sábado, 8 de novembro de 2014

127 1939 TRÁGICO AMANHECER (LE JOURSE LEVE, França)

Direção: Mareei Carne
Roteiro: Jacques Prévert, Jacques Viot
Fotografia: Philippe Agostini, André K.K , Albert Viguier, Curt Courant
Música: Maurice Jaubert
Elenco:
Festival de Veneza: Mareei Carne (Troféu Mussolini - melhor filme)
Jean Gabin ………François
Jules Berry ………M. Valentin
Arletty ……………Clara
Mady Berry ………A Porteira
René Génin ……..O Porteiro
Arthur Devère ……Sr. Gerbois

Embora não tenha sido o primeiro filme a usar fusões para marcar flashbacks, Trágico amanhecer, de Mareei Carne, foi considerado tão Inovador em 1939 que os produtores insistiram em que uma mensagem fosse colocada antes do título para desfazer qualquer confusão: "Um homem cometeu um assassinato. Preso em um quarto, ele recorda como se tornou um assassino." O assassino é François (Jean Gabin), um peão de fábrica comum que foi levado à cometer o assassinato pela própria vítima, um ator de vaudeville amoral e manipulador chamado Valentln (Jules Berry). O destino deles está ligado ao de duas mulheres: a mundana e sensual Clara (Arletty), que abandona Valentin para se envolver com François, e a pura e idealizada Françoise (Jacqueline Laurent), que François ama, mas que foi corrompida pela sua associação com outro homem. Dentre a extraordinária série de clássicos que a parceria de Carne com o roteirista Jacques Prévert geraria (alguns deles são Caís das sombras [1938], Os visitantes da noite [1942] e, em posição de destaque, O boulevard do crime [1945]). Trágico amanhecer pode ser considerado o mais influente. Certamente ensaia temas ao quais a dupla voltaria mais tarde em O boulevard do crime. Embora o filme apresente seus temas alegoria, com discrição, François representa claramente o proletariado francês, e Trágico amanhecer dá voz ao desespero daqueles que apoiavam a Frente Popular no fim da década de 30 à medida que o Estado abolia as reformas socialistas de cunho progressista e a ameaça do fascismo ganhava vulto. Quando um amigo de François grita da multidão reunida diante do seu prédio que ainda há esperança, ele retruca: "Está acabado, já não existe François... já não existe mais nada." O clima fatalista de alienação existencial do filme e sua atmosfera austera e claustrofóbica foram, sem dúvida, os precursores do clima e da forma do filme noir americano. Na verdade, a RKO refilmou Trágico amanhecer com Henry Fonda e Vincent Price sob o título Noite eterna, em 1946 (o estúdio tentou destruir todos os traços do original - e, felizmente, fracassou -, sendo Noite eterna que praticamente desapareceu no tempo). Da mesma forma, o romântico bronco de Gabin antecede suas contrapartes americanas, como John Garfield e Humphrey Bogart, como um icônico herói proletário. Trágico amanhecer é, provavelmente, a obra prima do realismo poético francês. T C h
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 127)


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