Direção: Jack
Arnold
Roteiro: Richard Matheson
(baseado em sua obra)
Produção: Albert
Zugsmith
Elenco: Grant
Williams, Randy Stuart, April Kent, Paul Langton, Raymond Bailey, William Schallert
Richard
Matheson é um dos mais importantes escritores e roteiristas de Hollywood do
gênero fantástico. Muitas de suas obras, livros ou contos, foram adaptadas para
o cinema em diversos filmes, que entre eles podemos citar Eu Sou a Lenda, A Casa da
Noite Eterna, Ecos
do Além e A Caixa. Além disso, foi roteirista da
série Além da Imaginação, desenvolvendo alguns dos episódios mais
clássicos (incluindo o famoso episódio da criatura na asa do avião) e também
roteirizou filmes como O Solar Maldito, A Mansão do Terror e O Corvo (adaptações de Edgar Allan
Poe dirigidas por Roger Corman e estreladas por Vincent Price), As Bodas de Satã, da Hammer, e Encurralado, filme para TV nos primórdios da carreira de
Steven Spielberg como diretor, entre outros. Tudo isso para ilustrar que O Incrível Homem que Encolheu foi sua primeira novela
homônima adaptada ao cinema, com o próprio Matheson assinando o roteiro do
longa, o que por si só já dá um toque de qualidade indescritível na narrativa e
principalmente nos solilóquios do personagem principal, que atingido por uma
misteriosa nuvem radioativa, enquanto descansava em seu barco à deriva durantes
suas férias, começa a encolher aos poucos. Além disso tudo, O Incrível Homem
que Encolheu foi um marco com relação aos seus efeitos especiais,
trabalhando muito bem as sobreposições de imagem do diminuto Scott Carey
(personagem de Grant Williams) com relação tanto às outras pessoas quanto ao
ambiente gigantesco que o cerca. Esses efeitos ficaram por conta dos não
creditados Cleo E. Baker e Fred Knoth (também responsável pelo louva-a-deus
gigante em The Deadly Mantis), além dos efeitos óticos
criados por Everett H. Broussard e Roswell A. Hoffmann. Outro ponto que merece
e muito ser mencionado é a direção precisa de Jack Arnold, fazendo aqui seu
melhor filme. O diretor já tinha habilidades em dirigir histórias de ficção científica
para a Universal, tendo já tinha em seu currículo nesta altura do
campeonato, O Monstro da Lagoa Negra e Tarântula, que coincidentemente também traz à tona a questão
da mudança de tamanho e os efeitos que isso proporciona, neste caso, uma aranha
que fica gigante através de alimento sintético radioativo. Sua preocupação
obsessiva com a cenografia, cuidando detalhadamente de cada objeto macro no
universo do encolhido Scott é magnífica. Caixas de fósforo, agulhas de tricô,
botões, gotas de água que parecem um dilúvio. Tudo esta ali meticulosamente colocado para, com
perdão do trocadilho, termos real dimensão do tamanho da coisa. Sobre a trama,
como escrevi lá em cima, seis meses após Scott ser atingido pela tal nuvem
radioativa e ter continuado a viver sua vida normalmente com a esposa Louise
(Randy Stuart), aos poucos o sinal de seu encolhimento começa a ser notado,
através das roupas que começam a ficar largas em seu corpo. Ao visitar um
médico, Scott constata que está cinco centímetros mais baixo do que é
normalmente, algo clinicamente impossível que começa a despertar a pulga atrás
da orelha dos médicos. Após uma batelada de testes, nenhuma causa conclusiva é
descoberta, e Scott continua a encolher. Isso
começa a trazer desagradáveis problemas de relacionamento com sua esposa,
confinamento em sua casa já que o caso foi parar na mídia, além do atormentado
“doente” começar a sentir-se isolado e emocionalmente desconfortável, com seus
93 centímetros de altura. Sem nenhuma solução para o problema, o encolhimento irreversível chega a
um estágio onde Scott começa a morar na casa de bonecas, e o adorado gato do
casal passa a se tornar um monstro gigante e uma verdadeira ameaça peluda à
vida do desafortunado. Até que um dia, Louise sai de casa e sem querer deixa o
gato livre na sala, que parte para caçar o pobre diabo, que precisa lutar por
sua vida contra aquela fera gigantesca. A perseguição resulta numa queda
acidental ao porão, onde Scott passa a viver em um território inóspito,
sozinho, dado como morto pelos familiares, tendo que utilizar de todos os
recursos possíveis para tentar se virar e conseguir alimento, nem que seja um
queijo mofado em uma ratoeira, já que além de continuar encolhendo, está
faminto e desesperado. No porão, entre latas de tintas, caixotes e pregos
enferrujados, tudo absurdamente grande para o tamanho de Scott (uma cena ele
diz que pular um buraco de uma caixa é como proporcionalmente atravessar o
Grand Cânion para ele) o herói encontra sua nêmese na história: uma aranha que
habita o local, que assim como o pequenino, precisa encontrar alimento. A batalha
entre os dois será feroz, com Scott usando agulhas e fósforos para travar uma
luta de vida e morte contra o aracnídeo que tece sua teia e espreita na
escuridão, esperando o momento certo para fazer sua nova vítima. Só que Scott recusa-se a se portar
como um inseto indefeso, afinal ainda é um homem e dotado de inteligência e
capacidade de raciocínio. Ao final, Arnold imprime uma discurso filosófico
existencialista e religioso que acaba tornando o encerramento do filme um tanto
quanto piegas e desnecessário, questionando a importância de cada ínfima coisa
para o universo como um todo e para a obra de Deus, dizendo que para O mesmo
não há “o nada”, e até alguém com um tamanho infinitésimo como Scott, faz sim
diferença para o Criador. Blá blá blá cristão, que não existe no livro e foi
enxertado por Arnold no roteiro. Muito diferente do que a maioria dos filmes
de sci-fi na época, O Incrível Homem que Encolheu de forma
alguma pode ser colocado no mesmo patamar das produções B da década de
50. A complexidade do tema, o esmero na ambientação do minúsculo personagem,
o roteiro narrado intimamente em primeira pessoa e todos os detalhes, fazem
dele um grande clássico.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/02/99-o-incrivel-homem-que-encolheu-1957/
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER:
321 1957 O
Incrível Homem Que Encolheu (The Incredible Shrinking Man, EUA)

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