Direção: Edward
L. Cahn
Roteiro: Raymond
T. Marcus, George Plympton (história)
Produção: Sam
Katzman
Elenco: Gregg
Palmer, Allison Hayes, Autumm Russell, Joel Ashley, Morris Ankrum
Antes de George Romero reinventar
o gênero em 1968, os filmes de zumbi tiveram seu auge durante os anos 30 e 40,
sempre baseando-se na origem haitiana da criatura, em filmes como Zumbi Branco e A Morta-Viva, além de outras desgraças do Poverty Row. Após
esse período, os mortos-vivos caíram no ostracismo e assim como outros monstros
do cinema, foram substituídos pelo terror sci-fi da década de 50. Os Zumbis de
Mora Tau é um desses poucos exemplares do gênero produzidos no
período antes deA Noite dos
Mortos-Vivos. E é de se tirar o chapeu para Os Zumbis de Mora
Tau, que apesar de não ser aquela maravilha da sétima arte, tentou investir em
uma trama criativa, que atualizava a relação da figura do zumbi com a maldição
vodu, e tentou escapar de qualquer enredo que envolvesse foguetes, alienígenas
ou poderio nuclear. E um detalhe curioso é que os zumbis já haviam se tornado
vítimas da radiação em um filme anterior do mesmo produtor, Sam Katzman, em O Cadáver Atômico. Nessa altura do campeonato se você já está
acompanhando a lista do blog, conhece o nome Sam Katzman, icônico produtor
responsável pela Clover Productions, responsável por alguns filmes trashesda
década de 50 dignos de nota (entenda isso como quiser), como O Monstro do Mar Revolto, O Lobisomem (que foi lançado em sessão dupla com Os
Zumbis de Mora Tau) e O Ataque vem do Polo. Agora se você veio parar nesse post
porque é fã neófito dos zumbis e adora o seriado The Walking Dead, então
com certeza vai acabar se decepcionando com Os Zumbis de Mora Tau, e
sinceramente, com todos os filmes do gênero pré-Romero (apesar de que esse foi
uma das inspirações confessas de Romero para criar seu clássico seminal).Ainda
falando sobre a Clover Productions, o diretor de O Lobisomem e O
Ataque vem do Polo, Fred F. Sears, pupilo de Katzman, seria o responsável por
dirigir também Os Zumbis de Mora Tau tendo montado alguns takes do
filme e preparado todos os storyboards. Mas infelizmente Sears morreu
prematuramente antes de dar andamento na produção, por conta das reações
negativas que recebeu durante a primeira exibição de O Ataque vem do Polo (para
mim, o pior filme de monstro já feito na história), fazendo com que Sears virasse
um recluso em seu sítio e fosse encontrado morto três meses depois. No post de O
Ataque eu conto um pouco mais sobre essa história trágica. Então quem
finalizou o longa foi o diretor Edward L. Cahn. Aqui a aventura se passa na
África Ocidental, e não no Caribe, devolvendo a maldição vodu para suas raízes
africanas. E neste balaio de gato, vamos ser apresentados a zumbis marujos que
têm medo de fogo e vivem embaixo d’água, submergindo vez ou outra molhados e
com algas marinhas penduradas no corpo. Pronto, isso já é o suficiente para
imaginar a pérola que vem por aí. Soma-se isso a atuações enfadonhas, um
roteiro pragmático engessado (por mais que tente ser criativo) e uma locação na
África em um lugar desconhecido, que nem parece a África na verdade, e sequer
tem africanos como personagens. A jovem e bela Jan Peters (Autumm Russell)
retorna à casa de sua reclusa bisavó na costa africana para descobrir que o
local é tomado por uma maldição. E ela não é a única a desembarcar por lá, já
que um grupo de aventureiros está em busca de encontrar uma fortuna em
diamantes submersos, nos resquícios do navio Susan B., naufragado em 1884. Reza
a lenda que o navio afundou depois da tripulação europeia roubar os diamantes
da tribo nativa local, que por sua vez, mandou ver uma maldição contra o homem
branco, transformando-os em zumbis por toda a eternidade, obrigando-os a matar
qualquer um que vier atrás dos diamantes, como já acontecera com outras quatro
expedições anteriores, até que os diamantes sejam destruídos ou jogados fora, o
que você preferir, e suas almas possam descansar para sempre. A equipe liderada
pelo inescrupuloso George Harrison (não, não é aquele dos Beatles),
interpretado por Joel Ashley, quer a todo custo colocar as mãos nas
preciosidades, e para isso conta com a ajuda do mergulhador Jeff Clark (Gregg
Palmer) e do escritor Dr. Jonathan Eggert (Morris Ankrum). Claro que nenhum
deles acredita na Vovó Peters e na ladainha sobre os zumbis. Nesse ínterim,
ainda conhecemos a vulgar esposa de Harrison, Mona (vivida por Allison Hayes, a
gigante de O Ataque da
Mulher de 15 Metros) e também rola um interlúdio romântico entre Jan
e Jeff. Ah, e também descobrimos que o marido da Vovó Peters faz parte da
tripulação dos zumbis, pois foi o capitão do Susan B. O resto é confete. Mona é
atacada pelos zumbis e acaba tornando-se uma deles, e nem isso consegue frear a
ganância do capitão Harrison e nem de Jeff, que arriscam a própria vida em
cenas subaquáticas com direito a trajes completos de mergulho e escafandros (e
com os zumbis andando debaixo d’água, muito antes da antológica briga entre um
tubarão e um zumbi aquático em Zumbi 2 – A Volta dos Mortos de Lucio Fulci). E no final,
Jeff com dó da pobre velhinha ao ver seu antigo marido ali zumbificado, joga os
diamantes no rio e fica tudo por isso mesmo, sendo o grande altruísta do dia. Mas
o que simplesmente não me desce em Os Zumbis de Mora Tau é que sem
sombra de dúvida, os zumbis aqui são os mais patéticos de todo o gênero. Eles
são lerdos, burros, e quase estáticos. Não conseguem representar ameaça
nenhuma. Nem sei como eles conseguiram matar todo um grupo de exploradores das
outras vezes. E eles têm esse medo de fogo, certo? Então porque diabos eles
simplesmente não atearam fogo em todos eles, até viraram cinza e depois fugiram
com os diamantes, tornando-se milionários? Mas incrivelmente apesar dos
apesares, a produção de Katzman serviu com um novo ponto de partida para o
gênero e influenciaria os demais filmes de zumbi que viriam por aí, até chegarmos
no conceito cinematográfico dos mortos-vivos que estamos acostumados (e já até
saturados) a ver nos dias de hoje. Em Os Zumbis de Mora Tau, é a primeira
vez que vemos um ataque em massa dos mesmos, arrastando-se para perseguir os
heróis e estrangulando quem quer que esteja na sua frente, dando já um preview da
fórmula dos filmes de apocalipse zumbi tão comuns atualmente. Além disso são os
primeiros que são capazes de transformar suas vítimas em zumbis. E simplesmente
é impossível destruí-los (exceto se a maldição for quebrada), ou seja, não se
pode conter a terrível ameaça. Ou seja, apesar do filme ser dos mais meia boca, Os
Zumbis de Mora Tau acabou incidentalmente transformando-se em um marco do
gênero e uma evolução da criatura nas telonas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/07/103-os-zumbis-de-mora-tau-1957/
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