Direção: Paolo
Cavara
Roteiro: Lucile
Laks, Marcello Danon (história)
Produção: Marcello
Danon
Elenco: Giancarlo
Giannini, Claudine Auger, Barbara Bouchet, Rossella Falk, Silvano Tranquilli
Se você assiste a
um giallo em toda sua vida, é praticamente como se já tivesse
assistido a todos. Desde o começo do filme até o final, você já tem ideia do
que irá acontecer praticamente o filme todo: mulheres sendo mortas de formas
sádicas e cruéis, personagens dúbios, muita sacanagem, investigações policiais
inconclusivas, vítimas e suspeitos morrendo pouco antes de revelarem algo
importante e claro, as estrambólicas reviravoltas no final. E O Ventre Negro da Tarântula não escapa
dessa fórmula padrão em nenhum momento dos seus 89 minutos de projeção. Não que
isso desmereça o filme. Essa produção ítalo-espanhola do diretor Paolo Cavara é
um dos melhores exemplares deste subgênero, que fez tanto sucesso, e foi
repetido à exaustão, durante os prolíficos anos 70 na Itália. Cavara, tal qual
Dario Argento e Sergio Martino, dadas suas devidas proporções, preocupa-se em
demasia com a estética e a técnica de filmagem, sempre tentando explorar
closes, planos e ângulos inusitados, às vezes até aleatórios demais, para
contar sua história de mistério. As mortes são extremas e muito bem executadas,
com enormes requintes de crueldade e prazer, onde um assassino usando luvas,
capote e chapéu (afinal, é um giallo, esqueceu?) paralisa suas vítimas
mulheres com uma agulha de acupuntura espetada em sua coluna cervical, para que
ainda completamente consciente do que está acontecendo, seja estripada viva
pelo malfeitor. Mortes inspiradas na vespa, inseto que pode paralisar a
tarântula com seu veneno e botar seus ovos no ventre do aracnídeo, que é
devorado vivo por dentro quando as larvas eclodem. Mãe natureza é pior que
qualquer filme de terror! A primeira vítima deste terrível assassino é Maria
Zani (Barbara Bouchet), uma bela loira promíscua e adúltera, que logo na
primeira cena do filme, está peladinha recebendo massagem de um rapaz cego em
um SPA, onde se passará momentos importantes da trama e terá uma ligação com
todas as demais vítimas. O inspetor Tellini (vivido por um jovem Giancarlo
Giannini, que você deve conhecer mais por seu papel
em Hannibal ouCassino Royale), sujeito meio fracassado e incapaz, que
está longe daqueles detetives perspicazes das típicas tramas whodunit?, é
encarregado da investigação, e logo começa a suspeitar do ex-marido de Maria,
Paolo Zani (Silvano Tranaquilli), possesso de ciúmes e que vinha sendo chantageado
com fotos da esposa pulando a cerca. Logo em seguida, Mirta Ricci (Annabella
Incontrera) uma dona de butique de peles, que também é traficante de drogas nas
horas vagas, é a segunda vítima, morta da mesma maneira. Percebendo a conexão
entre os crimes, Tellini começa a juntar os pontos enquanto Zani, agora um
fugitivo, contrata um caricato detetive particular conhecido como Catapulta e
financia sua própria investigação paralela para descobrir quem era o rapaz da
foto que lhe foi enviada, e assim tirar o seu da reta. É a partir daí que o
filme dá uma derrapada gigantesca, com uma reviravolta bisonha atrás da outra,
só conseguindo voltar ao seu rumo no terceiro ato. Tellini persegue Zani e
Mario, o fotógrafo amante de sua esposa, e após os dois morrerem (Paolo, ou
melhor, o bonecão do Paolo, cai do topo de um prédio durante a perseguição e
Mario é atropelado por alguém que tem algo a esconder), descobre que Mario
tinha uma encomenda para Franca Valentino (Rossella Falk), e assim o inspetor
conclui que ele na verdade era um chantageador. É ou não é uma confusão dos
diabos completamente desnecessária? E pior ainda, que essa subtrama acaba aí,
da forma tão abrupta quanto começou, mas os assassinatos continuam, sendo que
Franca é a próxima vítima, seguida pela massagista Jenny (Barbara Bach) e a
gerente Laura (Claudine Auger), do SPA onde todas as outras mulheres
assassinadas frequentavam. E quando você menos espera: BLAM, eis que o
assassino é revelado, quando tenta assassinar Anna (Stefania Sandrelli), a
esposa de Tellini. Neste momento, nos é jogado na cara que o roteiro de O
Ventre Negro da Tarântula tem mais buracos que um queijo suíço e a
explicação para aquela tal pessoa estar cometendo os crimes, e ser quem nós
NUNCA imaginaríamos, é das mais precárias e apressadas. Apesar de beleza das
atrizes no filme, entre elas três Bond girls, Barbara Bouchet (Cassino Royale original), Barbara
Bach (007 – O Espião que me Amava)
e Claudine Auger (007 Contra a
Chantagem Atômica), e de se tratar de um filme italiano, onde esperamos
uma bela apreciação do corpo nu feminino, Cavara é extremamente contido e até
tímido neste aspecto, tirando o passeio visual pelo corpo nu de Bouchet sendo
massageado nos créditos iniciais. Outro ponto que deixa a desejar é a trilha
sonora de Ennio Morricone, que também não acrescenta absolutamente nada em
termos musicais, bem diferentes de outras trilhas contundentes que já havia
criado até mesmo dentro do próprio gênero. O Ventre Negro da Tarântula é
um bom giallo, honesto no que se pretende transmitir. Passa longe da
Trilogia dos Animais de Argento, ou mesmo de sua obra prima, Prelúdio Para Matar, mas segue à risca
os passos ensinados por Mario Bava em Seis Mulheres Para o Assassino e ajuda a
expandir essa mitologia e enraizar os paradigmas dessa vertente do cinema de
terror italiano, tão adorada pelos fãs do suspense e mistério.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/09/07/258-o-ventre-negro-da-tarantula-1971/
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