Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento
Produção:Salvatore Argento
Elenco: Tony Musante, Suzy
Kenall, Enrico Maria Salerno, Eva Renzi, Umberto Raho
Adaptação não-oficial do romance
de Fredric Brow, “The Screaming Mimi”, Dario Argento, mostra aqui ser o
discípulo mais fiel de Mario Bava, e com O Pássaro das Plumas de Cristal, seu primeiro trabalho como
diretor, cria as diretrizes do que seria um dos mais importantes gêneros, e até
movimentos do cinema de terror e suspense italiano: o giallo. Giallo é
como ficou conhecido os thrillers italianos, caracterizados
por histórias de suspense que em todos os seus casos, praticamente, envolve um
assassino serial que utiliza luvas, capa e chapéu, uma testemunha ocular que se
envolve em uma investigação particular e a morte de várias lindas mulheres, de
forma extremamente violenta, sexual, sádica e com toques de crueldade. O
termo giallo, significa “amarelo” em italiano, foi inspirado graças
aos livros de mistério que eram publicados com capa amarela em toda a Itália
durante a década de 30. Produzido por seu pai, Salvatore Argento, O
Pássaro das Plumas de Cristal, em seus primeiros minutos, na cena de
abertura, onde vemos o assassino misterioso escolhendo sua faca, em uma tomada
escura contrastando com objetos de cor vermelho-vivo que salta aos olhos, já
nos mostra um lampejo de tudo que Argento seria capaz de realizar com uma
tremenda excelência técnica no decorrer dos anos, tanto na sua trilogia dos
animais, que é seguido de O Gato de Nove Caudas e Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza (onde os animais do título
dão as pistas finais para a derradeira descoberta dos assassinos), quanto no seu giallo definitivo, Prelúdio Para Matar e sua obra-prima, Suspiria. Sam Dalmas (Tony Musante), um
escritor americano morando na Itália, está tarde da noite passeando por uma
rua, quando lhe chama a atenção uma briga ocorrendo dentro de uma galeria de
arte. Ao se aproximar, ele descobre que o assassino está esfaqueando uma bela
ruiva, porém fica preso entre duas portas de vidro, não a impedindo de ser
apunhalada e o criminoso fugir antes que possa reconhecer seu rosto. Obcecado
em tentar resolver um quebra-cabeças mental, tendo a certeza de que algo que
ele viu na noite não se encaixava e que um detalhe fugia de sua memória, Sam e
sua namorada, Julia (Suzy Kendall), começam a ajudar na investigação do
inspetor Morosini (Enrico Maria Salerno) para tentar descobrir quem era o mal
feitor, na verdade um serial killer que já vinha matando
outras mulheres. Argento dá início aqui a já famosa ambientação barroca em suas
obras, a utilização de flashbacks visto de diversos pontos de
vista e do domínio das cores para criar contraste entre as cenas, auxiliada
pela fotografia de Vittorio Storato (vencedor de três Oscars de melhor
fotografia, entre eles Apocalypse Now e O Último
Imperador), com seu jogo de luz e sombra e manipulação de ambientes para o
uso principalmente das cores quentes, além da riqueza de objetos e detalhes
do misé-en-scène. O ritmo de suspense é muito bem conduzido,
principalmente com a música de Ennio Morricone (que também assina a trilha
sonora do restante da trilogia dos animais), que cria toda a atmosfera de
terror e tensão necessárias para o filme. Mas infelizmente, ainda mais
comparado a superioridade de seus outros trabalhos, O Pássaro das
Plumas de Cristal tem um roteiro com enormes buracos que acabam
explodindo na frente do espectador com a sequência final do filme, que deixa
muito a desejar. Isso aliado a falta de ritmo, que o diretor iria adquirir com
o passar do tempo, atropelando as informações que vão levar ao clímax da
descoberta da identidade do criminoso além de inserir contextos irrelevantes na
trama, como a visita ao pintor de um quadro que o assassino comprou antes de
matar sua primeira vítima. Parece até brincadeira falar, devido ao extremo
conteúdo gráfico e violento que Argento apresentaria em seus próximos
trabalhos, mas sua inabilidade nas cenas de assassinato e utilização do sangue,
utilizando de cortes secos e uma edição rápida, prejudicam e destroem as partes
mais violentas do filme. Desnecessário também um epílogo para explicar as
motivações do assassino, na última sequência do filme. Mas independente destes
deslizes, O Pássaro das Plumas de Cristal é um marco no
efervescente cinema italiano que estava à todo vapor na década de 60 e 70, e
serviu para definir gêneros, além de ter sido um verdadeiro sucesso comercial
dentro e fora da Itália (nos EUA chegou a ficar em primeiro lugar na bilheteria
em seu final de semana de estreia, coisa raríssima para filmes estrangeiros) e
permitiu a Argento continuar sua promissora carreira e criar suas belas obras
subsequentes, reservando seu lugar na calçada da fama como um dos mais
importantes diretores do cinema de horror.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/08/03/231-o-passaro-das-plumas-de-cristal-1970-2/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
521 1970 O Pássaro das Plumas de Cristal (L’uccello Dalle Piume di Cristallo) VISTO 1001 TERROR
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