Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Produção: Marianne
Maddalena; Jay Roewe (Coprodução); Jeffrey Fenner (Produtor Associado); Sara
Risher (Coprodução Executiva); Wes Craven, Robert Shaye (Produtores Executivos)
Elenco: Robert Englund, Heather Langenkamp, Miko
Hughes, David Newsom, John Saxon
Freddy
Krueger já tinha virado motivo de xacota e descrédito depois de uma porrada de
sequências ruins que resultaram em queda de bilheteria com relação aos seus
tempos áureos nos anos 80, virando um vilão caricato e forçado. Wes Craven,
outrora promissor diretor que havia entregado obras viscerais estava
enfrentando já seu período de decadência, dirigindo alguns filmes sem qualquer
nota. A junção dos dois, criador e criatura novamente, era o caminho natural. O Novo Pesadelo – O Retorno de
Freddy Krueger traz a volta de Craven na direção e roteiro do
último filme da franquia que ele ajudara a criar em A Hora do Pesadelo, há
exatos dez anos, e principalmente, traz o vilão com suas garras, eternizado por
Robert Englund, à sua natureza sádica e perversa, ameaçador, sem piadinhas de
duplo sentido, sem humor negro infame, sem sua “didimocozação” como os próprios
fãs do horror já comentaram aqui. Depois do original, O Novo
Pesadelo é considerado por muitos o melhor filme da cinesérie. Eu
concordo, mas com boas ressalvas, muito mais em sua execução final do que em
sua trama metalinguística completamente inovadora e original. Craven aqui
brinca de forma salutar com o universo do cinema dentro do cinema (talvez tenha
sido até um ensaio para o que faria em Pânico dois anos mais tarde, e
suas sequências) e essa foi a grande sacada, simplesmente ao invés de ignorar
as outras cinco partes lançadas depois de seu original, ou limitar-se apenas a
mais uma sequência. Freddy está morto nos cinemas e aqui acompanhamos a vida
real dos atores, diretor e produtores envolvidos no sucesso da franquia no
decorrer dos anos. Heather Langenkamp, a intérprete de Nancy Thompson aqui
vive… Heather Langenkamp, atriz, mãe, casada com um profissional dos efeitos especiais,
que vive agora trabalhando na TV e deixou o cinema de terror de lado,
principalmente para que não se tornasse uma péssima influência para seu filho
pequeno, Dylan (Miko Hughes). Ela é constantemente assediada por algum stalker que fica ligando para sua
residência e imitando Freddy Krueger (e isso aconteceu na vida real também!) Porém
Wes Craven está escrevendo um novo roteiro para a volta de Krueger, e Robert
Shaye, produtor executivo e mandachuva da New Line Cinema, quer Heather de
volta nessa sequência. É simplesmente fantástico! Só que no meio há uma
explicação mística e sobrenatural não muito satisfatória: Freddy é uma entidade
que vive ao redor dos tempos alimentando-se dos pesadelos, e ganhou vida nessa
forma pela manifestação artística do diretor. Após ter sido morto pelo estúdio,
ele precisa retornar a esse plano físico, e usará Dylan como esse portal de
entrada, através de seus sonhos. Como Heather deu origem a Nancy e foi a
primeira que o derrotou e o humilhou, ela é a única que poderá impedir que essa
terrível criação metafísica se materialize. Pois é, uma confusão dos diabos e
se você parar para analisar friamente, é uma forçada de barra absurda, e o
filme tem lá seus elementos bem toscos, como os ataques epiléticos do garoto e
a questão dos terremotos. Mas e daí? O que importa é vermos Freddy em sua velha
forma, como Craven havia imaginado no começo de tudo, sem nenhum pingo de
alívio cômico, com Englund aqui fazendo um dos seus melhores papeis como a
criatura queimada com seu pulôver vermelho e verde (mas com um visual
completamente repaginado, incluindo suas garras biomêcanicas – que se você
reparar, fora inspirada naquela do pôster original de A Hora do Pesadelo).
Só que além de se deliciar com um Freddy Krueger autêntico novamente, as participações
especiais e as brincadeiras metalinguísticas dão um tom absurdamente positivo
para os fãs da franquia. Além de Heather Langenkamp, Craven, Bob Shaye,
Englund, Robert Saxon (que interpreta o pai de Nancy no primeiro e terceiro) e
a produtora Marianne Maddalena estarem no longa como eles mesmo, a cena do
funeral do marido de Heather, Chase Porter (David Newsom) conta com uma porrada
de participações especiais de atores que estiveram nos longas, como Amanda
Wyss, que viveu Tina e Jsu Garcia, que interpretou Rod, ambos no original e
Tuesday Knight, que fez o papel de Kristen em A Hora do Pesadelo 4: O Mestre
dos Sonhos. Só faltou o Johnny Depp! Ou mesmo reedições de
cenas como Heather falando um “dane-se seu passe” para uma enfermeira (em
alusão a cena do corredor da escola) e a morte da babá Julie (Tracy
Middendorf), que reedita o assassinato da primeira vítima de Krueger. Originalmente,
a ideia de Freddy tentar invadir o plano real e ameaçar os atores era a ideia
de Craven lá atrás, na terceira parte, que acabou sendo rejeitada pela New Line
e dando origem ao A Hora do Pesadelo 3 – Os
Guerreiros dos Sonhos, seu último envolvimento na cinesérie até então. E
que justamente foi o primeiro a trazer a tona a nova personalidade de Krueger
com suas mortes mirabolantes cheias de peripécias de humor. Apesar de alguns
desses elementos oníricos exagerados ainda serem encontrados em O Novo
Pesadelo, como a desnecessária sequência final da língua, durante a batalha no
forno entre Dylan, Heather e Freddy, em uma alusão alegórica a João e Maria. Não
podemos chamar O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger de uma
sequência, mas sim de uma criação autoral completamente independente das
demais, inovadora na forma de se fazer cinema de terror, trazido à vida por um
Wes Craven borbulhando criatividade. E enfim, neste sétimo filme, esse Freddy
finalmente descansa em paz, fechando a franquia de sucesso com chave de ouro,
para voltar só no novo século em sua batalha infame contra Jason e na
refilmagem.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/30/651-o-novo-pesadelo-o-retorno-de-freddy-krueger-1994/
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