terça-feira, 12 de julho de 2016

#653 1994 PERIGO NA NOITE (Nattevagten / Nightwatch, Dinamarca)


Direção: Ole Bornedal
Roteiro: Ole Bornedal
Produção: Michael Obel; Jesper Boas Smith (Produtor Executivo)
Elenco: Nikolaj Coster-Waldau, Sofie Grabol, Kim Bodnia, Lotte Andersen, Ulf Pilgaard, Rikke Louise Andersson

O filme com um nome genérico qualquer chamado O Principal Suspeito, com Ewan McGregor e Nick Nolte no elenco, havia achado um suspense com uma premissa incrível: um rapaz descola a ingrata profissão de vigia noturno de um necrotério, e acaba se envolvendo numa trama macabra envolvendo um serial killer, assassino de prostitutas. Beleza, o filme era bem mais ou menos com uma história subaproveitada, como acabei constatando. Mas foi-se alguns anos e numa noite qualquer em algum dos canais Telecine (RÁ!) eu vi esse Perigo na Noite, e pensei: caramba, ele me lembra muito aquele filme com o Ewan McGregor que assisti outrora. Pois é, foi quando eu descobri que aquele filme dinamarquês era o original, dirigido por Ole Bornedal e uma PUTA aula de suspense ao melhor estilo Hitchcock. Tudo aquilo que o remake (mesmo sendo dirigido pelo mesmo sujeito) tinha deixado a desejar, esse aqui com seu toque lúgubre e sádico europeu, deixando o nervo do espectador no fio da navalha, recompensa. Claro que só muitos anos depois quando o assisti novamente, que fui descobrir que o protagonista é o Jamie Lannister. Martin (Nikolaj Coster-Waldau) é um estudante de direito que resolve encarar o trampo citado lá no segundo parágrafo, achando que terá bastante tempo para estudar, ao substituir um velho decrépito no turno da noite de um necrotério, que se não bastasse ser mórbido o suficiente, tem uma história de necrofilia que foi abafada num passado recente, que terá uma ligação com o plot twist lá no final. Seu melhor amigo, Jens (Kim Bodnia, ótimo por sinal) é um sujeito meio porra louca que vive fazendo apostas e desafio com o Martin. Tudo culmina no envolvimento do até então bom moço e apaixonado por sua namorada, Kalinka (Sofie Grabol) com uma prostituta chamada Joyce (Rikke Louise Andersson), descolada por Jens em uma dessas brincadeiras sadias dos dois. Lembra do serial killerque falei? Pois é, aqui nesse filme ele é MUITO mais do MAL. E no meio de uma sequência de infortúnios, Martin passa a se tornar o principal suspeito (RÁ!) de seu assassinato, e o comissário de polícia vivido pelo ator Ulf Pilgaard começa a ficar na sua bota. Como um bom suspense hitchcockiano, Martin passa a fazer sua investigação própria para tentar livrar seu pescoço, mesmo após o espectador já descobrir quem é o tal assassino, depois da fantástica e sangrenta cena de assassinato de Joyce. Bornedal consegue com seu talento nato segurar o espectador do primeiro ao último ato do filme, conduzindo algumas cenas de suspense de forma magistral, auxiliado por uma fotografia soturna e a ambientação pesada do local, expondo cadáveres em camas geladas a todo momento e salas com restos mortais boiando em tanques que aguçam os pesadelos de Martin e de quem estiver do outro lado da tela. Isso sem contar a insanidade e crueza do assassino e seu modus operandi escabroso. Mas sem dúvida nenhuma, apesar de um excelente filme no todo, se eu tivesse que escolher um ponto alto, daquele de roer as unhas dos dedos e deixar os nervos em frangalhos, é a cena em que toca o fatídico alarme dentro da sala do necrotério, alarme esse que nunca tocou e não deveria tocar de forma alguma, afinal só tem gente morta naquele aposento, e um Martin de pernas bambas, apavorado vai investigar, para tomar talvez o maior susto de sua vida. Timing, atuação, direção e trilha sonora precisas. Caso você tenha assistido a refilmagem como eu primeiro, e não visto ainda o ótimo thrillerque é Perigo na Noite, não perca mais tempo e aprecie essa pérola do cinema de terror dinamarquês. Agora se você apenas assistiu a esse e não viu a versão americana, bom, você não está perdendo muita coisa e pode ficar do jeito que está.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/05/06/653-perigo-na-noite-1994/

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