sábado, 15 de agosto de 2015

#223 1970 EU BEBO SEU SANGUE (I Drink Your Blood, EUA)


Direção: David E. Durston
Roteiro: David E. Durston
Produção: Jerry Gorss, Henry Kaplan (Produtor Associado)
Elenco: Bhaskar, Jadine Wong, Ronda Fultz, George Patterson, Riley Mills

Ahhhh os anos 70… Somente na mais significativa década do cinema de terror seríamos brindados com essa verdadeira pérola do exploitation: Eu Bebo Seu Sangue, um clássico cultuado das sessões grindhouse do diretor David E. Durston e do produtor Jerry Gross. Para situar historicamente Eu Bebo Seus Sangue, no começo dos anos 70 a brincadeira de ser hippie já havia perdido a graça e os americanos já estavam de saco cheio e incomodado com a existência deles. O que começou como um movimento de contracultura e um monte de pessoas malcheirosas e esquisitas pregando a “paz e o amor”, acabou se transformando em um bando de desocupados usuários de drogas pesadas e arruaceiros. E em 1969, o mais maluco de todos os hippies, Charles Manson e sua Família, invadiram a casa de Roman Polanski e assassinaram sua esposa grávida, Sharon Tate e mais quatro pessoas. As vítimas foram encontradas baleadas, esfaqueadas e espancadas até a morte. Pronto, essa foi a gota d’água para o “o poder da flor” e o começo de uma generalização e instalação do pânico. Foi tentando pegar carona nesse movimento anti-hippie e o surto recém-criado que o estúdio Box Office Spectaculars e o diretor David E. Durston lançaram Eu Bebo Seu Sangue. Essa gema do cinema trash é tão absurda, provocativa e sangrenta, que teve a honraria de ser o primeiro filme a ganhar a infame classificação X (somente para maiores de 18 anos) pela MPAA (Motion Picture Association of America). E com louvor! Isso porquê na trama um bando de hippies satanistas, liderados pelo índio primogênito de Satã (segundo ele mesmo) Horace Bones (uma caricatura de Mason e a Família), praticam seus cultos de sangue peladões no meio da floresta sacrificando animais e falando um monte de groselhas nos rituais, do tipo: “Saibam, filhos e filhas, que Satã curtia um LSD. Beba deste cálice. Ofereça vossas almas. E juntos nós iremos pirar!”. Veja se pode uma coisa dessas? Nisso a jovem Sylvya, uma das moradoras locais, está os bisbilhotando entre as árvores, quando é descoberta, estuprada e espancada. Ela volta a pequena cidade de Dinkusville em estado de semi-catatonia, no mesmo momento em que os ripongas têm seu “magic bus” quebrado e resolvem ficar na mesma cidade, que só tem 40 habitantes, contando os trabalhadores da barragem, pois a cidade irá futuramente ser inundada e a maioria já havia se mudado. Os desordeiros escolhem um hotel abandonado cheio de ratazanas (que o destino reservaria que se tornasse seu jantar) e se instalam lá para continuar seus rituais, obviamente se entupindo de ácido. O avô de Sylvya, o veterinário Dr. Banner, resolve tomar satisfação com Horace e seu grupo, e quase é morto (não antes de ser obrigado a tomar uma dose de LSD e ficar viajandão), quando é salvo por seu neto, Peter, na hora H. Querendo se vingar dos malditos hippies, o moleque apronta sua travessura mor: retira o sangue de um cachorro morto com hidrofobia e injeta em algumas tortas de carne, vendidas para o grupo. Pronto, a torta transforma o grupo em um bando de psicopatas, assassinos, canibais contaminados com a raiva, que completamente descontrolados, começam a tocar o terror na cidadezinha. O detalhe é que ao ser contaminado pelo vírus da raiva, ele demora em média de um a três meses para que os sintomas neurológicos comecem a surgir. Aqui não. Na mesma tarde, todos os infectados estão babando espuma branca pela boca, pegando machados e espadas ensandecidos, sedentos por carne crua e morrendo de medo de água. E como se não bastasse, uma das contaminadas vai parar no alojamento dos operários da barragem  e transa com eles, o que acaba infectando (em questão de minutos) TODOS na cidade! Daqui para frente é aquela sessão de bizarrices que a gente adora e se diverte horrores. Um monte de operários correndo atrás dos poucos sobreviventes munidos de facões, machados, rastelos, paus e pedras, realizando uma carnificina geral, seguida de todo tipo de mutilação, cenas de decapitação, tiros de espingarda na cabeça, uma chinesa (que era do bando dos hippies) colocando fogo em si mesma e uma outra do bando, grávida, enfiando uma estaca de madeira em seu ventre, além de crueldade com animais (de galinhas, a ratos e bodes), uma década antes de Ruggero Deodato barbarizar em seu Cannibal Holocaust. E tudo isso com os efeitos de maquiagem mais podres possíveis, filmagem precária, trilha sonora histérica típica dos filmes dos anos 70 e atuações primorosas (se não percebeu, estou sendo sarcástico!). E para por ordem no pardieiro, chega a polícia metendo bala em todo mundo, sem pestanejar, no final do filme. A versão do diretor de Eu Bebo Seu Sangue só foi lançada em DVD no ano de 2002. Mesmo com o  filme ganhando uma classificação X da MPAA, a própria distribuidora deu permissão para que os cinemas editassem os filmes para exibi-los nas suas sessões da meia-noite, sendo que muitos deles, exibiram o filme sem cortes. Essa ideia rendeu uma baita confusão, pois chegou a existir centenas de versões diferentes do filme lançadas por aí, antes da oficial ser disponibilizada. Outro detalhe que só nos agrada ainda mais com relação a essa fita, é que a britânica Mary Whitehouse, militante fervorosa que pregava os valores da moralidade e decência embasada pela sua fé cristã, fundadora do Mediawatch (antigo National Viewers and Listeners Association – grupo de pressão contra a veiculação e exibição de conteúdo violento, sexual, homossexual, e por aí vai), e que até pregou uma pesada campanha contra a BBC, colocou o filme em uma compilação mostrada na Conferência do Partido Conservador em 1984, como exemplo de subversão dos jovens. Mais um motivo para assisti-lo com gosto!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/25/223-eu-bebo-seu-sangue-1970/

Nenhum comentário:

Postar um comentário