terça-feira, 15 de setembro de 2015

#248 1971 O GATO DE NOVE CAUDAS (Il gatto a nove code / The Cat O’ Nine Tails, Itália, França, Alemanha Ocidental)


Direção: Dario Argento
Roteiro: Dario Argento, Luigi Collo, Dardano Sacchetti
Produção:Salvatore Argento
Elenco: James Franciscus, Karl Malden, Catherine Spaak, Pier Paolo Capponi, Horst Frank, Rada Rassimov

O Gato de Nove Caudas é o segundo filme da trilogia dos animais do italiano Dario Argento, que foram os responsáveis por colocar de vez no mapa o gênero giallo e popularizá-lo tanto na Itália natal quando no resto do mundo. O primeiro destes três filmes foi O Pássaro das Plumas de Cristal lançado no ano anterior, e fecharia a sequência com Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza também de 1971. Seguindo a cartilha padrão de “como se fazer um giallo”, algo que Argento sabia decor e salteado, porém ousando ao substituir certos clichês decorrentes em outros filmes por elementos mais incomuns ao gênero, a trama traz Franco Arno (Karl Malden), um velho ex-jornalista cego que presencia junto de sua netinha Lori (Cinzia de Carolis) uma tentativa de chantagem dentro de um carro (presenciar não significa que ele viu o que estava acontecendo, pois é cego, tá, mas sim esteve presente, ouviu e teve um de seus pressentimentos aguçados de jornalista de que alguma coisa de suspeita estava acontecendo). Aquilo o deixa com a pulga atrás da orelha, até que descobre no dia seguinte, voltando ao local, que um crime acontecera por ali, e um vigia noturno havia sido assassinato durante uma invasão em um laboratório de pesquisas genéticas. O que intriga a polícia e o jornalista Carlo Giordani (interpretado por James Franciscus, que sempre me fará lembrar de seu papel em O Último Tubarão, é que aparentemente, nada havia sido roubado do local, o que sabemos que é mentira, pois o suspeito levou um importante arquivo sobre uma pesquisa realizada pelo corpo científico que envolvia teorias sobre o cromossomo XYY nos seres humanos, que no ano de 1961 foi descoberto por Sandberg e acreditava-se que esse cromossomo Y extra influenciava o comportamento violento, assassino e antissocial nas pessoas que o tinham. Pois bem, Giordani e Arlo então formam uma dupla que resolve por conta própria investigar uma série de misteriosos assassinatos que começam a ocorrer, todos relacionados com o corpo científico do laboratório envolvido nesta pesquisa, vezes com ajuda da própria polícia, representado pelo detetive Sipini (Pier Paolo Capponi) vezes de escroques como um caricato personagem chamado Gigi, O Perdedor (Ugo Fangareggi), que auxilia Giordani a invadir o escritório do Dr. Terzi, presidente do laboratório. E ah, o Dr. Terzi tem uma belíssima filha, Anna (Catherine Spaak), que será o par romântico do intrépido jornalista, suspeita em certos momentos e para os marmanjos, responsável pelas cenas com peitinhos do filme. Como falei há alguns parágrafos, o interessante de O Gato de Nove Caudas, até com relação ao seu antecessor, é a quebra de alguns paradigmas do giallo, que o próprio Argento ajudou a consolidar em O Pássaro das Plumas de Cristal e que atingiria seu ápice na sua obra prima do gênero, Prelúdio Para Matar. Aqui o diretor deixa de lado a figura carimbada do maníaco que veste capa e luvas pretas de couro e também atenua a ultraviolência sempre presente nas mortes extremamente gráficas destes tipos de filmes. Apesar de mortes chocantes, como um dos cientistas ser empurrado em direção a um trem em movimento e tantos outros sendo estrangulados e asfixiados. Além disso, vemos apenas os olhos do assassino fitando suas vítimas por meio de um super close-up de sua órbita (onde podemos até ver as veias do mesmo) e as mortes ocorrendo em POV, nos “colocando na pele” do assassino. Nota-se também a evolução técnica de Argento, se comparado com seu debute como diretor, que funciona mais como um ensaio do excelente potencial que o diretor conseguiria alcançar ao tentar calcar os passos de Mario Bava quando deu vida ao subgênero em Seis Mulheres para o Assassino. Em 1964. Altamente influenciado pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock, há uma boa construção de personagens com seus mais diversos motivos que poderiam levá-los a cometer os terríveis assassinatos, inversão de papeis e o desenvolver de todas as pistas que vão sendo levantadas durante e perigosa investigação. Claro que haverá diálogos sofríveis, um romancezinho sem vergonha, algumas explicações tacanhas, percalços narrativos (como a cena em que Giordani fica preso dentro de um mausoléu) e um final apressado e até meio bobo, se comparado com o desenrolar do filme, mas nada que estrague a obra. Também tenho que salientar a direção de arte, a fotografia e cenografia feitas com esmero (mais uma vez lembrando o trabalho de Bava), ângulos e cortes de cena impressionantes (como o tal aflitivo super close do olho), e obviamente não posso me esquecer da trilha sonora do mestre Ennio Morricone, que obviamente não está entre seus melhores trabalhos (como as trilhas feitas para os filmes de Sergio Leone ou Giuseppe Tornatore, por exemplo), e também não é tão contundente quanto a parceria de Argento com a banda de rock progressivo Goblin, mas que faz muito bem o seu papel para dar contornos de mistérios nesta trama suja e sufocante. O Gato de Nove Caudas é o primeiro grande trabalho do diretor, mesmo que se comparado ao próprio Prelúdio para Matar ou Suspiria, por exemplo, não seja o espetáculo visual e narrativo os quais estamos acostumados a receber de Argento, mas vale muito a pena de ser visto como uma peça importante em sua filmografia, e porque não, do próprio cinema italiano de terror em si
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/27/248-o-gato-de-nove-caudas-1971/

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