sábado, 12 de setembro de 2015

#241 1971 A CASA QUE PINGAVA SANGUE (The House That Dripped Blood, Reino Unido)


Direção: Peter Duffell
Roteiro: Robert Bloch
Produção: Max J. Rosenberg, Milton Subotsky, Paul Elisworth e Gordon Wescourt (Produção Executiva)
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Nyree Dawn Porter, Denholm Elliott, Jon Pertwee, John Bennet, Ingrid Pitt

A Casa que Pingava Sangue é um dos mais famosos filmes da Amicus, a produtora inglesa de Max J. Rosenberg e Milton Subostky, única a rivalizar com a Hammer naqueles tempos. Famosa por suas antologias de terror, inspiradas nos quadrinhos da EC Comics, essa fita é mais uma daquelas campeãs de reprises nas madrugadas da TV aberta aqui no Brasil. Escrito por Robert Bloch (mesmo autor de Psicose) e dirigido por Peter Duffell, A Casa que Pingava Sangue aposta no mesmo estilo de filme portmanteau característico do estúdio, que já havia brindado os fãs de horror em produções anteriores como As Profecias do Dr. Terror e As Torturas do Dr. Diábolo. Além de rivalizar com a Hammer, que nesta altura do campeonato, começo dos anos 70, começava a enfrentar sua decadência, a Amicus também pegava, hã, emprestado, digamos assim, os maiores astros do estúdio concorrente para atuarem em seus longas, como neste caso, Christopher Lee, Peter Cushing e Ingrid Pitt. Aqui são quatro histórias macabras interligadas por uma casa (que pingava sangue), onde misteriosos assassinatos ocorreram. Um detetive da Scotland Yard investiga o desaparecimento de um famoso ator de filmes de horror, que viera a ser o último inquilino do imóvel maldito, e interrogando o corretor de imóveis responsável por alugar a propriedade, conhece as terríveis histórias de medo e horror que rondam o local. A primeira história, Assassinato por Escrito, traz Charles Hillyer (Denholm Elliott) um escritor de contos de terror e mistério que muda-se com sua esposa, Alice (Joanna Dunham) para a malfadada casa, em busca de inspiração para terminar seu próximo livro, em um local afastado, longe do agito da cidade grande. O ambiente gótico, mobiliário antigo, o bosque que ronda o local e toda a atmosfera sinistra da casa, logo inspira o escritor a criar um personagem chamado Dominic, estrangulador cruel e desequilibrado. Só que deveras influenciado por sua criação e os estranhos poderes sobrenaturais da casa, Charles começa a entrar em uma espiral de loucura ao ver o seu personagem ganhar vida e espreitá-lo pela casa, tirando-o de suas faculdades mentais, sem saber que sua esposa na verdade é uma baita sirigaita e está arquitetando um plano, junto de seu amante, para leva-lo à loucura. Porém, apesar de parecer clichê, a conclusão deste primeiro segmento é simplesmente fantástica. Já o segundo “curta” do filme, Museu de Cera, traz o sempre nobre e galante Peter Cushing vivendo o papel de Phillip Grayson, um solitário senhor que busca reclusão e sossego na casa. Para manter-se ocupado, o velho ouve música clássica, lê livros e cuida de seu jardim. Em uma visita à cidade, ao entrar em um museu de horrores, dá de cara com uma figura de cera que é idêntica a uma antiga amante, que na verdade é de Salomé, segurando uma bandeja com a cabeça de João Batista. A estátua logo exerce um mórbido fascínio em Phillip, assim como o soturno e esquisito dono do museu lhe provoca medo imediato. Um velho amigo de Phillip o visita e hospeda-se em sua residência, que por sinal, também amava a mesma garota da juventude de Phillip, aquela que se parece com a estátua. Ao visitar o local, também sente a mesma estranha e irresistível atração pela estátua de cera. Os dois então no decorrer do conto, irão submeter-se ao estranho feitiço e ao destempero do dono do museu de horrores, vindo a fazer parte de sua funesta coleção e tendo ambos suas cabeças expostas na bandeja que a estátua segura. O terceiro segmento, meu preferido, e o mais emblemático desta antologia, é Doces para um Doce, estrelado por ninguém menos que Christopher Lee, que interpreta John Reed, pai severo e rude às voltas com uma filha sinistra pacas, Jane (Chloe Franks) que é uma pequena demoninha praticante de bruxaria. John contrata a tutora Ann Norton (Nyree Dawn Porter) para educar a filha em casa, pois a mantém afastada do contato de outras crianças e brinquedos, principalmente bonecas, devido ao potencial vodu-feiticeiro da horripilante garotinha, que sente medo demasiado de fogo (subentende-se que a mãe foi queimada por ser uma bruxa). Ann não faz ideia do perigo que corre e tenta ajudar a introspectiva e pobre garotinha, sem imaginar que ela é praticamente o capeta em forma de guria. O que obviamente, não vai acabar bem para seu pai, quando a menina encontra uma porção de velas a qual derrete e com a cera constrói um boneco vodu para alfinetar o pai e jogá-lo na lareira, como o próprio o fez com a boneca que ganhara de presente da tutora. Detalhe interessantíssimo é que há um certo momento que Lee está lendo O Senhor dos Aneis (que é seu livro favorito, por sinal), sem nem fazer a mínima ideia que trinta anos depois estaria na adaptação da telas de Peter Jackson, vivendo o mago Saruman. O quarto episódio, A Capa, é uma deliciosa paródia dos filmes de terror tanto da era de ouro da Universal, quanto uma alfinetada nas produções da concorrente Hammer. Um galã canastrão de filmes de terror, Paul Henderson (Jon Pertwee) aluga a casa, junto da bela atriz Carla Lind (a deliciosíssima Ingrid Pitt) para rodar seu próximo filme. Arrogante e de temperamento dificílimo, ele fica toda hora esculachando a produção do filme de baixo orçamento, dizendo-se o maior ator de horror de todos os tempos. Sensacional a cena onde ele diz que sente falta dos velhos e grandiosos filmes de terror, e menciona Drácula, acrescentando: ”Aquele com o Bela Lugosi, claro, não com aquele sujeito”, obviamente tirando uma com a cara de Christopher Lee. Revoltado com o figurino de vampiro, Paul decide comprar uma capa mais autêntica, e acaba encontrando uma em uma lojinha misteriosa, adquirindo uma verdade capa que pertenceu a um sanguessuga, que começa a lhe dar os mesmos poderes ao vesti-la. Por fim, completando a investigação policial, o detetive Inspetor Holloway ignora todas as advertências do famigerado corretor e vai até a casa tarde da noite investigar o desaparecimento do ator, dando de cara com o vampiro levantando de sua tumba, assim como Carla, que também era uma criatura das trevas. A Casa que Pingava Sangue (excelente e impactante título, batizado pelo produtor Milton Subotsky e traduzido ao pé da letra aqui no Brasil) é mais um daqueles ótimos exemplares de filmes de terror típico dos anos 60 e 70, imbatível, e que faz parte do interessantíssimo legado da Amicus para o gênero de horror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/08/17/241-a-casa-que-pingava-sangue-1971/

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