Direção:
Raoul Walsh
Produção:
Mark Hellinger, Hal B. Wallis
Roteiro: John Huston, baseado no livro de W. R.
Burnett
Fotografia: Tony Gáudio
Música: Adolph Deutsch
Elenco:
Humphrey
Bogart ….Roy Earle
Ida
Lupino …………. Marie
Alan
Curtis ………… Babe
Arthur
Kennedy …… Red
Joan Leslie ………… Velma
Henry
Hull …………. .Banton
Henry
Traves, Jerome Cowan, Minna Gombell, Barton MacLane, Elisabeth Risdonn, Cornel
Wilde, Donald MacBride, Paul Harvey, Isabel Jewell
O último refúgio, de Raoul Walsh, é um marco do
gênero gângster, uma virada na carreira de Humphrey Bogart e um exemplo de
filme de ação existencialista. Como Herois esquecidos (1939), a obra anterior
de Walsh, O último refúgio é um filme de gangster em forma de elegia, atípico
dentro desse período dominado pelo Código de Produção por conta do seu retrato
compassivo do gângster como um proscrito fora de época. O veterano Roy Earle
(Bogart) mostra estar acima dos marginais e hipócritas que encontra em ambos os lados da lei ao liderar um roubo
malfadado a um hotel, cometer a tolice de perseguir uma garota respeitável
(Joan Leslie) e encontrar brevemente na personagem também proscrita de Ida
Lupino uma melhor companheira. Em contraste com seus contemporâneos John Ford, Howard
Hawks, Frank Capra e Michael Curtiz, que frisavam o valor de uma comunidade ou
grupo, Walsh deu mais peso ao egoísmo , inconformismo e qualidades anti-sociais
dos seus heróis. A visão de O último refúgio de uma sociedade moralmente rígida
é de uma mordacidade extraordinária, alcançando seu auge na sequência em que
Roy é rejeitado de forma humilhante por sua princesinha insossa de classe média
em favor de seu namorado arrogante e conformista. Depois de uma década
interpretando quadrados e marginais, Bogart conseguiu seu papel mais
substancioso até então em O último refúgio. Em O falcão maltês, seu outro filme
importante de 1941, Bogart é expansivo, presunçoso, dominador. Aqui, no
universo de Walsh, sua atuação mais sutil cria uma persona claramente
diferente: soturno, reservado e tenso, com os ombros encurvados e gestos
econômicos, enfatizando a natureza retraída do personagem. Mesmo nas cenas mais
íntimas com sua alma-gêmea Marie (Lupino), Walsh coloca objetos e barreiras
entre os amantes para frisar seu isolamento fundamental. O último refúgio
começa e termina no elevado pico do monte Whitney, que surge em todo o filme,
sua presença hipnotizadora conduzindo o herói a o seu destino solitário. Um
outro personagem do submundo diz a Roy: "Você se lembra do que Johnny
Dillinger falou sobre sujeitos como você e ele? Ele disse que vocês estavam
apenas correndo em direção à morte. É, isso mesmo: apenas correndo em direção à
morte!" A ótima cena de perseguição de carros na qual os policiais seguem
Roy pela montanha fatal acima – um espetacular desfecho para o estilo tenso e
movimentado do filme - traduz essas palavras para a linguagem visual dinâmica
do cinema de ação em seu auge. MR
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 147)
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