Direção: Ishirô Honda
Roteiro: Takeshi Kimura
(baseado na historia de William Hope Hodgson)
Produção: Tomoyuki Tanaka
Elenco: Akira Kubo, Kumi
Mizuno, Hiroshi Koizumi, Kenji Sahara, Hiroshi Tachikawa
Como não esperar o melhor (no
sentido de pior) de um filme com este nome: O Ataque dos
Homens Cogumelo? É claro que só pode vir um daqueles clássicos cults de
ficção científica pela frente. Melhor ainda quando ele é dirigido pelo pai de Godzilla,
Ishirô Honda para a lendária produtora Toho e tem nos efeitos especiais o mago
Eiji Tsuburaya, responsáveis pelos maiores Kaijus do cinema e criador da
família Ultra. Este filme na verdade é o que fecha a trilogia de Ishirô e
Tsuburaya fora do ambiente dos monstros gigantes, sendo precedido pelos
igualmente cultuados O Monstro da Bomba H e O Vapor Humano, ambos já devidamente resenhados aqui no blog.
E é o maior desafio técnico do mestre dos efeitos especiais até então,
representando os terríveis homens cogumelos do título. Bom, antes de Carlos Castañeda e
sua A Erva do Diabo e antes do movimento paz e amor lisérgico dos hippies,
incorporando o cogumelo ao seu cardápio diário, esta produção nipônica
completamente maluca já nos mostrava o caminho dos poderes entorpecentes que
essa frutificação poderia ter na mente das pessoas. A diferença é que aqui, com
uma forcinha da energia atômica espalhada através de testes nucleares, os
cogumelos são muito mais que alucinógenos: eles realmente ganham vida, crescem
de tamanho e transformam-se em fungos superdesenvolvidos. E isso é o que vai
descobrir a tripulação de sete pessoas que navegam em um luxuoso iate pelo
pacífico, e após serem atingidos por uma tempestade, ficam à deriva até as
correntezas o levarem a uma inóspita ilha, abandonada a primeira impressão. Sem
comida e sem abrigo, o grupo encontra um grande navio abandonado, todo detonado
pela corrosão, e decidem se estabelecer lá dentro para tentarem descobrir uma
forma de sair daquela ilha, enquanto tentam consertar o iate. Lá eles encontram
algumas latas de comida enlatada e precisam encontrar tubérculos, raízes e ovos
de tartaruga na praia para poderem se alimentar. No meio da floresta há essa
estranha plantação abundante de cogumelos, que ao ser comido, poderia gerar uma
série de reações adversas nas suas vítimas, como é constatado em um dos livros
de bordo que os sobreviventes encontram. E como se não bastasse isso, naquela
situação limite, enclausurados em uma ilha, alimento acabando, surgimento da
falta de escrúpulos e de uma explosiva espécie de Síndrome da Cabana, as
relações humanas ali dentro entre estes cinco homens e duas mulheres,
tornar-se-ão muito mais perigosas que qualquer fungo mutante. E esses conflitos
são muito bem explorados por Honda, um perfeccionista nato, que vai elevando de
forma contida o suspense aos poucos, colocando um ou outro monstro andando
sorrateiramente pelos corredores do navio/ laboratório, até chegar ao seu
absurdo final, onde após alguns dos sobreviventes mandarem tudo à favas e
provarem os cogumelos, matando a fome e ficando chapados, vão começar a sofrer
a terrível mutação em sua pele, juntando-se a outra tripulação do navio
abandonado como errantes criaturas cheio de perebas, vivendo um eterno loop de
delírio alucinógeno sensorial. E os homens cogumelo deixam os dez minutos
finais serem a verdadeira cereja do bolo. Tsuburaya faz o que sabe fazer de
melhor e em uma cena de perseguição no claustrofóbico navio, os monstros
mutantes parecem antever os zumbis de Romero, tentando destruir as portas e
janelas com suas roupas maltrapilhas, pele purulenta e andar trôpego, fazendo
com que o herói tenha de fugir para a floresta, onde será atacado por mais
seres perebentos e os próprios cogumelos gigantescos, com seus chapéus e tudo,
que podem se movimentar livremente pela ilha. O Ataque dos Homens Cogumelo também
possui uma irretocável direção de arte, todo filmado dentro dos estúdios da
Toho, a fotografia em Cinemascope, a direção precisa de Honda e o roteiro bem
construído que dá uma bizarra aura de originalidade e de antecipação dos fatos,
tornando-o um verdadeiro cult no catálogo de filmes do estúdio
japonês. Detalhe que os responsáveis por levá-lo aos EUA, onde obviamente
também ganhou uma legião de fãs, foi a dupla Samuel Z. Arkoff e James H.
Nicholson, da American International Pictures, que editaram e dublaram a fita,
exibindo-o diretamente na televisão americana, sem nem passar pelos cinemas,
transformando-o mesmo assim em um ícone da contracultura da geração dos anos
60.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/05/07/156-o-ataque-dos-homens-cogumelo-1963/
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