sexta-feira, 25 de setembro de 2015

#257 1971 A ÚLTIMA ESPERANÇA SOBRE A TERRA (The Omega Man, EUA)


Direção: Boris Sagal
Roteiro: John William Corrington, Joyce Hooper Corrington (baseado na obra de Richard Matheson)
Produção: Walter Seltzer
Elenco: Charlton Heston, Anthony Zerbe, Rosalind Cash, Paul Koslo, Eric Laneuville, Lincoln Kilpatrick

A Última Esperança da Terra é a segunda incursão ao cinema do livro clássico de Richard Matheson, que já havia sido adaptado antes no ótimo Mortos que Matam, com Vincent Price no elenco, e mais tarde, na super produção Eu Sou a Lenda, com Will Smith fazendo às vezes do único humano sobrevivente da face do planeta. Talvez o mais clássico filme dos três, principalmente por conta de sua visão peculiar dos infectados, aqueles que não morreram devido ao poderoso vírus que dizimou a população mundial graças a uma epidemia de proporções bíblicas, e ao invés de se tornarem zumbis/vampiros como no livro ou nos dois outros filmes, anterior e posterior, acabaram sendo representadas por criaturas albinas mutantes, fotossensíveis, que vestido em seus trajes negros com capuz, se organizam em uma seita chamada A Família, que tem como único objetivo reconstruir nossa sociedade longe dos perigos tecnológicos e científicos (considerados hereges por eles), não repetindo os erros do passado, e se livrar o Homem Ômega, Robert Neville, vivido por Charlon “Ben-Hur” Heston. Neville, outrora proeminente cientista, desenvolveu uma vacina especial para tentar acabar com a praga, liberada por uma guerra biológica entre a União Soviética e a China (malditos comunistas!), porém ainda sem testá-la, sobrevive a um acidente de helicóptero (onde deveria ter morrido, já que o mesmo se espatifou no chão e explodiu, mas ele é o Ben-Hur, Moisés, George Taylor, né, então…) e injeta a vacina em si antes que seja infectado pelo vírus que abateu o piloto da aeronave. Com isso, Neville cria anticorpos e torna-se imune a pandemia global, sendo o único sobrevivente de uma Los Angeles vazia. Durante o dia, ele passa seu tempo tentando desenvolver uma cura, descobrir o covil da Família, conseguir gasolina, assistir no cinema Woodstock repetidas vezes e “fazer compras” na cidade. Durante a noite, ele precisa lutar por sua vida, quando o bando fundamentalista-albino-mutante liderado por Matthias (Anthony Zerbe) tenta destrui-lo com tochas e catapultas, e para relaxar, às vezes joga xadrez com um manequim que usa quepe e frita linguiças (que não estragou após dois anos, assim como o famoso bacon de Eu Sou A Lenda que não estragou depois de três). Com todo respeito, Heston não chega aos pés de Vincent Price. Enquanto a atuação do mestre é contida e ao mesmo tempo, carregada de enorme carga dramática enquanto aos poucos ele vai perdendo a sanidade, devido a solidão, ao confinamento e ao desespero, o sobrevivente de Heston é um caricato republicano machão, atlético, herói de uma nação, invencível com sua metralhadora, que dispara tanto quanto suas piadinhas sarcásticas e autoconfiança exacerbada. E essa é a tônica do filme na verdade. Um sci-fi de ação que esquece o lado claustrofóbico e vampiresco da trama do filme anterior e do livro, substituindo por socos, pontapés, escapadas e conotações racistas e xenofóbicas subliminares. E ainda acentuando mais o clima de escracho, quando Neville descobre que não está sozinho, ele encontra um grupo liderado por Lisa, uma heroína que parece ter saído diretamente de um filme blaxsploitation, que não demora muito a cair nos encantos de Heston com seu grande sorriso de cavalo esbranquiçado. Algumas das cenas entre os dois (e também alguns diálogos) e as sequências de ação do filme, são das mais piegas possíveis, com a surtada trilha sonora que mistura jazz com funk music setentista, provocando muito mais o riso do que qualquer outro tipo de sensação. A direção de Boris Sagal, mais famoso por dirigir filmes para TV, também deixa muita a desejar, sem ousar nem um pouco, parecendo que você está assistindo um loop contínuo, com os personagens passando exatamente pelas mesmas situações durante todos os 98 minutos do filme. Muito disso por conta do desenrolar do roteiro escrito a quatro mãos, pelo casal John e Joyce Corrington, que poderia explorar os diversos meandros e características psicológicas e sociais que um filme desse porte poderia conter, ainda mais introduzindo o elemento da Família, seres racionais e dotados de uma forte doutrina ludita e teocrática, que acabaram substituindo os simples, porém eficazes vampiros/ zumbis do livro.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/06/257-a-ultima-esperanca-da-terra-1971/

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