sábado, 9 de julho de 2016

#649 1994 LOBOS (Wolf, EUA)


Direção: Mike Nichols
Roteiro: Jim Harrison, Wesley Strick
Produção: Douglas Wick; Jim Harrison, Michele Imperato (Produtor Associado); Robert Greenhurt, Neil A. Machlis (Produtores Executivos)
Elenco: Jack Nicholson, Michelle Pfeiffer, James Spader, Kate Nelligan, Richard Jenkins, Christopher Plummer

Olhe, vou te contar, três dos maiores monstros clássicos do cinema de terror foram judiados neste ano de 1994, hein? Primeiro os vampiros em Entrevista com o Vampiro. Depois a criatura de Frankenstein em Frankenstein de Mary Shelley. Agora o lobisomem aqui em Lobo. Se tivesse um filme da múmia, seria o ano do tetra (RÁ!). Posso repetir aqui minha frase utilizada nos meus dois últimos posts? “Tem a cara da presunção e da cafonice dos filmes dos anos 90, na época de um arroubo de “superproduções” mequetrefes aspirantes a oscarizadas com estrelas de Hollywood”. Obrigado, de nada. Lobo de Mike Nichols estrelado por um mais uma vez caricato Jack Nicholson é mais um exemplo gritante da merda que os grandes estúdios estavam fazendo com o gênero e seus ícones. Na verdade, fazia um bom tempo que um filme decente de lobisomem não era lançado (Um Lobisomem Americano em Londres e Grito de Horror mandam lembranças). E Lobo não foi o caso, porque eita filme RUIM isso aqui também. O básico do horror é jogado no lixo em detrimento de um orçamento de 70 milhões de dólares, grandes atores como Nicholson e Michele Pfeiffer, efeitos especiais e de maquiagem de ponta para a época, trilha sonora de Ennio Morricone, um diretor cultuado sem o menor traquejo para gênero, tudo em uma trama bunda, com apelo zero ao fã, resultando num típico filme de Supercine. Pelo menos temos Rick Baker nos efeitos de maquiagem. Se você não sabe, é o sujeito responsável simplesmente pela melhor transformação de um humano em um licantropo no melhor filme de lobisomem de todos os tempos: Um Lobisomem Americano em Londres, de John Landis. E nesse sentido conseguimos até notar a certa ideia de homenagem que ele aplicou ao visual de O Lobisomem original, aquele eternizado por Lon Chaney Jr. com a maquiagem do mestre Jack Pierce. Porque a mutação do personagem de Nicholson no homem lobo é bem parecida com a do infeliz Larry Talbolt no clássico da Universal, só que em uma proporção menor. Crescem pelos, costeletas, os olhos tornam-se amarelos, garras e presas ficam protuberantes. Mas absolutamente nada disso é explorado em todo seu potencial. Sem o mínimo do esplendor da transformação e da sanguinolência que um ataque feroz de lobisomem proporcionaria. Ao invés disso, o pano de fundo é uma fogueira de vaidades de vingancinha e traições que não interesse absolutamente a ninguém. Will Randall (Nicholson) é o publisher de uma grande editora de livros, que após uma aquisição, vê seu emprego ameaçado. Na verdade o traíra de seu pupilo do marketing, Stewart Swinton (James Spader) é quem fica fazendo a cabeça do chefão, Raymond Alden (Christopher Plummer) a contratá-lo em seu lugar como editor, e como se não bastasse, ainda também está transando com a Sra. Randall (Kate Nelligan). É um escroque. Após todo o infortúnio, Randall consegue arquitetar um plano para conseguir o emprego de volta, desmoralizar Swinton e ainda passa a pegar a filha do patrão, Laura Alden, que é ninguém menos que a estonteante Pfeiffer. Ah sim, no ínterim disso tudo, Randall é mordido por um lobo após um acidente de carro, e passa a se transformar em um lobisomem, primeiro tendo todos seus sentidos aguçados, depois maior vitalidade e rejuvenescimento, por fim, passar a ficar peludão, caçar cervos na floresta para saciar a fome e ocasionalmente, matar alguns humanos em noites de lua cheia, entre eles, sua ex-esposa (pelo menos é o que ele acredita, já que sempre acorda na manhã seguinte com amnésia). A única forma de conter a maldição é usando um amuleto indígena e tal. Mas em determinado momento do desenrolar da trama, em um acesso de raiva Randall morde Swinton e voilá, ele também se transformará em um lobisomem, e a batalha final entre os inimigos mortais peludos, dando altos pulos cinematográficos, grunhindo e mordendo, se dará na casa de campo de Laura. Boring para cacete tudo isso! Isso sem falar do final PIEGAS que dói. Lobo não consegue agradar ninguém. Nem os fanáticos por filmes de lobisomem (nunca vi figurar em nenhum lista dos melhores exemplares do subgênero), nem o espectador ordinário. Acho que agrada só os familiares dos envolvidos. Isso porque, sem querer ser repetitivo mas sendo, é mais um daqueles erros colossais produzidos nos anos 90, que caminhava em direção contrária aos princípios do terror, em prol de uma produção pedante azeitada de estúdio pensando em grana, enquanto o verdadeiro cinema de horror minguava aos poucos naquela década. Ao invés de ajudar, esses filmes rasos, assépticos, pretensiosos e deprimentes (como os dois últimos posts) afugentava quem verdadeiramente teria de se interessar pela coisa, prestando um enorme desserviço ao fã do horror.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/28/649-lobo-1994/

Nenhum comentário:

Postar um comentário