sexta-feira, 27 de março de 2015

#108 1958 O MONSTRO DA BOMBA H (Bijo to Ekitainingen / The H-Man, Japão)


Direção: Ishirô Honda
Roteiro: Takeshi Kimura, Hideo Unagami (história)
Produção: Tomoyuki Tanaka
Elenco: Yumi Shirakawa, Kenji Sahara, Akihiko Hirata, Koreya Senda, Makoto Satô

Japonês sempre soube fazer bons filmes de sci-fi e de terror (vide os famosos filmes Kaiju da década de 50, 60 e 70 ou o J-Horror dos anos 90 até meados dos anos 2000). Isso é fato. Mas se houve uma dupla de japoneses que soube fazer ficção melhor que todos os outros, foi o diretor Ishirô Honda e o mago nipônico dos efeitos especiais, Eiji Tsuburaya. O Monstro da Bomba H é prova cabal disso. Produzido para o famoso estúdio Toho, O Monstro da Bomba H, filmado em cores e utilizando o cinemascope, é um verdadeiro desbunde para os fãs desse gênero, trazendo uma revolução técnica para os padrões da década de 50. Isso tudo pode colocar na conta de Tsuburaya, o pai do Ultraman, que aqui faz sua primeira investida em efeitos especiais sem os famosos monstros gigantes japoneses, os Kaiju, que o consagraram, fórmula que também seria repetida em O Vapor Humano e O Ataque dos Homens Cogumelo posteriormente. Isso sem contar a direção de Honda, que já havia levado ao mundo o lagartão Godzilla, em 1954 (também com os efeitos de Tsuburaya). Voltando-se mais uma vez ao medo atômico e inspirados pelo cult da Hammer de 1956, X, O Monstro Radioativo, Honda e Tsuburaya apresentam aqui o Liquid Man, como é tratado no filme, uma forma radioativa que vive se esgueirando por aí como um líquido translúcido azul, que tem a terrível capacidade de derreter suas vítimas, e que ainda pode assumir a forma humana. Resultado da exposição de marinheiros japoneses do navio Ryujin Maru II à explosão de uma bomba de hidrogênio no pacífico. O Ryujin Maru II desapareceu misteriosamente em pleno oceano após o incidente, encontrado à deriva dias depois pelos membros do navio Inzu. Ao entrarem no convés para investigar, descobrem que não sobrou ninguém da antiga tripulação, apenas suas vestimentas, pois todos foram derretidos pela terrível forma líquida. Dos seis marinheiros da tripulação do Izu que subiram a bordo do navio à deriva, apenas dois voltaram com vida. Enquanto isso, a trama mistura esse enredo fantástico com uma história policial, com detetives tentando se infiltrar e prender importantes gângsteres de Tóquio, quando Misaki, um traficante de drogas qualquer, namorado da cantora de cabaré Arai Chikako, também desaparece misteriosamente após um roubo de joias, deixando apenas suas roupas (como ocorreu no navio). A polícia então resolve aprofundar as suas investigações, chefiada pelo detetive Tominaga, acreditando num acerto de contas entre gangues, mas sem chegar à nenhuma explicação conclusiva sobre o desaparecimento, e mantendo vigilância irrestrita sobre Chikako, única pista. Surge na história então Massada, professor na Universidade de Jyoto, que levanta a questão de que Misaki pode ter sido vítima da mesma criatura que deu cabo da tripulação do Ryujin Maru II. Só que a polícia não acredita em suas teorias, mesmo depois de ouvir os dois únicos sobreviventes do Izu e de ver Misaki realizar experiências com sapos, derretendo-os ao expor a uma grande quantidade de radiação, assim como supostamente tem acontecido com as vítimas. Só mesmo depois de uma mega ação policial para prender membros de gangues no cabaré onde Chikaki trabalha, que finalmente o tal Liquid Man (nome batizado pelo proeminente Dr. Maki), dá as caras e começa a perpetuar um rastro de morte e derretimento, rastejando pelas janelas e atacando tanto as cantoras e dançarinas do local, quantos gângsteres e policiais. O monstro é levado a público e uma imensa operação para tentar destruí-lo, tacando fogo nos esgoto de Tóquio é colocada em prática, bem quando um dos gângsteres que conseguiu fugir da batida, rapta Chikako e a leva bem para os túneis, deixando-a a mercê da criatura, até ser resgatada pela apaixonado Misaki e o detetive Tominaga. Chocante para a época são os efeitos das pessoas derretendo quando entram em contato com o líquido translúcido azul, lentamente desaparecendo enquanto apenas suas roupas caem vazias no chão, cercado de borbulhas que começam a surgir na vítima. Realmente assustador e impactante para o pública da década de 50, assim com a cena em que o monstro adquire forma humana. O que quebra muito o ritmo do filme é toda a narrativa da investigação policial em curso e a extensa cena da batida dos detetives no cabaré, onde temos que aguentar Chikako cantando aquelas canções ao estilo crooner americano de doer, e solos de bateria, e danças, e performances, e tudo mais. Estreando na terra do sol nascente em 1958, O Monstro da Bomba H só chegou aos EUA no ano seguinte, em 1959, e ainda numa versão com cortes, meticulosamente não lançada no mesmo ano para não concorrer e evitar comparações com A Bolha, do diretor Irwing S. Yeaworth, igualmente inspirado por X, O Monstro Radiotivo, também de 58, que utiliza mais ou menos da mesma premissa (uma criatura rastejante que derrete as pessoas).

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/13/108-o-monstro-da-bomba-h-1958/

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