Direção: Mike
Nichols
Roteiro: Jim
Harrison, Wesley Strick
Produção: Douglas
Wick; Jim Harrison, Michele Imperato (Produtor Associado); Robert Greenhurt,
Neil A. Machlis (Produtores Executivos)
Elenco: Jack
Nicholson, Michelle Pfeiffer, James Spader, Kate Nelligan, Richard Jenkins,
Christopher Plummer
Olhe, vou te contar, três dos maiores
monstros clássicos do cinema de terror foram judiados neste ano de 1994, hein?
Primeiro os vampiros em Entrevista com o Vampiro. Depois a criatura
de Frankenstein em Frankenstein de Mary Shelley. Agora o lobisomem
aqui em Lobo. Se tivesse um filme
da múmia, seria o ano do tetra (RÁ!). Posso repetir aqui minha frase utilizada
nos meus dois últimos posts? “Tem a cara da presunção e da cafonice dos filmes dos
anos 90, na época de um arroubo de “superproduções” mequetrefes aspirantes a
oscarizadas com estrelas de Hollywood”. Obrigado, de nada. Lobo de
Mike Nichols estrelado por um mais uma vez caricato Jack Nicholson é mais um
exemplo gritante da merda que os grandes estúdios estavam fazendo com o gênero
e seus ícones. Na verdade, fazia um bom tempo que um filme decente de lobisomem
não era lançado (Um Lobisomem Americano em Londres e Grito de Horror mandam lembranças). E Lobo não
foi o caso, porque eita filme RUIM isso aqui também. O básico do horror é
jogado no lixo em detrimento de um orçamento de 70 milhões de dólares, grandes
atores como Nicholson e Michele Pfeiffer, efeitos especiais e de maquiagem de
ponta para a época, trilha sonora de Ennio Morricone, um diretor cultuado sem o
menor traquejo para gênero, tudo em uma trama bunda, com apelo zero ao fã,
resultando num típico filme de Supercine. Pelo menos temos Rick Baker nos
efeitos de maquiagem. Se você não sabe, é o sujeito responsável simplesmente
pela melhor transformação de um humano em um licantropo no melhor filme de
lobisomem de todos os tempos: Um Lobisomem Americano em Londres, de John
Landis. E nesse sentido conseguimos até notar a certa ideia de homenagem que
ele aplicou ao visual de O Lobisomem original, aquele eternizado por Lon
Chaney Jr. com a maquiagem do mestre Jack Pierce. Porque a mutação do personagem
de Nicholson no homem lobo é bem parecida com a do infeliz Larry Talbolt no
clássico da Universal, só que em uma proporção menor. Crescem pelos,
costeletas, os olhos tornam-se amarelos, garras e presas ficam protuberantes.
Mas absolutamente nada disso é explorado em todo seu potencial. Sem o mínimo do
esplendor da transformação e da sanguinolência que um ataque feroz de lobisomem
proporcionaria. Ao invés disso, o pano de fundo é uma fogueira de vaidades de
vingancinha e traições que não interesse absolutamente a ninguém. Will Randall
(Nicholson) é o publisher de uma grande editora de livros, que após uma
aquisição, vê seu emprego ameaçado. Na verdade o traíra de seu pupilo do
marketing, Stewart Swinton (James Spader) é quem fica fazendo a cabeça do chefão,
Raymond Alden (Christopher Plummer) a contratá-lo em seu lugar como editor, e
como se não bastasse, ainda também está transando com a Sra. Randall (Kate
Nelligan). É um escroque. Após todo o infortúnio, Randall consegue arquitetar
um plano para conseguir o emprego de volta, desmoralizar Swinton e ainda passa
a pegar a filha do patrão, Laura Alden, que é ninguém menos que a estonteante
Pfeiffer. Ah sim, no ínterim disso tudo, Randall é mordido por um lobo após um
acidente de carro, e passa a se transformar em um lobisomem, primeiro tendo
todos seus sentidos aguçados, depois maior vitalidade e rejuvenescimento, por
fim, passar a ficar peludão, caçar cervos na floresta para saciar a fome e
ocasionalmente, matar alguns humanos em noites de lua cheia, entre eles, sua
ex-esposa (pelo menos é o que ele acredita, já que sempre acorda na manhã
seguinte com amnésia). A única forma de conter a maldição é usando um amuleto
indígena e tal. Mas em determinado momento do desenrolar da trama, em um acesso
de raiva Randall morde Swinton e voilá, ele também se transformará em um
lobisomem, e a batalha final entre os inimigos mortais peludos, dando altos
pulos cinematográficos, grunhindo e mordendo, se dará na casa de campo de
Laura. Boring para cacete tudo isso! Isso sem falar do final PIEGAS que dói. Lobo não
consegue agradar ninguém. Nem os fanáticos por filmes de lobisomem (nunca vi
figurar em nenhum lista dos melhores exemplares do subgênero), nem o espectador
ordinário. Acho que agrada só os familiares dos envolvidos. Isso porque, sem
querer ser repetitivo mas sendo, é mais um daqueles erros colossais produzidos
nos anos 90, que caminhava em direção contrária aos princípios do terror, em
prol de uma produção pedante azeitada de estúdio pensando em grana, enquanto o
verdadeiro cinema de horror minguava aos poucos naquela década. Ao invés de
ajudar, esses filmes rasos, assépticos, pretensiosos e deprimentes (como os
dois últimos posts) afugentava quem verdadeiramente teria de se interessar pela
coisa, prestando um enorme desserviço ao fã do horror.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/28/649-lobo-1994/
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