Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Christopher Wicking
(baseado na obra de Peter Saxon)
Produção: Max
J. Rosenberg, Milton Subotski, Louis M. Heyward (Produtor Executivo)
Elenco:Vincent
Price, Christopher Lee, Peter Cushing, Judy Huxtable, Alfred Marks, Michael
Gothard, Peter Sallis
A única coisa boa de Grite, Grite
Outra Vez é a sensação saudosista de você lembrar da capa do
VHS do filme nas prateleiras das locadoras, com essa imagem do pôster aí de
cima, da garota metade humana e metade esqueleto se dissolvendo no tanque de
ácido. Porque de resto, o filme não tem absolutamente NADA que preste. E olhe
que por incrível que pareça, estou falando do primeiro filme que trouxe junto
no elenco, talvez os três maiores atores do cinema de horror de todos os
tempos: Vincent Price, Christopher Lee e Peter Cushing. Tá certo que Cushing
aparece por uns míseros cinco minutos na película, e Lee e Price contracenam
juntos apenas no finalzinho do terceiro ato. Ou seja, é muito mais marketing do
que qualquer outra coisa. Mas eu me paro para pensar: como pode dar errado? Só
a junção dos três era para ser o maior clássico épico motherfucker do
gênero. Deveria ser um deleite. Só que não. Seria se não fosse um baita de um
filme pretensioso, com uma direção nada inspirada de Gordon Hessler, trilha
sonora afoita, e roteiro e narrativa confusa de Christopher Wicking (baseado no
livro “The Desorientated Man” de Peter Saxon, pseudônimo de W. Howard Baker,
que também era usado por Martin Thomas e Stephen Frances, o que dá a entender
que o livro originalmente foi escrito em colaboração entre eles), que envolve
vampiro, super humanos, uma organização militar secreta paródia dos nazistas/
comunistas (cujo símbolo é parecidíssimo com a suástica, mas lembra mais uma
sinalização de trânsito mesmo), teorias da conspiração e cientistas loucos. O
próprio Vincent Price em uma entrevista futura disse não ter entendido
absolutamente nada daquele roteiro confuso e estapafúrdio de Grite, Grite
Outra Vez. Quem dirá então nós, meros espectadores? Pois bem, o filme
começa com um atleta que sofre um colapso enquanto corria pelas ruas de Londres
e é internado em uma clínica, que começa a usá-lo como cobaia em experiências
escusas, acordando em várias cenas para descobrir que seus membros estão sendo
amputados um por um. Enquanto isso, a polícia londrina, na figura do detetive
superintendente Bellaver (Alfred Marks), está investigando o assassinato brutal
de uma jovem. Acontece que essa jovem era assistente do esquisito médico/
cientista Dr. Browning, papel de Vincent Price, que não sabe nada sobre a morte
da moça. Quando mais uma vítima aparece, então a polícia acredita estar lidando
com um psicopata, porém uma peculiaridade irá chamar a atenção de Bellaver e do
Dr. David Sorel (Christopher Matthews), jovem legista que realizou a autópsia
nas duas garotas: ambas além do ataque violento continham uma estranha marca
nos pulsos e todo seu sangue havia sido drenado. Você pode até pensar que é
culpa do personagem de Christopher Lee, mas ele não faz o papel de Drácula
aqui. No meio dessa confusão toda, um tal de Konratz (Marshall Jones),
misterioso oficial de uma país totalitário (comunista ou nazista?) da Europa
descobre uma arma secreta e começa um jogo de manipulação de todos os
envolvidos, como o Major Heinrich Benedeck (papel relâmpago de Cushing, que
levou apenas um dia de filmagem), que acaba sendo morto por Konratz com um
mortal golpe no ombro – ele usará essa arma letal para matar pelo menos mais
uns três no filme desta forma – e como Freemont, um importante político vivido
por Christopher Lee. Confuso? Ainda piora. A polícia londrina descobre
finalmente o assassino usando uma de suas oficiais como isca, para constatar
que ele é uma espécie de super humano que se alimenta de sangue. Depois de uma
extensa perseguição, que deve durar uma meia-hora, juro para vocês, mostrando
toda a ineficácia da polícia de Londres (eles deixam o sujeito escapar por três
vezes) e enchendo a paciência do público, o vilão indestrutível acaba se
suicidando, sobrando apenas uma mão como prova, logo roubada por aquela
enfermeira lá do começo do filme. Com o caso sendo arquivado pelos figurões do
poder para esconder provas, o Dr. Sorel e a oficial Sylvia (Judy Huxtable – a
mesma que tinha ido até a balada em plena manhã para ser usada como isca para
prender o assassino) vão até a casa do Dr. Browning, e desvendam toda a
misteriosa trama, onde ele está desenvolvendo uma pesquisa para criar
super-humanos perfeitos. Só que sua pesquisa está ameaçada por Konratz e toda a
conspiração governamental e militar sem pé nem cabeça, que quer desvirtuá-la,
obviamente e destruir todas as provas de que esse experimento foi realizado com
sucesso, e isso significa, jogar todo mundo em um tanque de ácido para eles
serem dissolvidos e não restar absolutamente nada. Sério, nem tenho mais o que
escrever sobre esse filme depois desta resenha. É muito abacaxi para um filme
só. Chega a dar raiva assistir Grite, Grite Outra Vez. Pegam uma
oportunidade de ouro de juntar três monstros sagrados, trabalhar melhor um
roteiro que poderia resultar algo inteligente, mesmo que seja uma trama
estrambólica (no livro, por exemplo, os vilões eram alienígenas, e não uma
republiqueta comunista/ nazista do leste europeu. Nota do blogueiro: nunca
entendi direito qual das duas ideologias políticas eles queriam transmitir
aqui) e entregar uma fita que seja pelo menos razoável e “assistível”. Ao invés
disso, somos “presenteados” com essa bomba. É para gritar, e gritar outra vez
mesmo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/01/229-grite-grite-outra-vez-1970/
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