Direção: Virgil
Vogel
Roteiro: Laszlo
Gorog
Produção: William
Alland
Elenco: John
Agar, Cynthia Patrick, Hugh Beaumont, Alan Napier, Nestor Paiva
A Universal sempre foi conhecida
por ser a casa dos monstros durante a Era de Ouro dos filmes de terror, durante
as décadas de 30 e 40. Porém nos anos 50, o estúdio também teve uma tremenda importância
para o gênero com suas produções de sci-fi, todas elas sob a batuta do
produtor William Alland. O Templo do Pavor é mais um destes exemplos. Alland, que
foi parceiro de Orson Welles no Mercury Theatre Group e esteve envolvido na
famosa transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, foi responsável pela
produção de filmes como A Ameaça que Veio do Espaço, O Monstro da Lagoa Negra, Guerra Entre Planetas e Tarântula, entre outros, que ajudaram a também colocar o
estúdio como um dos principais do gênero. Em O Templo do Pavor, ridículo
título em português para O Povo Toupeira, tradução literal, muito mais naipe, é
seguida a mesma fórmula de outros sucesso de matinê da Universal, trazendo
vários nomes na equipe com quem sempre trabalhava. No elenco, o canastra John
Agar, figurinha carimbada de vários filmes de sci-fi como o
próprioTarântula, A Revanche do Monstro (ambos produzidos por Alland), e o
infame O Cérebro do Planeta Arous, entre outros. Como coadjuvante,
Nestor Paiva, outro que também sempre esteve presente em alguns dos filmes de
Alland já citados. Na fotografia, Clifford Stine, que fez parte da equipe
do über cultKing Kong e outras produções Alland / Universal. E por
fim, na maquiagem, Bud Westmore, um dos mais consagrados de Hollywood e Jack
Kevan, criador da máscara que os Homem Toupeira utilizam, que em seu currículo
de maquiador, tem o clássico O Mágico de Oz, por exemplo. Mas quem são os tais
Homens Toupeira? Pois bem, antes do filme começar, Dr. Frank Baxter, professor de
inglês da Universidade de South California explica sua premissa, em cinco
minutos de uma maçante introdução (que poderia ser bacana na época, mas hoje é
chato pacas) sobre especulações a cerca do que pode existir no interior do
nosso planeta, explicando as estapafúrdias e datadas teorias de John Symmes e
Cyrus Teed, entre outros, sobre civilizações perdidas que vivem embaixo da
terra.
Uma equipe de arqueólogos
comandada pelo Dr. Roger Bentley (Agar) está em meio a uma escavação à procura
de uma civilização suméria perdida, quando encontra uma antiga tabuleta com
inscrições que contam sobre o povo adorador da deusa Ishtar, regidos por Sharu,
o Rei dos Reis, que liderou seu povo para escapar do Dilúvio (o mesmo que Noé
escapou, sabe?) em direção às geladas montanhas de Kuhitara. Em seguida, uma
antiga lamparina dá as coordenadas exatas da localização desse povo perdido e a
equipe de Bentley resolve escalar até o cume da montanha para encontrar os
mesmos. No topo, um dos membros da expedição cai em um buraco profundo,
obrigando todos a descerem e se depararem com a antiga civilização dos sumérios
albinos (???!!!) que foram soterrados por uma poderoso terremoto e têm vivido
os últimos cinco mil anos embaixo da terra, governados pelo Rei Nazar,
descendente de Sharu, se alimentando de cogumelos, praticando sacrifícios
humanos para Ishtar conforme a população vai crescendo (ideia deles de controle
de natalidade, já que a reserva de alimentos é escassa) e mantendo os grotescos
Homens Toupeira como escravos. Claro que o Dr. Bentley, acompanhado do Dr. Jud
Bellamin (Hugh Beaumont) e do Prof. Etienne Lafarge (Paiva) não terão vida
fácil lá embaixo e são capturados pelos guardas sumérios albinos, que se vestem
como romanos, por sinal, até que conseguem escapar ao utilizar uma lanterna que
fere seus olhos e faz com que sejam reverenciados como detentores do fogo de
Ishtar, mesmo com o alto sacerdote Elinu (vivido por Alan Napier, o Alfred do
seriado camp do Batman dos anos 60) desconfiando da divindade deles e sempre arquitetando
algum plano para acabar com os herois, principalmente depois de encontrarem o
corpo de Lafarge, estraçalhado pelos homens toupeira durante uma fuga, e
constatar que eles realmente não passam de simples mortais.
Com todos esses absurdos, ainda dá
tempo de uma paixão entre Bentley e uma serviçal, a loira Adad (Cynthia
Patrick), que é descendente dos caucasianos, assim como nós, e por isso uma
pária daquela sociedade, julgada por trazer “a marca da escuridão” e não ser
uma albina. Mas o grande atrativo mesmo do filme são as criaturas mutantes
toupeira. Com suas garras gigantes para escavar a terra, possuem uma face que
parece mais um inseto do que uma toupeira, vestem roupas de sacos de estopa, e
todos possuem uma enorme corcunda nas costas. Após uma vida inteira de
escravidão, conhecem a compaixão de Bentley e Bellamin que o libertam dos
grilhões, e providencialmente quando os dois serão sacrificados, começa uma
insurreição toupeira, sendo que durante a revolta eles massacram todos os
sumérios albinos. O Templo do Pavor é um filme extremamente divertido. É
muito legal atestar a inocência do cinema e de seu público naquela época, com
uma história completamente inverossímil e sem o menor embasamento científico
sequer, mesmo tratando-se de uma ficção. Tem um clima bem de aventura, e você
quase fica esperando o Indiana Jones aparecer lá embaixo para salvar o dia.
Além da tentativa fracassada de reconstrução histórica, tanto em cenários
quanto em figurino. Mas quem liga para isso? Afinal, quanto mais tosco, melhor.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/19/89-o-templo-do-pavor-1956/
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