sábado, 19 de setembro de 2015

#252 1971 A MANSÃO DA MORTE (Reazione a catena / Bay of Blood / Twitch of the Death Nerve / Bloodbath, Itália)


Direção: Mario Bava
Roteiro: Mario Bava, Filippo Ottoni, Giuseppe Zaccariello, Franco Barberi e Dardano Sacchetti (história)
Produção: Giuseppe Zaccariello
Elenco: Claudine Auger, Luigi Pistilli, Claudio Volonté, Anna M. Rosati, Chris Avram

Já assistiu Sexta-Feira 13, certo? E se eu dissesse para você que ele é uma cópia deslavada de A Mansão da Morte, que no Brasil também ficou conhecido como Banho de Sangue e até O Sexo na Sua Forma Mais Violenta (oi???!!!), filme do mestre italiano do macabro Mario Bava, que aqui criou a gênese do que viria a ser o slasher, tão popular no cinema de horror adolescente dos anos 80. Só que diferentemente de qualquer massacre futuro que Jason Voohrees tenha praticado, ou qualquer outro filme slasher já feito, A Mansão da Morte tem dois toques particulares incapaz de serem imitados: primeiro é claro, a fotografia e direção de Bava. E segundo, um roteiro afiado, intrigante, bem construído e com uma reviravolta espetacular em seu final, além de alta dose de sarcasmo e de humor negro, inspirado em uma história original de Dardano Sarchetti, que já havia roteirizado alguns dos gialli de Dario Argento. E mesmo que A Mansão da Morte não traga o mesmo esmero técnico que produções anteriores como As Três Máscaras do TerrorSeis Mulheres para o Assassino e Mata Bebê, Mata!, aqui Bava apresenta uma de suas obras mais violentas e explícitas, com direito a muito sangue e assassinatos cruéis, que viria a inspirar compatriotas como Lucio Fulci, Sérgio Martino e o próprio Argento, além é claro de toda a franquia Halloween e Sexta-Feira 13, entre outras. E voltando a falar de Sexta-Feira 13, algumas comparações são inevitáveis com o filme de Sean S. Cunningham e suas sequências infindáveis, mostrando o quanto ele foi plagiado de A Mansão da Morte, como: a ambientação na beira de um lago (Crystal Lake, alguém?), só que aqui uma Baía que é onde se passa toda a trama; jovens inconsequentes que aparecem na trama apenas para serem trucidados violentamente, fazem sexo e vão nadar pelados no lago; e um assassino espreitando na mata, entre arbustos e árvores, onde a câmera faz às vezes de seu POV. Até certas mortes praticadas por Jason ou sua mãe são idênticas. Uma delas, Marcie, a namoradinha do personagem de Kevin Bacon, leva no Sexta-Feira 13 original uma machadada no meio do rosto I-GUAL-ZI-NHA a facada tomada por Bob, um desses rapazes que citei no parágrafo acima. Outra morte que é cuspida e escarrada são os jovens na cama sendo atravessados por uma lança, pegos na hora do coito, copiada em Sexta-Feira 13: Parte 2. Enfim, comparações a parte, como disse, um dos diferenciais de A Mansão da Morte é o roteiro que vai apresentando personagens um mais ganancioso e inescrupuloso que o outro, sem um pingo de moral, capaz de fazer qualquer coisa para conseguir atingir seus objetivos. Isso por que a tal Baía é propriedade da Condessa Federica Donati, uma velha senhora em uma cadeira de rodas, que já é assassinada logo no prólogo do filme, em uma tentativa de se forjar um suicídio. Você até pensa que o que vem por aí é mais um giallo quando surge um assassino usando luvas pretas de couro e por aí vai, mas logo a face desse assassino é revelada, que mais tarde ficamos sabendo que era o libertino marido da Condessa, Conde Filippo Donati, para logo na sequência ele ser assassinado também. A coisa só vai se complicando e gerando uma reação em cadeia (daí o título original do filme, em italiano), quando diversos interesses entram em jogo ao descobrirmos que Frederica foi assassinada por não querer vender a Baía, sua propriedade legítima, para a construção de um resort no local. Esse imbróglio acaba envolvendo além de seu marido, já também morto nessa altura do campeonato, o filho bastardo da Condessa, o pescador Simon; um esquisito entomólogo casado com uma cartomante surtada que moram no local; Frank Ventura, o interessado em comprar a Baía e sua namorada, e Renata, filha de  Filippo, herdeira legítima da Baía, junto com seu marido Albert, mãe e pai de dois filhos (imprescindíveis no final do filme). Ah, e não esqueça dos jovens em viagem que param na Baía, invadem uma das casas (porque é isso que as pessoas fazem para se divertir) e são eliminados um por um, incluindo a belíssima Brunhilda (interpretada por Brigitte Skay), aquela que vai nadar no lago peladinha e passa assim grande parte do curto tempo que aparece em cena, para nossa alegria. A maquiagem de Franco Freda nos entrega cenas extremamente gráficas, com direito até a uma decapitação com uma machadinha e a trilha sonora de Stelvio Cipriani ajuda na construção de todo clima de suspense. Mas o que salta aos olhos em A Mansão da Morte é a direção de Bava, que coloca o público, de forma incômoda até demais, como um espectador impotente, porém curioso, testemunha ocular do assassinato e do voyeurismo, e o roteiro inteligente e refinado, que vai criando um espiral de catástrofes praticada pela mesquinharia de todos os personagens envolvidos naquele balaio de gato, até chegar ao seu surpreendente final com a saída deliciosamente sádica e de um humor negro imensurável que Bava encontrou para nos mostrar que o “crime não compensa”, deixando qualquer um que esteja assistindo o filme embasbacado. Um filmaço!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/30/252-a-mansao-da-morte-1971/

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