Direção: Bernard
McEveety
Roteiro: L.Q.
Jones, William Welch, Sean MacGregor (história)
Produção: L.Q. Jones, Alvy
Moore, Sheila Clague (Produtor Associado)
Elenco: Strother
Martin, L.Q. Jones, Charles Bateman, Ahna Capri, Charles Robindon, Alvy Moore
Eu aposto R$ 10 que em algum
momento da sua vida você pensou ou falou a seguinte frase: “não se faz mais
filmes de terror como antigamente”. Acertei? Pois bem, A Irmandade de Satanás é um desses “filmes de
antigamente” que com certeza dá vontade de usar essa famosa expressão entre os
fãs do horror. E geralmente esta frase é usada quando se trata de filmes
tipicamente dos anos 70 ou dos anos 80. E A Irmandade de Satanás tem
toda essa estética e aura dos filmes setentistas. Porém, é uma produção
subestimada, mas que para mim, facilmente se encaixa na mesma leva de outras
fitas pessimistas como O Exorcista, A Profecia e A Sentinela dos
Malditos, apesar da clara inspiração em O Bebê de Rosemary do final da década anterior, e que parece
também ter servido de inspiração futura para Colheita Maldita de
Stephen King e tantos outros. Trocando em miúdos, espere por satanismo, bruxas,
seitas e demônios comendo soltos. Escrito, produzido e estrelado por L.Q. Jones
(que não há mais nada de relevante no universo de horror em seu currículo),
baseado em uma história de Sean MacGregor, a sinistra trama de A Irmandade
de Satanás traz uma… hã… irmandade de adoradores de satanás! Ben (Charles
Bateman), sua filha K.T. (Geri Reischl) e sua esposa Nicky (a loiraça Ahna
Capri) estão viajando pelo interior dos EUA para passar o aniversário da menina
na casa da sua avó, quando ao passarem pela erma cidade de Hillsboro, avistam
um terrível acidente de carro, com todos os seus ocupantes completamente
destroçados e esmagados. Com o intuito de pedir ajuda, o casal e a garota vão
até a delegacia da cidadezinha, e lá primeiramente são hostilizados como
forasteiros indesejados, saindo correndo do lugar e pegando a estrada
novamente. É quando uma figura espectral de uma garotinha aparece no meio do
deserto e faz Ben perder o controle do veículo e bater em uma árvore. Para
pedir ajuda, a família se vê obrigada a voltar para Hillsboro. Agora na
delegacia, junto do xerife (vivido pelo próprio L.Q. Jones), seu assistente
Tobey (Alvy Moore – também um dos produtores), um padre (Charles Robinson) e o
doutor Duncan (Strother Martin – mais conhecido pelo seu papel como cientista
louco de O Homem-Cobra), recém-chegado à cidade, eles ficam a par dos
eventos nada usuais pelos quais a cidadezinha está passando. Envolvidos no
desaparecimento de 11 crianças, uma série de assassinatos brutais e na
incapacidade dos munícipes em deixar a cidade, o padre ventila a ideia de que o
local está sob o domínio de uma poderosa força maligna, liderada por um culto
local de velhos adoradores de satanás, que pretende por meio de bruxaria das
bravas, encontrar a imortalidade, usando os corpos das crianças, como
receptáculos de suas próprias almas. E justamente a décima terceira criança é
K.T., a filha de Ben, o que aumentará os esforços dele, junto dos demais, em
tentar localizar o paradeiro das crianças e impedir que uma maldade sem
precedentes recaia sobre todos os moradores antes que seja tarde demais. No
meio desta trama legal pacas, o diretor Bernard McEveety, que também não
dirigiu mais nada relevante, além de diversos seriados e filmes para TV, acerta
a mão misturando algumas cenas contundentes (como a emblemática morte de um dos
moradores, pai de duas crianças, que está lendo o poema “Thanatopsis” de
William Cullen Bryant e começa a ter uma poderosa convulsão; ou quando um dos
pais é decepado por um sinistro cavaleiro que aparece vestido em uma armadura;
o selvagem ataque de uma mulher espancada até a morte pelos demais membros da
seita; ou mesmo o sacrifício final do ritual satânico) com imagens alucinógenas
de pesadelos tétricos, muito bem pontuados pelo uso estourado de cores quentes
e grandes angulares, além de edição precisa, e acompanhado pela inquietante
trilha sonora de Jaime Mendoza-Nava. Uma curiosidade que lembra os tempos dos
filmes de William Castle com seus gimmicks é que em alguns cinemas
onde A Irmandade de Satã fora exibido, o pública ganhou um pacote de
sementes chamado de “Satan’s Soul” ao comprar as entradas. Cada envelope,
ilustrado com o logo do filme, continha duas sementes que segundo as
instruções, funcionariam como proteção da magia negra daquela irmandade de
satanás. E vejam só, o longa-metragem foi exibido em sessões duplas junto
com THX 1138, primeiro filme de George Lucas. A Irmandade de
Satanás é um baita filme de terror. Daqueles memoráveis, recomendado para
todo e qualquer fã assistir na sala escura de madrugada. Mais um fruto de uma
época incontestável para o gênero, que nunca mais voltará, e que por mais que o
cinema de terror coma arroz com feijão hoje em dia, nunca conseguirá obter
resultados parecidos. Por essas e outras sempre pensamos/ falamos a tal frase
com relação aos “filmes de antigamente”.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/28/249-a-irmandade-de-satanas-1971/
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