sábado, 19 de setembro de 2015

#253 1971 4 MOSCAS SOBRE O VELUDO CINZA (4 mosche di velluto grigio / Four Flies on Grey Velvet, Itália, França)


Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento, Luigi Cozzi, Mario Foglietti
Produção: Salvatore Argento
Elenco:Michael Brandon, Mimsy Farmer, Jean-Pierre Marielle, Bud Spencer, Aldo Bufi Landi

Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza é o filme que finaliza a famosa Trilogia dos Animais de Dario Argento, responsável por criar um padrão cinematográfico que seria fundamental para a popularização do gênero giallo no cinema de horror, e firmar de vez o nome de Argento como um dos promissores diretores do cinema italiano. Mas como toda trilogia, com raríssimas exceções que contamos nos dedos, o terceiro filme é o pior de todos e o que mais deixa a desejar com relação a seus antecessores. Apesar de notarmos claramente a evolução de Argento e o começo da criação de sua estrutura visual que viria a permear os filmes posteriores. O problema é o maldito viés cômico que ele tenta imprimir no filme, caindo em certas armadilhas de um ridículo pastelão que são capazes de sabotar qualquer clima de suspense criado e a trama completamente tresloucada com reviravoltas seguidas que explodem num clímax pífio e insatisfatório ao espectador. E clima de suspense esse que um verdadeiro discípulo de Hitchcock faz questão de seguir à risca. Como em seus dois longas anteriores da Trilogia dos Animais, Argento logo no começo do filme já coloca as peças do quebra-cabeça sobre a mesa, para que a audiência comece a tentar montá-lo, assim como seu protagonista, seguindo o mais puro padrão das histórias whodunit? de Edgar Wallace. Neste caso, Roberto Tobias, um baterista de uma banda de rock setentista acidentalmente assassina um estranho que o estava perseguindo e é fotografado enquanto cometia o crime por um misterioso sujeito usando uma bizarra máscara. Daí por diante verá sua vida entrar em colapso com a testemunha (provavelmente que armou o assassinato) chantageando-o, torturando-o psicologicamente e perseguindo e matando membros próximos de seu círculo social e família. Dentro desse enredo simples, seguido de mortes cada vez mais elaboradas, momentos de puro suspense, técnicas de filmagem típicas de Argento explorando cores, ângulos, closes, e furos e absurdos no roteiro, é que nos são apresentados os personagens que compõe a trama, um mais esquisito que o outro. Coloque nesta conta um dos amigos de Roberto chamado God (diminutivo de Godfrey), interpretado por Bud Spencer (que claramente só de ver sua presença na tela já não dá para se levar muito a sério e não imaginar ele ao lado do Terence Hill nos filmes do Trinity), um detetive particular gay estereotipado contratado para ajudar a descobrir o chantageador/ assassino, um carteiro saco de pancada e outro amigo de God que também é um sujeito para lá de desmiolado. Pronto, a partir do momento que você para de levar Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza a sério, o filme decai de uma forma abissal. Agradecemos aos céus todos os dias de nossas vidas que Argento desistiu de qualquer alívio cômico em seus violentos e afetados filmes vindouros. Mas o que vale mesmo é pensar no fato de que a estranheza do diretor e a enxurrada de personagens superficiais para serem mortos, começaram a ser extrapolados e levados muito a sério, sempre deixando bem claro o desconforto que Argento cria ao jogá-los em situações limites e dando volta em círculos, matando todo e qualquer um que esteja se aproximando da verdade ou de uma resolução.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Argento sempre foi criativo no título dos filmes da sua Trilogia dos Animais, e sempre conseguiu fisgar uma explicação completamente absurda para tal. Aqui em Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza, a lógica para as tais “quatro moscas” do título surge ao analisar uma das vítimas, apropriando-se de uma teoria de que poderia ficar gravado na retina a ultima visão da pessoa antes de morrer, constata-se que o presunto viu quatro moscas. Sem sentido, certo? Até que nosso herói Roberto descobre que a sua esposa, Nina, é a chantagista, assassina, desequilibrada, sofrendo de sérios problemas psicológicos que a fazem comparar o marido ao pai, de quem sofria abusos na infância por não ter nascido menino, quando nota que ela usa um amuleto com o desenho de uma mosca, que balançava e dava a impressão de serem quatro moscas por conta do movimento, visto pela vítima antes de ser assassinada. Haja criatividade! Enfim, Quatro Moscas Sobre o Veludo Cinza é pior que seu predecessor, O Gato de Nove Caudas, e melhor, tecnicamente falando, do que o pioneiro O Pássaro das Plumas de Cristal. Mas ainda assim é um filme fraquinho e mal desenvolvido, mas por se tratar de Argento, com certeza está um degrau acima do que muita coisa de suspense feita até então (e até hoje), e estaria apenas começando de forma precoce a mostrar ao mundo ao que veio.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/31/253-quatro-moscas-sobre-veludo-cinza-1971/

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