Direção: John Hancock
Roteiro: Ralph Rose,
Norman Jonas (baseado na obra de Sheridan Le Fanu – não creditado)
Produção: Charles B. Moss Jr., William Badalato (co-produtor)
Elenco: Zohra Lampert, Barton Heyman, Kevin O’Connor, Gretchen Corbett,
Mariclare Costello
Antes de qualquer
coisa, falem a verdade, se o título original de Sonhos Alucinantes (Let’s Scare
Jessica to Death) não é um dos melhores títulos de filmes de horror? Tirando
isso, a fita de John Hancock é extremamente original e versátil, difícil de
catalogar em um subgênero do terror. É um filme sobrenatural? Um filme sobre
alucinações? Ou um filme sobre vampiros ou zumbis? Pois é, em meio a trama
onírica surreal que permeia o longa, todos esses gêneros citados acima podem
ser encontrados em Sonhos Alucinantes. Isso porquê Jessica, seu marido
Duncan e o melhor amigo deles, Woody, mudam-se de Nova York para uma casa de
campo no interior, a fim de tentarem reconstruir a vida, pois durante os
últimos seis meses, Jessica ficou internada em uma instituição psiquiátrica. Ao
chegarem na nova casa, eles descobrem que ali há uma intrusa, a simpática
hippie Emily, que logo cativa a todos com seu sorriso fácil e habilidades no
banjo e é convidada a morar junto com eles. Nesse meio tempo, Jessica vive
sempre a sua eterna batalha contra a loucura, vivendo em um mundo limítrofe
dentro de sua mente, tentando separar o que é real e o que é alucinação, graças
às vozes que ouve e coisas estranhas que sempre vê. Tudo parece estar indo bem,
até essas alucinações se tornarem cada vez mais constantes, e a figura de Emily
passar a ser uma presença hostil, já que de alguma forma sinistra ela começa a
manipular os ali presentes, como Duncan, sente-se atraído por ela, algo que
também aconteceu com o Woody, e afeta a saúde mental de Jessica. O caldo
entorna de vez quando Jessica e Duncan vão à cidade tentar vender algumas
relíquias da casa nova, e descobrem um pouco mais sobre a história do lugar
onde estão morando, contada pelo vendedor da loja de antiguidades e sobre uma
suposta morte no lago perto da casa. Isso sem contar o comportamento deveras
estranho dos moradores da cidade. Daí para frente o clima começa a ficar
insustentável para o casal e a presença de espíritos e visões assustadoras
começa a perseguir cada vez mais Jessica, que não consegue mais distinguir a
realidade e o fruto de sua mente perturbada. E esse é um jogo que Hancock
consegue manter com maestria durante todo o filme, desde sua cena de abertura
até seu encerramento. Pois ficamos sempre com aquela pulga atrás da orelha e nunca
nos é entregue nenhuma resposta fácil e clichê, deixando o final completamente
em aberto para futuras reflexões, algo raríssimo no cinema de terror de hoje,
por exemplo. Isso sem contar alguns recursos técnicos utilizados que realmente
metem um baita medo, como a construção de um clima atmosférico e soturno, a
presença constante de uma névoa que circunda a casa, paisagens escuras e
lúgubres, sussurros, trilha sonora hipnótica e psicodélica típica dos anos 70,
e a atuação de Jessica, deslizando entre o contido e o histérico, construindo
uma personagem bastante crível e Emily, que começa com uma alegre garota cheia
das boas intenções, mas vai se transformando em uma personagem sombria e
manipuladora, e realmente assustadora na cena em que ela sai do lago vestido de
noiva!
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia
por sua conta e risco.
E sobre o tal lance
da mistura de gêneros, as alucinações e o sobrenatural ficaram claro no texto
até então. Mas onde diabos entra as histórias de vampiro e zumbi? Bom, primeiro
que o próprio dono da loja de antiguidades conta uma lenda sobre a garota morta
afogada nunca ter sido encontrada e que perambulava por aí viva até hoje como
uma vampira. Segundo que o filme é uma adaptação não oficial e não creditada do
clássico conto gótico de vampiros Carmilla, de Sheridan Le Fanu, que utiliza o
conceito do vampiro como uma aparição. E mais tarde essa lebre do vampirismo é
deixada de forma mais clara no filme, porém não escancarada. E os zumbis, dão
as caras no finalzinho, quando Jessica começa a ser perseguida por todos os
“mortos” da cidade. Só que são zumbis ou são fantasmas? É tudo coisa da cabeça
de Jessica ou esse combinado de elementos fantásticos está realmente em seu
encalço? A própria personagem se questiona em relação a isso em seu solilóquio
final. O autor do título em português imparcialmente já nos deu sua opinião. E
você? O que acha? Essas perguntas sem resposta fazem de Sonhos
Alucinantes um grande filme de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/05/256-sonhos-alucinantes-1971/
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