terça-feira, 31 de março de 2015

#113 1958 A VINGANÇA DE FRANKENSTEIN (The Revenge of Frankenstein, Reino Unido)


Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster
Produção: Anthony Hinds, Anthony Nelson-Keyes (Produtor Associado), Michael Carreras (Produtor Executivo)
Elenco: Peter Cushing, Francis Matthews, Eunice Gayson, Michael Gwyn, John Welsh

Após os sucessos de A Maldição de Frankenstein e O Vampiro de Noite, o estúdio britânico Hammer escreveu seu nome para sempre seu lugar na história do horror, transportando para o cinema colorido os monstros clássicos que outrora pertenceram à Universal, elevando claramente o nível das produções e imprimindo características únicas e peculiares que seriam marcas registradas do estúdio. A Vingança de Frankenstein vem para consolidar a franquia da Hammer, trazendo de volta o galante Peter Cushing no papel principal, e idealizado pelo mesmo time dos outros dois êxitos do estúdio: O hábil Terence Fisher na direção e Jimmy Sangster como roteirista, além do produtor Anthony Hinds e produção executiva de Michael Carreras. A continuação foi lançada um ano depois de A Maldição de Frankenstein, que ainda trazia Christopher Lee como o monstro (ele não volta nessa sequência). Uma das grandes curiosidades da Hammer é que as suas sequências nem sempre traziam coerência com os filmes anteriores, privilegiando muito mais a liberdade em seus roteiros. Por isso, fatos ocorridos no filme anterior não encontra continuidade ou respaldo em A Vingança de Frankenstein. O que vemos aqui é uma história completamente original, apenas baseada pelo personagem Victor Frankenstein, criado pela escritora Mary Shelley e reprisado por Cushing, que será o fio condutor de todas as continuações da franquia. Frankenstein escapa da guilhotina, o qual havia sido condenado pela prática ilegal de medicina, roubo e mutilação de cadáver e assassinato, graças a sua fracassada experiência anterior. Ele volta a praticar medicina na cidade de Carlsbrug, adotando o criativo nome de Dr. Victor Stein (sério?), levantando suspeitas da aristocrata e enciumada comunidade médica local por não se juntar a eles e por atender no hospital público todos os pobres e necessitados. Mas claro que não é uma altitude altruísta e benevolente do Dr. Frankenstein. Na verdade o hospital público com todos seus indigentes é o local perfeito para ele dar continuidade em suas experiências bizarras em brincar com o corpo humano como se fosse partes de Lego e dar vida a uma criatura através da ciência. O Dr. Hans Kleve acaba descobrindo a verdadeira identidade do Dr. Stein, e torna-se então seu ajudante, trocando o vasto conhecimento do cientista pelo seu silêncio, além de auxiliá-lo nos seus experimentos. Experimento este que irá acontecer com o pobre Karl Immelmann, que sofre de paralisia cerebral do lado direito do corpo, e voluntaria-se para ser objeto de teste e ter seu cérebro transplantado para um corpo saudável construído por Frankenstein. A experiência relativamente dá certo, até Karl conseguir escapar e começar a enlouquecer, cometendo terríveis atos violentos e assassinato, principalmente quando sua doença começa a atacá-lo novamente, até cair morto, não antes de revelar ao mundo a verdadeira identidade do Barão Frankenstein. Ele e Kleve ainda tentam, sem sucesso, ludibriar a comissão médica, mas Frankenstein é linchado por todos seus pacientes do hospital público, até ficar entre a vida e a morte, salvo por Kleve que realiza uma arriscada operação transplantando o cérebro do cientista para outro corpo. Mais uma vez a atuação de Cushing é irretocável. Por isso ele é um dos melhores e mais queridos astros do cinema de terror. Michael Gwynn, que vive Karl Immelman também tem uma interpretação ótima como o monstro da vez, em todas as suas facetas, desde a dor do pós operatório, a felicidade em ter um corpo novo funcional, até sua degeneração física, mais um excelente trabalho de maquiagem de Phillip Leakey (também responsáveis por outros clássicos da Hammer), e surgimentos dos instintos assassinos e até canibais (como a cena em que ele saliva ao ver o corpo de sua primeira vítima no chão) que começam a tomar conta de seu ser. O final de A Vingança de Frankenstein é incrível, sendo um dos primeiros finais realmente abertos de uma franquia de terror até então, mostrando Frankenstein, ou melhor, agora Dr. Frank (sério, ele deveria começar a ser mais criativo com seus nomes falsos) e Kleve, no epílogo, em Londres, prontos para continuar suas pavorosas experiências, com uma deixa escancarada para uma nova continuação.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/18/113-a-vinganca-de-frankenstein-1958/

domingo, 29 de março de 2015

336 1958 O VAMPIRO DA NOITE (The Horror of Dracula / Dracula, Reino Unido)

#112 1958 O VAMPIRO DA NOITE (The Horror of Dracula / Dracula, Reino Unido)
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster (baseado na obra de Bram Stoker)
Produção: Anthony Hinds, Anthony Nelson-Keyes (Produtor Associado), Michael Carreras (Produtor Executivo)
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Michael Gough, Melissa Stribling, Carol Marsh

Um ano depois do sucesso de A Maldição de Frankenstei, a Hammer nos presenteia com sua versão de Drácula de Bram Stoker, em cores, com o filme O Vampiro da Noite, reprisando o duelo entre a dupla Peter Cushing desta vez como o Dr. Van Helsing e Christopher Lee como o conde Drácula, e trazendo Terence Fisher mais uma vez na direção. Inegável a importância desta produção para os anais do cinema de terror, e principalmente para o gênero filmes de vampiro. Isso muito por conta do estupendo Christopher Lee, que encarnou pela primeira vez a capa e as presas, transformou-se em morcego e aqui se consolidou como o melhor ator já que interpretou o conde (desculpe aí, Bela Lugosi), tirando ele do aspecto caricato que havia herdado nos filmes da Universal e transformando-o de vez em uma criatura sanguinária, implacável e sedenta, mas muito sedenta, por sangue de belas virgens. Pegando apenas carona na obra de Stoker, utilizando alguns conceitos e nomes dos personagens, o enredo foi bastante alterado quanto sua fonte literária. Jonathan Harker, aqui um bibliotecário, vai ao castelo de Drácula em uma cidadezinha da Alemanha para organizar seus livros. Mas na verdade, ele é um caçador de vampiros que tem em mente livrar o mundo da vil criatura. O tiro acaba saindo pela culatra e ele acaba mordido, fazendo com que seu amigo de longa data, o Dr. Abraham Van Helsing, conhecedor das artimanhas do morto-vivo, resolva caça-lo antes que o conde ataque Lucy, a noiva de Harker e sua família: o irmão Albert e a cunhada Mina.Mais uma vez, o que brilha aos olhos em mais uma produção impecável da Hammer é a cor, by Technicolor. Logo nos créditos (acompanhado da trilha sonora de James Bernard, que mais lembra uma marcha fúnebre), um close no caixão de Drácula fechado, onde respinga sangue vermelho-vivo do teto sobre ele, já dando ao espectador a ideia do que vem por aí, ajudando no processo que daria cabo da inocência, dos monstrinhos alienígenas e radioativos, e assepsia dos filmes de terror produzidos nesta década até aqui, e escancarando as portas para o futuro do cinema gore. Diferente das outras produções de vampiro do gênero, a Hammer evoca todo seu espírito sanguinolento e Fisher nos brinda com closes em pescoços curvilíneos ensanguentados, nas presas do vampiro saltando de sua boca, olhos vermelhos, sangue jorrando enquanto os mortos-vivos são apunhalados no peito por estacas de madeira e apela para o famoso lado sexual do vampirismo, que ataca as mulheres inocentes na intimidade de seus quartos, vestidas apenas com roupas de dormir e mostrando uma das servas de Drácula em decotes extremamente ousados. Christopher Lee fez tanto sucesso como o vampiro (reiterando, na minha opinião, o melhor Drácula do cinema), com seu jeito cruel, altivo e elegante, que reprisou o papel mais seis vezes até o final dos anos 70. Ficou eternizado, claro, e entrou no hall da fama dos astros eternos do cinema de terror.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/17/112-o-vampiro-da-noite-1958/

1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER
336 1958 O VAMPIRO DA NOITE

sábado, 28 de março de 2015

#111 1958 THE TROLLENBERG TERROR (The Crawling Eye, Reino Unido)


Direção: Quentin Lawrence
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Jey (história)
Produção: Robert S. Baker, Monty Berman
Elenco: Forrest Tucker, Laurence Payne, Jennifer Jayne, Janet Munro, Warren Mitchell

“No one has lived to tell. Who’s seen the crawling eye?” Já ouviu a música dos Misfits? Pois bem, ela é inspirada no título americano desse obscuro e excelente terror sci-fi inglês: The Trollenberg Terror, ou The Crawling Eye, nome que ganhou nos Estados Unidos, se você preferir. The Trollenberg Terror, que não ganhou título em português, é um daqueles filmes que lembram O Cérebro do Planeta Arous, por exemplo: Vilões espaciais completamente toscos, mas que não deixam de ser adoráveis para os fãs do gênero. Mas a diferença nesta produção é que apesar do visual bisonho da criatura, o roteiro é bastante macabro, criando um clímax deveras assustador envolvendo alpinistas decapitados, cientistas, possessões e uma garota telepata. As produções inglesas da época de longe conseguiam superar o que vinha sendo feito pelos seus colonos americanos. Enquanto nos EUA a tecla da guerra fria, medo nuclear, insetos gigantes, metáforas da invasão comunista alardeada pelo Macarthismo imperavam, aqui em The Trollenberg Terror, assim como as produções de ficção da Hammer como Terror que Mata e X, O Monstro Desconhecido, ou mesmo O Horror Vem do Espaço, também traziam o tema invasão alienígena e radioatividade, porém de uma forma mais sinistra e com conteúdo de muito mais suspense e violência gráfica, mesmo que comedida. Aqui em The Trollenberg Terror, até ficamos chocados ao ver um corpo decapitado encontrado no chão de uma cabana, ou depois uma cabeça dentro de uma mochila de alpinismo. Porque até então, tirando A Maldição de Frankenstein e O Vampiro da Noite, também da Hammer, estamos nada acostumados a ver esse tipo de material explícito nos filmes de terror da década de 50. Na trama, duas irmãs, Sarah e Anne Pilgrim (sem nenhum parentesco com o Scott, RÁ!) estão viajando de trem pela Suíça, na mesma cabine que Alan Brooks, quando misteriosamente Anne, que na verdade possui poderes cognitivos, é compelida a desembarcar na cidade turística de Trollenberg no sopé da montanha de mesmo nome, amplamente procurada por alpinistas. Montanha essa que havia causado a recente morte de um alpinista que foi encontrado sem a cabeça, logo na cena de abertura do longa. Todos se hospedam no principal hotel da cidade, assim como Phillip Truscott, personagem que mais tarde se revela um jornalista. Brooks estava à caminho da cidade para se encontrar com o Prof. Crevett, cientista que estuda um estranho fenômeno na montanha desde um observatório que só pode ser acessado por teleférico. O estranho fenômeno é a presença de uma nuvem radioativa misteriosa que fica estática no cume de Trollenberg, exatamente da mesma forma que uma outra nuvem havia sido estudada pelos dois nos Andes, há algum tempo. Dois alpinistas experientes, Brett e Dewhurst resolvem escalar a montanha. Devido ao mau tempo, decidem por esperar em uma cabana para continuar sua escalada no dia seguinte. Enquanto isso, Anne dá um demonstração do seu dom telepático para alguns poucos convidados no saguão do hotel, quando ela começa a testemunhar um acontecimento dentro da cabana. Brett resolve sair e desaparece, deixando a todos preocupados, inclusive Brooks e Crevett que confirmaram a visão de Anne, ao telefonar para Dewhurst, que afirma que Brett saiu pela montanha sozinho em plena noite. Pois bem, Dewhurts é atacado pela misteriosa nuvem e também perde a cabeça, encontrado por uma equipe de resgate liderado por Brooks no dia seguinte. Com Brett ainda desaparecido, outros dois alpinistas vão à sua procura e encontram o rapaz possuído por alguma maligna entidade que vive dentro da nuvem, matando os dois homens com sua picareta. Brett desce de volta ao hotel, completamente transtornado e sem o controle das suas capacidades motoras, e ao ver Anne, que percebe que há algo errado com ele, tenta matá-la, atacando-a com uma faca. Brooks e Crevett então associam o caso com outro idêntico que aconteceu nos Andes, quando um morador do vilarejo voltou das montanhas com os mesmos sintomas e tentou matar uma mulher com os mesmos poderes mentais que Anne. Quando a nuvem começa a descer para o hotel, Brooks comanda uma retirada de todos os moradores de Trollenberg em direção ao observatório. Só que uma garotinha pentelha perde a bola e não sobe junto com os outros, e fica à mercê do absurdo vilão do filme. Aqui, depois de uma hora de projeção que vimos pela primeira vez o tal crawling eye, criatura alienígena que parece um polvo, com enormes tentáculos e um único olho gigante no centro de uma formação esponjosa e translúcida. Você não vai estar preparado para ver o olho. Todo o clima de suspense e terror meticulosamente bem trabalhado até então aqui vai por água a baixo quando a criatura ridícula dá as caras. A estranha forma alienígena que se camufla nas nuvens divide-se então em outras cinco, que passam a atacar o complexo do observatório. Como eles sempre viveram em temperaturas baixíssimas e no interior da nuvem beira ao congelamento, o grupo de cientistas, junto com Phillip e as irmãs Pilgrim, com Anne ainda sobre forte influência da sugestão mental da criatura, precisa resistir à investida dos monstros, apelando para coquetéis molotov e esperando que a aeronáutica apareça para explodir bombas incendiárias que darão cabo dos alienígenas, que são vulneráveis ao fogo e altas temperaturas. É impossível não se apaixonar por The Trollenberg Terror, ainda mais se você é fã da mistura de terror com sci-fi e adora ver essas criaturas patéticas e toscas na telona. Os efeitos especiais criados por Les Bowie (também sem nenhum parentesco com David) podem até ter impressionado na época, mas como a grande maioria dos filmes da década, sofreu demais com a passagem do tempo. Mas isso não impediu a elevação desse filme ao status de cult. Muito pelo contrário. É exatamente o visual dos olhos alienígenas esponjosos com tentáculos que fizeram The Trollenberg Terror se tornar o que é e adorado por nós, aficionados por bagaceiras.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/16/111-the-trollenberg-terror-1958/

#110 1958 O TERROR QUE VEM DO ESPAÇO (It! The Terror From Beyond Space, EUA)


Direção: Edward L. Cahn
Roteiro: Jerome Bixby
Produção: Robert E. Kent, Edward Small (não creditado)
Elenco: Marshall Thompson, Shirley Patterson, Kim Spalding, Ann Doran, Dabbs Greer

O Terror que Vem do Espaço é o filme que confessamente inspirou o roteirista Dan O’Bannon a criar a história de Alien – O Oitavo Passageiro, dirigido por Ridley Scott. Claro que sem o toque de Scott na direção, a evolução dos efeitos especiais e de maquiagens no final dos anos 70, e obviamente, o design do suíço H.R. Giger, o que sobra aqui é mais um daqueles filmes B de sci-fi tipicamente dos anos 50. A criatura aqui parece visivelmente uma versão de Gill Man, de O Monstro da Lagoa Negra, que mudou-se para Marte e invade um foguete espacial. É tosquíssima por sinal. E engraçado essa obsessão nos anos 50 por Marte. Claro que hoje, em pleno Século XXI, não conseguimos assimilar as mesmas ideias que eles, pois sabemos já há muito tempo que o Planeta Vermelho é uma rocha deserta inútil. Mas em 1950 eles com certeza acreditavam que podia ter vida, e vida maligna ainda por cima, naquele planeta, pronta para nos atacar a qualquer momento, ou nossos intrépidos astronautas. Dirigido por Edward L. Cahn (O Cadáver AtômicoOs Zumbis de Mora Tau), a trama de O Terror Que Vem do Espaço se passa no futuro (para eles), em 1973, quando finalmente o homem pisou em Marte pela primeira vez. O time é chefiado pelo primeiro homem a ser lançado no espaço. Não, não é o russo Yuri Gagarin, que só entraria em órbita três anos depois deste filme, mas sim o Coronel Edward Carruthers (vivido por Marshall Thompson, o mesmo de O Horror Vem do Espaço. Nota do blogueiro: pelo jeito ele curte filmes que tenha “vem do espaço” no título). Acontece que a nave Challenge 141, ao chegar no planeta vermelho, parou de responder e dar sinais de vida, e descobre-se então que toda a tripulação foi morta. A nave de resgate Challenge 142 chega a Marte e tem a incumbência de levar Carruthers de volta à Terra para encarar a Corte Marcial, já que é tido como o principal e único suspeito do assassinato de todo seu time. Mas a versão do Coronel é outra, culpando uma criatura alienígena humanoide de ter dizimado todos os seus companheiros de nave. Claro que ninguém acredita na sua versão, muito menos o Coronel Van Hausen (Kim Spalding) que vive contrariando e provocando Carruthers. Vai, a bela enfermeira Ann Anderson também não desacredita de Carruthers e no decorrer do filme vai até arrastar uma asa para ele. Todo mundo só vai mesmo mudar de ideia quando antes da decolagem, a criatura alienígena entra dentro da nave através de um compartimento de exaustão aberto, e começa a tocar o terror no foguete, aumentando a contagem de corpos quando os humanos se tornam vítimas para o monstro se alimentar de todas suas reservas líquidas no corpo (lembrem-se sempre que não há água em marte). Assim ele vai encurralando os astronautas pouco a pouco, já que todas as tentativas de destruir o ser de outro planeta são inúteis. Afinal, ele é resistente a balas, gás e granadas (sim, eles explodem granadas dentro de um foguete espacial, mas não pega nada, fiquem tranquilos). Apenas o fogo parece colocar medo e ferir o monstro espacial. O interessante de O Terror Que Vem do Espaço, tirando o visual pífio do alienígena e seus grunhidos frequentes, é exatamente a ideia de tentar passar uma ameaça implacável confinada em um ambiente claustrofóbico, onde literalmente não há nenhuma saída a não ser tentar se esconder e confrontar o monstro quando possível. Exatamente a mesma fórmula utilizada em Alien – O Oitavo Passageiro, e que elevou o filme a um novo patamar da mistura entre o horror e a ficção científica. Tem até uma cena aqui, onde um dos astronautas entra dentro do apertado tubo de ventilação para procurar a criatura, assim como Dallas de Tom Skerrit faz no filme de Ridley Scott. Claro que o filme, como bom sci-fi B que se preze, tem muita papagaiada, mais uma vez resultado da completa falta de noção de como realmente funcionam as coisas no espaço durante aqueles tempos. Uma cena clássica é quando dois astronautas, saem da nave em plena órbita, vestido com seus trajes de alumínio, e andam de cabeça para baixo pelo foguete normalmente, sem nenhum cabo que os prenda ao veículo e serem tragados para o vácuo. Parece Batman e Robin daquele seriado camp dos anos 60 andando de forma reta pelas paredes dos prédios! E mais tarde, quando descobrem que o alienígena consome muito oxigênio e a única maneira de destruí-lo é retirando todo o ar de dentro da nave, os sobreviventes se protegem dentro de suas roupas espaciais e simplesmente abrem a escotilha, sugando toda a reserva de oxigênio do local, que é violentamente tragada para fora, pelo mesmo vácuo que antes inexistia. Genial! Vi O Terror Que Vem Dos Espaço pela primeira vez no canal de TV a cabo TCM, na seção de filmes de terror que passava nas quintas-feiras à noite, curioso principalmente por conta do narrador da propaganda do filme salientar que inspirou Alien – O Oitavo Passageiro. E apesar dos apesares dos furos de roteiro, o longa é um ótimo exercício de terror espacial, que consegue construir muito bem algumas sequências de suspense, principalmente pelo fato do alienígena ir aprisionando-os andar por andar, deixando-os sem escapatória, e também o excelente uso da trilha sonora minimalista. Vale conferir.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/15/110-o-terror-que-vem-do-espaco-1958/

sexta-feira, 27 de março de 2015

#109 1958 A MOSCA DA CABEÇA BRANCA (The Fly, EUA)


Direção: Kurt Neumann
Roteiro: James Clavell, George Lagelaan (história)
Produção: Kurt Neumann, Robert L. Lippert (não creditado)
Elenco: Vincent Price, Al Hedison, Patricia Owens, Herbert Marshall

A Mosca da Cabeça Branca é um daqueles clássicos do cinema de terror / sci-fi, elevados ao status decult. Diferente da refilmagem asquerosa de David Cronenberg, A Mosca, de 1986, o original sofre as limitações da sua época, claro, o que acaba não impressionando tanto, visualmente falando, quanto sua versão atual, mas mesmo assim, não deixa de ser um filme redondo e com a sua boa dose de suspense. Assim como o filme de Cronenberg, o qual nós somos mais acostumados a ver e rever, a grande mensagem de A Mosca da Cabeça Branca é a respeito dos perigos que a tecnologia pode nos trazer. E aqui isso fica ainda mais evidente, afinal, estamos na década de 50 vivendo sob a paranoia da Guerra Fira e o medo da tecnologia ser usada pelos soviéticos para acabar com o belo modo de vida americano. E essa metáfora é muito bem representada pelo casal do filme, o brilhante cientista Andre Delambre e sua esposa devotada, Helene. Eles tem aquela vida perfeita típica do subúrbio americano dos anos 50: ela dona de casa servil e companheira, ele homem brilhante que traz o sustento à casa. Vivem com o filho pequeno, Phillipe, e a empregada em um mundo ensolarado e positivo. Porém esse status quo é arruinado graças a que? A tecnologia, claro. Logo no começo do filme somos pegos despreparados, com o zelador de uma fábrica encontrando um corpo que teve a cabeça esmagada em uma prensa hidráulica. Assustado, ele liga para o dono da fábrica, François Delambre (Price), irmão de Andre e cunhado de Helene. Em seguida, a moça liga confessando o crime, que acabara de assassinar seu irmão na prensa. Price então contata o Inspetor Charas, para que ele cuide da investigação do assassinato. É aí que Helene resolve contar a trágica história para os dois, afim de evitar que seja presa ou vá parar em um manicômio. Andre trabalhava em um projeto secreto para a aeronáutica americana e construiu uma máquina capaz de teletransportar objetos e pessoas. Como bem já sabemos (acredito eu), durante um teste realizado consigo mesmo, uma maldita mosca entra na cápsula de teletransporte e o computador faz uma recombinação genética dos dois. Diferente da refilmagem, que vai alterando fisicamente o cientista aos poucos até transformá-lo em uma criatura monstruosa e repugnante, aqui os efeitos colaterais são devastadores logo de cara. O corpo de André ganha uma cabeça gigante de mosca e um de seus braços é substituído por uma pata, enquanto o corpo da pequena mosca ganha a cabeça e o braço do pobre infeliz. Inicialmente ele mantém seu rosto coberto por um pano, para que a esposa não o veja. Nisso o filme é incrível, pois vai cercando de expectativa de como será a terrível aparência de André, e aguçando a curiosidade do expectador com uma dose cavalar de suspense, até que Helene enfim retira o pano e se depara com a criatura. Aos poucos, Andre vai perdendo a batalha contra o instinto primitivo do inseto, e sem conseguir encontrar a mosca-homem, o homem-mosca decide que deve ser destruído, o que nos leva aos acontecimentos do começo da fita. O que atrapalha bastante o filme é que ele perde muito o ritmo, enquanto mãe, filha e empregada ficam zanzando pela casa e jardim afim de capturar a tal mosca da cabeça branca, única saída para que Andre tente reverter sua aparência, prejudicando o andamento do filme. Mas no final, novamente o suspense torna-se constante, quando Helene está prestes a ser levada ao manicômio por ter assassinado seu marido, já que nem François e nem o inspetor Charas conseguem engolir essa história. É aí que Phillipe encontra a mosca da cabeça branca presa em uma teia de aranha, prestes a ser devorada, em uma das mais clássicas e bizarras cenas do cinema de terror. Ele conta ao tio, que leva o inspetor até o jardim e os dois presenciam o pavor e agonia da pequena criatura a mercê do aracnídeo, antes de ambos serem destruídos por uma pedra, lançada pelo atormentado Charas, que nunca mais irá esquecer aquela visão e aquele grito de desespero. Mas infelizmente, o final acaba sendo feliz demais (beeeeeem diferente de A Mosca, por exemplo), pois mesmo com a morte de Andre, Helene não é presa, e vive feliz com o filho e com François, que assume o papel de pai do garoto. Aquelas maravilhas dos anos 50, sabe? Os efeitos especiais de A Mosca da Cabeça Branca até que são decentes, se você parar para pensar que estamos falando aqui de um filme B de cinquenta anos atrás. Tanto a maquiagem da cabeça de mosca deve ter sido um choque e assustador na época, quanto os efeitos das luzes de neon enquanto a máquina era utilizada, assim como os objetos sumindo antes de serem materializados na outra máquina. As atuações estão bem sóbrias também, principalmente de Price, que ainda não havia se tornado uma referência no horror até então, e de Patricia Owens, que vive Helene. O excesso de cores, a fotografia e a filmagem em Cinemascope também são muito bem utilizados, para mostrar que o terror pode acontecer em locais ensolarados, claros e em plena luz do dia e não são exclusividades de paisagens e lugares sombrios.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/14/109-a-mosca-da-cabeça-branca-1958/

#108 1958 O MONSTRO DA BOMBA H (Bijo to Ekitainingen / The H-Man, Japão)


Direção: Ishirô Honda
Roteiro: Takeshi Kimura, Hideo Unagami (história)
Produção: Tomoyuki Tanaka
Elenco: Yumi Shirakawa, Kenji Sahara, Akihiko Hirata, Koreya Senda, Makoto Satô

Japonês sempre soube fazer bons filmes de sci-fi e de terror (vide os famosos filmes Kaiju da década de 50, 60 e 70 ou o J-Horror dos anos 90 até meados dos anos 2000). Isso é fato. Mas se houve uma dupla de japoneses que soube fazer ficção melhor que todos os outros, foi o diretor Ishirô Honda e o mago nipônico dos efeitos especiais, Eiji Tsuburaya. O Monstro da Bomba H é prova cabal disso. Produzido para o famoso estúdio Toho, O Monstro da Bomba H, filmado em cores e utilizando o cinemascope, é um verdadeiro desbunde para os fãs desse gênero, trazendo uma revolução técnica para os padrões da década de 50. Isso tudo pode colocar na conta de Tsuburaya, o pai do Ultraman, que aqui faz sua primeira investida em efeitos especiais sem os famosos monstros gigantes japoneses, os Kaiju, que o consagraram, fórmula que também seria repetida em O Vapor Humano e O Ataque dos Homens Cogumelo posteriormente. Isso sem contar a direção de Honda, que já havia levado ao mundo o lagartão Godzilla, em 1954 (também com os efeitos de Tsuburaya). Voltando-se mais uma vez ao medo atômico e inspirados pelo cult da Hammer de 1956, X, O Monstro Radioativo, Honda e Tsuburaya apresentam aqui o Liquid Man, como é tratado no filme, uma forma radioativa que vive se esgueirando por aí como um líquido translúcido azul, que tem a terrível capacidade de derreter suas vítimas, e que ainda pode assumir a forma humana. Resultado da exposição de marinheiros japoneses do navio Ryujin Maru II à explosão de uma bomba de hidrogênio no pacífico. O Ryujin Maru II desapareceu misteriosamente em pleno oceano após o incidente, encontrado à deriva dias depois pelos membros do navio Inzu. Ao entrarem no convés para investigar, descobrem que não sobrou ninguém da antiga tripulação, apenas suas vestimentas, pois todos foram derretidos pela terrível forma líquida. Dos seis marinheiros da tripulação do Izu que subiram a bordo do navio à deriva, apenas dois voltaram com vida. Enquanto isso, a trama mistura esse enredo fantástico com uma história policial, com detetives tentando se infiltrar e prender importantes gângsteres de Tóquio, quando Misaki, um traficante de drogas qualquer, namorado da cantora de cabaré Arai Chikako, também desaparece misteriosamente após um roubo de joias, deixando apenas suas roupas (como ocorreu no navio). A polícia então resolve aprofundar as suas investigações, chefiada pelo detetive Tominaga, acreditando num acerto de contas entre gangues, mas sem chegar à nenhuma explicação conclusiva sobre o desaparecimento, e mantendo vigilância irrestrita sobre Chikako, única pista. Surge na história então Massada, professor na Universidade de Jyoto, que levanta a questão de que Misaki pode ter sido vítima da mesma criatura que deu cabo da tripulação do Ryujin Maru II. Só que a polícia não acredita em suas teorias, mesmo depois de ouvir os dois únicos sobreviventes do Izu e de ver Misaki realizar experiências com sapos, derretendo-os ao expor a uma grande quantidade de radiação, assim como supostamente tem acontecido com as vítimas. Só mesmo depois de uma mega ação policial para prender membros de gangues no cabaré onde Chikaki trabalha, que finalmente o tal Liquid Man (nome batizado pelo proeminente Dr. Maki), dá as caras e começa a perpetuar um rastro de morte e derretimento, rastejando pelas janelas e atacando tanto as cantoras e dançarinas do local, quantos gângsteres e policiais. O monstro é levado a público e uma imensa operação para tentar destruí-lo, tacando fogo nos esgoto de Tóquio é colocada em prática, bem quando um dos gângsteres que conseguiu fugir da batida, rapta Chikako e a leva bem para os túneis, deixando-a a mercê da criatura, até ser resgatada pela apaixonado Misaki e o detetive Tominaga. Chocante para a época são os efeitos das pessoas derretendo quando entram em contato com o líquido translúcido azul, lentamente desaparecendo enquanto apenas suas roupas caem vazias no chão, cercado de borbulhas que começam a surgir na vítima. Realmente assustador e impactante para o pública da década de 50, assim com a cena em que o monstro adquire forma humana. O que quebra muito o ritmo do filme é toda a narrativa da investigação policial em curso e a extensa cena da batida dos detetives no cabaré, onde temos que aguentar Chikako cantando aquelas canções ao estilo crooner americano de doer, e solos de bateria, e danças, e performances, e tudo mais. Estreando na terra do sol nascente em 1958, O Monstro da Bomba H só chegou aos EUA no ano seguinte, em 1959, e ainda numa versão com cortes, meticulosamente não lançada no mesmo ano para não concorrer e evitar comparações com A Bolha, do diretor Irwing S. Yeaworth, igualmente inspirado por X, O Monstro Radiotivo, também de 58, que utiliza mais ou menos da mesma premissa (uma criatura rastejante que derrete as pessoas).

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/13/108-o-monstro-da-bomba-h-1958/

quinta-feira, 26 de março de 2015

#105 1958 A BOLHA (The Blob, EUA)


Direção: Irwin S. Yeaworth
Roteiro: Theodore Simonson, Kate Phillips, Irvine H. Millgate (ideia original)
Produção: Jack H. Harris, Russel Doughten (Produtor Associado)
Elenco:Steve McQueen, Aneta Corseaut, Earl Rowe, Olin Howland, Steven Chase, John Benson

Um verdadeiro clássico e um dos mais famosos e adorados filmes do terror / sci-fi dos anos 50. OK, A Bolha talvez só seja tão famoso para minha geração por conta do seu excelente remake dos anos 80, A Bolha Assassina. Mas a importância desse filme para o gênero é inquestionável. Primeiro pela perplexidade que causou no público na época, ao ver aquela gelatina de morango espacial vinda de um meteorito que caiu em Phoenixville, Pensilvania, promover um rastro de morte e destruição, sendo praticamente indestrutível e crescendo conforme vai devorando os seres humanos, e tudo isso em cores! Segundo pela já nítida evolução dos efeitos especiais se comparadas a outras produções do gênero. Terceiro por dar a primeira oportunidade cinematográfica ao jovem ator Steve McQueen, futuro astro de Hollywood e indicado ao Oscar. O diretor Irwin S. Yeaworth confessamente inspirou sua geleca em um obscuro sci-fi do estúdio inglês Hammer (sim, aquele mesmo dos filmes de Drácula e Frankenstein com Peter Cushing e Cristopher Lee),X, O Monstro Radioativo. Feito com parcos 240 mil dólares, e exibido em double features com I Married a Monster from Outer Space, A Bolha é mais um exemplo de um filme barato, porém criativo, que deu super certo e tornou-se um sucesso instantâneo para a Paramout, que até então não tinha quase nenhuma tradição no gênero. A abertura de A Bolha não tem absolutamente nada a ver com um filme de terror e até acaba se transformando em um anticlímax, trazendo como música tema uma espécie de surf music bem anos 50. Mas o pior é que ela é bem divertida. Olha só que legalzinha a letra de Beware of the Blob de Burt Bacharach:
Beware of the Blob, it creeps
And leaps and glides and slides
Across the floor
Right trough the door
And all around the wall
A splotch, a blotch
Be careful of the Blob
E essa letra da música resume muito bem o que se esperar da criatura alienígena pegajosa e rastejante do filme e todas as peripécias que essa massa disforme é capaz de fazer. E se você já assistiu ao remake oitentista, a origem é a mesma. A geleia vem dentro de um meteorito que cai em uma fazenda no interior dos EUA, e é encontrada por um velho e seu cachorro. Cutucando a forma translúcida com uma vareta, ela gruda na mão do senhor e começa a consumir o braço do pobre coitado. Até ele ser resgatado por Steve Andrews, papel de McQueen e sua namoradinha virginal Jane Martin (Aneta Corsaut), que estavam dando uns amassos castos no carro e veem uma estrela cadente, que na verdade é o tal meteorito, e resolvem tentar descobrir onde ela caiu. Steve leva o velho até o Dr. T. Hallen, que desconhece o que pode ser aquilo. A bolha faz então sua segunda vítima e vai aumentando de tamanho, fugindo para a cidade para espalhar o terror gelatinoso. A polícia local não acredita na história contada por Steve e Jane, que procuram os demais “adolescentes” rebeldes da cidade para investigarem o paradeiro da bolha, até que eles a encontram na loja de conveniência do pai de Steve, e só conseguem se salvar por se esconderem no frigorífico, e descobrirem que o alienígena gosmento não tolera o frio extremo. Em sua escalada de morte, a Bolha ainda ataca um cinema, o Colonial Theater, em que está sendo exibido Daughter of Horror, filme de 1953 dirigido por John Parker, (que está sendo projetado quando Steve adentra o cinema para pedir ajuda aos amigos) e My Son, the Vampire, este estrelado por Bela Lugosi. Sem precedentes a cena em que a bolha se esgueira pelo duto de ar para devorar o projetor e depois cai pelas janelas da sala de exibição, provocando uma fuga histérica em massa do local. Por fim, Steve, Jane e seu irmãozinho pentelho que foi atrás dela, que você até torce que morra secretado pela gosma alienígena, estão encurralados em uma lanchonete que a bolha, agora com proporções gigantescas, está assimilando, quando através do uso do CO2 provenientes de extintores, toda a população congela a criatura, à espera de que o exército americano leve-a para o ártico, onde ficará para sempre confinada no frio, ou até que o degelo e o aquecimento global a tire de lá, já que no final do filme, após o fatídico letreiro de FIM, aparece um sinistro ponto de interrogação. O grande inimigo de A Bolha no entanto é a passagem dos anos. Aposto R$ 10 que você, assim como eu, assistiu primeiro A Bolha Assassina de 1988, então assistir a versão feita trinta anos depois, com toda aquela inocência, climão e principalmente ritmo característicos da década de 50, deixa muito a desejar. Não é nenhum demérito, mas acontece que o que ocorre com A Bolha foi exatamente a mesma coisa de outros sci-fi dos anos 50 que ganharam suas refilmagens três décadas depois, como, por exemplo, A Mosca, remake de A Mosca da Cabeça Branca e O Enigma de Outro Mundo, remake de O Monstro do Ártico. Todos eles são viscerais, violentos e com doses cavalares de sangue e nojeira, algo que seus originais definitivamente não tinham. Mas isso não tira o fato de que A Bolha é um cult definitivo e muito menos a sua importância para o gênero, tornando-o obrigatório para os fãs. E para finalizar, por sorte, também fomos agraciados com a desistência do roqueiro metido a diretor Rob Zombie em fazer um re-remake do filme. PegandoHalloween – O Início como base, já dava para imaginar que mais um clássico seria assassinado por Zombie.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/09/105-a-bolha-1958/

terça-feira, 24 de março de 2015

#104 1958 O ATAQUE DA MULHER DE 15 METROS (Attack of the 50 Foot Woman, EUA)


Direção: Nathan Juran
Roteiro: Mark Hanna
Produção: Bernard Woolner, Jacques Marquette (Produtor Executivo)
Elenco: Allison Hayes, William Hudson, Yvette Vickers, Roy Gordon, George Douglas, Ken Terrell

Como diria um antigo professor de história meu: “Essa mulher é um colosso! Um mulherão”. O Ataque da Mulher de 15 Metros é mais uma daquelas bagaceiras especiais que o ciclo sci-fi dos anos 50 nos proporcionou. Agora imagine só que pesadelo uma mulher de 15 metros! Imagine uma mulher de 15 metros com CIÚMES? Se uma mulher de 1,55m, por exemplo, com um ataque de ciúmes já é duro de controlar, e com esse tamanho todo então? E é bem o que acontece neste filme: o marido idiota da mulher que fica gigante é um verdadeiro porco chauvinista que vive traindo-a com uma ruiva no bar, e não tem como a vida do cara ficar fácil quando ela busca por vingança. Mas antes de colocar a carroça na frente dos bois, vamos a uns pequeno detalhes técnicos do filme: O Ataque da Mulher de 15 Metros foi dirigido por uma figurinha carimbada do universo terror / sci-fida época, Nathan Juran (que aqui assina a direção com o pseudônimo de Nathan Hertz). Em seu currículo, podemos destacar filmes como O Cérebro do Planeta Arous e The Deadly Mantis, que são duas pérolas do gênero, além de vários episódios dos seriados sessentistas de Irwin Allen. No roteiro escrito por Mark Hanna, Nancy Archer (Allison Hayes) é uma ricaça, dona do raro diamante Estrela da Índia (checar), com sérios problemas de alcoolismo e casada com o escroque Harry Archer (William Hudson), que só está interessado no dinheiro da esposa e nas suas puladas de cerca com Honey Parker (a playmate Yvette Vickers), sua fogosa e maquiavélica amante. Nancy já passou um tempo no hospício pelo fato de gostar de um mé, muito por conta do casamento fracassado e do marido interesseiro e ausente, mas acabou fazendo a besteira de voltar para Harry ao receber alta, jurando amor eterno ao patife. Certa noite, após uma briga do casal, Nacny sai de carro pela estrada e no meio do deserto, ela avista um satélite, ou um OVNI, que parece um ovo e dentro dele, sai um gigante careca que usa um colete (que lembra bastante Tor Johnson, ator dos filmes de Ed Wood) e a ataca. Conseguindo escapar do gigante alienígena, claro que na cidade ninguém vai acreditar na mulher, achando que ela está bebendo mais uma vez. Ainda mais depois que o xerife vasculhar o local, mas não encontra absolutamente nada. Pois bem, após colocar sua sanidade em xeque e ser usada pelo marido, que elaborou um plano com a amante para que ela volte a ser internada novamente, ou morta, e eles possam colocar a mão na grana dela, Nancy sai com Harry para dirigir a esmo, tentando encontrar a nave alienígena, o gigante e provar de uma vez por todas que ela não inventou aquilo e não é biruta. Depois de horas e horas rodando, finalmente eles encontram o tal alienígena anabolizado careca que rapta Nancy enquanto o bunda mole do seu marido foge. Essa parece ser a brecha para Harry sair da cidade com a amante, mas quando o fiel mordomo Jess dá parte à polícia, eles os impedem até descobrir o que aconteceu com a mulher.  Passado um tempo, a abduzida é finalmente encontrada no teto da casa de piscina da mansão Archer, e como efeito colateral da exposição exagerada à radiação alienígena, ela passa a crescer descontroladamente. Aqui que o filme começa a ficar interessante, e somos apresentados aos toscos efeitos especiais. Primeiro só vemos o braço do mulherão, estático, feito de gesso, suspenso por correias e correntes, enquanto ela acorda em acessos de fúria e tendo de ser dopada com doses cavalares de morfina que vão fazendo cada vez menos efeito. Ah, detalhe que ela sempre chama pelo marido que está onde? No salão do bar dançando com a amante, claro. Nesse ínterim, através da polícia local, o xerife encontra a nave e consegue adentrar em seu interior e descobre diversos diamantes lá tendro, que ele utiliza como combustível, e por isso, Nancy foi um alvo na estrada. Quando a morfina perde seu efeito e Nancy acorda puta da vida, é que o caldo vai entornar de verdade. Com um podre efeito de sobreposição de imagem, a garota agora tem 15 metros de pura sensualidade, seu cabelo fica loiro (que era moreno até então), com suas pernas gigantescas e barriguinha de fora, afinal misteriosamente suas roupas também ficaram grandes, mas pequenas o suficiente para cobrir apenas as partes íntimas ao mesmo tempo, entendeu? Com esse corpão cheio de estrógeno descontrolado em ebulição, ela vai atrás do marido, destruindo a pequena cidade até chegar ao bar e derrubar o teto do local sobre a vagabunda que dava em cima do marido e reservar para Harry um trágico destino, assim como para si mesma. Mas além de O Ataque da Mulher de 15 Metros ser esse clássico da ficção científica dos anos 50, também faz pensar, e serve como uma alerta para você que é marido ou namorado ganancioso e mulherengo ficar esperto, pois de repente sua esposa ou namorada pode se deparar com um objeto alienígena que fará seu tamanho crescer absurdamente, e aí, literalmente meu amigo, vai ficar pequeno para você.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/08/104-o-ataque-da-mulher-de-15-metros-1958/

#103 1957 OS ZUMBIS DE MORA TAU (Zombies of Mora Tau, EUA)


Direção: Edward L. Cahn
Roteiro: Raymond T. Marcus, George Plympton (história)
Produção: Sam Katzman
Elenco: Gregg Palmer, Allison Hayes, Autumm Russell, Joel Ashley, Morris Ankrum

Antes de George Romero reinventar o gênero em 1968, os filmes de zumbi tiveram seu auge durante os anos 30 e 40, sempre baseando-se na origem haitiana da criatura, em filmes como Zumbi Branco e A Morta-Viva, além de outras desgraças do Poverty Row. Após esse período, os mortos-vivos caíram no ostracismo e assim como outros monstros do cinema, foram substituídos pelo terror sci-fi da década de 50. Os Zumbis de Mora Tau é um desses poucos exemplares do gênero produzidos no período antes deA Noite dos Mortos-Vivos. E é de se tirar o chapeu para Os Zumbis de Mora Tau, que apesar de não ser aquela maravilha da sétima arte, tentou investir em uma trama criativa, que atualizava a relação da figura do zumbi com a maldição vodu, e tentou escapar de qualquer enredo que envolvesse foguetes, alienígenas ou poderio nuclear. E um detalhe curioso é que os zumbis já haviam se tornado vítimas da radiação em um filme anterior do mesmo produtor, Sam Katzman, em O Cadáver Atômico. Nessa altura do campeonato se você já está acompanhando a lista do blog, conhece o nome Sam Katzman, icônico produtor responsável pela Clover Productions, responsável por alguns filmes trashesda década de 50 dignos de nota (entenda isso como quiser), como O Monstro do Mar RevoltoO Lobisomem (que foi lançado em sessão dupla com Os Zumbis de Mora Tau) e O Ataque vem do Polo. Agora se você veio parar nesse post porque é fã neófito dos zumbis e adora o seriado The Walking Dead, então com certeza vai acabar se decepcionando com Os Zumbis de Mora Tau, e sinceramente, com todos os filmes do gênero pré-Romero (apesar de que esse foi uma das inspirações confessas de Romero para criar seu clássico seminal).Ainda falando sobre a Clover Productions, o diretor de O Lobisomem e O Ataque vem do Polo, Fred F. Sears, pupilo de Katzman, seria o responsável por dirigir também Os Zumbis de Mora Tau tendo montado alguns takes do filme e preparado todos os storyboards. Mas infelizmente Sears morreu prematuramente antes de dar andamento na produção, por conta das reações negativas que recebeu durante a primeira exibição de O Ataque vem do Polo (para mim, o pior filme de monstro já feito na história), fazendo com que Sears virasse um recluso em seu sítio e fosse encontrado morto três meses depois. No post de O Ataque eu conto um pouco mais sobre essa história trágica. Então quem finalizou o longa foi o diretor Edward L. Cahn. Aqui a aventura se passa na África Ocidental, e não no Caribe, devolvendo a maldição vodu para suas raízes africanas. E neste balaio de gato, vamos ser apresentados a zumbis marujos que têm medo de fogo e vivem embaixo d’água, submergindo vez ou outra molhados e com algas marinhas penduradas no corpo. Pronto, isso já é o suficiente para imaginar a pérola que vem por aí. Soma-se isso a atuações enfadonhas, um roteiro pragmático engessado (por mais que tente ser criativo) e uma locação na África em um lugar desconhecido, que nem parece a África na verdade, e sequer tem africanos como personagens. A jovem e bela Jan Peters (Autumm Russell) retorna à casa de sua reclusa bisavó na costa africana para descobrir que o local é tomado por uma maldição. E ela não é a única a desembarcar por lá, já que um grupo de aventureiros está em busca de encontrar uma fortuna em diamantes submersos, nos resquícios do navio Susan B., naufragado em 1884. Reza a lenda que o navio afundou depois da tripulação europeia roubar os diamantes da tribo nativa local, que por sua vez, mandou ver uma maldição contra o homem branco, transformando-os em zumbis por toda a eternidade, obrigando-os a matar qualquer um que vier atrás dos diamantes, como já acontecera com outras quatro expedições anteriores, até que os diamantes sejam destruídos ou jogados fora, o que você preferir, e suas almas possam descansar para sempre. A equipe liderada pelo inescrupuloso George Harrison (não, não é aquele dos Beatles), interpretado por Joel Ashley, quer a todo custo colocar as mãos nas preciosidades, e para isso conta com a ajuda do mergulhador Jeff Clark (Gregg Palmer) e do escritor Dr. Jonathan Eggert (Morris Ankrum). Claro que nenhum deles acredita na Vovó Peters e na ladainha sobre os zumbis. Nesse ínterim, ainda conhecemos a vulgar esposa de Harrison, Mona (vivida por Allison Hayes, a gigante de O Ataque da Mulher de 15 Metros) e também rola um interlúdio romântico entre Jan e Jeff. Ah, e também descobrimos que o marido da Vovó Peters faz parte da tripulação dos zumbis, pois foi o capitão do Susan B. O resto é confete. Mona é atacada pelos zumbis e acaba tornando-se uma deles, e nem isso consegue frear a ganância do capitão Harrison e nem de Jeff, que arriscam a própria vida em cenas subaquáticas com direito a trajes completos de mergulho e escafandros (e com os zumbis andando debaixo d’água, muito antes da antológica briga entre um tubarão e um zumbi aquático em Zumbi 2 – A Volta dos Mortos de Lucio Fulci). E no final, Jeff com dó da pobre velhinha ao ver seu antigo marido ali zumbificado, joga os diamantes no rio e fica tudo por isso mesmo, sendo o grande altruísta do dia. Mas o que simplesmente não me desce em Os Zumbis de Mora Tau é que sem sombra de dúvida, os zumbis aqui são os mais patéticos de todo o gênero. Eles são lerdos, burros, e quase estáticos. Não conseguem representar ameaça nenhuma. Nem sei como eles conseguiram matar todo um grupo de exploradores das outras vezes. E eles têm esse medo de fogo, certo? Então porque diabos eles simplesmente não atearam fogo em todos eles, até viraram cinza e depois fugiram com os diamantes, tornando-se milionários? Mas incrivelmente apesar dos apesares, a produção de Katzman serviu com um novo ponto de partida para o gênero e influenciaria os demais filmes de zumbi que viriam por aí, até chegarmos no conceito cinematográfico dos mortos-vivos que estamos acostumados (e já até saturados) a ver nos dias de hoje. Em Os Zumbis de Mora Tau, é a primeira vez que vemos um ataque em massa dos mesmos, arrastando-se para perseguir os heróis e estrangulando quem quer que esteja na sua frente, dando já um preview da fórmula dos filmes de apocalipse zumbi tão comuns atualmente. Além disso são os primeiros que são capazes de transformar suas vítimas em zumbis. E simplesmente é impossível destruí-los (exceto se a maldição for quebrada), ou seja, não se pode conter a terrível ameaça. Ou seja, apesar do filme ser dos mais meia boca, Os Zumbis de Mora Tau acabou incidentalmente transformando-se em um marco do gênero e uma evolução da criatura nas telonas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/07/103-os-zumbis-de-mora-tau-1957/


domingo, 22 de março de 2015

SONG OF THE SEA (Bélgica, Dinamarca, França e Irlanda, 2014)


#101 1957 A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (The Curse of Frankenstein, Reino Unido)


Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster (baseado na obra de Mary Shelley)
Produção: Anthony Hinds, Max Rosenberg, Michael Carreras (Produtor Executivo), Anthony Nelson Keys (Produtor Associado)
Elenco: Peter Cushing, Cristopher Lee, Robert Urguhart, Hazel Court

É preciso afirmar que A Maldição de Frankenstein iniciou uma nova era no cinema de terror. Primeiro, por ser a primeira produção do lendário estúdio inglês Hammer Films atualizando os clássicos de monstro da Universal. Segundo, por ser a primeira aparição da dupla Peter Cushing e Cristopher Lee em cena. Terceiro, por trazer cores vivas ao universo do horror. E quarto, e não menos importante, por finalmente mostrar aquilo que todo fã que se preze mais gosta de ver no gênero: sangue! É bom se atentar ao momento histórico do lançamento de A Maldição de Frankenstein. Após os filmes de monstro da Universal terem tomado de assalto os cinemas no início da década de 30 e suas infindáveis continuações, seguidos pelos filmes da RKO Radio Pictures e do Poverty Row na década de 40, após a Segunda Guerra Mundial sabemos que o terror mesmo, aquele de verdade, praticamente minguou a partir de 1947. Os olhos do cinema fantástico estavam voltados ao sci-fi com seus monstros espaciais, invasões alienígenas e alegorias para o medo nuclear e o comunismo. Foi nesse contexto que a Hammer, que já havia tido sua incursão na ficção científica com Terror que Mata e X, O Monstro Radioativo, e em seu filme próprio de monstro, O Abominável Homem das Neves, resolveu refilmar os clássicos de monstro da Universal em cores, trazendo para o espectador um novo aspecto de horror mais gráfico e abusando, na medida do possível, do vermelho vivo do sangue para chocar a plateia. Tanto que se você acompanhar a evolução do cinema de horror (até mesmo assistindo na ordem cronológica cada fita que postei até então), verá que esse é o primeiro longa que além de mostrar sangue de verdade (quer dizer, de mentira né…) em vermelho vivo, traz partes de corpos decepados como mãos, olhos e cérebros. E ah, como a gente adora ver isso depois de uma batelada de filmes em preto e branco cercados de uma certa aura de inocência, digamos assim. Ou seja, A Maldição de Frankenstein é muito mais violento que todos os seus predecessores. E mais que isso, cria uma certa marca registrada com seus filmes com aquele ar cafona vitoriano de castelos e carruagens, dá uma luz ao termo Grand Guignol, que seria o pai do cinema gore, eleva a violência gráfica a um novo patamar e claro, traz aos efeitos de maquiagem em látex para a era do technicolor. A história é a mesma que conhecemos, só que mais visceral. Peter Cushing interpreta o bitolado Barão Victor Von Frankenstein em sua busca insana por construir uma criatura a partir de partes de mortos e trazê-la a vida. E a criatura é o debute de Cristopher Lee nas telas, que um ano mais tarde, se consagraria no papel como o conde Drácula definitivo, e hoje está no Guinness como o ator que mais atuou em filmes durante toda a história da sétima arte (e contando, afinal acabou de estrelar O Hobbit lançado no final do ano passado nos cinemas). A criatura pode não ter o mesmo charme de Boris Karloff e a maquiagem eternizada por Jack Pierce em Frankenstein da Universal, mas a Hammer preferiu dar um aspecto mais cadavérico ao monstro, deixando-o com um horrível corpo putrefato, retalhado e com escaras. Claro que para a época o longa recebeu uma enxurrada críticas negativas, sendo considerado pela implacável censura britânica uma “afronta ao bom gosto”. Mas como o que é do homem o bicho não come, A Maldição de Frankenstein foi um sucesso de bilheteria e a pedra angular para o estúdio que nos próximos 20 anos se dedicaria ao cinema de horror, fazendo incontáveis clássicos e eternizando os gentlemans Cushing e Lee, que para mim, são os dois maiores astros dos filmes de terror de todos os tempos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/05/101-a-maldicao-de-frankenstein-1957/

SEVENTH SON (EUA, China, 2015)


sábado, 21 de março de 2015

#100 1957 I WAS A TEENAGE WEREWOLF (I Was a Teenage Werewolf, EUA)


Direção: Gene Fowler Jr.
Roteiro: Herman Cohen, Aben Kandel (com o pseudônimo de Ralph Thornton)
Produção: Herman Cohen
Elenco: Michael Landon, Yvonne Lime, Whit Bissell, Tony Marshall, Dawn Richard, Barney Phillips

Prensado entre a infinidade de ficção científica da década, está I Was a Teenage Werewolf, um filmecult de lobisomem, de uma época passada em que lobisomem não era só coadjuvante de vampiro em filme de açãozinha barata ou romance adolescente estúpido. Lançado pela magnânima American International Pictores de Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, e produzido por Herman Cohen, aqui mais uma vez, como em O Lobisomem de Fred. F. Sears, lançado um ano antes, a licantropia no personagem principal é culpa de um cientista louco, ao invés de uma maldição ou explicação sobrenatural. Reflexo dos tempos modernos, sabe? O determinado cientista quer desenvolver uma vacina capaz de regredir o ser humano ao seu estado primitivo, animalesco, que acaba resultando na transformação de um adolescente problemático em um lobisomem que anda por aí com a jaqueta do colégio. No caso, o tal adolescente “juventude transviada” é Tony Rivers, interpretado por Michael Landon, que tinha na época 21 anos e fingia estar no high school, famoso mais tarde por protagonizar as séries Bonanza e Os Pioneiros, que passam aqui no Brasil no TCM, e foi até indicado a um Globo de Ouro de melhor ator de série de TV, categoria Drama. Quase um selvagem da motocicleta lupino, Tony só se mete em confusão e é todo esquentadinho, brigando com todo mundo por qualquer motivo idiota. A revolta do rapaz explode quando em uma festa de Halloween, outro jovem tenta pregar uma peça tocando uma corneta em seu ouvido, e ele espanca o pobre diabo e dá um chega para lá na sua namorada, Arlene. Tony resolve procurar ajuda médica, com o Dr. Alfred Brandon (Whit Bissell, General Heywood Kirk, de O Tunel do Tempo), renomado psiquiatra / cientista, após ouvir inúmeros conselhos de que deveria se tratar, inclusive do Detetive Donovan, que sempre passou um pano para o moleque. O Dr. Brandon só quer uma cobaia para seus testes de involução humana, e o rapaz vem no momento certo, sendo o alvo perfeito devido ao seu histórico de enfezado. Administrando injeções em Tony, junto com sessões de hipnoterapia, o jovem acaba se transformando em lobisomem, sem precisar de lua cheia nem nada. A primeira vítima é um dos seus amigos do colégio que inocentemente voltava para casa pela floresta tarde da noite. A segunda vítima é uma atleta de ginástica olímpica de seu colégio. Tony a vê treinando e mais uma vez o instinto animal de lobo macho alfa vem à tona, fazendo com que ele ataque e mate a garota (que já era uma coelhinha da Playboy com seus 22 anos de idade na época do lançamento do filme). Mas dessa vez ele é pego no flagra, e reconhecido por sua jaqueta e calças, que milagrosamente nunca se rasgam ou se danificam na transformação. Acuado, Tony se esconde na floresta, trava uma terrível batalha com um cachorro e precisa se esgueirar entre os arbustos, a fim de evitar que uma turma de policiais (com tochas na mão, como todo bom filme de lobisomem que se preze) o encontre. Desesperado, Tony corre para pedir socorro ao Dr. Brandon, que seda o rapaz e quer documentar sua transformação final, gravando-a e assim, ser laureado no mundo científico. Mas o incontrolável adolescente lobisomem mais uma vez é tomada por um acesso de fúria e as coisas não vão acabar muito bem para o cientista e seu assistente, até que a polícia o encontre e seja obrigada a agir rápido para terminar com as matanças de uma vez por todas. Com orçamento baixíssimo (custou 82 mil dólares e faturou 2 milhões nos cinemas) e filmado em apenas sete dias, I Was a Teenage Werewolf acabou tornando-se cultuado e uma grande referência da cultura pop, inspirando uma enxurrada de filmes, a maioria paródias, como I Was a Teenager Zombie, I Was a Teenage Mummy, e por aí vai, virando título da música da banda punk The Cramps, e aparecendo ou sendo citado em vários outros filmes, seriados de TV e desenhos (até em Bob Esponja!!!). E para sacar como a estética desta produção B influenciou culturalmente, é só lembrar de O Garoto do Futuro com Michael J. Fox, que também era um teenage werewolf. Ou então do jovem Michael Jackson transformado em lobisomem com sua jaqueta colegial no clipe de Thriller. E olha, até que a maquiagem do lobisomem é bastante decente, tendo em vista as limitações técnicas e de efeitos visuais (apesar de a transformação, filmada com trucagem de imagens, ser uma das piores do gênero). E para completar I Was a Teenage Werewolf foi um verdadeiro choque para as plateias na época, pois até então, nenhum outro personagem adolescente tinha virado um monstro nos cinemas. Ao bem da verdade, foi um golpe de mestre da AIP, sabendo que os adolescentes sempre representaram a maior fatia do público frequentador das salas de cinema, isso até hoje, só ver o tanto de filmes slasherque explodiram nos anos 80, falando especificamente de terror, e tantas outras porcarias genéricas que são lançadas atualmente voltadas exatamente para essa fatídica faixa etária.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/04/100-i-was-a-teenage-werewolf-1957/