domingo, 16 de agosto de 2015

#229 1970 GRITE, GRITE OUTRA VEZ (Scream and Scream Again, Reino Unido)


Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Christopher Wicking (baseado na obra de Peter Saxon)
Produção: Max J. Rosenberg, Milton Subotski, Louis M. Heyward (Produtor Executivo)
Elenco:Vincent Price, Christopher Lee, Peter Cushing, Judy Huxtable, Alfred Marks, Michael Gothard, Peter Sallis

A única coisa boa de Grite, Grite Outra Vez é a sensação saudosista de você lembrar da capa do VHS do filme nas prateleiras das locadoras, com essa imagem do pôster aí de cima, da garota metade humana e metade esqueleto se dissolvendo no tanque de ácido. Porque de resto, o filme não tem absolutamente NADA que preste. E olhe que por incrível que pareça, estou falando do primeiro filme que trouxe junto no elenco, talvez os três maiores atores do cinema de horror de todos os tempos: Vincent Price, Christopher Lee e Peter Cushing. Tá certo que Cushing aparece por uns míseros cinco minutos na película, e Lee e Price contracenam juntos apenas no finalzinho do terceiro ato. Ou seja, é muito mais marketing do que qualquer outra coisa. Mas eu me paro para pensar: como pode dar errado? Só a junção dos três era para ser o maior clássico épico motherfucker do gênero. Deveria ser um deleite. Só que não. Seria se não fosse um baita de um filme pretensioso, com uma direção nada inspirada de Gordon Hessler, trilha sonora afoita, e roteiro e narrativa confusa de Christopher Wicking (baseado no livro “The Desorientated Man” de Peter Saxon, pseudônimo de W. Howard Baker, que também era usado por Martin Thomas e Stephen Frances, o que dá a entender que o livro originalmente foi escrito em colaboração entre eles), que envolve vampiro, super humanos, uma organização militar secreta paródia dos nazistas/ comunistas (cujo símbolo é parecidíssimo com a suástica, mas lembra mais uma sinalização de trânsito mesmo), teorias da conspiração e cientistas loucos. O próprio Vincent Price em uma entrevista futura disse não ter entendido absolutamente nada daquele roteiro confuso e estapafúrdio de Grite, Grite Outra Vez. Quem dirá então nós, meros espectadores? Pois bem, o filme começa com um atleta que sofre um colapso enquanto corria pelas ruas de Londres e é internado em uma clínica, que começa a usá-lo como cobaia em experiências escusas, acordando em várias cenas para descobrir que seus membros estão sendo amputados um por um. Enquanto isso, a polícia londrina, na figura do detetive superintendente Bellaver (Alfred Marks), está investigando o assassinato brutal de uma jovem. Acontece que essa jovem era assistente do esquisito médico/ cientista Dr. Browning, papel de Vincent Price, que não sabe nada sobre a morte da moça. Quando mais uma vítima aparece, então a polícia acredita estar lidando com um psicopata, porém uma peculiaridade irá chamar a atenção de Bellaver e do Dr. David Sorel (Christopher Matthews), jovem legista que realizou a autópsia nas duas garotas: ambas além do ataque violento continham uma estranha marca nos pulsos e todo seu sangue havia sido drenado. Você pode até pensar que é culpa do personagem de Christopher Lee, mas ele não faz o papel de Drácula aqui. No meio dessa confusão toda, um tal de Konratz (Marshall Jones), misterioso oficial de uma país totalitário (comunista ou nazista?) da Europa descobre uma arma secreta e começa um jogo de manipulação de todos os envolvidos, como o Major Heinrich Benedeck (papel relâmpago de Cushing, que levou apenas um dia de filmagem), que acaba sendo morto por Konratz com um mortal golpe no ombro – ele usará essa arma letal para matar pelo menos mais uns três no filme desta forma – e como Freemont, um importante político vivido por Christopher Lee. Confuso? Ainda piora. A polícia londrina descobre finalmente o assassino usando uma de suas oficiais como isca, para constatar que ele é uma espécie de super humano que se alimenta de sangue. Depois de uma extensa perseguição, que deve durar uma meia-hora, juro para vocês, mostrando toda a ineficácia da polícia de Londres (eles deixam o sujeito escapar por três vezes) e enchendo a paciência do público, o vilão indestrutível acaba se suicidando, sobrando apenas uma mão como prova, logo roubada por aquela enfermeira lá do começo do filme. Com o caso sendo arquivado pelos figurões do poder para esconder provas, o Dr. Sorel e a oficial Sylvia (Judy Huxtable – a mesma que tinha ido até a balada em plena manhã para ser usada como isca para prender o assassino) vão até a casa do Dr. Browning, e desvendam toda a misteriosa trama, onde ele está desenvolvendo uma pesquisa para criar super-humanos perfeitos. Só que sua pesquisa está ameaçada por Konratz e toda a conspiração governamental e militar sem pé nem cabeça, que quer desvirtuá-la, obviamente e destruir todas as provas de que esse experimento foi realizado com sucesso, e isso significa, jogar todo mundo em um tanque de ácido para eles serem dissolvidos e não restar absolutamente nada. Sério, nem tenho mais o que escrever sobre esse filme depois desta resenha. É muito abacaxi para um filme só. Chega a dar raiva assistir Grite, Grite Outra Vez. Pegam uma oportunidade de ouro de juntar três monstros sagrados, trabalhar melhor um roteiro que poderia resultar algo inteligente, mesmo que seja uma trama estrambólica (no livro, por exemplo, os vilões eram alienígenas, e não uma republiqueta comunista/ nazista do leste europeu. Nota do blogueiro: nunca entendi direito qual das duas ideologias políticas eles queriam transmitir aqui) e entregar uma fita que seja pelo menos razoável e “assistível”. Ao invés disso, somos “presenteados” com essa bomba. É para gritar, e gritar outra vez mesmo.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/01/229-grite-grite-outra-vez-1970/

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