Direção: Joseph Green
Roteiro: Rex Carlton, Joseph
Green
Produção: Rex Carlton, Mort
Landberg (Produtor Associado)
Elenco: Herb
Evers, Virginia Leith, Leslie Daniel, Adele Lamont, Marlyn Hanold
Os anos 50 terminaram, mas seu
legado não ficou para trás, ainda mais tratando-se de início da década de 60. O Cérebro que
Não Queria Morrer é prova disso. Sci-fi bagaceira, típico da
década anterior, extremamente divertido e nada plausível, dirigido por Joseph
Green, dono da produtora Joseph Green Pictures, onde ele mesmo atendia ao
telefone, famosa por distribuir filmes estrangeiros, de kung-fu e exploitation.
Lançado pela AIP, somente três anos depois do seu lançamento, a fita foi rodada
em 18 parcos dias e com uma “fortuna” de orçamento de 62 mil dólares. Claro que
você não pode esperar muita coisa. Mas acredite, O Cérebro que Não Queria
Morrer é melhor do que a encomenda. Os diálogos canastríssimos, os efeitos
especiais, todo o plot do filme e as atuações bisonhas garantem a
diversão da vez. O tal cérebro, que começa o filme suplicando para ser morto, é
de Jan Compton, ou Jan na Bandeja, como consta no IMDb, cabeça interpretada por
Virginia Leith. A pobrezinha é namorada do Dr. Bill Cortner (Jason Evers), um
brilhante médico que quer ultrapassar as barreiras da ciência e medicina,
brincar de Deus e realizar algo completamente imoral: transplantes. Isso mesmo.
O cara é quase o diabo encarnado por utilizar uma técnica hoje responsável por
salvar vidas, mas que era antiética e completamente obscura naquela época. Beleza,
o cara quer fazer um transplante de cabeça… Isso é zuado e inverossímil. Mas de
resto, ele faz experiências de reconstrução de tecidos, membros, enxertos. Tá
certo que não dá muito certo, pois ele acaba criando uma anomalia, uma
aberração deformada que deixa trancada atrás de uma pesada porta em seu
laboratório, e seu assistente também tem um de seus braços atrofiados. Mas
okay, deixemos isso de lado. Bill é chamado com urgência pelo seu assistente,
para ir rapidamente à casa de campo onde fica seu laboratório. Ele leva o
“rapidamente” a sério demais, e mete o pé no acelerador na estrada, sofrendo um
acidente (dos mais inexplicáveis e ridículos da história da sétima arte) e Jan,
que estava com ele no banco do passageiro é quem paga o pato. Bill não sofre um
arranhão e encontra o carro em chamas, com a garota presa nas ferragens. É
quando ele simplesmente, arranca a cabeça dela do lugar, com as próprias mãos,
enrola na jaqueta e sai correndo até sua casa/ laboratório. Lá, ele finca a
cabeça em uma bandeja, ao melhor estilo Re-Animator – A Hora dos Mortos Vivos, e através de um soro
especial que desenvolveu, consegue manter a cabeça com vida pelas próximas 48
horas. É isso mesmo que você leu. E para completar, ela descobre ter
desenvolvido uma espécie de poder telepático que a faz se comunicar com a
criatura deformada atrás da porta. A atriz Virginia Leight passa o resto da
película embaixo de uma mesa, somente com a cabeça para fora, a fim de simular
que está decepada em cima da bandeja, e desfilando diálogos afiados tanto com o
assistente medroso quanto com a deformidade, que não fazemos a menor ideia de
como é sua aparência até então. A próxima ideia brilhante de Bill é arranjar um
novo corpo para sua noiva e fazer o transplante de cabeça. Claro! E onde ele
vai procurar esse corpo? Nos locais mais propícios para tal. Primeiro em um
prostíbulo e depois em um concurso de trajes de banho. Afinal, já que é para
colocar a cabeça em um novo corpo, que seja de uma gostosa, não é mesmo? A
vítima que ele escolhe é uma modelo que posa para fotos e desenhos artísticos,
que sofreu violência de um homem há tempos, que mutilou seu rosto, sendo salva
pelo próprio Bill, e adquiriu um grau elevadíssimo de misantropia e virou
lésbica. O experimento de Bill vai para as cuias quando a atormentada Jan,
querendo vingança contra seu noivo por não tê-la deixado morrer e colocado-a
nesse experimento bizarro, tornando-a uma anomalia da natureza, incita o
monstrengão a escapar do seu cárcere e matar tanto o assistente de Bill,
arrancando seu braço inteiro por meio de uma portinhola, e depois partir para
cima do médico. Apesar do orçamento pífio, a maquiagem do monstro, interpretado
por Eddie Carmel, está bastante interessante e bem feita, cortesia de George
Fiala. Um detalhe peculiar é que Carmel sofria de deformidades na vida real.
Ele possuía mais de dois metros, uma má formação óssea e um tumor na glândula
pituitária que o conferiu esse tamanho e aparência bizarra, tendo ele
trabalhado em diversos “freak shows”. Ele morreu com apenas 37 anos, decorrente
de falência glandular. Outro ponto extremamente positivo em O Cérebro que
Não Queria Morrer é o gore. Os filmes da Hammer e também a chamada Sadian
Trilogy já haviam começado a deixar o sangue e a violência cada vez mais
explícitas no cinema. Aqui, mesmo com fotografia preto e branca, uma boa
quantidade de sangue é utilizada, principalmente no personagem Kurt, o
assistente de Bill, quando tem seu braço arrancado e sai esperneando com sangue
esguichando pelas paredes e chão da casa. Se o filme fosse colorido, teria
feito bastante barulho para a época. E ainda tem todo um poder feminino
implícito no filme, tanto com as prostitutas de personalidade forte que
trabalham no cabaré que Bill vai visitar, quanto Doris Powell (vivida pela bela
Adele Lamont), com seu lesbianismo escancarado, até afirmando que tem uma
namorada, coisa ultrajante para a época. Hoje O Cérebro que Não Queria
Morrer está em domínio público. Uma merecida preciosidade trash.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/26/147-o-cerebro-que-nao-queria-morrer-1962/
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