Direção: Jesús Franco
Roteiro: Jesús Franco,
Augusto Finocchi, Harry Alan Towers (baseado na obra de Bram Stoker)
Produção: Harry Alan Towers,
Arturo Marcos (Produtor Executivo)
Elenco: Christopher
Lee, Klaus Kinski, Herbert Lom, Soledad Miranda, Maria Rohm, Fred Williams
Esqueça o Drácula da Universal, dirigido por
Tod Browning com Bela Lugosi no elenco, ou O Vampiro da
Noite, da Hammer, e mesmo o novelão nababesco de Francis Ford
Copolla. A melhor adaptação já filmada do livro de Bram Stoker é sem dúvida Conde Drácula,
do infame cineasta espanhol Jesús “Jess” Franco, morto recentemente. Fico
imaginando como seria essa obra se Franco tivesse mais grana para realizá-la.
Porque nitidamente é um filme de baixíssimo orçamento, mas o roteiro tenta se
atentar tal qual a obra escrita, trazendo todos os personagens clássicos e
Christopher Lee como o conde, que apesar de ter vivido o desmorto em sete
filmes da Hammer, essa é sua caracterização mais próxima de como ele foi
retratado no livro de Stoker, deixando de lado todo o exagero e a forma
caricata do vampiro mor do estúdio inglês. Tá certo que algumas cenas são
ridículas, como, por exemplo, o ataque dos animais empalhados, ou então aquele
morcego tosco demais que dá uns rasantes às vezes para lá e para cá, os erros
crassos de continuidade, cenas noturnas filmadas à luz do dia (como a Hammer
fazia MUITO), as atuações bisonhas de todo o elenco de apoio, o bigodón de
Christopher Lee e todos os problemas oriundos da deficiência orçamentária
gigantesca, que claramente vão aumentando conforme o filme vai chegando em seu
clímax e a grana vai acabando. Há também fatores que auxiliam o status trasheira da
produção, que além da direção de Jess Franco, tem Harry Alan Towers na produção
e o truqueiro Bruno Mattei na edição. Mas não fique desiludido, porque a
sinfonia de horror de Jess Franco é um deleite para os fãs, apesar dos
apesares. Christopher Lee chuta bundas. Quando ele aparece pela primeira vez
como Conde Drácula efetivamente (não parecendo um lutador de Mortal Kombat
quando faz às vezes do cocheiro levando Jonathan Harker para o castelo e
perseguido por pastores alemães que deveriam ser lobos), está absolutamente igual
ao escrito por Stoker: velho, com cabelos e bigode brancos, decadente porém sem
perder ar aristocrático, com seu vozeirão grave, e ar sinistro. Todos os
elementos principais do livro estão lá, naquela mesma história que já estamos
cansados de conhecer: Harker vai até a Transilvânia para encontrar o Conde
Drácula, que está interessado em adquirir propriedades em Londres; todos pelas
redondezas são supersticiosos e amedrontados pela figura do vampiro; há as três
rameiras do inferno que moram com Drácula no castelo e gostam de se alimentar
de bebês; o Conde viaja até Londres levando consigo seu caixão com a terra
natal; Mina está preocupada com o noivo; Lucy é atacada por Drácula; Van
Helsing é chamado para ajudar (detalhes que é um dos caçadores de vampiro mais
ineficientes da história das adaptações de Drácula); e há o pirado Renfield,
comendo insetos, trancafiado em uma sala acolchoada, e por aí vai. Detalhe que
Renfield é interpretado pelo excelente Klaus Kinski, que faria o papel do
próprio Drácula em Nosferatu – O Vampiro da Noite de Werner Herzog. Acontece
também que Conde Drácula é um filme sóbrio, se pegarmos aqui a
filmografia de Franco, tanto em seus exemplares do euro trash quanto
seus pornôs softcore. Vejam só, até tem pouquíssima dose de sangue e sem
nudez nenhuma (por incrível que pareça Soledad Miranda está vestida dos pés a
cabeça o filme inteiro!). Vincent Price também foi cogitado para fazer o papel
de Van Helsing, mas não pode aceitar por motivos de saúde. Vale também
salientar a ótima e soturna trilha sonora de Bruno Nicolai e a compreensão do
texto de Stoker, que acaba sendo sobrepujada por todos aqueles detalhes que já
citei que transformam o filme, senão numa bomba, mas em uma precariedade sem
tamanho. Conde Drácula pode não ser uma das maravilhas da sétima arte e
nem do cinema de horror como um todo. Tampouco Jess Franco o maior diretor que
já viveu. Mas pelo menos não é pretensioso e uma baboseira sentimentalóide como Drácula
de Bram Stoker de Francis Ford Coppola. Não é a adaptação mais fiel do
livro, como diz-se por aí. Mas continua sendo a melhor.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/27/225-conde-dracula-1970/
Nenhum comentário:
Postar um comentário