Direção:Jesús Franco
Roteiro: Jesús
Franco
Produção: Artur
Brauner, Arturo Marcos, Karl Heinz Mannchen (Produtor Executivo)
Elenco: Soledad
Miranda, Fred Williams, Paul Muller, Howard Vernon, Ewa Strömberg, Horst
Tappert
Ela Matou
em Êxtase é a
sublimação entre o diretor Jesús “Jess” Franco, o pai do euro trash e sua
principal musa, a atriz Soledad Miranda. Uma história de vingança inspirado por A
Noiva Estava de Preto de François Truffaut. Só que esqueça o brilhante
diretor francês, substituindo-o pela bagaceira típica de Franco, trilha sonora
esdrúxula de Manfred Hübler e Sigi Schwab e frames e mais frames de Soledad nua
em pelo (e coloque pelo nisso!). Sabe aquela seriezinha meia boca Revenge,
que passa aqui no Brasil no canal por assinatura Sony e a Rede Globo alardeou
tanto de ter exibido aos domingos depois do Fantástico? Esqueça! Isso aqui sim
é trama de vingança que enche os olhos (não só pela beleza e nudez de Soledad),
mas pelo plano arquitetado para assassinar friamente e de forma completamente
desequilibrada e estabanada, todos aqueles que fizeram mal ao seu marido. Seguindo
o estilo dos filmes de Franco, este cult do diretor espanhol não
poupa no sangue, nudez, lesbianismo, erotismo exacerbado e mortes bizarras. Na
trama, o brilhante Dr. Johnson (Fred Williams) é execrado por um comitê médico,
formado pelos notáveis Dr. Franklin Houston (Paul Muller), Prof. Jonathan
Walker (Horward Vernon, de O Terrível
Dr. Orlofftambém de
Franco), Dra. Crawford (Ewa Stroemberg) e o Dr. Donen (vivido pelo próprio
Franco) quando sua pesquisa científica com embriões humanos é rechaçada,
acusado de praticar atos contra a ética médica e a humanidade em si. Ainda como
se não bastasse, além de bani-lo, os escroques ainda destroem o seu
laboratório. O Dr. Johnson fica transtornado, e entra em uma profunda crise de
depressão e síndrome do pânico, trancafiado em seu quarto, e nem as carícias de
sua esposa, a Sra. Johnson (papel da Soledad Miranda) conseguem animá-lo. Não
dá outra, e o Dr. Johnson acaba cometendo o suicídio. É aqui que a Sra. Johnson
começa a arquitetar seu plano de vingança, indo atrás de cada um daqueles
responsáveis pela morte do marido. O mais engraçado é como TODO MUNDO cai em
seus encantos como uns idiotas. É só ela chegar, ficar peladona, que pronto. Já
consegue a sua vítima! O primeiro a bater as botas é o Dr. Walker, que tem a
garganta cortada e o pau decepado. A vingativa esposa também sempre deixa um
bilhete, o que faz os outros três se precaverem, pero no mucho, e
desconfiarem da moçoila. A Dra. Crawford é a próxima vítima, que também cai no
xavequinho furado da Sra. Johnson, e a leva para o quarto para colar velcro com
ela. Essa daqui morre asfixiada com um travesseiro de plástico, que mais parece
uma boia de piscina. Com os assassinatos, o Dr. Houston tenta resistir aos
encantos da justiceira, mesmo sabendo já quem ela é, mas também não dá muito
certo. Afinal, nada que um beijinho e um peitinho de fora não resolva, e ele é
morto com uma tesourada. O que não nos deixa escapar é o fato dela matar todo mundo
nua, deixar toneladas de impressões digitais em cada corpo e simplesmente a
polícia não conseguir encontrar a assassina. Enfim, depois de ter eliminado
todos os culpados, o final é completamente insatisfatório e apressado, mas que
não compromete a obra. Ela Matou em Êxtase é de uma plasticidade ímpar no
que se refere aos nuances e ao estilo Jesús Franco de fazer cinema. Rodado
juntamente e com a mesma equipe de seu longa anterior, Vampiros Lesbos, Franco, como de praxe abusa de seus zooms invasivos
de forma exagerada e traveste o filme de metáforas revelando personagens
hipócritas e amorais que escondem suas perversões por trás da digníssima
medicina. Fora isso, é o olhar clínico do diretor espanhol em conseguir captar
e extrair toda a beleza hipnótica de Soleda Miranda, com suas tomadas
pseudo-eróticas, deslizando como uma ninfa pelas telas. Vale lembrar que este é
um filme póstumo da atriz fetiche de Franco, lançado um ano depois de sua
trágica morte durante um acidente de carro (alguma premonição macabra com a
cena final deEla Matou em Êxtase?). Para os neófitos em sua filmografia, sugiro
assistir primeiro Ela Matou em Êxtase do que Vampiros Lesbos,
por possuir uma trama mais inteligível, linear e sem todos os abstracionismos e
simbolismos do filme vampírico de Franco. Porque apesar de todo o trash, a
precariedade cênica e a trilha sonora desconcertante de uma mistura de jazz,
funk e disco music que destoa do texto “pesado” da fita, salta aos olhos a
atuação de Soledad Miranda e os dotes de Jesús como diretor.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/21/244-ela-matou-em-extase-1971/
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