Direção: Seth Holt
Roteiro: Jimmy Sangster
Produção: Jimmy Sangster,
Michael Carreras (Produtor Executivo)
Elenco: Susan
Strasberg, Ronald Lewis, Ann Todd, Christopher Lee, John Serret, Leonard Sachs
Para conseguir fazer uma análise
crítica de Um Grito de
Pavor, tive que fazer um exercício psicológico de volta ao
tempo, para uma época em que meus pais não tinham a mais vaga ideia que eu iria
nascer e me livrar de alguns vícios, imaginando que ainda não tivesse assistido
a uma batelada de filmes de suspense que já vi até hoje nestes meus 31 anos de
vida. Desta forma Um Grito de Pavor, produção menos conhecida em preto e
branco da Hammer, torna-se um filme interessante e um honesto exercício de
suspense. Por que eu tive que explicar tudo isso? Porque senão ele seria apenas
mais um filme manjadíssimo, clichê, com aquelas reviravoltas no final as quais
já estamos acostumados por vermos às pencas nos dias de hoje. Dirigido por Seth
Holt e com roteiro e produção do Jimmy Sangster, já famoso por escrever
praticamente todos os filmes importantes do lendário estúdio britânico, Um
Grito de Pavor tem uma elegante fotografia P&B de Douglas Slocombe e
uma pegada meio filme noir, com elementos de suspense sobrenatural, o que
faz dele um falso filme de fantasmas, até sua bombástica revelação no terceiro
ato. Susan Strasberg vive Penny Appleby, uma garota rica que sofre um acidente
de equitação e fica confinada à uma cadeira de rodas. Infeliz e
deprimida, ela vive com uma amiga no interior, que se suicida afogada em um
lago, e decide retornar a casa do pai, o qual não vê há muitos anos, para viver
com sua madrasta, Jane (Ann Todd), na Riviera Francesa. Só que ao chegar lá,
ela descobre que o pai não se encontra no local, estando em uma misteriosa
viagem de trabalho. Durante uma noite, Penny ouve estranhos barulhos e na
escuridão, em uma confusão de imagens, jura de pé junto ter visto o pai dentro
da casa, morto, sentado em uma poltrona, como uma presença espectral. Claro que
nem Jane, nem o fiel motorista da família, Robert (Ronald Lewis), irão
acreditar nela, dizendo que não passava de sua imaginação. Só que as
“aparições” do pai e outros sinistros acontecimentos tornarão a se repetir,
como, por exemplo, o tocar do piano tarde da noite, sendo que só o pai tinha a
chave do instrumento musical e o deixava trancado. Surge então na trama o
médico de confiança dos Appleby, o Dr. Pierre Gerrard, uma ponta de luxo de
Christopher Lee, que tem poucas falas no filme todo, que tenta medicá-la e
convencer de que é apenas a imaginação da atormentada garota, que começa a
ficar com pecha de louca e duvidar da sua própria sanidade. Um detalhe curioso:
no filme O Homem que Enganou a Morte, Lee também interpreta um médico
que se chama Pierre Gerrard. Ou era um nome muito comum para médicos na época,
ou foi uma baita falta de criatividade/ comida de bola da Hammer. É então que
desconfiando de que a madrasta tenha matado seu pai para ficar com a herança
(novidade…), e que ela está mancomunada com o Dr. Gerrard, que vive jantando
todas as noites na mansão com Jane, Penny e Robert tentam desvendar o terrível
mistério que ronda o local, acreditando que o espírito de seu pai aparece para
ela para enviar algum tipo de mensagem do além túmulo.
ALERTA DE SPOILER: Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e
risco.
Tudo parece se resolver quando Robert encontra
o velho moribundo afogado na piscina, e os dois decidem levar o corpo para a
polícia e incriminar Jane. Mas mal sabe Penny que tanto a madrasta quanto o
motorista, o verdadeiro amante de Jane, estão mancomunados e resolvem matar a
garota, atirando-a com carro e tudo do penhasco. Essa é a reviravolta número
um. Quando você pensa que os vilões irão se dar bem, vem a reviravolta número
dois, que na verdade, Penny não é Penny, é a melhor amiga com a qual vivia, e a
verdadeira Penny que havia se afogado no lago. Trocando cartas com o Dr.
Gerrard, ela assume a identidade da enteada só para desmascarar a madrasta e o
amante. Um Grito de Pavor funciona bem. O roteiro, com seus twists no
final é bem construído. O problema como eu disse, é que se você analisar todas
as pistas e mensagens que são jogadas durante o decorrer de todo o longa, vamos
ver que esse expediente já foi usado no cinema de suspense inúmeras vezes. Por
isso, para poder aproveitar os 81 minutos de duração e não achar o seu final
entediante, você deve fazer esse mesmo exercício que eu: esquecer tudo que já
viu até então, colocando sua mente de volta em 1961 e pensando que nunca
assistiu nada do tipo. Daí o filme chega até a ser chocante.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/20/141-um-grito-de-pavor-1961/
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