sábado, 14 de março de 2015

#093 1957 O ATAQUE VEM DO POLO (The Giant Claw, EUA)



Direção: Fred F. Sears
Roteiro: Samuel Newman, Paul Gangelin
Produção:Sam Katzman
Elenco: Jeff Morrow, Mara Corday, Morris Ankrum, Louis D. Merrill, Robert Shayne

Sempre que a sentença “pior filme já feito” vem a cabeça, logo pensamos em Plano 9 do Espaço Sideral de Ed Wood ou Robot Monster. Mas vou te contar, O Ataque vem do Polo, para mim está ali pau a pau concorrendo com esses dois. Com certeza ele leva a honra de ser o pior filme de monstros de todos os tempos. Afinal a proeza de uma trama com um urubu gigante vindo do espaço feito de antimatéria não é para qualquer um. Acredite. E como se não bastasse, os efeitos especiais do bonecão da criatura são ridículos, que parece uma espécie de Zeca Urubu do Pica-Pau afetado, e todos seus ataques e maquetes, são simplesmente pavorosos, fazendo o espectador rolar no chão de tanto dar risada e não acreditar nos seus próprios olhos.Pesquisando um pouco na Internet sobre um filme de um dos meus posts anteriores da lista, O Lobisomem, do mesmo diretor desta bomba aqui, encontrei uma história bastante inusitada sobre O Ataque Vem ao Polo no blog Cine Space Monster, o melhor blog sobre sci-fi na minha opinião, que irei replicá-la aqui. O Ataque Vem do Polo é mais uma das paupérrimas produções de Sam Katzman e de sua produtora, a Clover, que era responsável por filmes de baixo orçamento para a Columbia Pictures, como O Lobisomem já citado e O Monstro do Mar Revolto. Fred F. Sears, diretor desta pérola, foi indicado para Katzman como um jovem cineasta que estava despontando, com uma enorme capacidade de dirigir vários tipos de filmes com a mesma eficiência. Após a direção eficaz de O Lobisomem, o próximo projeto foi O Ataque Vem do Polo, antes de sua fatídica morte no mesmo ano, com apenas 44 anos de idade, por conta deste mesmo filme. Sam Katzman dispensou os serviços do mago do stop-motion Ray Harryhausen, que já tinha um acordo com Sears e seria responsável pelos efeitos visuais da criatura, o tal urubu gigante em questão, e também cancelou a parceria com a empresa Morningside de Charles H. Schneer. Os dois haviam sido responsáveis pelos efeitos de O Monstro do Mar Revolto (e futuramente fariam clássicos como Jasão e os Argonautas e Fúria de Titãs, o original que passava na Sessão da Tarde). Ou seja, era para vir coisa boa por aí, e não aquele bonecão mal feito e feio de doer. Katzman dizia ter um ás nas mangas, e utilizaria no filme um processo revolucionário de efeitos que deixaria o stop-motion de Ray no chinelo. Ahan… Esses “defeitos” especiais foram escondidos do diretor e de toda a equipe, que só veriam na pré-estreia do filme. Na verdade isso não passava de uma picaretagem de Katzman para aproveitar da técnica e destreza de Sears na direção, que já estava chiando com a saída da Morningside, e claro, economizar uma baita grana. Sears não dirigiu nenhuma sequência que o bichão desengonçado e horrendo aparece, e essas cenas não foram creditadas. Segundo o Cine Space Monster, dizem que elas foram filmadas por Spencer Bennett. Daí veio a pré-estreia, então você imagine a explosão de gargalhadas e vaias, e o motivo gigantesco de chacota que Sears teve que aguentar durante aquela seção. Sears foi enganado pelo seu mentor, Katzman, que deu uma desculpinha esfarrapada de que os tais efeitos mirabolantes não foram possíveis de serem usados e de última hora foi obrigado a trocar por aquele boneco e os arames que o manipulavam. Frustrado demais, Sears, junto com o ator principal Jeff Morrow (que já havia vivido o ridículo alienígena testudo Exeter em Guerra Entre Planetas, outra bagaceira do sci-fi), abandonaram a seção e nunca mais fizeram outro filme para Katzman. Na verdade, Sears acabou se enclausurando no seu sítio e foi encontrado morto somente três meses depois por seu agente, sem que fosse diagnosticada a verdadeira causa mortis, mas provavelmente suicídio ou depressão por conta de enorme desilusão com o que ocorrera. Que coisa, não? Mesmo assim com toda essa parte trágica, não dá para passar incólume a essa bucha de canhão. Tirando a cachorragem e traição de Katzman, que ajudou a dar cabo da vida de um talentoso cineasta, o filme é mesmo ruim de doer e é compreensível a reação do público no cinema. Como disse lá em cima, por mais que os efeitos especiais fossem um pouco melhores e não essa tosquice sem tamanho, como uma história de um urubu pré-histórico gigante alienígena vindo de um universo de antimatéria, que voa em uma velocidade supersônica para vários cantos do mundo trazendo pânico e destruição para cidades, devorando e esmagando trens, aviões, carros, pessoas e prédios (ele destrói o Empire State, onde fica empoleirado e dando bicadas destruidoras e depois mais tarde o prédio da ONU, ambos de papelão, claro), poderia ser levada a sério? A primeira aparição da ave anabolizada, com aquele pescoção, tufinho de cabelo revolto, olhos esbugalhados, e todo desengonçado na tela é uma das mais hilárias da história do cinema trash. Você não está preparado para ver aquilo, definitivamente. A dupla de atores principais, Jeff Morrow como o engenheiro eletrônico / piloto de testes de exército Mitch MacAfee e Mara Corday, como a matemática  Sally Caldwell, é bisonha, como se não bastasse todo o resto. O narrador contando a história também enche o saco e há um tal personagem franco canadense chamado Pierre Broussard que fica gritando comicamente que o animal é a “La Cracagne”, remetendo a uma antiga lenda do local. Simplesmente não há nada que se salve. Mas mesmo assim O Ataque vem do Polo (e que título estúpido, antes que eu me esqueça, hein?), é um filme que tem de ser ver antes de morrer. Porque apesar dos apesares da ruindade da fita, e dele se levar a sério MESMO, é impossível não se divertir com um filme desse e não sentir vergonha alheia de todos os envolvidos na produção e simplesmente não rolar de rir quando aquele pássarão ridículo dá seus voos rasantes, emitindo seu grasnar insuportável. É um daquelas bagaceiras cults para se adorar de verdade.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/23/93-o-ataque-vem-do-polo-1957/

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