Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento,
Luigi Collo, Dardano Sacchetti
Produção:Salvatore Argento
Elenco: James
Franciscus, Karl Malden, Catherine Spaak, Pier Paolo Capponi, Horst Frank, Rada
Rassimov
O Gato de Nove Caudas é
o segundo filme da trilogia dos animais do italiano Dario Argento, que foram os
responsáveis por colocar de vez no mapa o gênero giallo e
popularizá-lo tanto na Itália natal quando no resto do mundo. O primeiro destes
três filmes foi O Pássaro das
Plumas de Cristal lançado no ano anterior, e fecharia a
sequência com Quatro Moscas
Sobre Veludo Cinza também de 1971. Seguindo a cartilha
padrão de “como se fazer um giallo”, algo que Argento sabia decor e
salteado, porém ousando ao substituir certos clichês decorrentes em outros
filmes por elementos mais incomuns ao gênero, a trama traz Franco Arno (Karl
Malden), um velho ex-jornalista cego que presencia junto de sua netinha Lori
(Cinzia de Carolis) uma tentativa de chantagem dentro de um carro (presenciar
não significa que ele viu o que estava acontecendo, pois é cego, tá, mas sim
esteve presente, ouviu e teve um de seus pressentimentos aguçados de jornalista
de que alguma coisa de suspeita estava acontecendo). Aquilo o deixa com a pulga
atrás da orelha, até que descobre no dia seguinte, voltando ao local, que um
crime acontecera por ali, e um vigia noturno havia sido assassinato durante uma
invasão em um laboratório de pesquisas genéticas. O que intriga a polícia e o
jornalista Carlo Giordani (interpretado por James Franciscus, que sempre me
fará lembrar de seu papel em O Último Tubarão, é que aparentemente, nada
havia sido roubado do local, o que sabemos que é mentira, pois o suspeito levou
um importante arquivo sobre uma pesquisa realizada pelo corpo científico que
envolvia teorias sobre o cromossomo XYY nos seres humanos, que no ano de 1961
foi descoberto por Sandberg e acreditava-se que esse cromossomo Y extra
influenciava o comportamento violento, assassino e antissocial nas pessoas que
o tinham. Pois bem, Giordani e Arlo então formam uma dupla que resolve por
conta própria investigar uma série de misteriosos assassinatos que começam a
ocorrer, todos relacionados com o corpo científico do laboratório envolvido
nesta pesquisa, vezes com ajuda da própria polícia, representado pelo detetive
Sipini (Pier Paolo Capponi) vezes de escroques como um caricato personagem
chamado Gigi, O Perdedor (Ugo Fangareggi), que auxilia Giordani a invadir o
escritório do Dr. Terzi, presidente do laboratório. E ah, o Dr. Terzi tem uma
belíssima filha, Anna (Catherine Spaak), que será o par romântico do intrépido
jornalista, suspeita em certos momentos e para os marmanjos, responsável pelas
cenas com peitinhos do filme. Como falei há alguns parágrafos, o interessante
de O Gato de Nove Caudas, até com relação ao seu antecessor, é a quebra de
alguns paradigmas do giallo, que o próprio Argento ajudou a consolidar em O
Pássaro das Plumas de Cristal e que atingiria seu ápice na sua obra prima
do gênero, Prelúdio Para
Matar. Aqui o diretor deixa de lado a figura carimbada do maníaco
que veste capa e luvas pretas de couro e também atenua a ultraviolência sempre
presente nas mortes extremamente gráficas destes tipos de filmes. Apesar de
mortes chocantes, como um dos cientistas ser empurrado em direção a um trem em
movimento e tantos outros sendo estrangulados e asfixiados. Além disso, vemos
apenas os olhos do assassino fitando suas vítimas por meio de um super close-up de
sua órbita (onde podemos até ver as veias do mesmo) e as mortes ocorrendo em
POV, nos “colocando na pele” do assassino. Nota-se também a evolução técnica de
Argento, se comparado com seu debute como diretor, que funciona mais como um
ensaio do excelente potencial que o diretor conseguiria alcançar ao tentar
calcar os passos de Mario Bava quando deu vida ao subgênero em Seis Mulheres
para o Assassino. Em 1964. Altamente influenciado pelo mestre do
suspense Alfred Hitchcock, há uma boa construção de personagens com seus mais
diversos motivos que poderiam levá-los a cometer os terríveis assassinatos,
inversão de papeis e o desenvolver de todas as pistas que vão sendo levantadas
durante e perigosa investigação. Claro que haverá diálogos sofríveis, um
romancezinho sem vergonha, algumas explicações tacanhas, percalços narrativos
(como a cena em que Giordani fica preso dentro de um mausoléu) e um final
apressado e até meio bobo, se comparado com o desenrolar do filme, mas nada que
estrague a obra. Também tenho que salientar a direção de arte, a fotografia e
cenografia feitas com esmero (mais uma vez lembrando o trabalho de Bava),
ângulos e cortes de cena impressionantes (como o tal aflitivo super close do
olho), e obviamente não posso me esquecer da trilha sonora do mestre Ennio
Morricone, que obviamente não está entre seus melhores trabalhos (como as
trilhas feitas para os filmes de Sergio Leone ou Giuseppe Tornatore, por
exemplo), e também não é tão contundente quanto a parceria de Argento com a
banda de rock progressivo Goblin, mas que faz muito bem o seu papel para dar
contornos de mistérios nesta trama suja e sufocante. O Gato de Nove Caudas é
o primeiro grande trabalho do diretor, mesmo que se comparado ao próprio Prelúdio
para Matar ou Suspiria, por exemplo, não seja o
espetáculo visual e narrativo os quais estamos acostumados a receber de
Argento, mas vale muito a pena de ser visto como uma peça importante em sua
filmografia, e porque não, do próprio cinema italiano de terror em si
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/27/248-o-gato-de-nove-caudas-1971/
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