sábado, 15 de agosto de 2015

#225 1970 CONDE DRÁCULA (Nachts, wenn Dracula erwacht / Count Dracula, Espanha, Alemanha Ocidental, Itália, Liechtenstein)


Direção: Jesús Franco
Roteiro: Jesús Franco, Augusto Finocchi, Harry Alan Towers (baseado na obra de Bram Stoker)
Produção: Harry Alan Towers, Arturo Marcos (Produtor Executivo)
Elenco: Christopher Lee, Klaus Kinski, Herbert Lom, Soledad Miranda, Maria Rohm, Fred Williams

Esqueça o Drácula da Universal, dirigido por Tod Browning com Bela Lugosi no elenco, ou O Vampiro da Noite, da Hammer, e mesmo o novelão nababesco de Francis Ford Copolla. A melhor adaptação já filmada do livro de Bram Stoker é sem dúvida Conde Drácula, do infame cineasta espanhol Jesús “Jess” Franco, morto recentemente. Fico imaginando como seria essa obra se Franco tivesse mais grana para realizá-la. Porque nitidamente é um filme de baixíssimo orçamento, mas o roteiro tenta se atentar tal qual a obra escrita, trazendo todos os personagens clássicos e Christopher Lee como o conde, que apesar de ter vivido o desmorto em sete filmes da Hammer, essa é sua caracterização mais próxima de como ele foi retratado no livro de Stoker, deixando de lado todo o exagero e a forma caricata do vampiro mor do estúdio inglês. Tá certo que algumas cenas são ridículas, como, por exemplo, o ataque dos animais empalhados, ou então aquele morcego tosco demais que dá uns rasantes às vezes para lá e para cá, os erros crassos de continuidade, cenas noturnas filmadas à luz do dia (como a Hammer fazia MUITO), as atuações bisonhas de todo o elenco de apoio, o bigodón de Christopher Lee e todos os problemas oriundos da deficiência orçamentária gigantesca, que claramente vão aumentando conforme o filme vai chegando em seu clímax e a grana vai acabando. Há também fatores que auxiliam o status trasheira da produção, que além da direção de Jess Franco, tem Harry Alan Towers na produção e o truqueiro Bruno Mattei na edição. Mas não fique desiludido, porque a sinfonia de horror de Jess Franco é um deleite para os fãs, apesar dos apesares. Christopher Lee chuta bundas. Quando ele aparece pela primeira vez como Conde Drácula efetivamente (não parecendo um lutador de Mortal Kombat quando faz às vezes do cocheiro levando Jonathan Harker para o castelo e perseguido por pastores alemães que deveriam ser lobos), está absolutamente igual ao escrito por Stoker: velho, com cabelos e bigode brancos, decadente porém sem perder ar aristocrático, com seu vozeirão grave, e ar sinistro. Todos os elementos principais do livro estão lá, naquela mesma história que já estamos cansados de conhecer: Harker vai até a Transilvânia para encontrar o Conde Drácula, que está interessado em adquirir propriedades em Londres; todos pelas redondezas são supersticiosos e amedrontados pela figura do vampiro; há as três rameiras do inferno que moram com Drácula no castelo e gostam de se alimentar de bebês; o Conde viaja até Londres levando consigo seu caixão com a terra natal; Mina está preocupada com o noivo; Lucy é atacada por Drácula; Van Helsing é chamado para ajudar (detalhes que é um dos caçadores de vampiro mais ineficientes da história das adaptações de Drácula); e há o pirado Renfield, comendo insetos, trancafiado em uma sala acolchoada, e por aí vai. Detalhe que Renfield é interpretado pelo excelente Klaus Kinski, que faria o papel do próprio Drácula em Nosferatu – O Vampiro da Noite de Werner Herzog. Acontece também que Conde Drácula é um filme sóbrio, se pegarmos aqui a filmografia de Franco, tanto em seus exemplares do euro trash quanto seus pornôs softcore. Vejam só, até tem pouquíssima dose de sangue e sem nudez nenhuma (por incrível que pareça Soledad Miranda está vestida dos pés a cabeça o filme inteiro!). Vincent Price também foi cogitado para fazer o papel de Van Helsing, mas não pode aceitar por motivos de saúde. Vale também salientar a ótima e soturna trilha sonora de Bruno Nicolai e a compreensão do texto de Stoker, que acaba sendo sobrepujada por todos aqueles detalhes que já citei que transformam o filme, senão numa bomba, mas em uma precariedade sem tamanho. Conde Drácula pode não ser uma das maravilhas da sétima arte e nem do cinema de horror como um todo. Tampouco Jess Franco o maior diretor que já viveu. Mas pelo menos não é pretensioso e uma baboseira sentimentalóide como Drácula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola. Não é a adaptação mais fiel do livro, como diz-se por aí. Mas continua sendo a melhor.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/27/225-conde-dracula-1970/

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