Direção: Mario Bava
Roteiro: Mario Bava, Filippo Ottoni, Giuseppe
Zaccariello, Franco Barberi e Dardano Sacchetti (história)
Produção: Giuseppe Zaccariello
Elenco: Claudine Auger, Luigi Pistilli, Claudio
Volonté, Anna M. Rosati, Chris Avram
Já assistiu Sexta-Feira 13, certo? E se eu
dissesse para você que ele é uma cópia deslavada de A Mansão da Morte, que no Brasil
também ficou conhecido como Banho de Sangue e até O
Sexo na Sua Forma Mais Violenta (oi???!!!), filme do mestre italiano
do macabro Mario Bava, que aqui criou a gênese do que viria a ser o slasher, tão popular no cinema de
horror adolescente dos anos 80. Só que diferentemente de qualquer massacre
futuro que Jason Voohrees tenha praticado, ou qualquer outro filme slasher já feito, A
Mansão da Morte tem dois toques particulares incapaz de serem
imitados: primeiro é claro, a fotografia e direção de Bava. E segundo, um
roteiro afiado, intrigante, bem construído e com uma reviravolta espetacular em
seu final, além de alta dose de sarcasmo e de humor negro, inspirado em uma
história original de Dardano Sarchetti, que já havia roteirizado alguns dos
gialli de Dario Argento. E mesmo que A Mansão da Morte não
traga o mesmo esmero técnico que produções anteriores como As Três Máscaras do Terror, Seis Mulheres para o Assassino e Mata Bebê, Mata!, aqui Bava apresenta
uma de suas obras mais violentas e explícitas, com direito a muito sangue e
assassinatos cruéis, que viria a inspirar compatriotas como Lucio Fulci, Sérgio
Martino e o próprio Argento, além é claro de toda a franquia Halloween e
Sexta-Feira 13, entre outras. E voltando a falar de Sexta-Feira 13, algumas
comparações são inevitáveis com o filme de Sean S. Cunningham e suas sequências
infindáveis, mostrando o quanto ele foi plagiado de A Mansão da Morte,
como: a ambientação na beira de um lago (Crystal Lake, alguém?), só que aqui
uma Baía que é onde se passa toda a trama; jovens inconsequentes que aparecem
na trama apenas para serem trucidados violentamente, fazem sexo e vão nadar
pelados no lago; e um assassino espreitando na mata, entre arbustos e árvores,
onde a câmera faz às vezes de seu POV. Até certas mortes praticadas por Jason
ou sua mãe são idênticas. Uma delas, Marcie, a namoradinha do personagem de
Kevin Bacon, leva no Sexta-Feira 13 original uma machadada no meio
do rosto I-GUAL-ZI-NHA a facada tomada por Bob, um desses rapazes que citei no
parágrafo acima. Outra morte que é cuspida e escarrada são os jovens na cama
sendo atravessados por uma lança, pegos na hora do coito, copiada em Sexta-Feira 13:
Parte 2.
Enfim, comparações a parte, como disse, um dos diferenciais de A Mansão
da Morte é o roteiro que vai apresentando personagens um mais
ganancioso e inescrupuloso que o outro, sem um pingo de moral, capaz de fazer
qualquer coisa para conseguir atingir seus objetivos. Isso por que a tal Baía é
propriedade da Condessa Federica Donati, uma velha senhora em uma cadeira de rodas,
que já é assassinada logo no prólogo do filme, em uma tentativa de se forjar um
suicídio. Você até pensa que o que vem por aí é mais um giallo quando surge um assassino
usando luvas pretas de couro e por aí vai, mas logo a face desse assassino é
revelada, que mais tarde ficamos sabendo que era o libertino marido da
Condessa, Conde Filippo Donati, para logo na sequência ele ser assassinado
também. A coisa só vai se complicando e gerando uma reação em cadeia (daí o
título original do filme, em italiano), quando diversos interesses entram em
jogo ao descobrirmos que Frederica foi assassinada por não querer vender a
Baía, sua propriedade legítima, para a construção de um resort no local. Esse
imbróglio acaba envolvendo além de seu marido, já também morto nessa altura do
campeonato, o filho bastardo da Condessa, o pescador Simon; um esquisito
entomólogo casado com uma cartomante surtada que moram no local; Frank Ventura,
o interessado em comprar a Baía e sua namorada, e Renata, filha de
Filippo, herdeira legítima da Baía, junto com seu marido Albert, mãe e pai de
dois filhos (imprescindíveis no final do filme). Ah, e não esqueça dos jovens
em viagem que param na Baía, invadem uma das casas (porque é isso que as
pessoas fazem para se divertir) e são eliminados um por um, incluindo a
belíssima Brunhilda (interpretada por Brigitte Skay), aquela que vai nadar no
lago peladinha e passa assim grande parte do curto tempo que aparece em cena,
para nossa alegria. A maquiagem de Franco Freda nos entrega cenas extremamente
gráficas, com direito até a uma decapitação com uma machadinha e a trilha
sonora de Stelvio Cipriani ajuda na construção de todo clima de suspense. Mas o
que salta aos olhos em A Mansão da Morte é a direção de Bava,
que coloca o público, de forma incômoda até demais, como um espectador
impotente, porém curioso, testemunha ocular do assassinato e do voyeurismo, e o
roteiro inteligente e refinado, que vai criando um espiral de catástrofes
praticada pela mesquinharia de todos os personagens envolvidos naquele balaio
de gato, até chegar ao seu surpreendente final com a saída deliciosamente
sádica e de um humor negro imensurável que Bava encontrou para nos mostrar que
o “crime não compensa”, deixando qualquer um que esteja assistindo o filme
embasbacado. Um filmaço!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/30/252-a-mansao-da-morte-1971/
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