sábado, 8 de agosto de 2015

#215 1968 O LODO VERDE (The Green Slime, EUA, Japão, Austrália)


Direção: Kinji Fukasaku
Roteiro: William Finger, Tom Rowe, Charles Sinclair, Ivan Reiner (história)
Produção: Walter Manley, Ivan Reiner, William Ross (Produtor Associado)
Elenco: Robert Horton, Luciana Paluzzi, Richard Jaeckel, Bud Widom, Ted Gunther

Olhe bem para o nome deste filme: O… Lodo… Verde. Não dá para esperar absolutamente nada desta porcaria. Quer dizer, claro que dá para esperar. Dá para esperar uma sessão divertida, cheia de podreira, ao melhor estilo sci-fi dos anos 50, só que aqui com um pouquinho mais de recurso técnico por conta da época. E desde meados da década passada, os japoneses haviam se especializado na ficção científica e conforme foram adquirindo a tecnologia para fazer os filmes, começaram a se arriscar em diversas produções em conjunto com americanos, italianos e outros, o que baratearia muito mais os custos do que se o filme fosse rodado em Hollywood. E esse é um exemplo de O Lodo Verde, coprodução entre Japão, EUA e Austrália. Sinopse rápida: antes de Bruce Willis e sua trupe tentarem destruir um asteroide que acabaria com a Terra, embalados por aquela música cafona do Aeorsmith, um grupo de intrépidos astronautas, chefiado pelo Comandante Jack Rankin (Robert Horton), vai ao espaço com a mesma missão: aterrissar com seu time no asteroide e implantar bombas nucleares para explodi-lo e continuar com a existência do nosso lindo planeta. Só que uma forma de vida verde e gosmenta, o tal lodo alienígena, gruda no traje de um dos astronautas e é levado para uma base espacial internacional, a Gamma 3. Daí, esse lodo desenvolve-se como várias criaturas com um olho vermelho, tentáculos, que andam como pinguins, alimentando-se de energia e tocando o terror nos tripulantes, que precisam lutar por suas vidas. Mas o filme possui tantos erros grotescos, tantos furos no roteiro, tantas falhas de continuidade, tantos argumentos estúpidos e inverossímeis, maquiagem péssima, atores bisonhos e o pior, tudo feito de forma não proposital, levando-se muito a sério MESMO, que é impossível não adorá-lo. É cinema bagaceira em seu alto esplendor. Vale começar a citar algumas das cenas impagáveis aqui, para você, caro leitor, saber a quantidade de porcaria por frame presente neste filme: Primeiro quando os astronautas pousam no asteroide, e lá eles podem andar e correr normalmente, afinal, quem acredita em ação da gravidade, não é? Daí eles precisam sair correndo do pedregulho espacial, já que eles só teriam 20 minutos para colocar todas as ogivas, afinal o comandante da Terra decidiu que tinha que adiantar todo o processo e .... Então, tentando escapar no foguete, o piloto todo comedido e sensato não pode imprimir a velocidade máxima na espaçonave, que alcançaria o 10G, mas claro que o Comandante Rankin, machão, se levanta e mete a mão no manete, quase matando todos os tripulantes, mas acaba ficando com a pecha de herói. Na base espacial, rola uma baita novela mexicana entre Rankin, o comandante Vince Elliott (Richard Jaeckel) e a Dra. Lisa Benson (Luciana Paluzzi), que agora é noiva de Elliott, mas já teve um caso com Rankin, então já viu. Ao desembarcarem, há todo um protocolo de descontaminação, que poderia ter livrado todo mundo dos problemas posteriores com o lodo verde, mas o processo é interrompido pela Dra. Lisa (sim, com seu suposto conhecimento médico), invadindo a sala só para recepcionar o seu noivo e causar a discórdia entre ele e Rankin, um querendo cantar mais de galo que o outro. Daí, sensacional quando eles resolvem dar uma festa para comemorar o sucesso da missão. É uma festa de arromba por sinal, típico do estereótipo camp dos anos 60, com os rapazes dançando com as garotas em seus vestidos coloridos e cabelo channel, tocando o bom e velho rock ‘n’ roll. Só faltou ver o Batman de Adam West e o Robin de Burt Ward dançando por ali também. Mas a cereja do bolo fica por conta das batalhas em pelo espaço sideral, fora da estação, onde eles voam normalmente pelo vácuo atirando nos monstrinhos, e quando Elliott volta para salvar Rankin antes da estação explodir e destruir todas as criaturas, eles literalmente se lançam ao espaço e vão voando como o Superman até a nave de fuga. É realmente algo espetacular de se ver. Somam-se a todos esses absurdos, todas as verdadeiras parafernálias cênicas que é extremamente comum nos filmes de sci-fi daquela época. São computadores do tamanho de paredes, armas de raios de plástico, luzes piscando de todas as cores, tripulação vestida com uniformes que parecem de redes de restaurante fast-food, e por aí vai. As maquetes e miniaturas são um show a parte, com seus foguetinhos que soltam fumaça e fazem barulho em pleno espaço sideral. E sabe o que é pior? Nesta altura do campeonato Stanley Kubrick já havia lançado seu 2001: Uma Odisseia no Espaço e o homem já havia saído de órbita, mesmo que só pisasse na lua no ano seguinte. Então não havia toda essa inadmissível ignorância espacial. E os (d)efeitos especiais dos monstrengos intergalácticos? Não sei para você, mas eles me lembram muito aqueles monstros que o Spectreman lutava, que eu assistia na minha infância. Créditos para Yukio Manoda e Akira Watanabe, que por incrível que pareça, fizeram parte da equipe do mago nipônico dos efeitos especiais, Eiji Tsuburaya, e trabalharam em diversos filmes da Toho com seus Kaijus como Godzilla e Gamera, e outros clássicos como O Monstro da Bomba H O Ataque dos Homens Cogumelo.  Ah, e eu não posso me esquecer da música tema, “The Green Slime”, um rock sessentista de Richard Delvy: “What can it be / what is the reason / Is this the end to all that we’ve done? / Is it something in your head? / Will you believe it when you’re dead? / Green slime, green slime, green slime!” Para finalizar, algumas curiosidades interessantíssimas que fazem parta da mitologia de O Lodo Verde: Esse foi o primeiro filme a ser parodiado na excelente série de TV cult Mystery Science Theater 3000; as criaturas provenientes do lodo verde são interpretados por crianças japonesas vestidas nos trajes de monstro, ao pior estilo suitmation; e a maioria dos figurantes eram oficiais do exército americano que estavam alocados no Japão. Mas talvez a mais curiosa de todas, é que o diretor Kinju Fukusaku, 32 anos depois dirigiu um dos mais violentos, controversos e cultuados filme japonês de todos os tempos: Batalha Real. Quem diria, hein?
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/16/215-o-lodo-verde-1968/


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