Direção: Roger
Corman
Roteiro: Charles
Griffith
Produção: Roger
Corman, Charles Griffith (Produtor Associado)
Elenco: Richard
Garland, Pamela Duncan, Russell Johnson, Leslie Bradley, Mel Welles
Mais uma
pérola inestimável do Rei dos Filmes B, Roger Corman. A Ilha do
Pavor (péssimo título em português. Por que não deixaram algo
como O Ataque dos Caranguejos Gigantes? Muito mais naipe!) foi produzido para ser o filme
“A” (veja só…) na exibição dupla junto com outro filme de Corman, O Emissário de Outro Mundo. Há uma piada em Hollywood de
que o produtor Samuel Z. Arkoff, da American International Pictures, chamou
Roger Corman em seu escritório e pediu que ele fosse até a lanchonete na
esquina e lhe trouxesse um cheeseburger, fritas e uma Sprite. Arkoff
deu uma nota de 100 dólares e disse: “com o troco, faça um filme para nós”. Corman não só fez o filme como
ainda sobrou troco! Isso para ilustrar a capacidade de Corman em produzir
pérolas trash de baixíssimo orçamento, em torno de 100 mil dólares,
além de realizar mais de um filme em apenas dois meses. Primeiro, ele desfilou
essa sua exímia capacidade nas fitas da Allied Artists (como é o caso de A
Ilha do Pavor e O Emissário de Outro Mundo), e depois nas produções
da AIP (onde se consagraria na década seguinte com as adaptações da obra de
Edgar Allan Poe, em parceira com Vincent Price), sempre seguido pelo seu fiel
escudeiro, o roteirista Charles B. Griffith. A Ilha do Pavor é uma de suas
bagaceiras mais clássicas e cultuadas. Podreira
até dizer chega. O que se esperar de um filme de Corman que traz caranguejos
gigantes aterrorizando uma equipe de cientistas e militares isolados em uma
ilha inóspita? Com míseros 70 mil dólares, os monstrengos aquáticos de espuma e
borracha são toscos demais, com suas grandes garras em forma de pinça e
anteninhas de arame saltando das suas cabeças. A coisa era tão feia que os atores Ed Nelson e
Beach Dickerson além de atuarem, também ajudavam na manipulação das patas do
caranguejo, dando uma força para a técnica, e tendo seus nomes até creditados
nos (d)efeitos especiais. Esse grupo de cientistas, chefiado por Dave Drewer
(Richard Garlan), Hank Chapman (Russell Johnson) e pela bela Martha Hunter
(Pamela Duncan), desembarcam nessa ilha remota no Oceano Pacífico, em busca de
outro time que havia desaparecido misteriosamente, enquanto eram encarregados
de pesquisarem os efeitos dos testes atômicos realizados pelo governo no Atol
de Bikini no ano de 1946. E com isso, poder estudar as consequências que essa
exposição radioativa trouxe para a vida marinha e botânica. Dou R$ 10 se você
adivinhar qual foi o efeito da radiação na vida marinha da ilha! Claro,
transformou os caranguejos em criaturas gigantescas e mortais, que
desenvolveram inteligência, couraça mega resistente, desejo por carne humana e
o maior absurdo de todos, uma espécie de capacidade telepática onde são capazes
de absorver a mente das suas vítimas e assim os crustáceos poderem falar
através deles, desde que haja algum objeto de metal que sirva como receptor
dessa transmissão. É mole? Como
se não bastasse tudo isso, os caranguejos ainda são responsáveis por provocar
uma série de terremotos e deslizamentos de terra pela ilha, na tentativa de
destruí-la de uma vez por todas. Ou seja, a equipe ali
isolada deve lutar por suas vidas contra terríveis monstros mutantes
indestrutíveis e que podem sugar suas mentes, e ainda por cima, estão presos em
uma ilha que vai aos poucos encolhendo de tamanho, até ficarem à deriva no
oceano. Ah e vale lembrar também que o rádio foi destruído durante um dos
ataques e que há uma carangueja grávida, em vias de dar à luz a dezenas de
crustáceos mutantes gigantes que irão invadir os oceanos do mundo. É ou não é genial? A Ilha do
Pavor foi a mais rentável produção do diretor na época, e a mais famosa
até então (mesmo que na minha opinião, O Emissário do Outro Mundo, seja
tecnicamente superior, se assim podemos chamar). O sucesso do longa foi
atribuído ao fato de não se levar a sério, ao seu título original selvagem (muita
gente ia aos cinemas na época ver filmes por conta do seu nome), a construção
do roteiro de Griffith e a estrutura das cenas de horror e suspense, sempre com
um pé no cômico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/01/98-a-ilha-do-pavor-1957/
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