Direção: Roger
Corman
Roteiro: Charles
Beaumont, Ray Russell (baseado na obra de Edgar Allan Poe)
Produção: Roger
Corman, Samuel Z. Arkoff, Gene Corman (Produtor Executivo)
Elenco:Ray
Milland, Hazel Court, Richer Nery, Heather Angel, Alan Napier
Cronologicamente, Obsessão
Macabra foi lançado antes de Muralhas do Pavor, meu post anterior. Um chegou aos cinemas em
Março de 62, enquanto o outro estreou em Julho do mesmo ano. Por uma questão de
ordem alfabética, Muralhas do Pavor foi postado antes. Bom, isso tudo
para dizer que em 1962, Roger Corman dirigiu para a AIP dois filmes baseados na
obra de Edgar Allan Poe, mas desta vez, sem a presença de Vincent Price, sendo
substituído pelo também excelente Ray Milland. O mais interessante é que
Milland trouxe um aspecto completamente diferente ao estilo de filme adaptado
da obra de Poe que havia sido feito até então. Nos dois filmes anteriores, O Solar Maldito e A Mansão do Terror, e mesmo no próprio Muralhas do Pavor e
os demais filmes da fase Poe (seriam oito, ao total). Price sempre foi um ator
que abusa de recursos de teatralidade, exagerado, cartunesco, dramático, que
faz parte do mundo decadente que está em sua volta, sempre sofrendo de alguma
degradação específica tanto de personalidade quanto de caráter. Veja Roderick
Usher ou Nicholas Medina. Enquanto o personagem Guy Carrell de Milland é uma
pessoa comum, jogada em uma situação macabra, alterando todo o ambiente a sua
volta. Isso porque Carrell presencia uma cena que o tira dos eixos e coloca sua
sanidade a fio, ao desenterrar um cadáver junto de seu amigo, o Dr. Gault
(interpretado por Alan Napier, o Alfred o seriado do Batman dos anos 60), a fim
de utilizá-lo em pesquisas médicas, descobrindo que ele foi enterrado vivo,
encontrando o defunto com uma horrível expressão de pânico no rosto e sob a
tampa do caixão, marcas de arranhões e sangue. Isso desperta um medo irracional
em Carrell, que acredita sofrer de catalepsia, assim como seu pai, e começa a
sentir um pavor indescritível de que aquilo possa a vir ocorrer também com ele.
Vivendo na sombra desse medo que se torna uma obsessão, Carrell se muda com sua
irmã, a dúbia personagem Kate (Heather Angel) para sua casa afastada da cidade,
pintando quadros sinistros e se drogando com láudano, desistindo de se casar
com sua noiva, Emily, filha de Gault, que é interpretada pela bela Hazel Court,
famosa pelos filmes da Hammer como A Maldição de Frankenstein e O Homem que Enganou a Morte. Mas a moçoila não se dá por
vencida e resolve insistir em trazê-lo de volta ao mundo real e consumar o
casório. Porém mesmo depois de casado, e ainda auxiliado pelo médico amigo da
família Gault, Miles Archer, que sempre nutriu uma paixonite por Emily, Carrell
não consegue se afastar de seus medos e de sua conduta hostil, tendo uma ideia
mirabolante caso ele venha a ser enterrado vivo como o pobre diabo que viu no
começo do filme. Em seu mausoléu pessoal, ele cria uma série de traquitanas que
irão salvá-lo. Entre elas: um caixão que abre facilmente com um só toque; um
sino que irá avisar aos criados que está vivo ao ser tocado por ele; portas que
se abrem automaticamente ao puxar de cordas; um estoque de alimentos e bebidas;
uma escada com saída para uma claraboia; ferramentas e bananas de dinamite para
estourar a porta se nada mais dar certo; e em último e extremo caso, uma dose de
veneno para que ele dê cabo de sua vida e não fique mais naquela prisão eterna.
Até que em uma noite na floresta, ele escuta um assobio que o remete ao
assobiar dos dois ladrões de túmulo que o acompanharam naquela fatídica noite,
e tem um terrível pesadelo, filmado com filtros em verde e azul, ao melhor
estilo Corman, onde ele é enterrado em seu mausoléu e simplesmente todas as
suas tentativas de sair de lá, tão premeditadas, dão errado. As alavancas não
funcionam, as bananas de dinamite estão podres e a até o veneno é substituído
por um cálice cheio de vermes. Cada vez mais paranoico, com a ajuda de sua
esposa e de Miles, ele finalmente encara que está sofrendo de uma neurose
compulsiva, desejando a morte e se tornando um escravo do medo, até resolver
que para sua própria sanidade, deve se livrar do mausoléu e afastar de uma vez
por todas esses pensamentos, após levar um ultimato de sua mulher, ao melhor
estilo “ou a morte ou eu”. As coisas parecem melhorar consideravelmente para
Carrell, até que…
ALERTA DE SPOILER. Pule para o último parágrafo ou leia por sua conta e
risco…
o nosso protagonista sofre uma
parada cardíaca ao tentar exumar o corpo de seu pai, e é dado como morto por
Gault. Mas na verdade ele não morreu, e sim está em um estado catalético, como
sempre temeu, tentando desesperadamente ser ouvido e impedir que seja enterrado
vivo em uma cova no cemitério, já que seu mausoléu havia sido destruído. Não dá
muito certo. Os dois coveiros ladrões de corpo o desenterram a pedido de Gault,
que quer utilizar o corpo do próprio genro, e é quando Carrell é salvo, voltando
completamente insano e transtornado, matando os coveiros, indo atrás de Gault e
de sua esposa, e descobrindo o terrível plano que foi meticulosamente
arquitetado por Emily desde o começo, até um embate final no cemitério, com uma
cena envolvendo Emily, Miles e Kate, que até então sempre teve uma presença
taciturna e levantando diversas suspeitas durante todo o longa. Obsessão
Macabra pode não ter o charme e ter feito o mesmo sucesso que as demais
adaptações de Poe dirigida por Corman, mas é um excelente filme de terror, com
um clima de suspense crescente até seu final surpresa, os cenários de Daniel
Haller (que contribuiu com Corman nos filmes anteriores) repletos de
cemitérios, florestas de galhos retorcidos e névoa constante, passando toda a
atmosfera gótica e morbidez pertinente ao tema, e sóbria atuação de Milland,
mostrando ter sido uma escolha perfeita para o papel ao invés de Price. Mais um
ponto para Roger Corman, que sabia trabalhar atores como poucos no gênero.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/02/152-obsessao-macabra-1962/
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