Direção: Fred F. Sears
Roteiro: Samuel Newman, Paul
Gangelin
Produção:Sam Katzman
Elenco: Jeff
Morrow, Mara Corday, Morris Ankrum, Louis D. Merrill, Robert Shayne
Sempre que a sentença “pior filme
já feito” vem a cabeça, logo pensamos em Plano 9 do Espaço Sideral de Ed Wood ou Robot Monster. Mas vou te contar, O Ataque vem
do Polo, para mim está ali pau a pau concorrendo com esses dois. Com
certeza ele leva a honra de ser o pior filme de monstros de todos os tempos. Afinal
a proeza de uma trama com um urubu gigante vindo do espaço feito de antimatéria
não é para qualquer um. Acredite. E como se não bastasse, os efeitos especiais
do bonecão da criatura são ridículos, que parece uma espécie de Zeca Urubu do
Pica-Pau afetado, e todos seus ataques e maquetes, são simplesmente pavorosos,
fazendo o espectador rolar no chão de tanto dar risada e não acreditar nos seus
próprios olhos.Pesquisando um pouco na Internet sobre um filme de um dos meus
posts anteriores da lista, O Lobisomem, do mesmo diretor desta bomba aqui, encontrei uma
história bastante inusitada sobre O Ataque Vem ao Polo no blog Cine Space Monster,
o melhor blog sobre sci-fi na minha opinião, que irei replicá-la
aqui. O Ataque Vem do Polo é mais uma das paupérrimas produções de Sam
Katzman e de sua produtora, a Clover, que era responsável por filmes de baixo
orçamento para a Columbia Pictures, como O Lobisomem já citado e O Monstro do Mar Revolto. Fred F. Sears, diretor desta pérola,
foi indicado para Katzman como um jovem cineasta que estava despontando, com
uma enorme capacidade de dirigir vários tipos de filmes com a mesma eficiência.
Após a direção eficaz de O Lobisomem, o próximo projeto foi O Ataque
Vem do Polo, antes de sua fatídica morte no mesmo ano, com apenas 44 anos de
idade, por conta deste mesmo filme. Sam Katzman dispensou os serviços do mago
do stop-motion Ray Harryhausen, que já tinha um acordo com Sears e
seria responsável pelos efeitos visuais da criatura, o tal urubu gigante em
questão, e também cancelou a parceria com a empresa Morningside de Charles H.
Schneer. Os dois haviam sido responsáveis pelos efeitos de O Monstro do
Mar Revolto (e futuramente fariam clássicos como Jasão e os
Argonautas e Fúria de Titãs, o original que passava na Sessão da
Tarde). Ou seja, era para vir coisa boa por aí, e não aquele bonecão mal feito
e feio de doer. Katzman dizia ter um ás nas mangas, e utilizaria no filme um
processo revolucionário de efeitos que deixaria o stop-motion de Ray
no chinelo. Ahan… Esses “defeitos” especiais foram escondidos do diretor e de
toda a equipe, que só veriam na pré-estreia do filme. Na verdade isso não
passava de uma picaretagem de Katzman para aproveitar da técnica e destreza de
Sears na direção, que já estava chiando com a saída da Morningside, e claro,
economizar uma baita grana. Sears não dirigiu nenhuma sequência que o bichão
desengonçado e horrendo aparece, e essas cenas não foram creditadas. Segundo o
Cine Space Monster, dizem que elas foram filmadas por Spencer Bennett. Daí veio
a pré-estreia, então você imagine a explosão de gargalhadas e vaias, e o motivo
gigantesco de chacota que Sears teve que aguentar durante aquela seção. Sears
foi enganado pelo seu mentor, Katzman, que deu uma desculpinha esfarrapada de
que os tais efeitos mirabolantes não foram possíveis de serem usados e de
última hora foi obrigado a trocar por aquele boneco e os arames que o
manipulavam. Frustrado demais, Sears, junto com o ator principal Jeff Morrow
(que já havia vivido o ridículo alienígena testudo Exeter em Guerra Entre Planetas, outra bagaceira do sci-fi),
abandonaram a seção e nunca mais fizeram outro filme para Katzman. Na verdade,
Sears acabou se enclausurando no seu sítio e foi encontrado morto somente três
meses depois por seu agente, sem que fosse diagnosticada a verdadeira causa
mortis, mas provavelmente suicídio ou depressão por conta de enorme desilusão
com o que ocorrera. Que coisa, não? Mesmo assim com toda essa parte trágica,
não dá para passar incólume a essa bucha de canhão. Tirando a cachorragem e
traição de Katzman, que ajudou a dar cabo da vida de um talentoso cineasta, o
filme é mesmo ruim de doer e é compreensível a reação do público no cinema.
Como disse lá em cima, por mais que os efeitos especiais fossem um pouco
melhores e não essa tosquice sem tamanho, como uma história de um urubu
pré-histórico gigante alienígena vindo de um universo de antimatéria, que voa
em uma velocidade supersônica para vários cantos do mundo trazendo pânico e
destruição para cidades, devorando e esmagando trens, aviões, carros, pessoas e
prédios (ele destrói o Empire State, onde fica empoleirado e dando bicadas
destruidoras e depois mais tarde o prédio da ONU, ambos de papelão, claro),
poderia ser levada a sério? A primeira aparição da ave anabolizada, com aquele
pescoção, tufinho de cabelo revolto, olhos esbugalhados, e todo desengonçado na
tela é uma das mais hilárias da história do cinema trash. Você não está
preparado para ver aquilo, definitivamente. A dupla de atores principais, Jeff
Morrow como o engenheiro eletrônico / piloto de testes de exército Mitch
MacAfee e Mara Corday, como a matemática Sally Caldwell, é bisonha,
como se não bastasse todo o resto. O narrador contando a história também enche
o saco e há um tal personagem franco canadense chamado Pierre Broussard que
fica gritando comicamente que o animal é a “La Cracagne”, remetendo a uma
antiga lenda do local. Simplesmente não há nada que se salve. Mas mesmo assim O
Ataque vem do Polo (e que título estúpido, antes que eu me esqueça,
hein?), é um filme que tem de ser ver antes de morrer. Porque apesar dos
apesares da ruindade da fita, e dele se levar a sério MESMO, é impossível não
se divertir com um filme desse e não sentir vergonha alheia de todos os
envolvidos na produção e simplesmente não rolar de rir quando aquele pássarão
ridículo dá seus voos rasantes, emitindo seu grasnar insuportável. É um
daquelas bagaceiras cults para se adorar de verdade.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/23/93-o-ataque-vem-do-polo-1957/
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