Direção: William Castle
Roteiro: Ray Russell
(baseado em sua obra)
Produção: William Castle,
Dona Holloway (Produtor Associado)
Elenco: Ronald
Lewis, Audrey Dalton, Guy Rolfe, Oskar Homolka
A Máscara do
Horror é considerado pelo seu diretor e produtor, o lendário
William Castle, como seu filme favorito. E também o mesmo é feito pela crítica
e pelo público. Confesso que o meu preferido é Força Diabólica. Mas isso não tira os méritos de A
Máscara do Horror, e o transforma em um filme muito bem executado, quase
remetendo-o aos filmes da década de 30 e 40, durante a Era de Ouro do cinema de
horror. Isso porque A Máscara do Horror possui todos aqueles
elementos típicos das histórias de terror da época, com uma trama gótica dotada
até de um certo charme inocente e explicações simplistas que já não eram mais
engolidas tão facilmente na década de 60, além de fotografia preta e branca e
reconstrução de época, passando-se tanto na Londres de 1880, quanto um país
obscuro e supersticioso do leste europeu. E entre estes elementos típicos que
eu citei, encontramos cemitérios, neblina, castelos, câmaras de torturas,
exumação de cadáveres e por aí vai. Isso porque o horror do filme está
encarnado na figura do Barão Sardonicus (Guy Rolfe), o tal Mr. Sardonicus do
título original. Um homem terrivelmente desfigurado que imprime medo no
vilarejo onde mora, na remota Gorslava, sequestrando jovens para torturá-las em
seus terríveis experimentos, em busca de uma cura para a maldição que lhe
aflige. Cura esta que pode estar mais próxima de ser descoberta, quando a
baronesa Maude (Audrey Dalton), sua esposa, envia uma carta urgente ao seu
ex-namorado, o brilhante médico Sir Robert Cargrave (Ronald Lewis, de Um Grito de Pavor), condecorado com o título de cavaleiro por
sua pesquisa para a cura da paralisia. Na carta, Maude dizia para que ele
imediatamente fosse até os aposentos de Sardonicus, coisa que o faz, por ainda
nutrir sentimentos por ela e desconfiar do teor urgente da carta. Lá então ele
é recepcionado pelo esquisito mordomo/ capanga caolha de Sardonicus, Krull (não
o Conquistador), que teve um de seus olhos arrancados ao desobedecer o vil mestre.
Já no interior do castelo de Sardonicus, Sir Cargrave descobre sobre a
assustadora deformidade facial de Sardonicus, que é obrigado a usar uma máscara
sem expressão constantemente e mandou cobrir ou retirar todos os espelhos da
casa. O barão outrora foi o humilde camponês Marek Toleslawski, casado com a
gananciosa Elenka. Certo dia, após a morte da mãe, o pai de Marek, Henryk lhe
compra um bilhete de loteria. Na mesma noite o velho morre, e Marek o enterra
com o bilhete em seu paletó, para descobrir no dia seguinte que o bilhete havia
sido premiado. Pressionado por Elenka que colocou seu casamento à prova, Marek
exuma o corpo do pai do cemitério para ficar com o dinheiro, agindo como um
verdadeiro ghoul, ou carniçal em português claro, criatura folclórica
morta-viva que rouba cadáveres e se alimenta de carne humana. Mas ao
desenterrar o velho e ver a expressão cadavérica sorrindo em seu rosto, Marek é
amaldiçoado a viver para sempre com a mesma face morta do pai, com um sorriso
maldito de escárnio. E dá-lhe um excelente trabalho de maquiagem para
representar Sardonicus, ex-Marek sem a máscara, sob supervisão de maquiagem de
Ben Lane, que já havia trabalhado com Castle anteriormente em 13 Fantasmas, e mais tarde em séries de TVs famosas como Denis,
o Pimentinha, Jeannie é um Gênio e A Feiticeira. Voltando a trama, com
a bolada da loteria, Sardonicus comprou seu título, e amargurado, começou a
estudar medicina para tentar encontrar uma cura para seu mal, usando as pobres
e indefesas camponesas de Gorslava como cobaias, além de tratar mal a pobre
esposa, vítima de um casamento arranjado entre Sardonicus e seu pai, que devia
uma fortuna em jogos. Cabe ao médico e mocinho, tentar salvar Sardonicus (com
uma cura por autossugestão especialmente imbecil, que até dá uma broxada no
final do filme) e impedir que um mal maior recaia sobre seu grande amor. Mas
como estamos falando de um filme de William Castle, é óbvio que haveria um de
seus famosíssimos gimmicks em A Máscara do Horror. Depois de
esqueletos voando pela cinema em A Casa dos Maus Espíritos, cadeiras que vibravam em Força
Diabólica e um óculos capaz de ver fantasmas em 13 Fantasmas, aqui
Castle dá ao espectador o direito de escolher o final, ao melhor estilo Você
Decide, programa interativo da Rede Globo na década de 90 (para que é muito
novo e não faz ideia do que eu estou falando).Ao entrar na sessão, a plateia
recebia dois cartão, um com um polegar para cima indicando misericórdia, e
outro com o polegar para baixo indicando não misericórdia, assim como nas lutas
dos gladiadores romanos. Ao terminar o filme, Castle aparece em cena, com toda
sua simpatia e humor negro indefectíveis (já havia aparecido anteriormente no
prólogo do filme) e pede para o público levantar a placa escolhida para o final
do Barão Sardonicus. Claro que o final será sem misericórdia, mas é engraçado que
em todas as sessões em que esse aparato foi utilizado, o público nunca escolheu
o final misericordioso para o vilão. Castle jura de pé junto que foi rodado
dois finais. A atriz Audrey Dalton, que vive Maude, já por sua vez diz que
apenas o final maligno foi gravado. A Máscara do Horror pode ter um final
decepcionante, que poderia ser bem menos misericordioso já que houve todo esse
alarde de escolher as placas, mas vale muito a pena assisti-lo, principalmente
por historicamente estar situado em uma época que os filmes de terror
começariam a ganhar outra conotação, deixando cada vez mais de lado estes
enredos fantásticos. E claro, vale mais uma vez para ver o tamanho da
criatividade de William Castle em brincar com a audiência e abusar do
marketing, hoje algo imprescindível para a indústria do cinema funcionar.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/24/145-a-mascara-do-horror-1961/
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