terror, trazido à vida por um Wes Craven borbulhando criatividade. E enfim, neste sétimo filme, esse Freddy finalmente descansa em paz, fechando a franquia de sucesso com chave de ouro, para voltar só no novo século em sua batalha infame contra Jason e na refilmagem.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/30/651-o-novo-pesadelo-o-retorno-de-freddy-krueger-1994/

Nenhum comentário:

Postar um comentário