sexta-feira, 28 de novembro de 2014

144 1941 O FALCÃO MALTÊS (THE MALTESE FALCON, EUA)


Direção: John Huston
Produção: Henry Blanke, Hal B. Wallis
Roteiro: John Huston, baseado no livro de Dashlell Hammett
Fotografia: Arthur Edeson
Música: Adolph Deutsch
Elenco:
Peter Lorre ………… Joel Cairo
Humphrey Bogart …. Sam Spade
Sydney Greenstreet . Kasper Gutman
Mary Astor …………. Brigid O’Shaughnessy
Gladys George ……. Iva Archer
Ward Bond ………… Tom Polhaus
Ainda:, Bllton MacLane, Lee Patrick, Jerome Cowan, Elisha Cook jr., James Burke, Murray Alper, John Hamilton

Indicação ao Oscar: Hal B. Wallis (melhor filme), John Huston (roteiro), Sydney Greenstreet (ator  coadjuvante)

Em 1941, o grande romance de detetive de Dashiell Hammett já havia rendido duas adaptações passáveis para o cinema. Primeiro com o filme homônimo de 1931, com Ricardo Cortez como Sam Spade, e depois com Satan Met a Lady, de 1935, com Warren William no papel. John Huston, tendo experiência de escritor, escolheu o livro do catálogo de obras compradas pela Warner Brothers e confiava de tal forma na força do material que seu roteiro consiste essencialmente em uma transcrição dos diálogos de Hammett. Ele teve a sorte de ter nas mãos um elenco simplesmente impecável e comedimento suficiente para não cair no exagero. Muitas vezes considerado o fundador do gênero noir, O falcão maltês é contido no uso de sombras simbólicas - que são guardadas para o final, quando a porta do elevador as lança na forma de barras de cela de prisão no rosto da dissimulada heroína – e se passa quase por inteiro em quartos de hotel impessoalmente bem arrumados e escritórios a quilômetros de distância do glamour maltrapilho de À beira do abismo (1946) ou Até a vista, querida (1944). Humphrey Bogart, evoluindo de papéis de vilão para heróis românticos durões, é Sam Spade, um detetive particular de São Francisco. Ele é um homem de negócios bem alinhado que está disposto a encontrar o assassino do seu parceiro e frustrar os planos de um grupo de aventureiros traiçoeiros. Estes se tornaram tão obcecados em sua procura pelo fabuloso pássaro Incrustado de joias do título que cometem o erro fatal de supor que todos são tão corruptos e gananciosos quanto eles. A princípio, Mary Astor pode parecer um pouco matrona demais para uma femme fatale mas, curiosamente, sua estranha elegância de terninhos bem-comportados e penteados mais bem-comportados ainda combina com uma mulher que tem sempre um álibi na manga. O Kaspar Gutman tagarela, obeso e narcisista de Sydney Greenstreet e o Joel Cairo educado, triste, perfumado e resmungão de Peter Lorre – uma espécie de o Gordo e o Magro do crime - são um clássico imortal do cinema, juntamente com o eterno fracassado / bode expiatório Elisha Cook Jr. como Wilmer, o capanga irritadinho que está fadado a sempre ficar fora da jogada. A reputação de Hammett é sustentada pelo fato de ele ter acrescentado um certo realismo social às histórias de mistério americanas, com detetives particulares que são profissionais de verdade em vez de superinvestigadores. Ele também era viciado em tramas tão doentias e bizarras quanto as do teatro jacobiano: o clímax de O falcão maltês possui não só a hilária surpresa de que o pássaro negro - pelo qual todos se dispuseram a matar e conspirar - é, na verdade, uma farsa como também o momento clássico em que o detetive admite amar a assassina, mas ainda assim a deixará ser arrastada para a cadeia. Enquanto outros grandes diretores de Hollywood seguiam suas próprias visões, o melhor de Huston - desde O tesouro de Sierra Madre (1948), passando por O segredo das joias (1950), Cidade das ilusões (1972) e Wise Blood (1979), até Os vivos e os mortos (1987) - está em suas adaptações fiéis de romances clássicos menores. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 144)

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