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ANALISANDO TARANTINO´S MIND
publicado
em cinema por Priscilla santos
Uma curta metragem pouco conhecida do grande público especula sobre o
cinema e o processo criativo de um dos mais importantes cineastas da
actualidade. Algumas pistas e teorias da conspiração que, pelo menos, nos
deixam a pensar se Quentin Tarantino não andará a brincar conosco...
É até compreensível
que o curta metragem Tarantino`s Mind continue pouco conhecido
do público; afora as dificuldades de encontrar o vídeo em mídia, seu tom nada
delicado e submundesco conferido pelos roteiristas/diretores
"anônimos" que assinam sob o pseudônimo 300 Ml, as muitas
referências (de Cecil B. DeMille à ESPM) que são metralhadas pela tela em menos
de doze minutos e mais a temática meio de-fã-para-fã, deram-lhe um certo ar de filme
para poucos. Vamos esquecer esse engano. Surpresa geral do Festival de
Cinema do Rio em 2006, a produção da Republika Filmes, deixou
atônitos até os críticos que só esperavam sair dali dizendo alguma coisa sobre
o novo do De Palma (naqueles dias, eram as primeiras exibições de Dália
Negra no Brasil); o ousado curta consegue se expandir de homenagem a
um dos maiores cineastas contemporâneos, para uma sedução aos apaixonados por
cinema - e não só aos admiradores do, dispensa-apresentações, Quentin
Tarantino.
O curta se passa num bar de São Paulo e reúne, entre choppes, batatas
fritas, palavrões, absurdos e pessoas que talvez sejam intelectuais, filósofos
e jogadores de poker; nele, as duas improváveis figuras deSelton Mello e Seu
Jorge, como dois cinéfilos, dialogam sobre a filmografia de Quentin
Tarantino pretendendo revelar os pontos que amarram toda a obra do
cineasta.
Tendo em Seu Jorge um indecifrável interlocutor, Selton - para variar,
genial - apresenta sua tese: jura ter descoberto um tal "código
Tarantino" e se põe a enumerar as provas que evidenciam a ligação entre
todos os filmes do autor, de Natural Born Killers, aos dois volumes
de Kill Bill (Death Proof ainda não existia na
época). Ou seja, QT teria forjado uma linha única que tornaria as suas
histórias todas - e seus personagens - uma única e épica saga, cujas narrativas
iriam muito além do que se vê.
Bem, mas não teria graça se não fôssemos extrair e comentar ponto-a
ponto alguns dos argumentos levantados pelos dois moços no bar de Tarantino´s
Mind. Vamos à eles, em ordem de aparecimento.
1. Para iniciar a linha investigativa, o personagem de Selton Mello revela
(com o ar de teoria da conspiração, tônica do diálogo) que o aspirante à
celebridade Jack Scagnetti de Natural Born Killers é o mesmo
agente da condicional de Mr. Blonde no Reservoir Dogs.
Contrargumenta o personagem de Seu Jorge: mas o nome dele não era Jack? Sim...
Mas depois ele mudou. A coisa toda fica nublada diante de uma discussão sobre
os italianos e os sérvios não conseguirem pronunciar nomes difíceis. Fato é que
Michael Madsen, como Blonde, comenta sobre seu agente da condicional que, como
o Jack, é também um Scagnetti
2. O melhor é segundo ponto: a maleta levada por Mr. Pink (Steve
Busceni), após o massacre coletivo em Reservoir Dogs, é a mesma
maleta misteriosa que John Travolta e Samuel L. Jackson resgatam e escoltam por
todo Pulp Fiction. É realmente uma coincidência (ou não)
interessante que o bando do primeiro filme tenha assaltado uma joalheria e que,
ao ser aberta, a segunda maleta tenha aquele hipnótico brilho.
3. Ainda em Reservoir Dogs, é dito que o nome de Mr. Blonde
é, na verdade Vic Veja. Ora, qual o nome que Mia Wallace mui sensualmente
sussurra ao microfone para anunciar John Travolta como seu parceiro naquela
antológica cena da dança? Vicent Vega. Para o roteiristas de Tarantino´s
Mind é claro: eles são irmãos.
4. Mr. White, antes de integrar o grudo de bandidos de Reservoir
Dogs, foi parceiro de Alabama, que casou com o Clarence no obscuro True
Romance (aqui no Brasil, Amor à Queima Roupa)
5. A colombiana que dirige o táxi de Butch, em fuga após ter dado um
golpe no gangster Marcellus Wallace de Pulp Fiction seria a
mesma psicótica, doida por assassinatos em Curdled (no Brasil, Ele
mata e nós limpamos, produção do Tarantino). Faz sentido, afinal, o que
mais interessa a Esmeralda Villalobos enquanto dirige é a pergunta "qual
a sensação de matar um homem?", que faz a Butch (Bruce Willis) assim,
sem mais nem menos.
6. Num programa de TV em Curdled, aparece a foto dos irmãos
Gecko de From Dust Till Dawn (Um drink no inferno),
procurados no Texas.
7. Mia Wallace e A Noiva (Kiddo) são a mesma pessoa. Ela só trocaria de
nome de acordo com o bandido que estivesse namorando. Antes fora Wallace e,
depois, noiva do Bill. Ok, aí já pegaram pesado porque Mia era esposa e não
noiva do Marcellus Wallace, fora que, após o doutrinamento com Pai Mei, A Noiva
dificilmente iria se tornar viciada em cocaína. Há ainda problemas de
cronologia com isso.
8. O xerife que investiga o massacre na capela de El Passo, Texas, em Kill
Bill, é o mesmíssimo que os irmãos Gecko matam à tiros noFrom Dust Till
Dawn. Mais engenhoso que isso, só observar que, após a revelação espiritual
que teve em Pulp Fiction, o Jules (Samuek L. Jackson) foi tornar-se
pianista nessa mesma igrejinha...
Então, o que acham? Mais alguns apontamentos que tenham percebido em
suas audiências tarantinescas?
http://obviousmag.org/archives/2008/01/analisando_tara.html
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