Direção: Jesús
Franco
Roteiro: Jaime
Chávarri, Jesús Franco, Anne Settimó
Produção: Artur
Brauner, Karl Heinz Mannchen (Produtor Executivo)
Elenco: Soledad
Miranda, Ewa Stromberg, Dennis Price, Heidrum Kussin, J. Martinez Blanco,
Andrés Monales
Vampiros
Lesbos de Jesús “Jess” Franco só tem uma única razão de ser:
mostrar as protagonistas Soledad Miranda e Ewa Stromberg peladinhas, se
pegando, em várias cenas de nu frontal, a maior parte da película. Esqueça
qualquer tentativa de roteiro, construção de narrativa e esmero técnico por
parte dos seus realizadores.Fato é que Vampiros Lesbos é a obra mais
cultuada do pai do Euro Trash, que tem uma extensa, e completamente díspar,
filmografia no currículo e ainda assim, como todas as limitações de orçamento e
um fiapo de história, este soft porn vampírico, conseguiu imprimir um
estilo único, através da sua genialidade subversiva, trabalhando de forma
escancarada e nunca vista antes, a questão do lesbianismo intrinsecamente
ligado ao vampirismo, tema o qual Sheridan Le Fanu levantou a lebre em seu
livro Carmilla, lá no século XIX, e que foi depois transportado para o cinema
em diversas produções, mas nunca com a dose cavalar de erotismo vista aqui. Franco
era um sujeito apaixonado pelo gênero, e um contador de histórias psicodélicas
como nenhum outro. Para cada pornô que dirigia com seus diversos pseudônimos
(aqui mesmo ele assina a direção como Franco Manera), ele conseguia grana para
uma obra autoral, passeando nos mais diversos subgêneros, como os vampiros (Vampiros
Lesbos e Conde Drácula,
por exemplo), cientistas loucos (O Terrível Dr. Orloff),
mulheres na prisão (99 Mulheres) e até o famigerado personagem Fu Manchu (O
Castelo de Fu Manchu, Fu Manchu e o Beijo da Morte, e por aí vai). Em Vampiros
Lesbos, Franco pega o texto de Bram Stoker, “O Convidado de Drácula”, de forma
não creditada, e traveste a história, com diversos elementos de Drácula em si,
com algumas pitadas de liberdade poética. A Condessa Nadine Carody (vivida pela
estonteante morena Soledad Miranda) é uma vampira que mora em uma ilha da
Turquia, salva pelo próprio Drácula da morte, que a transformou em sua
discípula. Ah, além disso ela também faz um bico em um clube privê em Istambul,
onde faz apresentações sensuais nua com outras garotas, que acabariam por se
transformar em suas futuras vítimas e fonte de alimentos. E é nesse clube que a
advogada Linda Westinghouse (a loira gostosa Ewa Strömberg) fica fascinada pela
morena, quando é levada ao local pelo seu namorado Omar. Linda finalmente cede
aos encantos da vampira quando é obrigada a viajar até a ilha onde a Condessa
vive para resolver algumas questões legais (tal qual Jonathan Harker). E logo
ao se encontrarem, como é a coisa mais comum quando um advogado vai até um
cliente tratar de negócio, as duas resolvem de imediato nadar no mar e tomar
sol peladas na praia. E sim, a Condessa Carody não tem nenhum problema com o
sol e nem se transforma em cinzas, podendo pegar um bronze numa boa. Enfeitiçada
por Carody, Linda começa a viver em cárcere sob os poderes sedutores da
vampira, em uma mistura de desejo, medo, luxúria e ódio, sendo acometida por
terríveis pesadelos e ataques de amnésia. Após ser resgatada da ilha e internada
em uma instituição psiquiátrica sob a observação do Dr. Seward (Dennis Price),
há certa virada de mesa com relação aos sentimentos dos personagens. A
Condessa, antes a figura dominadora, fica perdidamente apaixonada pela humana,
passando a ser dominada pelos seus sentimentos, e não medirá esforços para
poder ficar com a garota, que a repudia mesmo enquanto declara seu amor. Ajuda
a vampira nessa empreitada seu estranhíssimo capanga de óculos escuros, Morpho
(nome que aparentemente Franco adorava dar para capangas, já que também é o
nome do comparsa de crimes do Dr. Orloff). Lógico que tudo isso é pano de fundo
para as duas colocarem as aranhas para brigarem direto, e Franco usar a abusar
dos closes e aproximações de câmera que tanto adora, e extrapolar na tela
peitinhos, bundas, pernas, coxas e vastas quantidades de pelos pubianos
(afinal, estamos nos anos 70). Para não ficar só nas duas também, vira e mexe
tem uma pobre coitada que tem seu sangue sugado nos shows eróticos da Condessa,
e também a pobre Agra, vivida por Heidrum Kussin, vítima anterior da vampira,
que vive em um estado histérico de nervos e internada na ala psiquiátrica do
hospital do Dr. Seward (trocando em miúdos, uma versão feminina de Reinfield). Mas
não adianta. Por mais que Franco tenha tentando colocar certa dose de
simbolismos no filme (o escorpião representando a vampira e a mariposa, Linda,
sua vítima), explorar muito bem a fotografia de Istambul, o jogo de cores,
abusando no uso de cores quentes e do vermelho, excelente trilha sonora da
dupla alemã Manfred Hubler e Siegfried Scwab e ter forçado os temas tabus e
teorias freudianas sobre a natureza sexual humana, o que mais fica marcado em Vampiros
Lesbos é a mulherada pelada, os beijos, a completa entrega de uma
personagem pela outra e a esfregação. É uma bomba de tesão pronta para explodir
a qualquer momento, atacando com tudo a libido de nós, pobres espectadores. Infelizmente
a musa de Franco, Soledad Miranda, morreria pouco tempo depois do lançamento do
filme, em um trágico acidente. A garota que caminhava para sagrar-se com o
título maior de rainha do sexploitation e do euro trash, teve sua carreira
encerrada com apenas 27 anos de idade e Franco nunca mais se recuperou após
esse baque e tampouco conseguiu encontrar outra figura feminina que completasse
seus papeis como Soledad fez. Vampiros Lesbos causa fascinação. Isso é
engraçado se pararmos para analisar friamente que é um filme com atuações
bisonhas (das protagonistas, não obstante), roteiro idiota e direção quase
amadora de Franco (e seus malditos closes). Mas cá entre nós, nunca iremos
procurar na filmografia de Franco, em seus mais de 150 filmes, um roteiro
primoroso e uma direção exemplar, mas sim sua aura onírica, atmosfera
psicodélica e belíssimos exemplares de nudez feminina sem o menor recalque.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/10/236-vampiros-lesbos-1970/
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