quinta-feira, 17 de setembro de 2015

#249 1971 A IRMANDADE DE SATANÁS (The Broterhood of Satan, EUA)


Direção: Bernard McEveety
Roteiro: L.Q. Jones, William Welch, Sean MacGregor (história)
Produção: L.Q. Jones, Alvy Moore, Sheila Clague (Produtor Associado)
Elenco: Strother Martin, L.Q. Jones, Charles Bateman, Ahna Capri, Charles Robindon, Alvy Moore

Eu aposto R$ 10 que em algum momento da sua vida você pensou ou falou a seguinte frase: “não se faz mais filmes de terror como antigamente”. Acertei? Pois bem, A Irmandade de Satanás é um desses “filmes de antigamente” que com certeza dá vontade de usar essa famosa expressão entre os fãs do horror. E geralmente esta frase é usada quando se trata de filmes tipicamente dos anos 70 ou dos anos 80. E A Irmandade de Satanás tem toda essa estética e aura dos filmes setentistas. Porém, é uma produção subestimada, mas que para mim, facilmente se encaixa na mesma leva de outras fitas pessimistas como O ExorcistaA Profecia e A Sentinela dos Malditos, apesar da clara inspiração em O Bebê de Rosemary do final da década anterior, e que parece também ter servido de inspiração futura para Colheita Maldita de Stephen King e tantos outros. Trocando em miúdos, espere por satanismo, bruxas, seitas e demônios comendo soltos. Escrito, produzido e estrelado por L.Q. Jones (que não há mais nada de relevante no universo de horror em seu currículo), baseado em uma história de Sean MacGregor, a sinistra trama de A Irmandade de Satanás traz uma… hã… irmandade de adoradores de satanás! Ben (Charles Bateman), sua filha K.T. (Geri Reischl) e sua esposa Nicky (a loiraça Ahna Capri) estão viajando pelo interior dos EUA para passar o aniversário da menina na casa da sua avó, quando ao passarem pela erma cidade de Hillsboro, avistam um terrível acidente de carro, com todos os seus ocupantes completamente destroçados e esmagados. Com o intuito de pedir ajuda, o casal e a garota vão até a delegacia da cidadezinha, e lá primeiramente são hostilizados como forasteiros indesejados, saindo correndo do lugar e pegando a estrada novamente. É quando uma figura espectral de uma garotinha aparece no meio do deserto e faz Ben perder o controle do veículo e bater em uma árvore. Para pedir ajuda, a família se vê obrigada a voltar para Hillsboro. Agora na delegacia, junto do xerife (vivido pelo próprio L.Q. Jones), seu assistente Tobey (Alvy Moore – também um dos produtores), um padre (Charles Robinson) e o doutor Duncan (Strother Martin – mais conhecido pelo seu papel como cientista louco de O Homem-Cobra), recém-chegado à cidade, eles ficam a par dos eventos nada usuais pelos quais a cidadezinha está passando. Envolvidos no desaparecimento de 11 crianças, uma série de assassinatos brutais e na incapacidade dos munícipes em deixar a cidade, o padre ventila a ideia de que o local está sob o domínio de uma poderosa força maligna, liderada por um culto local de velhos adoradores de satanás, que pretende por meio de bruxaria das bravas, encontrar a imortalidade, usando os corpos das crianças, como receptáculos de suas próprias almas. E justamente a décima terceira criança é K.T., a filha de Ben, o que aumentará os esforços dele, junto dos demais, em tentar localizar o paradeiro das crianças e impedir que uma maldade sem precedentes recaia sobre todos os moradores antes que seja tarde demais. No meio desta trama legal pacas, o diretor Bernard McEveety, que também não dirigiu mais nada relevante, além de diversos seriados e filmes para TV, acerta a mão misturando algumas cenas contundentes (como a emblemática morte de um dos moradores, pai de duas crianças, que está lendo o poema “Thanatopsis” de William Cullen Bryant e começa a ter uma poderosa convulsão; ou quando um dos pais é decepado por um sinistro cavaleiro que aparece vestido em uma armadura; o selvagem ataque de uma mulher espancada até a morte pelos demais membros da seita; ou mesmo o sacrifício final do ritual satânico) com imagens alucinógenas de pesadelos tétricos, muito bem pontuados pelo uso estourado de cores quentes e grandes angulares, além de edição precisa, e acompanhado pela inquietante trilha sonora de Jaime Mendoza-Nava. Uma curiosidade que lembra os tempos dos filmes de William Castle com seus gimmicks é que em alguns cinemas onde A Irmandade de Satã fora exibido, o pública ganhou um pacote de sementes chamado de “Satan’s Soul” ao comprar as entradas. Cada envelope, ilustrado com o logo do filme, continha duas sementes que segundo as instruções, funcionariam como proteção da magia negra daquela irmandade de satanás. E vejam só, o longa-metragem foi exibido em sessões duplas junto com THX 1138, primeiro filme de George Lucas. A Irmandade de Satanás é um baita filme de terror. Daqueles memoráveis, recomendado para todo e qualquer fã assistir na sala escura de madrugada. Mais um fruto de uma época incontestável para o gênero, que nunca mais voltará, e que por mais que o cinema de terror coma arroz com feijão hoje em dia, nunca conseguirá obter resultados parecidos. Por essas e outras sempre pensamos/ falamos a tal frase com relação aos “filmes de antigamente”.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/28/249-a-irmandade-de-satanas-1971/


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