Direção: John
Carpenter
Roteiro: David
Himmelstein; Steven Slebert, Larry Sulkis (não creditados)(baseado no livro de
John Wyndham)
Produção:
Sandy King, Michael Preger; Davis Chackler (Coprodutor); Sean Daniel, James
Jacks, (Coprodutores Executivos); Andre Blay, Shep Gordon, Ted Vernon
(Produtores Executivos)
Elenco: Christopher Reeve, Kirstie Alley, Linda
Kozlowski, Michael Paré, Meredith Stranger, Mark Hammil
John
Carpenter certa vez resolveu fazer a refilmagem de um clássico B do sci-fi dos
anos 50 e conseguiu entregar simplesmente um dos melhores filmes de terror de
todos os tempos, que está em meu top cinco: O Enigma de Outro Mundo.
Carpenter então resolve refilmar outro clássico B do sci-fi, agora dos
anos 60, e consegue pisar na bola feio em A Cidade dos Amaldiçoados. A
versão 90’s do sensacional A Aldeia dos Amaldiçoados de
Wolf Rilla, baseado no livro “The Midwich Cuckos” de John Wyndham nos mostra um
Carpenter nada inspirado, longe de seus melhores momentos no gênero, em uma
direção burocrática, que parece no automático, extraindo muito pouco de seus
protagonistas (de longe a Kirstie Alley é a pior!) e muito menos ainda das
terríveis criancinhas com seus cabelos platinados, olhos brilhantes, ausência
de sentimentos e poder de controle mental, que deveria ser de meter um medão
absurdo! É pegar uma história sensacional, que já havia gerado um longa
interessantíssimo recheado de alegoria da Guerra Fria e paranoia comunista e
simplesmente não conseguir aproveitar absolutamente nada, e nem sequer a
evolução dos efeitos especiais em comparação com o original que em seu
lançamento já datava de mais de trinta anos. Diferentes de outras refilmagens
de clássicos da ficção científica da época (e eu nem estou falando dos
gráficos, tipo o próprio O Enigma de Outro Mundo ou A
Mosca, mas, por exemplo, Os Invasores de Corpos) esta
aqui tornou-se insossa e sem acrescentar absolutamente nada. A base da trama é
a mesma, trocando a Midwich aldeia rural na Inglaterra para uma cidadezinha
pacata do interior dos EUA, quando certo dia todos os moradores desmaiam ao
mesmo tempo e depois de algum tempo, descobre-se que todas as mulheres estão
grávidas, e nove meses depois, dão a luz a um grupo de poderosas crianças
telepatas praticamente idênticas, dotadas de consciência coletiva e sem esboço
de qualquer sentimento mundano. Aqui o grande problema da fotografia colorida
com relação ao P&B do original são as peruquinhas ridículas do
Prof. Raimundo nas meninas e aparência de pequeno Clodovil nos meninos! A
ameaça dessas crianças é tão devastadora e imponente, que nem o Superman e nem
o Luke Skywalker conseguem dar conta delas! Isso porque o protagonista, o Dr.
Alan Chaffee é interpretado por Christopher Reeve, em seu último longa antes do
acidente de cavalo que o deixou paralítico, e o Reverendo George é vivido por
um coadjuvante Mark Hammil. Da parte do governo-cientistas-miliateres-whatever
está a Dra. Susan Verner – quase a esposa do Júlio Cesar – papel da Kirstie
Alley, que sabe que tem alguma coisa de errado com as crianças desde o começo
(uma vez que em outras duas cidades ocorrera um fenômeno igual), rouba um dos
fetos alienígenas que coloca em um daqueles vidros tipo Arquivo X, para
teste, mas nunca se preocupa em alertar os moradores e principalmente, os
pobres pais. Nem as mortes, em quantidade superior ao original de 1960,
consegue fazer o longa valer a pena. Mesmo que o mote aqui seja o terror
psicológico, Carpenter não consegue filmar uma morte decente sequer e que dê um
mínimo de choque no espectador, salvo a mulher enfiando o braço dentro da
panela de água fervendo, induzida por sua filha telepata. A do zelador que se
joga do prédio com a vassoura para se “auto-empalar” é motivo de vergonha para
o veterano mestre do terror. As cenas de suspense são bem das mais ou menos e a
trilha sonora parece sampleado aquele velho toque minimalista de Carpenter de O
Enigma de Outro Mundo, A Bruma Assassina e O Príncipe das Sombras. Eu
não sei se houve interferência do estúdio (quase sempre há nesses casos, ainda
mais se tratando de uma major como a Universal), se Carpenter estava
mesmo sem um pingo de inspiração e só precisava pagar as contas, ou se os anos
90 não comportavam mais um tipo de filme como esse que funcionou perfeitamente
em um período de tensão geopolítica, medo crescente e zilhões de teorias da
conspiração. Eu só sei que foi um fracasso retumbante de público (faturou nove
milhões de dólares contra um orçamento de 22), crítica e entrou para a conta
dos mais fraquinhos do diretor. Se você assistiu criança lá nos anos 90, tendo
alugado o VHS na videolocadora do bairro e sido apresentado pela primeira vez
para as icônicas crianças de cabelo branco com seus olhos brilhantes, ou em
alguma das centenas de reprises do Intercine da Globo, A Cidade dos
Amaldiçoados entrou no seu imaginário cinematográfico do gênero. Agora
para quem assistiu (antes ou mesmo depois) A Aldeia dos Amaldiçoados, esse
aqui é completamente descartável e esquecível. Uma pena, Sr. Carpenter.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/12/656-a-cidade-dos-amaldicoados-1995/
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