sexta-feira, 4 de setembro de 2015

#240 1971 CALAFRIO (Willard, EUA)


Direção: Daniel Mann
Roteiro: Gilbert Ralston (baseado na obra de Stephen Gilbert)
Produção: Mort Briskin, Charles A. Pratt (Produtor Executivo)
Elenco: Bruce Davison, Sondra Locke, Elsa Lanchester, Michael Dante, Jody Gilbert, Ernest Borgnine

Sabe A Vingança de Willard, certo? Aquele filme com o Crispin Glover, que fez até relativo sucesso no Brasil, onde um garoto deslocado socialmente, tímido e que é feito de gato e sapato pelo patrão faz amizade com ratos? Pois bem, Calafrio é a versão original desse filme, de 1971, dirigido por Daniel Mann. Baseado no livro do obscuro irlandês Stephen Gilbert, The Ratman’s Notebook, a base da história é a mesma se você conhece a versão mais recente: Willard Stiles (aqui interpretado por um novo Bruce Davidson, o Senador Robert Kelly do primeiro filmes dos X-Men e o Dr. Stegman de Kingdom Hospital, aquela série do Stephen King) perdeu o pai muito novo, e teve que cuidar de um casarão caindo aos pedaços e de sua velha e decrépita mãe esclerosada (vivida por Elsa Lanchester, a eterna noiva do monstro de Frankenstein do clássico da Universal). Como se isso não bastasse, o sócio de seu pai, o Sr. Martin (Ernest Borgnine) ficou com a fábrica que deveria ser sua e o trata como lixo no trabalho, exercendo todo tipo de assédio moral possível e imaginável em uma empresa. Com essa vidinha social, profissional e familiar miserável, Willard faz amizade com um bando de asquerosos ratos que aparecem em seu jardim, dando-lhes casa, comida e treinamento, tendo neles os únicos amigos que já teve em toda sua vida. Entre os roedores, dois merecem destaque e atenção especial: o fofo e inteligente ratinho branco Sócrates e a perversa, violenta e maligna ratazana Ben (aquela mesmo da música do Michael Jackson, mas ainda vou chegar nesse post futuramente). Enfim, como o que está ruim sempre pode piorar, a Sra. Stiles morre e então o Sr. Martin se vê dispensado da promessa de manter sempre o pobre Willard empregado, e resolve mandá-lo embora. Fora isso, também quer comprar a casa do infeliz e despejá-lo, já que a mãe deixou uma hipoteca gigantesca para vencer e Willard não teria como continuar sustentando a casa. Só que antes disso, um dos passatempos do fracassado era levar os ratinhos para seu trabalho, até que um dia, Sócrates é encontrado no almoxarifado e matado a pauladas pelo Sr. Martin, coisa que QUALQUER UM FARIA COM UM RATO EM SUA EMPRESA OU RESIDÊNCIA! Willard não pode fazer nada para salvar o amiguinho (pois se dissesse que o rato era seu brother, ia ser internado em um hospício!) e assiste a violência contra o roedor, assim como Ben. A amizade entre Ben e Willard então vai para as cuias, pois até o rato considera-o um covarde, e Ben fitando-o com raiva (sim, fitando-o com raiva, o rato ATUA) promete que o pior está por vir, deixando aflorar seu lado maligno e tornando-se violento e fora de controle. Ao mesmo tempo, o saco de pancada Willard, agora já psicótico, usará seu exército de ratos para se vingar do patrão abusivo. Mas até que o cara merece um desconto, né? Ele foi criado a vida inteira por velhas nefastas, bebendo leite com pera e “ovomaltino”, sempre infantilizado por elas (veja só a cena de aniversário de 27 anos do rapaz, com direito a vela, bolo, chapeuzinho e línguas de sogra), recluso socialmente, com um emprego enfadonho e nenhum ou pouquíssimo contato com garotas (apenas vai ficar semi-apaixonado por Joan, interpretada por Sandra Locke, temporária que Sr. Martin contratou só para ajudá-lo a organizar suas atividades diárias no escritório). Só que pesa contra Willard o fato dele ser boçal, tímido, sem traquejo social e muitas das vezes, incompetente no trabalho (atrasando-se, não entregando relatórios e pedidos no prazo, e por aí vai). Então não dá muito para ficar do lado do cara também. É aí que o instinto maligno do sujeito aflora e ele usará seu exército de ratos para se vingar do patrão abusivo, em uma cena daquelas antológicas do cinema de horror. Após a sensação de dever cumprido, Willard tenta matar todos os ratos afogados no jardim, mas Ben sobrevive, o que faz com que Willard novamente tente matá-lo, envenenando sua comida. Mas como ele é um rato acima da média, inteligentíssimo e psicopata também, Ben comanda um exército das pragas para atacar Willard e se vingar da desfeita. Daí é pano para manga para a continuação lançada no ano seguinte, Ben – O Rato Assassino. Calafrio é um daqueles filmes que vira e mexe passava em reprises infinitas nas madrugadas da televisão aberta. E enquanto a maioria de filmes com animais são difíceis de roer (tá, desculpem o trocadilho infame), este daqui é um dos melhores exemplares do gênero, exatamente por trabalhar o lado psicológico do protagonista e como o ambiente a sua volta o afeta, e fora as atuações de Davidson e do imortal Borgnine e suas calças vermelhas de poliéster. Mas sem dúvida nenhuma, os astros do filme são mesmo os ratos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/16/240-calafrio-1971/

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