sábado, 14 de março de 2015

#089 1956 O TEMPLO DO PAVOR (he Mole People, EUA)


Direção: Virgil Vogel
Roteiro: Laszlo Gorog
Produção: William Alland
Elenco: John Agar, Cynthia Patrick, Hugh Beaumont, Alan Napier, Nestor Paiva

A Universal sempre foi conhecida por ser a casa dos monstros durante a Era de Ouro dos filmes de terror, durante as décadas de 30 e 40. Porém nos anos 50, o estúdio também teve uma tremenda importância para o gênero com suas produções de sci-fi, todas elas sob a batuta do produtor William Alland. O Templo do Pavor é mais um destes exemplos. Alland, que foi parceiro de Orson Welles no Mercury Theatre Group e esteve envolvido na famosa transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, foi responsável pela produção de filmes como A Ameaça que Veio do EspaçoO Monstro da Lagoa NegraGuerra Entre Planetas e Tarântula, entre outros, que ajudaram a também colocar o estúdio como um dos principais do gênero. Em O Templo do Pavor, ridículo título em português para O Povo Toupeira, tradução literal, muito mais naipe, é seguida a mesma fórmula de outros sucesso de matinê da Universal, trazendo vários nomes na equipe com quem sempre trabalhava. No elenco, o canastra John Agar, figurinha carimbada de vários filmes de sci-fi como o próprioTarântula, A Revanche do Monstro (ambos produzidos por Alland), e o infame O Cérebro do Planeta Arous, entre outros. Como coadjuvante, Nestor Paiva, outro que também sempre esteve presente em alguns dos filmes de Alland já citados. Na fotografia, Clifford Stine, que fez parte da equipe do über cultKing Kong e outras produções Alland / Universal. E por fim, na maquiagem, Bud Westmore, um dos mais consagrados de Hollywood e Jack Kevan, criador da máscara que os Homem Toupeira utilizam, que em seu currículo de maquiador, tem o clássico O Mágico de Oz, por exemplo. Mas quem são os tais Homens Toupeira? Pois bem, antes do filme começar, Dr. Frank Baxter, professor de inglês da Universidade de South California explica sua premissa, em cinco minutos de uma maçante introdução (que poderia ser bacana na época, mas hoje é chato pacas) sobre especulações a cerca do que pode existir no interior do nosso planeta, explicando as estapafúrdias e datadas teorias de John Symmes e Cyrus Teed, entre outros, sobre civilizações perdidas que vivem embaixo da terra.
Uma equipe de arqueólogos comandada pelo Dr. Roger Bentley (Agar) está em meio a uma escavação à procura de uma civilização suméria perdida, quando encontra uma antiga tabuleta com inscrições que contam sobre o povo adorador da deusa Ishtar, regidos por Sharu, o Rei dos Reis, que liderou seu povo para escapar do Dilúvio (o mesmo que Noé escapou, sabe?) em direção às geladas montanhas de Kuhitara. Em seguida, uma antiga lamparina dá as coordenadas exatas da localização desse povo perdido e a equipe de Bentley resolve escalar até o cume da montanha para encontrar os mesmos. No topo, um dos membros da expedição cai em um buraco profundo, obrigando todos a descerem e se depararem com a antiga civilização dos sumérios albinos (???!!!) que foram soterrados por uma poderoso terremoto e têm vivido os últimos cinco mil anos embaixo da terra, governados pelo Rei Nazar, descendente de Sharu, se alimentando de cogumelos, praticando sacrifícios humanos para Ishtar conforme a população vai crescendo (ideia deles de controle de natalidade, já que a reserva de alimentos é escassa) e mantendo os grotescos Homens Toupeira como escravos. Claro que o Dr. Bentley, acompanhado do Dr. Jud Bellamin (Hugh Beaumont) e do Prof. Etienne Lafarge (Paiva) não terão vida fácil lá embaixo e são capturados pelos guardas sumérios albinos, que se vestem como romanos, por sinal, até que conseguem escapar ao utilizar uma lanterna que fere seus olhos e faz com que sejam reverenciados como detentores do fogo de Ishtar, mesmo com o alto sacerdote Elinu (vivido por Alan Napier, o Alfred do seriado camp do Batman dos anos 60) desconfiando da divindade deles e sempre arquitetando algum plano para acabar com os herois, principalmente depois de encontrarem o corpo de Lafarge, estraçalhado pelos homens toupeira durante uma fuga, e constatar que eles realmente não passam de simples mortais.
Com todos esses absurdos, ainda dá tempo de uma paixão entre Bentley e uma serviçal, a loira Adad (Cynthia Patrick), que é descendente dos caucasianos, assim como nós, e por isso uma pária daquela sociedade, julgada por trazer “a marca da escuridão” e não ser uma albina. Mas o grande atrativo mesmo do filme são as criaturas mutantes toupeira. Com suas garras gigantes para escavar a terra, possuem uma face que parece mais um inseto do que uma toupeira, vestem roupas de sacos de estopa, e todos possuem uma enorme corcunda nas costas. Após uma vida inteira de escravidão, conhecem a compaixão de Bentley e Bellamin que o libertam dos grilhões, e providencialmente quando os dois serão sacrificados, começa uma insurreição toupeira, sendo que durante a revolta eles massacram todos os sumérios albinos. O Templo do Pavor é um filme extremamente divertido. É muito legal atestar a inocência do cinema e de seu público naquela época, com uma história completamente inverossímil e sem o menor embasamento científico sequer, mesmo tratando-se de uma ficção. Tem um clima bem de aventura, e você quase fica esperando o Indiana Jones aparecer lá embaixo para salvar o dia. Além da tentativa fracassada de reconstrução histórica, tanto em cenários quanto em figurino. Mas quem liga para isso? Afinal, quanto mais tosco, melhor.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/19/89-o-templo-do-pavor-1956/

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