quinta-feira, 20 de agosto de 2015

#231 1970 O PÁSSARO DAS PLUMAS DE CRISTAL (L’uccello dalle piume di cristallo / The Bird with the Crystal Plumage, Itália, Alemanha Ocidental)


Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento
Produção:Salvatore Argento
Elenco: Tony Musante, Suzy Kenall, Enrico Maria Salerno, Eva Renzi, Umberto Raho

Adaptação não-oficial do romance de Fredric Brow, “The Screaming Mimi”, Dario Argento, mostra aqui ser o discípulo mais fiel de Mario Bava, e com O Pássaro das Plumas de Cristal, seu primeiro trabalho como diretor, cria as diretrizes do que seria um dos mais importantes gêneros, e até movimentos do cinema de terror e suspense italiano: o giallo. Giallo é como ficou conhecido os thrillers italianos, caracterizados por histórias de suspense que em todos os seus casos, praticamente, envolve um assassino serial que utiliza luvas, capa e chapéu, uma testemunha ocular que se envolve em uma investigação particular e a morte de várias lindas mulheres, de forma extremamente violenta, sexual, sádica e com toques de crueldade. O termo giallo, significa “amarelo” em italiano, foi inspirado graças aos livros de mistério que eram publicados com capa amarela em toda a Itália durante a década de 30. Produzido por seu pai, Salvatore Argento, O Pássaro das Plumas de Cristal, em seus primeiros minutos, na cena de abertura, onde vemos o assassino misterioso escolhendo sua faca, em uma tomada escura contrastando com objetos de cor vermelho-vivo que salta aos olhos, já nos mostra um lampejo de tudo que Argento seria capaz de realizar com uma tremenda excelência técnica no decorrer dos anos, tanto na sua trilogia dos animais, que é seguido de O Gato de Nove Caudas e Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza (onde os animais do título dão as pistas finais para a derradeira descoberta dos assassinos), quanto no seu giallo definitivo, Prelúdio Para Matar e sua obra-prima, Suspiria. Sam Dalmas (Tony Musante), um escritor americano morando na Itália, está tarde da noite passeando por uma rua, quando lhe chama a atenção uma briga ocorrendo dentro de uma galeria de arte. Ao se aproximar, ele descobre que o assassino está esfaqueando uma bela ruiva, porém fica preso entre duas portas de vidro, não a impedindo de ser apunhalada e o criminoso fugir antes que possa reconhecer seu rosto. Obcecado em tentar resolver um quebra-cabeças mental, tendo a certeza de que algo que ele viu na noite não se encaixava e que um detalhe fugia de sua memória, Sam e sua namorada, Julia (Suzy Kendall), começam a ajudar na investigação do inspetor Morosini (Enrico Maria Salerno) para tentar descobrir quem era o mal feitor, na verdade um serial killer que já vinha matando outras mulheres. Argento dá início aqui a já famosa ambientação barroca em suas obras, a utilização de flashbacks visto de diversos pontos de vista e do domínio das cores para criar contraste entre as cenas, auxiliada pela fotografia de Vittorio Storato (vencedor de três Oscars de melhor fotografia, entre eles Apocalypse Now e O Último Imperador), com seu jogo de luz e sombra e manipulação de ambientes para o uso principalmente das cores quentes, além da riqueza de objetos e detalhes do misé-en-scène. O ritmo de suspense é muito bem conduzido, principalmente com a música de Ennio Morricone (que também assina a trilha sonora do restante da trilogia dos animais), que cria toda a atmosfera de terror e tensão necessárias para o filme. Mas infelizmente, ainda mais comparado a superioridade de seus outros trabalhos, O Pássaro das Plumas de Cristal tem um roteiro com enormes buracos que acabam explodindo na frente do espectador com a sequência final do filme, que deixa muito a desejar. Isso aliado a falta de ritmo, que o diretor iria adquirir com o passar do tempo, atropelando as informações que vão levar ao clímax da descoberta da identidade do criminoso além de inserir contextos irrelevantes na trama, como a visita ao pintor de um quadro que o assassino comprou antes de matar sua primeira vítima. Parece até brincadeira falar, devido ao extremo conteúdo gráfico e violento que Argento apresentaria em seus próximos trabalhos, mas sua inabilidade nas cenas de assassinato e utilização do sangue, utilizando de cortes secos e uma edição rápida, prejudicam e destroem as partes mais violentas do filme. Desnecessário também um epílogo para explicar as motivações do assassino, na última sequência do filme. Mas independente destes deslizes, O Pássaro das Plumas de Cristal é um marco no efervescente cinema italiano que estava à todo vapor na década de 60 e 70, e serviu para definir gêneros, além de ter sido um verdadeiro sucesso comercial dentro e fora da Itália (nos EUA chegou a ficar em primeiro lugar na bilheteria em seu final de semana de estreia, coisa raríssima para filmes estrangeiros) e permitiu a Argento continuar sua promissora carreira e criar suas belas obras subsequentes, reservando seu lugar na calçada da fama como um dos mais importantes diretores do cinema de horror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/03/231-o-passaro-das-plumas-de-cristal-1970-2/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
521 1970 O Pássaro das Plumas de Cristal (L’uccello Dalle Piume di Cristallo) VISTO 1001 TERROR

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