sábado, 29 de novembro de 2014

147 1941 O ÚLTIMO REFUGIO (HIGH SIERRA, EUA)


Direção: Raoul Walsh
Produção: Mark Hellinger, Hal B. Wallis
Roteiro: John Huston, baseado no livro de W. R. Burnett
Fotografia: Tony Gáudio
Música: Adolph Deutsch
Elenco:
Humphrey Bogart ….Roy Earle
Ida Lupino …………. Marie
Alan Curtis ………… Babe
Arthur Kennedy …… Red
Joan Leslie ………… Velma
Henry Hull …………. .Banton
Henry Traves, Jerome Cowan, Minna Gombell, Barton MacLane, Elisabeth Risdonn, Cornel Wilde, Donald MacBride, Paul Harvey, Isabel Jewell

O último refúgio, de Raoul Walsh, é um marco do gênero gângster, uma virada na carreira de Humphrey Bogart e um exemplo de filme de ação existencialista. Como Herois esquecidos (1939), a obra anterior de Walsh, O último refúgio é um filme de gangster em forma de elegia, atípico dentro desse período dominado pelo Código de Produção por conta do seu retrato compassivo do gângster como um proscrito fora de época. O veterano Roy Earle (Bogart) mostra estar acima dos marginais e hipócritas que encontra  em ambos os lados da lei ao liderar um roubo malfadado a um hotel, cometer a tolice de perseguir uma garota respeitável (Joan Leslie) e encontrar brevemente na personagem também proscrita de Ida Lupino uma melhor companheira. Em contraste com seus contemporâneos John Ford, Howard Hawks, Frank Capra e Michael Curtiz, que frisavam o valor de uma comunidade ou grupo, Walsh deu mais peso ao egoísmo , inconformismo e qualidades anti-sociais dos seus heróis. A visão de O último refúgio de uma sociedade moralmente rígida é de uma mordacidade extraordinária, alcançando seu auge na sequência em que Roy é rejeitado de forma humilhante por sua princesinha insossa de classe média em favor de seu namorado arrogante e conformista. Depois de uma década interpretando quadrados e marginais, Bogart conseguiu seu papel mais substancioso até então em O último refúgio. Em O falcão maltês, seu outro filme importante de 1941, Bogart é expansivo, presunçoso, dominador. Aqui, no universo de Walsh, sua atuação mais sutil cria uma persona claramente diferente: soturno, reservado e tenso, com os ombros encurvados e gestos econômicos, enfatizando a natureza retraída do personagem. Mesmo nas cenas mais íntimas com sua alma-gêmea Marie (Lupino), Walsh coloca objetos e barreiras entre os amantes para frisar seu isolamento fundamental. O último refúgio começa e termina no elevado pico do monte Whitney, que surge em todo o filme, sua presença hipnotizadora conduzindo o herói a o seu destino solitário. Um outro personagem do submundo diz a Roy: "Você se lembra do que Johnny Dillinger falou sobre sujeitos como você e ele? Ele disse que vocês estavam apenas correndo em direção à morte. É, isso mesmo: apenas correndo em direção à morte!" A ótima cena de perseguição de carros na qual os policiais seguem Roy pela montanha fatal acima – um espetacular desfecho para o estilo tenso e movimentado do filme - traduz essas palavras para a linguagem visual dinâmica do cinema de ação em seu auge. MR
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 147)

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