Direção: John Huston
Produção: Henry Blanke, Hal B. Wallis
Roteiro: John Huston, baseado no livro de Dashlell
Hammett
Fotografia: Arthur Edeson
Música: Adolph Deutsch
Elenco:
Peter Lorre ………… Joel Cairo
Humphrey Bogart …. Sam Spade
Sydney Greenstreet . Kasper Gutman
Mary
Astor …………. Brigid O’Shaughnessy
Gladys
George ……. Iva Archer
Ward Bond
………… Tom Polhaus
Ainda:, Bllton
MacLane, Lee Patrick, Jerome Cowan, Elisha Cook jr., James Burke, Murray Alper,
John Hamilton
Indicação
ao Oscar: Hal B. Wallis (melhor filme), John Huston (roteiro), Sydney
Greenstreet (ator coadjuvante)
Em 1941, o grande romance de detetive de Dashiell
Hammett já havia rendido duas adaptações passáveis para o cinema. Primeiro com
o filme homônimo de 1931, com Ricardo Cortez como Sam Spade, e depois com Satan
Met a Lady, de 1935, com Warren William no papel. John Huston, tendo
experiência de escritor, escolheu o livro do catálogo de obras compradas pela
Warner Brothers e confiava de tal forma na força do material que seu roteiro
consiste essencialmente em uma transcrição dos diálogos de Hammett. Ele teve a
sorte de ter nas mãos um elenco simplesmente impecável e comedimento suficiente
para não cair no exagero. Muitas vezes considerado o fundador do gênero noir, O
falcão maltês é contido no uso de sombras simbólicas - que são guardadas para o
final, quando a porta do elevador as lança na forma de barras de cela de prisão
no rosto da dissimulada heroína – e se passa quase por inteiro em quartos de
hotel impessoalmente bem arrumados e escritórios a quilômetros de distância do
glamour maltrapilho de À beira do abismo (1946) ou Até a vista, querida (1944).
Humphrey Bogart, evoluindo de papéis de vilão para heróis românticos durões, é
Sam Spade, um detetive particular de São Francisco. Ele é um homem de negócios
bem alinhado que está disposto a encontrar o assassino do seu parceiro e
frustrar os planos de um grupo de aventureiros traiçoeiros. Estes se tornaram
tão obcecados em sua procura pelo fabuloso pássaro Incrustado de joias do título
que cometem o erro fatal de supor que todos são tão corruptos e gananciosos quanto
eles. A princípio, Mary Astor pode parecer um pouco matrona demais para uma
femme fatale mas, curiosamente, sua estranha elegância de terninhos
bem-comportados e penteados mais bem-comportados ainda combina com uma mulher
que tem sempre um álibi na manga. O Kaspar Gutman tagarela, obeso e narcisista
de Sydney Greenstreet e o Joel Cairo educado, triste, perfumado e resmungão de
Peter Lorre – uma espécie de o Gordo e o Magro do crime - são um clássico
imortal do cinema, juntamente com o eterno fracassado / bode expiatório Elisha
Cook Jr. como Wilmer, o capanga irritadinho que está fadado a sempre ficar fora
da jogada. A reputação de Hammett é sustentada pelo fato de ele ter
acrescentado um certo realismo social às histórias de mistério americanas, com
detetives particulares que são profissionais de verdade em vez de superinvestigadores.
Ele também era viciado em tramas tão doentias e bizarras quanto as do teatro
jacobiano: o clímax de O falcão maltês possui não só a hilária surpresa de que
o pássaro negro - pelo qual todos se dispuseram a matar e conspirar - é, na verdade,
uma farsa como também o momento clássico em que o detetive admite amar a
assassina, mas ainda assim a deixará ser arrastada para a cadeia. Enquanto
outros grandes diretores de Hollywood seguiam suas próprias visões, o melhor de
Huston - desde O tesouro de Sierra Madre (1948), passando por O segredo das joias
(1950), Cidade das ilusões (1972) e Wise Blood (1979), até Os vivos e os mortos
(1987) - está em suas adaptações fiéis de romances clássicos menores. KN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 144)
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