Direção: Daniel Haller
Roteiro: Curtis Hanson,
Henry Rosenbaum, Ronald Silkosky (baseado no conto de H.P. Lovecraft)
Produção: Jack Bohrer, Roger
Corman, Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson (Produtor Executivo)
Elenco: Sandra
Dee, Dean Stockwell, Ed Begley, Lloyd Bochner, Sam Jaffe
Você sai dos anos 60, mas os anos
60 não saem de você. É assim que o blog começa com o primeiro post da década de
70, com Altar do
Diabo. Por que eu digo isso? Oras, o filme tem toda aquela estética sixties,
alta dose de lisergia vindo dos anos “paz e amor”, é uma produção de Roger
Corman lançado pela American International Pictures e traz uma adaptação de um
conto de H.P. Lovecraft. Tudo bem que falando de Roger Corman e AIP, os férteis
anos 60 ficaram famosos pelas adaptações das obras de Edgar Allan Poe dirigidas
pelo “Rei dos Filmes B”. Mas o próprio Lovecraft já teve seus textos
transpostos para a telona no período. Primeiramente em O Castelo
Assombrado, que mesmo que enxertado na fase Poe por conta do nome do
filme ser derivado de um poema do autor, a história é toda baseada em “O Caso
de Charles Dexter Ward”, do rei do indizível. Depois foi a vez de “A Cor Que
Caiu do Céu” ter sua versão cinematográfica em Morte Para um
Monstro, que é dirigido por Daniel Haller, mesmo de Altar do
Diabo, que por sinal era diretor de arte do ciclo Poe de Corman. Então estamos
aqui pisando em um terreno já conhecido para os fãs. E vemos mais um filme que
funciona muito bem dentro do seu pretexto, já que não é bolinho levar os contos
de Lovecraft para as telas. E ainda há indícios de certa evolução de tendências
cinematográficas se comparados aos filmes dos anos 60, onde aqui a atmosfera
estritamente gótica é substituída por ares contemporâneos, além de utilização
mais profusa de nudez, violência e maior ênfase no uso de cores e edição de
imagens para as cenas alucinógenas. “Yog-Sothoth sabe o portão. Yog-Sothoth é a
porta. Yog-Sothoth é a chave e guardião da porta. Passado, presente e futuro,
todos são um em Yog-Sothoth”. Escrito em 1928 por Lovecraft e publicado no ano
seguinte na “Weird Tales Magazine”, a trama que traz um enredo calcado na
bruxaria (tanto do livro quanto do filme), se passa na fictícia Dunwich, cidade
de Massachusetts. Wilbur Whateley (interpretado por um jovem Dean Stockwell) é
o infame filho da bruxa Lavinia Whateley (Joanna Moore Jordan). Ele vai até a
Universidade Miskatonic (recorrente em quase toda a obra de Lovecraft) para
estudar o Necronomicon, que tem seu único exemplar guardado na biblioteca da
cidade, sob os cuidados do Dr. Henry Armitage (Ed Begley), a fim de conhecer os
encantamentos que poderiam ressuscitar os seres conhecidos como Os Antigos. Armitage
também é responsável por publicar um livro sobre o sórdido passado dos Whateley
e impede que o jovem retire o livro da biblioteca para seus estudos pessoais.
Além disso, Wilbur desenvolve certo estranho fascínio sobre Nancy Wagner
(Sandre Dee), uma das assistentes do Dr. Armitage, que resolve lhe dar uma
carona até Dunwich tarde da noite, já que Wilbur havia perdido o último ônibus
para a cidade. Mal Nancy sabe que ela será usada pelo rapaz para promover
satânicos rituais de fertilidade (em uma cena claramente inspirada pelo
“estupro” tétrico de O Bebê de
Rosemary), hipnotizando-a e drogando-a para que ela passe o final de
semana com ele na cidade, mesmo com a relutância do velho Whateley (Sam Jaffe),
avô de Wilburn e envolvido em toda a loucura que acometeu a família. Preocupada
com a amiga, a outra assistente do Dr. Armitage, Elizabeth Hamilton (Donna
Baccala) convence-o a irem até Dunwich para descobrir o que está acontecendo, e
por lá conhecem a fundo a perversa história sobre o nascimento de Wilbur e seu
irmão gêmeo, supostamente natimorto, e que Lavinia ainda está viva, trancada em
um asilo. Quando Elizabeth mais uma vez vai à casa dos Whateley em busca da
amiga, ela encontra por trás de uma das portas do antigo casarão uma terrível
criatura, que no caso é o irmão gêmeo de Wilbur (Nota do Blogueiro: no livro os
dois são filhos de Yog-Sothoth, uma dessas divindades pré-diluvianas que fazem
parte dos Mitos de Cthulhu), que escapa por Dunwich tocando o terror. Enquanto
isso, Wilbur tenta de toda forma realizar seu ritual e oferecer Nancy para
trazer os Antigos de volta à vida.
ALERTA DE SPOLIER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por conta e
risco.
Wilbur é atingido por um raio e
não consegue completar seu sacrifício, mas Nancy, resgatada por Armitage e o
Dr. Cory (médico que atendeu Lavinia ao dar a luz), está grávida de Wilbur. Altar
do Diabo é um filme interessante. Claro, não dá para esperar muito. O
texto de Lovecraft é complexo e estamos falando de um filme B de 1970 com baixo
orçamento. E ainda assim, “O Horror de Dunwich” é um dos meus contos preferidos
(H.P é meu escritor preferido também, caso alguém não saiba). Então não vou
ficar espezinhando, mas a meu ver, falta uma exploração maior da criatura, que
causa uma pá de mortes e depois some sem nenhuma explicação do que acontece com
ela, há um final apressado com coisas mal resolvidas, personagens periféricos
sem importância e atuações fracas e forçadas da dupla de protagonistas,
Stockwell (cujo papel foi pensando em Keir Dullea, David Carradine e recusado
por Peter Fonda) e Sandra Dee. Mas vale o tempo gasto em frente à TV.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/24/222-altar-do-diabo-1970/
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