Direção: Mick Garris
Roteiro: Stephen King (Baseado em seu
livro)
Produção: Mitchell Galin; Michael
Gornick (Produtor Associado); Peter R. McIntosh (Supervisor de Produção);
Stephen King, Richard P. Rubinstein (Produtor Executivo)
Elenco: Gary
Sinise, Molly Ringwald, Jamey Sheridan, Laura San Giacomo, Ruby Dee, Ossie
Davis, Miguel Ferrer, Rob Lowe, Ed Harris
Olhe, precisa-se de um saco do tamanho do
Maracanã para aguentar assistir as SEIS HORAS insuportáveis de A Dança da Morte. E por favor,
Stephen King bitchies, não há argumento plausível contra minha opinião! Ou estou
errado e a minissérie é agradabilíssima de se ver e algo sensacional? Bom,
vamos lá que sei que talvez eu tome pau de um monte de gente aqui no post por
causa disso, mas qual é? Por mais que os defensores digam: ah, mas a adaptação
é fiel ao livro (que por sinal é considerado um dos melhores da carreira do
escritor do Maine), eu preferia mil vezes algo que não tentasse ser ipsis
literis e que vai, tivesse no máximo umas três horas, mesmo com suas
infinidades de personagens, locais e situações (ô King, entende aí que
audiovisual é audiovisual e literatura é literatura, duas mídias completamente
diferentes) porque ficar na frente da tevê vendo seis horas disso aqui é uma
tarefa hercúlea. E convenhamos, dava para ter jogado no mínimo umas duas horas
na lata do lixo da sala da edição, fácil. A grande sacada do livro, é que mais
uma vez King mostra aquilo que faz de melhor, que é colocar pessoas comum em
situações escabrosas, e em suas mais de mil e cem páginas vai costurando os
dramas pessoais daqueles poucos sobreviventes de um poderoso vírus criado em um
laboratório de um complexo militar, que praticamente dizima toda a população do
planeta. Mas obviamente isso não funciona na minissérie exibida na ABC. E
explico o porquê: Primeiro de tudo vamos colocar na conta de Mick Garris, que
sempre foi um diretor série B e nunca nem em seus melhore dias conseguiria
tirar o melhor de seu ofício e muito menos de seus atores, ainda mais em uma
empreitada tão megalomaníaca e ousada como a adaptação de A Dança da Morte.
E ah, falando em atores, é uma constelação de gente ruim ocupando os papeis
principais, passando pelo inexpressivo Gary Sinise, que vive o herói Stu
Redman, seu par romântico, a sonsa Frannie Goldsmith (a musa dos filmes teens de John Hughes dos anos 80, Molly
Ringwald), até chegar a um péssimo Jamey Sheridan como o vilão Randall Flagg.
Nem vou falar de uma personagem chave, a vira-casaca duas vezes, Nadine Cross
de Laura San Giacomo que nem vale a pena de tão péssimo que a moça atua. Tirando
tudo isso, como se não fosse o bastante, apesar do esforço da produção e de
seus números nababescos (460 páginas de roteiro, gravações em seis estados, 100
dias de filmagens, 125 papeis com falas, 225 sets de filmagens construídos, e
por aí vai) a cara de “made for TV” é gritante demais, e o uso dos efeitos
especiais acaba mais atrapalhando do que ajudando no final das contas (e gente,
o que é aquele confronto final – apressadíssimo, diga-se de passagem – em Las
Vegas contra Flagg e a aparição da “mão de Deus”?). E para finalizar, o excesso
de momentos dramáticos desnecessário (com atores ruins que potencializa a coisa
para pior), excesso de melodrama com suas trilhas sonoras piegas e pregação
evangélica exagerada ajudam a fazer com que A Dança da Morte seja um
exercício de paciência e obstinação para os bravos. E sabe o que dá mais pena?
Que a história é simplesmente fantástica! Nesse ambiente pós-apocalíptico
depois da hecatombe causada pelo super vírus, um grupo de sobreviventes é
atraído por um sonho em comum ao encontro da Mãe Abigail Freemantle (Ruby Dee)
uma velha senhorinha negra que vive em um milharal, que guiará “seu povo” para
o Colorado, onde irão instituir uma região chamada “Zona Livre”, governada por
um conselho, tentando restaurar as engrenagens do mundo. Do outro lado das
Montanhas Rochosas, em Las Vegas, Flagg (que se tornaria um vilão recorrente de
histórias de King, principalmente na série A Torre Negra) reúne um bando
só com os maus elementos, governando com sua tirania bélica, cujo mote
principal de é o poder totalitário, que deseja acabar com o outro grupo, que
constitui uma constante ameaça contra seus planos de dominação. Há espaço então
para mensagens religiosas transbordando aos borbotões, esperança, fé, opressão,
traições, maldade, mortes e a luta de algumas pessoas contra o seu trágico
destino em começar tudo do zero. Esse é o ponto central de A Dança da
Morte, que seria qual a reação de cada indivíduo, como se portaria a
humanidade, as tomada de decisões, as relações humanas e seus sentimentos, do altruísmo
ao egoísmo, de convivência pacífica ou busca por poder, que acabam sobrepujando
qualquer elemento sobrenatural, de forma acertada. Mas configurada essa luta, o
que atrapalha demais seu desenrolar é King e Garris constantemente jogarem o
velho maniqueísmo clichê desgastado da dualidade infinita da luta contra o bem
e o mal na nossa cara a todo instante, em um exacerbado tom carola
afetadíssimo. Por muito tempo foi desejo de ninguém menos que George A. Romero
levar A Dança da Morte para as telonas. King fez dezenas de rascunhos
do roteiro para tentar encaixá-lo em um longa metragem (o que aparentemente
seria impossível), mas não conseguiu chegar a um denominador comum, a não ser
que quebrasse o filme em duas partes. Mas antes disso se tornar viável, foi
oferecida pela ABC a chance de transformar o livro em uma minissérie para a
televisão, o escritor abocanhou e como bem sabemos, o resto é (longa)
história. Porém, já deve ser de conhecimento geral do fã do horror que a Warner
Bros. fará uma nova adaptação de A Dança da Morte, dessa vez para os
cinemas. O diretor será Josh Boone (de A Culpa é das Estrelas, oi?) mas
ainda não se sabe muito sobre os detalhes de produção (falam-se de dois a
QUATRO filmes) e já foi até especulado que Matthew McConaughey faria o papel de
Randall Flagg. Se isso de fato acontecesse, aí sim eu veria vantagem, para nos
ajudar a esquecer de vez o sofrível Jamey Sheridan com seus mullets e
jaqueta jeans (sem contar as toscas transformações em Coisa-Ruim).
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/22/646-a-danca-da-morte-1994/
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