sábado, 9 de julho de 2016

#646 1994 A DANÇA DA MORTE (The Stand, EUA)


Direção: Mick Garris
Roteiro: Stephen King (Baseado em seu livro)
Produção: Mitchell Galin; Michael Gornick (Produtor Associado); Peter R. McIntosh (Supervisor de Produção); Stephen King, Richard P. Rubinstein (Produtor Executivo)
Elenco: Gary Sinise, Molly Ringwald, Jamey Sheridan, Laura San Giacomo, Ruby Dee, Ossie Davis, Miguel Ferrer, Rob Lowe, Ed Harris

Olhe, precisa-se de um saco do tamanho do Maracanã para aguentar assistir as SEIS HORAS insuportáveis de A Dança da Morte. E por favor, Stephen King bitchies, não há argumento plausível contra minha opinião! Ou estou errado e a minissérie é agradabilíssima de se ver e algo sensacional? Bom, vamos lá que sei que talvez eu tome pau de um monte de gente aqui no post por causa disso, mas qual é? Por mais que os defensores digam: ah, mas a adaptação é fiel ao livro (que por sinal é considerado um dos melhores da carreira do escritor do Maine), eu preferia mil vezes algo que não tentasse ser ipsis literis e que vai, tivesse no máximo umas três horas, mesmo com suas infinidades de personagens, locais e situações (ô King, entende aí que audiovisual é audiovisual e literatura é literatura, duas mídias completamente diferentes) porque ficar na frente da tevê vendo seis horas disso aqui é uma tarefa hercúlea. E convenhamos, dava para ter jogado no mínimo umas duas horas na lata do lixo da sala da edição, fácil. A grande sacada do livro, é que mais uma vez King mostra aquilo que faz de melhor, que é colocar pessoas comum em situações escabrosas, e em suas mais de mil e cem páginas vai costurando os dramas pessoais daqueles poucos sobreviventes de um poderoso vírus criado em um laboratório de um complexo militar, que praticamente dizima toda a população do planeta. Mas obviamente isso não funciona na minissérie exibida na ABC. E explico o porquê: Primeiro de tudo vamos colocar na conta de Mick Garris, que sempre foi um diretor série B e nunca nem em seus melhore dias conseguiria tirar o melhor de seu ofício e muito menos de seus atores, ainda mais em uma empreitada tão megalomaníaca e ousada como a adaptação de A Dança da Morte. E ah, falando em atores, é uma constelação de gente ruim ocupando os papeis principais, passando pelo inexpressivo Gary Sinise, que vive o herói Stu Redman, seu par romântico, a sonsa Frannie Goldsmith (a musa dos filmes teens de John Hughes dos anos 80, Molly Ringwald), até chegar a um péssimo Jamey Sheridan como o vilão Randall Flagg. Nem vou falar de uma personagem chave, a vira-casaca duas vezes, Nadine Cross de Laura San Giacomo que nem vale a pena de tão péssimo que a moça atua. Tirando tudo isso, como se não fosse o bastante, apesar do esforço da produção e de seus números nababescos (460 páginas de roteiro, gravações em seis estados, 100 dias de filmagens, 125 papeis com falas, 225 sets de filmagens construídos, e por aí vai) a cara de “made for TV” é gritante demais, e o uso dos efeitos especiais acaba mais atrapalhando do que ajudando no final das contas (e gente, o que é aquele confronto final – apressadíssimo, diga-se de passagem – em Las Vegas contra Flagg e a aparição da “mão de Deus”?). E para finalizar, o excesso de momentos dramáticos desnecessário (com atores ruins que potencializa a coisa para pior), excesso de melodrama com suas trilhas sonoras piegas e pregação evangélica exagerada ajudam a fazer com que A Dança da Morte seja um exercício de paciência e obstinação para os bravos. E sabe o que dá mais pena? Que a história é simplesmente fantástica! Nesse ambiente pós-apocalíptico depois da hecatombe causada pelo super vírus, um grupo de sobreviventes é atraído por um sonho em comum ao encontro da Mãe Abigail Freemantle (Ruby Dee) uma velha senhorinha negra que vive em um milharal, que guiará “seu povo” para o Colorado, onde irão instituir uma região chamada “Zona Livre”, governada por um conselho, tentando restaurar as engrenagens do mundo. Do outro lado das Montanhas Rochosas, em Las Vegas, Flagg (que se tornaria um vilão recorrente de histórias de King, principalmente na série A Torre Negra) reúne um bando só com os maus elementos, governando com sua tirania bélica, cujo mote principal de é o poder totalitário, que deseja acabar com o outro grupo, que constitui uma constante ameaça contra seus planos de dominação. Há espaço então para mensagens religiosas transbordando aos borbotões, esperança, fé, opressão, traições, maldade, mortes e a luta de algumas pessoas contra o seu trágico destino em começar tudo do zero. Esse é o ponto central de A Dança da Morte, que seria qual a reação de cada indivíduo, como se portaria a humanidade, as tomada de decisões, as relações humanas e seus sentimentos, do altruísmo ao egoísmo, de convivência pacífica ou busca por poder, que acabam sobrepujando qualquer elemento sobrenatural, de forma acertada. Mas configurada essa luta, o que atrapalha demais seu desenrolar é King e Garris constantemente jogarem o velho maniqueísmo clichê desgastado da dualidade infinita da luta contra o bem e o mal na nossa cara a todo instante, em um exacerbado tom carola afetadíssimo. Por muito tempo foi desejo de ninguém menos que George A. Romero levar A Dança da Morte para as telonas. King fez dezenas de rascunhos do roteiro para tentar encaixá-lo em um longa metragem (o que aparentemente seria impossível), mas não conseguiu chegar a um denominador comum, a não ser que quebrasse o filme em duas partes. Mas antes disso se tornar viável, foi oferecida pela ABC a chance de transformar o livro em uma minissérie para a televisão, o escritor abocanhou e como bem sabemos, o resto é (longa) história. Porém, já deve ser de conhecimento geral do fã do horror que a Warner Bros. fará uma nova adaptação de A Dança da Morte, dessa vez para os cinemas. O diretor será Josh Boone (de A Culpa é das Estrelas, oi?) mas ainda não se sabe muito sobre os detalhes de produção (falam-se de dois a QUATRO filmes) e já foi até especulado que Matthew McConaughey faria o papel de Randall Flagg. Se isso de fato acontecesse, aí sim eu veria vantagem, para nos ajudar a esquecer de vez o sofrível Jamey Sheridan com seus mullets e jaqueta jeans (sem contar as toscas transformações em Coisa-Ruim).

FONTE: https://101horrormovies.com/2015/04/22/646-a-danca-da-morte-1994/

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