Direção: David E. Durston
Roteiro: David E. Durston
Produção: Jerry Gorss, Henry
Kaplan (Produtor Associado)
Elenco: Bhaskar,
Jadine Wong, Ronda Fultz, George Patterson, Riley Mills
Ahhhh os anos 70… Somente na mais
significativa década do cinema de terror seríamos brindados com essa verdadeira
pérola do exploitation: Eu Bebo Seu Sangue, um clássico cultuado das sessões grindhouse
do diretor David E. Durston e do produtor Jerry Gross. Para situar
historicamente Eu Bebo Seus Sangue, no começo dos anos 70 a brincadeira de
ser hippie já havia perdido a graça e os americanos já estavam de saco cheio e
incomodado com a existência deles. O que começou como um movimento de
contracultura e um monte de pessoas malcheirosas e esquisitas pregando a “paz e
o amor”, acabou se transformando em um bando de desocupados usuários de drogas
pesadas e arruaceiros. E em 1969, o mais maluco de todos os hippies, Charles
Manson e sua Família, invadiram a casa de Roman Polanski e assassinaram sua
esposa grávida, Sharon Tate e mais quatro pessoas. As vítimas foram encontradas
baleadas, esfaqueadas e espancadas até a morte. Pronto, essa foi a gota d’água
para o “o poder da flor” e o começo de uma generalização e instalação do
pânico. Foi tentando pegar carona nesse movimento anti-hippie e o surto recém-criado
que o estúdio Box Office Spectaculars e o diretor David E. Durston lançaram Eu
Bebo Seu Sangue. Essa gema do cinema trash é tão absurda, provocativa
e sangrenta, que teve a honraria de ser o primeiro filme a ganhar a infame
classificação X (somente para maiores de 18 anos) pela MPAA (Motion Picture
Association of America). E com louvor! Isso porquê na trama um bando de hippies
satanistas, liderados pelo índio primogênito de Satã (segundo ele mesmo) Horace
Bones (uma caricatura de Mason e a Família), praticam seus cultos de sangue
peladões no meio da floresta sacrificando animais e falando um monte de
groselhas nos rituais, do tipo: “Saibam, filhos e filhas, que Satã curtia um
LSD. Beba deste cálice. Ofereça vossas almas. E juntos nós iremos pirar!”. Veja
se pode uma coisa dessas? Nisso a jovem Sylvya, uma das moradoras locais, está
os bisbilhotando entre as árvores, quando é descoberta, estuprada e espancada.
Ela volta a pequena cidade de Dinkusville em estado de semi-catatonia, no mesmo
momento em que os ripongas têm seu “magic bus” quebrado e resolvem ficar
na mesma cidade, que só tem 40 habitantes, contando os trabalhadores da
barragem, pois a cidade irá futuramente ser inundada e a maioria já havia se
mudado. Os desordeiros escolhem um hotel abandonado cheio de ratazanas (que o
destino reservaria que se tornasse seu jantar) e se instalam lá para continuar
seus rituais, obviamente se entupindo de ácido. O avô de Sylvya, o veterinário
Dr. Banner, resolve tomar satisfação com Horace e seu grupo, e quase é morto
(não antes de ser obrigado a tomar uma dose de LSD e ficar viajandão), quando é
salvo por seu neto, Peter, na hora H. Querendo se vingar dos malditos hippies,
o moleque apronta sua travessura mor: retira o sangue de um cachorro morto com
hidrofobia e injeta em algumas tortas de carne, vendidas para o grupo. Pronto,
a torta transforma o grupo em um bando de psicopatas, assassinos, canibais
contaminados com a raiva, que completamente descontrolados, começam a tocar o
terror na cidadezinha. O detalhe é que ao ser contaminado pelo vírus da raiva,
ele demora em média de um a três meses para que os sintomas neurológicos
comecem a surgir. Aqui não. Na mesma tarde, todos os infectados estão babando
espuma branca pela boca, pegando machados e espadas ensandecidos, sedentos por
carne crua e morrendo de medo de água. E como se não bastasse, uma das
contaminadas vai parar no alojamento dos operários da barragem e transa com eles, o que acaba infectando (em
questão de minutos) TODOS na cidade! Daqui para frente é aquela sessão de
bizarrices que a gente adora e se diverte horrores. Um monte de operários
correndo atrás dos poucos sobreviventes munidos de facões, machados, rastelos,
paus e pedras, realizando uma carnificina geral, seguida de todo tipo de
mutilação, cenas de decapitação, tiros de espingarda na cabeça, uma chinesa
(que era do bando dos hippies) colocando fogo em si mesma e uma outra do bando,
grávida, enfiando uma estaca de madeira em seu ventre, além de crueldade com
animais (de galinhas, a ratos e bodes), uma década antes de Ruggero Deodato
barbarizar em seu Cannibal Holocaust.
E tudo isso com os efeitos de maquiagem mais podres possíveis, filmagem
precária, trilha sonora histérica típica dos filmes dos anos 70 e atuações
primorosas (se não percebeu, estou sendo sarcástico!). E para por ordem no
pardieiro, chega a polícia metendo bala em todo mundo, sem pestanejar, no final
do filme. A versão do diretor de Eu Bebo Seu Sangue só foi lançada em
DVD no ano de 2002. Mesmo com o filme ganhando uma classificação X da
MPAA, a própria distribuidora deu permissão para que os cinemas editassem os
filmes para exibi-los nas suas sessões da meia-noite, sendo que muitos deles,
exibiram o filme sem cortes. Essa ideia rendeu uma baita confusão, pois chegou
a existir centenas de versões diferentes do filme lançadas por aí, antes da
oficial ser disponibilizada. Outro detalhe que só nos agrada ainda mais com
relação a essa fita, é que a britânica Mary Whitehouse, militante fervorosa que
pregava os valores da moralidade e decência embasada pela sua fé cristã,
fundadora do Mediawatch (antigo National Viewers and Listeners
Association – grupo de pressão contra a veiculação e exibição de conteúdo
violento, sexual, homossexual, e por aí vai), e que até pregou uma pesada
campanha contra a BBC, colocou o filme em uma compilação mostrada na
Conferência do Partido Conservador em 1984, como exemplo de subversão dos
jovens. Mais um motivo para assisti-lo com gosto!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/25/223-eu-bebo-seu-sangue-1970/
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