Direção: Kinji
Fukasaku
Roteiro: William
Finger, Tom Rowe, Charles Sinclair, Ivan Reiner (história)
Produção: Walter
Manley, Ivan Reiner, William Ross (Produtor Associado)
Elenco: Robert
Horton, Luciana Paluzzi, Richard Jaeckel, Bud Widom, Ted Gunther
Olhe bem para o nome deste filme:
O… Lodo… Verde. Não dá para esperar absolutamente nada desta porcaria. Quer
dizer, claro que dá para esperar. Dá para esperar uma sessão divertida, cheia
de podreira, ao melhor estilo sci-fi dos anos 50, só que aqui com um
pouquinho mais de recurso técnico por conta da época. E desde meados da década
passada, os japoneses haviam se especializado na ficção científica e conforme
foram adquirindo a tecnologia para fazer os filmes, começaram a se arriscar em
diversas produções em conjunto com americanos, italianos e outros, o que
baratearia muito mais os custos do que se o filme fosse rodado em Hollywood. E
esse é um exemplo de O Lodo Verde, coprodução entre Japão, EUA e
Austrália. Sinopse rápida: antes de Bruce Willis e sua trupe tentarem destruir
um asteroide que acabaria com a Terra, embalados por aquela música cafona do
Aeorsmith, um grupo de intrépidos astronautas, chefiado pelo Comandante Jack
Rankin (Robert Horton), vai ao espaço com a mesma missão: aterrissar com seu
time no asteroide e implantar bombas nucleares para explodi-lo e continuar com
a existência do nosso lindo planeta. Só que uma forma de vida verde e gosmenta,
o tal lodo alienígena, gruda no traje de um dos astronautas e é levado para uma
base espacial internacional, a Gamma 3. Daí, esse lodo desenvolve-se como
várias criaturas com um olho vermelho, tentáculos, que andam como pinguins,
alimentando-se de energia e tocando o terror nos tripulantes, que precisam
lutar por suas vidas. Mas o filme possui tantos erros grotescos, tantos furos
no roteiro, tantas falhas de continuidade, tantos argumentos estúpidos e
inverossímeis, maquiagem péssima, atores bisonhos e o pior, tudo feito de forma
não proposital, levando-se muito a sério MESMO, que é impossível não adorá-lo.
É cinema bagaceira em seu alto esplendor. Vale começar a citar algumas das
cenas impagáveis aqui, para você, caro leitor, saber a quantidade de porcaria
por frame presente neste filme: Primeiro quando os astronautas pousam no
asteroide, e lá eles podem andar e correr normalmente, afinal, quem acredita em
ação da gravidade, não é? Daí eles precisam sair correndo do pedregulho
espacial, já que eles só teriam 20 minutos para colocar todas as ogivas, afinal
o comandante da Terra decidiu que tinha que adiantar todo o processo e ....
Então, tentando escapar no foguete, o piloto todo comedido e sensato não pode
imprimir a velocidade máxima na espaçonave, que alcançaria o 10G, mas claro que
o Comandante Rankin, machão, se levanta e mete a mão no manete, quase matando
todos os tripulantes, mas acaba ficando com a pecha de herói. Na base espacial,
rola uma baita novela mexicana entre Rankin, o comandante Vince Elliott
(Richard Jaeckel) e a Dra. Lisa Benson (Luciana Paluzzi), que agora é noiva de
Elliott, mas já teve um caso com Rankin, então já viu. Ao desembarcarem, há
todo um protocolo de descontaminação, que poderia ter livrado todo mundo dos
problemas posteriores com o lodo verde, mas o processo é interrompido pela Dra.
Lisa (sim, com seu suposto conhecimento médico), invadindo a sala só para
recepcionar o seu noivo e causar a discórdia entre ele e Rankin, um querendo
cantar mais de galo que o outro. Daí, sensacional quando eles resolvem dar uma
festa para comemorar o sucesso da missão. É uma festa de arromba por sinal, típico
do estereótipo camp dos anos 60, com os rapazes dançando com as
garotas em seus vestidos coloridos e cabelo channel, tocando o bom e velho rock
‘n’ roll. Só faltou ver o Batman de Adam West e o Robin de Burt Ward dançando
por ali também. Mas a cereja do bolo fica por conta das batalhas em pelo espaço
sideral, fora da estação, onde eles voam normalmente pelo vácuo atirando nos
monstrinhos, e quando Elliott volta para salvar Rankin antes da estação
explodir e destruir todas as criaturas, eles literalmente se lançam ao espaço e
vão voando como o Superman até a nave de fuga. É realmente algo espetacular de
se ver. Somam-se a todos esses absurdos, todas as verdadeiras parafernálias
cênicas que é extremamente comum nos filmes de sci-fi daquela época.
São computadores do tamanho de paredes, armas de raios de plástico, luzes
piscando de todas as cores, tripulação vestida com uniformes que parecem de
redes de restaurante fast-food, e por aí vai. As maquetes e miniaturas são
um show a parte, com seus foguetinhos que soltam fumaça e fazem barulho em
pleno espaço sideral. E sabe o que é pior? Nesta altura do campeonato Stanley
Kubrick já havia lançado seu 2001: Uma Odisseia no Espaço e o homem
já havia saído de órbita, mesmo que só pisasse na lua no ano seguinte. Então não
havia toda essa inadmissível ignorância espacial. E os (d)efeitos especiais dos
monstrengos intergalácticos? Não sei para você, mas eles me lembram muito
aqueles monstros que o Spectreman lutava, que eu assistia na minha infância.
Créditos para Yukio Manoda e Akira Watanabe, que por incrível que pareça,
fizeram parte da equipe do mago nipônico dos efeitos especiais, Eiji Tsuburaya,
e trabalharam em diversos filmes da Toho com seus Kaijus como Godzilla e
Gamera, e outros clássicos como O Monstro da Bomba H e O Ataque dos Homens Cogumelo. Ah, e eu não posso me
esquecer da música tema, “The Green Slime”, um rock sessentista de Richard
Delvy: “What can it be / what is the reason / Is this the end to all that we’ve
done? / Is it something in your head? / Will you believe it when you’re dead? /
Green slime, green slime, green slime!” Para finalizar, algumas curiosidades
interessantíssimas que fazem parta da mitologia de O Lodo Verde: Esse foi
o primeiro filme a ser parodiado na excelente série de TV cult Mystery
Science Theater 3000; as criaturas provenientes do lodo verde são interpretados
por crianças japonesas vestidas nos trajes de monstro, ao pior
estilo suitmation; e a maioria dos figurantes eram oficiais do
exército americano que estavam alocados no Japão. Mas talvez a mais curiosa de
todas, é que o diretor Kinju Fukusaku, 32 anos depois dirigiu um dos mais
violentos, controversos e cultuados filme japonês de todos os
tempos: Batalha Real. Quem diria, hein?
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/16/215-o-lodo-verde-1968/
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