sexta-feira, 25 de setembro de 2015

#256 1971 SONHOS ALUCINANTES (Let’s Scare Jessica to Death, EUA)


Direção: John Hancock
Roteiro: Ralph Rose, Norman Jonas (baseado na obra de Sheridan Le Fanu – não creditado)
Produção: Charles B. Moss Jr., William Badalato (co-produtor)
Elenco: Zohra Lampert, Barton Heyman, Kevin O’Connor, Gretchen Corbett, Mariclare Costello

Antes de qualquer coisa, falem a verdade, se o título original de Sonhos Alucinantes (Let’s Scare Jessica to Death) não é um dos melhores títulos de filmes de horror? Tirando isso, a fita de John Hancock é extremamente original e versátil, difícil de catalogar em um subgênero do terror. É um filme sobrenatural? Um filme sobre alucinações? Ou um filme sobre vampiros ou zumbis? Pois é, em meio a trama onírica surreal que permeia o longa, todos esses gêneros citados acima podem ser encontrados em Sonhos Alucinantes. Isso porquê Jessica, seu marido Duncan e o melhor amigo deles, Woody, mudam-se de Nova York para uma casa de campo no interior, a fim de tentarem reconstruir a vida, pois durante os últimos seis meses, Jessica ficou internada em uma instituição psiquiátrica. Ao chegarem na nova casa, eles descobrem que ali há uma intrusa, a simpática hippie Emily, que logo cativa a todos com seu sorriso fácil e habilidades no banjo e é convidada a morar junto com eles. Nesse meio tempo, Jessica vive sempre a sua eterna batalha contra a loucura, vivendo em um mundo limítrofe dentro de sua mente, tentando separar o que é real e o que é alucinação, graças às vozes que ouve e coisas estranhas que sempre vê. Tudo parece estar indo bem, até essas alucinações se tornarem cada vez mais constantes, e a figura de Emily passar a ser uma presença hostil, já que de alguma forma sinistra ela começa a manipular os ali presentes, como Duncan, sente-se atraído por ela, algo que também aconteceu com o Woody, e afeta a saúde mental de Jessica. O caldo entorna de vez quando Jessica e Duncan vão à cidade tentar vender algumas relíquias da casa nova, e descobrem um pouco mais sobre a história do lugar onde estão morando, contada pelo vendedor da loja de antiguidades e sobre uma suposta morte no lago perto da casa. Isso sem contar o comportamento deveras estranho dos moradores da cidade. Daí para frente o clima começa a ficar insustentável para o casal e a presença de espíritos e visões assustadoras começa a perseguir cada vez mais Jessica, que não consegue mais distinguir a realidade e o fruto de sua mente perturbada. E esse é um jogo que Hancock consegue manter com maestria durante todo o filme, desde sua cena de abertura até seu encerramento. Pois ficamos sempre com aquela pulga atrás da orelha e nunca nos é entregue nenhuma resposta fácil e clichê, deixando o final completamente em aberto para futuras reflexões, algo raríssimo no cinema de terror de hoje, por exemplo. Isso sem contar alguns recursos técnicos utilizados que realmente metem um baita medo, como a construção de um clima atmosférico e soturno, a presença constante de uma névoa que circunda a casa, paisagens escuras e lúgubres, sussurros, trilha sonora hipnótica e psicodélica típica dos anos 70, e a atuação de Jessica, deslizando entre o contido e o histérico, construindo uma personagem bastante crível e Emily, que começa com uma alegre garota cheia das boas intenções, mas vai se transformando em uma personagem sombria e manipuladora, e realmente assustadora na cena em que ela sai do lago vestido de noiva!
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
E sobre o tal lance da mistura de gêneros, as alucinações e o sobrenatural ficaram claro no texto até então. Mas onde diabos entra as histórias de vampiro e zumbi? Bom, primeiro que o próprio dono da loja de antiguidades conta uma lenda sobre a garota morta afogada nunca ter sido encontrada e que perambulava por aí viva até hoje como uma vampira. Segundo que o filme é uma adaptação não oficial e não creditada do clássico conto gótico de vampiros Carmilla, de Sheridan Le Fanu, que utiliza o conceito do vampiro como uma aparição. E mais tarde essa lebre do vampirismo é deixada de forma mais clara no filme, porém não escancarada. E os zumbis, dão as caras no finalzinho, quando Jessica começa a ser perseguida por todos os “mortos” da cidade. Só que são zumbis ou são fantasmas? É tudo coisa da cabeça de Jessica ou esse combinado de elementos fantásticos está realmente em seu encalço? A própria personagem se questiona em relação a isso em seu solilóquio final. O autor do título em português imparcialmente já nos deu sua opinião. E você? O que acha? Essas perguntas sem resposta fazem de Sonhos Alucinantes um grande filme de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/05/256-sonhos-alucinantes-1971/

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