terça-feira, 5 de maio de 2015

#137 1960 ROSAS DE SANGUE (Et mourir de plaisir / Blood and Roses, França, Itália)


Direção: Roger Vadim
Roteiro: Roger Vadim, Roger Vailand, Claude Brulé e Claude Martin (história original) (baseado na obra de Sheridan Le Fanu)
Produção: Raymond Eger
Elenco: Mel Ferrer, Elsa Martinelli, Annette Vadim, Alberto Bonucci, R.J. Chauffard

Rosas de Sangue é a cafonalha vampiresca do diretor Roger Vadim, baseado no seminal livro Carmilla, do irlandês Sheridan Le Fanu, responsável por introduzir a figura do vampiro na literatura e sua associação com sexualidade, luxúria e lesbianismo. Fala-se muito que Vadim é muito mais conhecido pelas suas estonteantes esposas (vai vendo, o cara já foi casado com Brigitte Bardot, Jane Fonda e Catherine Deneuve) do que pelo seu talento como cineasta, por assim dizer. Sempre preocupado com uma estética irretocável, esmero na ambientação, figurinos e cenários, falta habilidade na arte de contar histórias. E isso fica evidente ao assistir Rosas de Sangue. A preocupação com o onírico, a plasticidade, a atmosfera de não realidade e os toques requintados que Vadim dá a produção, elevando o vampirismo a um patamar chique antes nunca visto, foge pela tangente quando se diminui a construção do clima de horror e de um aprofundamento psicológicos dos personagens, principalmente no caso da vampira bissexual Millarca/ Carmilla, e sua relação afetiva com seu primo, ou o desejo secreto e lascivo por sua futura noiva. Oficialmente, Rosas de Sangue é o primeiro filme a adaptar o livro de Le Fanu, Carmilla. Escrito pelo irlandês em 1871, e que seria a grande inspiração para Bram Stoker desenvolver Drácula, a obra literária que colocaria o vampiro de vez no imaginário popular, Carmilla traz a história da vampira apaixonada pela humana Laura, em uma trama envolta em uma aura de fascinação completa permeada por terror e sangue. O dinamarquês Carl Theodor Dyer em O Vampiro, de 1932, brevemente se inspirou na obra de Le Fanu, apenas no aspecto do romance lésbico e na utilização da figura erótica e sexual de uma vampira transparecendo desejo carnal. Em 1936, A Filha de Drácula da Universal, também trazia uma improvável personagem vampiresca, a Condessa Marya Zeleska (interpretada por Gloria Holden) que pratica certa homossexualidade velada. Na película de Vadim, Carmilla é vivida pela estonteante Anette Vadim (esposa do diretor na época… Não estou falando? Vadim era o cara), apaixonada pelo seu primo, Conde Leopoldo de Karnestein (Mel Ferrer), que está noivo de Georgia Monteverdi (a igualmente deslumbrante Elsa Martinelli) e pretende-se casar com a moçoila em breve. Porém, há uma lenda/ maldição que acompanhou os Karnstein durante um longo tempo: Millarca era uma vampira ancestral apaixonada pelo primo, que durante várias encarnações, matava a noiva do mesmo para que ele nunca casasse com ninguém e fosse seu para sempre. Certa noite, em uma exibição pirotécnica da festa de noivado entre Leopoldo e Georgia, Carmilla é estranhamente atraída até o cemitério onde o corpo de Millarca está enterrado, e é possuída pelo espírito da vampira, a fim de impedir que o seu grande amor case-se mais uma vez. Três cenários começam a se desenvolver então para Millarca/Carmilla: o primeiro é o seu amor incondicional pelo primo Leopoldo; o segundo é uma estranha atração sexual também por Georgia; o terceiro e último, logicamente é seu desejo por sangue, que fará com que ataque uma bela jovem empregada dos Karnestein para se alimentar. Daqui para frente, vampirismo de menos, e imagens surreais carregadas de simbolismo e alucinações oníricas (como a cena onde a janela de Georgia transforma-se em uma piscina e ela vê a jovem empregada nadando e chamando por ela, ou o estranhíssimo corredor do hospital cheio de mulheres e a mesa de operação cercada de vampiras, conduzidas por Millarca/ Carmilla) de mais. E o lesbianismo também fica de lado para Vadim embolar a obra para deixá-la mais fluída e viajante. Um detalhe curioso é que Christopher Lee estava escalado para viver o papel do Conde Leopoldo originalmente. Seria uma jogada até para atrair mais fãs dos filmes vampíricos da Hammer, e torná-lo mais mercadologicamente atraente para o público inglês. Mas o papel acabou indo eventualmente para Mel Ferrer. Só que Lee, em 1964, protagonizaria outra adaptação cinematográfica de Carmilla, A Maldição dos Karnstein, desta vez vinda da Itália, dirigida por Camillo Mastrocinque. Apesar dos apesares, Rosas de Sangue, é um filme fascinante, um dos grandes do gênero, ainda mais se pensando na época (começo dos anos 60) e vindo de um país sem a menor tradição de tal, diferente de Inglaterra e Itália, por exemplo, mesmo apesar do maior apreço de Vadim pelo esteticismo do que pela narração.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/16/137-rosas-de-sangue-1960/

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