Direção: Daniel
Mann
Roteiro: Gilbert
Ralston (baseado na obra de Stephen Gilbert)
Produção: Mort
Briskin, Charles A. Pratt (Produtor Executivo)
Elenco: Bruce
Davison, Sondra Locke, Elsa Lanchester, Michael Dante, Jody Gilbert, Ernest
Borgnine
Sabe A
Vingança de Willard, certo? Aquele filme com o Crispin Glover, que fez até
relativo sucesso no Brasil, onde um garoto deslocado socialmente, tímido e que
é feito de gato e sapato pelo patrão faz amizade com ratos? Pois bem, Calafrio é a
versão original desse filme, de 1971, dirigido por Daniel Mann. Baseado no
livro do obscuro irlandês Stephen Gilbert, The Ratman’s Notebook, a base da
história é a mesma se você conhece a versão mais recente: Willard Stiles (aqui
interpretado por um novo Bruce Davidson, o Senador Robert Kelly do primeiro
filmes dos X-Men e o Dr. Stegman de Kingdom Hospital, aquela série do Stephen
King) perdeu o pai muito novo, e teve que cuidar de um casarão caindo aos
pedaços e de sua velha e decrépita mãe esclerosada (vivida por Elsa Lanchester,
a eterna noiva do monstro de Frankenstein do clássico da Universal). Como se
isso não bastasse, o sócio de seu pai, o Sr. Martin (Ernest Borgnine) ficou com
a fábrica que deveria ser sua e o trata como lixo no trabalho, exercendo todo
tipo de assédio moral possível e imaginável em uma empresa. Com essa vidinha
social, profissional e familiar miserável, Willard faz amizade com um bando de
asquerosos ratos que aparecem em seu jardim, dando-lhes casa, comida e
treinamento, tendo neles os únicos amigos que já teve em toda sua vida. Entre
os roedores, dois merecem destaque e atenção especial: o fofo e inteligente
ratinho branco Sócrates e a perversa, violenta e maligna ratazana Ben (aquela
mesmo da música do Michael Jackson, mas ainda vou chegar nesse post
futuramente). Enfim, como o que está ruim sempre pode piorar, a Sra. Stiles
morre e então o Sr. Martin se vê dispensado da promessa de manter sempre o
pobre Willard empregado, e resolve mandá-lo embora. Fora isso, também quer
comprar a casa do infeliz e despejá-lo, já que a mãe deixou uma hipoteca
gigantesca para vencer e Willard não teria como continuar sustentando a casa. Só
que antes disso, um dos passatempos do fracassado era levar os ratinhos para
seu trabalho, até que um dia, Sócrates é encontrado no almoxarifado e matado a
pauladas pelo Sr. Martin, coisa que QUALQUER UM FARIA COM UM RATO EM SUA EMPRESA
OU RESIDÊNCIA! Willard não pode fazer nada para salvar o amiguinho (pois se
dissesse que o rato era seu brother, ia ser internado em um hospício!) e
assiste a violência contra o roedor, assim como Ben. A amizade entre Ben e
Willard então vai para as cuias, pois até o rato considera-o um covarde, e Ben
fitando-o com raiva (sim, fitando-o com raiva, o rato ATUA) promete que o pior
está por vir, deixando aflorar seu lado maligno e tornando-se violento e fora
de controle. Ao mesmo tempo, o saco de pancada Willard, agora já psicótico,
usará seu exército de ratos para se vingar do patrão abusivo. Mas até que o
cara merece um desconto, né? Ele foi criado a vida inteira por velhas nefastas,
bebendo leite com pera e “ovomaltino”, sempre infantilizado por elas (veja só a
cena de aniversário de 27 anos do rapaz, com direito a vela, bolo, chapeuzinho
e línguas de sogra), recluso socialmente, com um emprego enfadonho e nenhum ou
pouquíssimo contato com garotas (apenas vai ficar semi-apaixonado por Joan,
interpretada por Sandra Locke, temporária que Sr. Martin contratou só para
ajudá-lo a organizar suas atividades diárias no escritório). Só que pesa contra
Willard o fato dele ser boçal, tímido, sem traquejo social e muitas das vezes,
incompetente no trabalho (atrasando-se, não entregando relatórios e pedidos no
prazo, e por aí vai). Então não dá muito para ficar do lado do cara também. É
aí que o instinto maligno do sujeito aflora e ele usará seu exército de ratos
para se vingar do patrão abusivo, em uma cena daquelas antológicas do cinema de
horror. Após a sensação de dever cumprido, Willard tenta matar todos os ratos
afogados no jardim, mas Ben sobrevive, o que faz com que Willard novamente
tente matá-lo, envenenando sua comida. Mas como ele é um rato acima da média,
inteligentíssimo e psicopata também, Ben comanda um exército das pragas para
atacar Willard e se vingar da desfeita. Daí é pano para manga para a
continuação lançada no ano seguinte, Ben – O Rato Assassino. Calafrio é um daqueles filmes que vira e
mexe passava em reprises infinitas nas madrugadas da televisão aberta. E
enquanto a maioria de filmes com animais são difíceis de roer (tá, desculpem o
trocadilho infame), este daqui é um dos melhores exemplares do gênero, exatamente
por trabalhar o lado psicológico do protagonista e como o ambiente a sua volta
o afeta, e fora as atuações de Davidson e do imortal Borgnine e suas calças
vermelhas de poliéster. Mas sem dúvida nenhuma, os astros do filme são mesmo os
ratos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/16/240-calafrio-1971/
Nenhum comentário:
Postar um comentário