Direção: Joseph Newman
Roteiro: Franklin Coen, Edward G. O’Callaghan (baseado na história de Raymond F. Jones)
Produção: William Alland
Elenco: Jeff Morrow, Faith Domergue, Rex Reason, Lance Fuller, Russell Johnson
Existem alguns filmes que são fadados a serem escrachados por toda a eternidade. Tudo bem, vamos levar em conta que o ano é 1955 e não poderia se esperar muito de um filme no quesito efeitos especiais naquela época (mesmo eles alardeando que levou dois anos e meio para ficar pronto). Mas o duro mesmo é quando o roteiro é tão ridículo, tão estapafúrdio, que além dos efeitos e cenários, só ajuda mais ainda o filme virar motivo de chacota. E esse é o caso de Guerra Entre Planetas. Pense no típico filme B de ficção científica da década de 50. Pense na estética camp, nas vestimentas prateadas, nos computadores gigantes com luzes que piscam, toda uma parafernália visual geométrica, discos voadores redondos, nos cenários de papel alumínio, dos fundos pintados a mão, alegoria da invasão comunista e o medo nuclear, e uma criatura alienígena simplesmente tosca, com uma roupa de borracha, pele verde, olhos esbugalhados e cérebro gigante à mostra. Guerra Entre Planetas consegue ter tudo isso, e mais um pouco. É um daqueles filmes, que como O Planeta Proibido, foram responsáveis por criar todo um padrão clichê da ficção científica futurista (até para ser explorado em sátiras vindouras) e da visita dos humanos a outros planetas. Tá bom, OK, os xiitas de plantão vão me atirar pedras porque Guerra Entre Planetas é um clássico, e como disse no parágrafo a cima, serviu como fonte de inspiração estética para o cinema fantástico, e principalmente para essa nossa noção enraizada de como é o visual de um filme de ficção dos anos 50. Mas me desculpe, não tem como levar a sério. Se eu fosse um baby boomer e tivesse nascido ou vivido os anos 50 e 60, tudo bem. Mas nasci na década de 80, e assistir a um filme como esse só dá para dar risada mesmo, inclusive do roteiro e dos nomes utilizados nele, como o planeta Metaluna, em guerra com Zagon, ou o alienígena de nome Exeter e seu aparelho comunicador chamado interocitor. Enfim, já disse que Metaluna está em uma ferrenha guerra contra Zagon, que vive bombardeando o planeta rival com naves espaciais que lançam meteoros (???!!!). A única forma de Metaluna se defender é através de um campo de força iônico que aos poucos está sendo destruído pela fúria dos ataques. Resta aos sobreviventes descobrir uma fonte de energia alternativa para conseguir manter o escudo funcionando, e é claro, que estamos falando de energia nuclear, a qual nós, reles terráqueos, sabemos manipular tão bem. Para isso, o líder de Metaluna, conhecido com O Monitor, envia um grupo de cientistas para a Terra, chefiados por Exeter (Jeff Morrow), um alienígena com aparência humana, mas com uma testa enorme, pele bronzeada e cabelos platinados, para recrutar as mentes mais brilhantes do planeta a fim de trabalhar em pesquisas com energia nuclear. O cientista, engenheiro eletrônico E piloto Dr. Cal Meacham (Rex Reason) o típico canastrão, petulante, mulherengo e cheio de pose dos anos 50, autoridade na áera de energia nuclear é convidado a se juntar a esse seleto grupo de cientistas, junto com a Dr. Ruth Adams (Faith Domergue). Aos poucos, Cal desconfia de Exeter e de seu comparsa Brack (de aparência quase idêntica) e de seu estranho confinamento e tenta uma fuga do local. Após a perseguição, ao tentarem escapar de avião, o casal de cientistas é raptado através de um raio trator que os leva para o interior da nave alienígena, onde são involuntariamente levados até Metaluna, só para serem testemunhas da iminente aniquilação do planeta. Só que o sabichão do Monitor queria na verdade transferir o planeta para nossa amada Terra. Enquanto Exeter acreditava em uma convivência pacífica entre os dois povos, Monitor queria mesmo era controlar nossa mente e nos tirar o livre arbítrio. E aí o paralelo com o medo comunista grita alto, assim como todos os problemas relacionados à Guerra Fria e a corrida armamentista entre os americanos e soviéticos, principalmente no que se diz respeito a estudos e controle da energia atômica, que poderiam ser usadas para fins bélicos. E nos momentos finais do filme, durante a fuga desesperada de Metaluna, somos agraciados com a presença da criatura mutante que serve para trabalhos braçais no planeta, o tal tosquíssimo alienígena verde com o cérebro gigante e olhos esbugalhados. Pronto, o monstro extraterrestre não aparece nem cinco minutos em cena com sua roupa de borracha, mas já é o suficiente para ele ficar eternizado como uma das mais significantes criaturas alienígenas da história do cinema de ficção científica. Tanto que na verdade, Guerra Entre Planetas é considerado parte do ciclo de monstros da Universal, como uma de suas últimas produções. Filmado em Technicolor o que dá um tremendo charme para o filme e ao mesmo tempo expõe ainda mais sua desastrosa passagem pelos anos (ainda mais hoje que chegamos a um nível absurdo de efeitos especiais), a fita é produzida por William Alland, famoso produtor da Universal que também foi responsável por outros clássicos do período para o estúdio, como: A Ameaça que Veio do Espaço, O Monstro da Lagoa Negra e Tarântula. Bom, como dizem por aí, clássico é clássico. É óbvio que Guerra Entre Planetas tem seu valor inestimável, contribuição importantíssima para o cinema fantástico e uma legião de fãs. Mas não dá para assistir sem dar muita risada, isso é verdade. E se meu texto está detonando o filme, mas com carinho, você precisa assistir a O Filme Mais Idiota do Mundo, tosquíssima tradução em português para o longa metragem da inteligente série de TV Mystery Science Theater 3000, onde Guerra Entre Planetas foi massacrado nesta paródia.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/04/78-guerra-entre-planetas-1955/
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